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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.6 ZONEAMENTO TERRITORIAL

Para Ghezzi e Santos (1999), é necessário que o estudo da paisagem seja entendido como um estudo da complexidade de suas variáveis, ou seja, uma abordagem englobando diversos aspectos do meio físico e biológico, avaliando os mecanismos que interferem nas constantes mudanças que nelas ocorrem, buscando assim efetuar a delimitação de áreas que apresentem graus de degradação, bem

como sua fragilidade natural ou causada pela antropização, perfazendo o estudo de sua fragilidade ambiental.

Sendo assim, sob um ponto de vista ambiental, a formulação de uma carta de fragilidade ambiental auxiliaria "[...] em um diagnóstico-síntese que pode perfeitamente nortear as intervenções antrópicas futuras e corrigir as presentes. É, portanto um instrumento importante no trabalho de planejamento físico territorial" (ROSS, 1997, p.33).

No Brasil, o planejamento territorial está previsto pelo instrumento denominado

Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE. O ZEE é instrumento para planejar e ordenar o território brasileiro, harmonizando as relações econômicas, sociais e ambientais que nele acontecem. Já contemplado na Lei n.o 6.938/81que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), o zoneamento ecológico foi citado na alteração do Código Florestal Brasileiro pela Medida Provisória n.o 2.166- 67, de 2001 (BRASIL, 2001).O ZEE está contemplado especialmente pelo artigo 16.o do Código Florestal, que estabelece que o zoneamento ecológico, quando existente, deve ser considerado quando da localização da reserva legal nas propriedades rurais, competência esta dos órgão ambientais, conforme citado no item III, § 4.odo art. 16 (BRASIL, 2001):

(Lei 4771/65 - Redação dada pela Medida Provisória n.o 2.166-67, de 2001)

Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal;

II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos

termos do § 7.o deste artigo;

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (grifo da autora)

§ 1.o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de

floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo.

§ 2.o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas

ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento,

ressalvadas as hipóteses previstas no § 3.o deste artigo, sem prejuízo das

§ 3.o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva

legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas

§ 4.o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental

estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:

I - o plano de bacia hidrográfica; II - o plano diretor municipal;

III - o zoneamento ecológico-econômico (grifo da autora);

IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e

V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida.

§ 5.o O Poder Executivo se for indicado pelo Zoneamento Ecológico

Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, (grifo da autora) o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, poderá:

I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e

II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional.

O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) é considerado um instrumento de gestão tão importante que pode inclusive permitir a redução dos percentuais de RL, no caso da Amazônia, ou ainda, aumentar o pErcentual de 20% nas demais regiões como no caso do Paraná. Já a regulamentação do ZEE (Decreto Federal n.o 4.297, de 10 de julho de 2002), estabeleceu um conteúdo mínimo para integrar sua composição, dividindo o território em zonas, de acordo com as necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2002). Da mesma forma, estabelece que o diagnóstico ambiental necessário para formulação do zoneamento deve conter no mínimo:

I - Unidades dos Sistemas Ambientais, definidas a partir da integração entre os componentes da natureza;

II - Potencialidade Natural, definida pelos serviços ambientais dos ecossistemas e pelos recursos naturais disponíveis, incluindo, entre outros, a aptidão agrícola, o potencial madeireiro e o potencial de produtos florestais não-madeireiros, que inclui o potencial para a exploração de produtos derivados da biodiversidade;

III - Fragilidade Natural Potencial, definida por indicadores de perda da biodiversidade, vulnerabilidade natural à perda de solo, quantidade e qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (grifo da

autora);

Apesar do esforço do MMA, as atividades de zoneamento ecológico econômico no Brasil têm sido efetuadas com maior foco para a região Amazônica, não obstante sua importância para as demais regiões. Trata-se de um instrumento de planejamento de gestão ambiental que pode trazer inúmeros benefícios à população, ao ter como objetivo aspectos como: organizar as decisões dos agentes públicos e privados; manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas; estabelecer medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental. Por fim, o ZEE tem seu maior propósito fundamentado em espacializar um planejamento de forma a estabelecer restrições e alternativas de exploração do território com base em critérios técnicos que considerem a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, regulamentado pelo Decreto n.o 4.297, de 10 de julho de 2002 (BRASIL, 2002):

Art. 2.o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

Art. 3.o O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades

dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive

a relocalização de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais

(grifo nosso).

Desta forma, o presente estudo tem o objetivo de contribuir neste processo de planejamento para a região Centro Sul do Estado do Paraná, indicando uma metodologia que permite o zoneamento ambiental, considerando aspectos relevantes de fragilidade do meio abiótico, do meio biótico e, por fim, estabelecendo zonas prioritárias para restauração, conservação e corredores ecológicos, conforme proposto pelo Decreto n.o 4.297/2002 (BRASIL, 2002).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3 MATERIAIS E MÉTODOS

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