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Análise temporal das perdas de solo

Capítulo 2 Estimativa da perda de solo com modelo RUSLE e da taxa de aporte de

3.6. Perdas de solo

3.6.1. Análise temporal das perdas de solo

cultivadas com milho, resultando em um aumento de 188,5% da área plantada de soja no bioma Pampa entre 2000 e 2015. De forma semelhante, Lemos e Rizzi (2020) constataram que 79% da área cultivada com soja no ano de 2014, no município de Bagé-RS (que está inserido na área da BHRC-PM), eram áreas de campo no ano de 2008 e que entre 2008 e 2014 houve avanço do cultivo de soja também em áreas anteriormente utilizadas para a cultura do arroz, evidenciando o avanço da cultura da soja no bioma Pampa e em áreas de várzea. Contudo, Echer et al. (2015) alertam que, embora as pastagens ainda sejam predominantes no bioma Pampa, os avanços da agricultura e da silvicultura ocasionam a conversão dos campos naturais em ambientes de menor diversidade biológica.

Figura 43 - Distribuição espacial das perdas de al. (2009).

É possível perceber que houve aumento das p

BHRC-PM, impulsionadas principalmente pela mudança no uso do solo que ocorreu no período de 1997 a 2019, onde houve um increm

utilizadas para agricultura, além de que essas áreas com avanço da atividade agrícola aconteceram em locais de maior declividade (

36).

No ano de 1997

apresentava perdas de solo classificadas entre leve e moderada, ou seja, perdas inferiores a 10 Mg ha-1

para 77,6%. Evidenciando que os solos passaram a ter maiores per entre moderadas a altas e extremamente altas

Distribuição espacial das perdas de solo na BHRC-PM, classificadas conforme Beskow et

É possível perceber que houve aumento das perdas médias de solo na , impulsionadas principalmente pela mudança no uso do solo que ocorreu no período de 1997 a 2019, onde houve um incremento de 181% nas áreas utilizadas para agricultura, além de que essas áreas com avanço da atividade agrícola aconteceram em locais de maior declividade (Figura 40

No ano de 1997 (Figura 44), cerca de 87,5% da área da BHRC apresentava perdas de solo classificadas entre leve e moderada, ou seja, perdas

ano-1 e, em 2019 (Figura 45), esse percentual foi reduzido videnciando que os solos passaram a ter maiores per

entre moderadas a altas e extremamente altas.

classificadas conforme Beskow et

erdas médias de solo na , impulsionadas principalmente pela mudança no uso do solo que ocorreu ento de 181% nas áreas utilizadas para agricultura, além de que essas áreas com avanço da atividade 40) e altitude (Figura

% da área da BHRC-PM apresentava perdas de solo classificadas entre leve e moderada, ou seja, perdas , esse percentual foi reduzido videnciando que os solos passaram a ter maiores perdas classificadas

Figura 44 - Área relativa da BHRC-PM em cada intervalo de perda de solo, conforme classificação de Beskow et al. (2009) para o ano de 1997.

Figura 45 - Área relativa da BHRC-PM em cada intervalo de perda de solo conforme, classificação de Beskow et al. (2009) para o ano de 2019.

Houve, respectivamente, 152,7% e 155% de aumento da área da bacia classificada com perdas de solo alta a muito alta (20-50 Mg ha-1 ano-1) e muito alta (50-100 Mg ha-1 ano-1), ao passo a área com perdas inferiores a 10 Mg ha-1 ano-1, sofreu redução de 36,8% de 1997 para 2019 (Figura 46).

48,64

21,04 17,81 4,91

2,103,471,09 0,95

Área (%) da BHRC-PM em cada intervalo de perda de solo (Mg ha

-1

ano

-1

) em 1997

0-2,5 2,5-5 5-10 10-15 15-20 20-50 50-100

>100

44,58

16,19 16,84

5,96 3,87 8,77

2,78 1,01

Área (%) da BHRC-PM em cada intervalo de perda de solo (Mg ha

-1

ano

-1

) em 2019

0-2,5 2,5-5 5-10 10-15 15-20 20-50 50-100

>100

Figura 46 - Comportamento da área relativa da BHRC-PM em cada intervalo de perda de solo, conforme classificação de Beskow et al. (2009), de 1997 para 2019.

Com o auxílio da Tabela 37 podem ser observadas as perdas de solo máximas e médias, para cada um dos cenários simulados, obtidas a partir da multiplicação dos fatores da equação da RUSLE.

Tabela 37 - Perdas de solo máximas e médias para os cenários simulados.

1997 2019

Cenário Máximo

(Mg ha-1 ano-1)

Perda de solo média (Mg ha-1 ano-1)

Cenário Máximo

(Mg ha-1 ano-1)

Perda de solo média (Mg ha-1 ano-1)

A1 2383,0 8,5 A1 2362,6 11,0

A2 3280,2 11,8 A2 3187,9 14,8

A3 1807,4 6,7 A3 1756,6 8,4

A4 2702,3 9,6 A4 2679,2 12,5

A5 3719,8 13,4 A5 3615,2 16,7

A6 2049,7 7,6 A6 1992,0 9,5

A7 2384,2 8,6 A7 2387,4 11,1

A8 3318,1 11,9 A8 3189,4 14,9

A9 1828,3 6,7 A9 1757,4 8,5

Média dos

cenários 2505,8 9,4 Média dos

cenários 2426,7 11,9

A perda de solo média para o ano de 1997 é classificada como moderada (entre 5 e 10 Mg ha-1 ano-1), entretanto, a perda de solo média para o ano de 2019, apresenta aumento, sendo classificada como moderada a alta (entre 10 e 15 Mg ha-1 ano-1). Dentre os cenários propostos para o cálculo das perdas de solo, 6 foram classificados com perdas de solo moderadas (A1, A3, A4, A6, A7 e A9) e 3 como

-8,35 -23,05 -5,45 21,38

84,29

152,74 155,05

6,32

0-2,5 2,5-5 5-10 10-15 15-20 20-50 50-100 >100 -50

0 50 100 150 200

Perda de solo (Mg ha-1ano-1)

Incremento (%)

Incremento de área da BHRC-PM em cada

intervalo de perda de solo (2019-1997)

moderadas a altas (A2, A5 e A8) em 1997, entretanto, em 2019 há queda de cenários classificados como moderados para 3 (A3, A6 e A9) e o número de cenários com perdas de solo consideradas moderadas a altas cresce para 5 (A1, A2, A4, A7 e A8), surgindo ainda um cenário com perdas de solo classificadas como altas (A5). Esse comportamento deixa evidente que houve agravamento das perdas de solo na BHRC-PM, visto que as perdas médias de solo aumentaram em 2,5 Mg ha-1 ano-1 de 1997 para 2019.

Ainda, é possível notar, pela Tabela 37, que as perdas de solo máximas se mostraram maiores nos cenários simulados para o ano de 1997, entretanto, as perdas de solo médias sempre se mostraram maiores no ano de 2019. Como apenas o fator C mudou de um ano para outro, esse comportamento pode ser explicado pelas modificações de uso e cobertura do solos ocasionadas na área com o passar dos anos. Em 1997, havia maior predomínio de área de campos na BHRC- PM, ao passo que em 2019 o percentual de área ocupada por campos e pastagem foi reduzido e houve um aumento expressivo das áreas destinadas à agricultura e à silvicultura. O aumento das áreas de agricultura na bacia explica o fato de as perdas de solo médias serem maiores no ano de 2019, entretanto, os maiores valores de perdas de solos máximas para o ano de 1997 podem ser explicados pelo fato de que, em 2019 há menor percentual de áreas de solos exposto (fator C=1) na BHRC- PM, bem como houve expansão das áreas urbanas e aumento do percentual ocupado por corpos hídricos (fatores C=0), além do crescimento nas áreas cobertas por florestas/mata nativa.

Tabela 38 - Perdas de solo médias na BHRC-PM por classe de solo para os anos de 1997 e 2019.

1997 2019

Classe Perda de solo média

(Mg ha-1 ano-1) Classe Perda de solo média

(Mg ha-1 ano-1)

Argissolo 7,5 Argissolo 12,1

Chernossolo 5,4 Chernossolo 6,2

Luvissolo 5,9 Luvissolo 8,9

Neossolo 11,8 Neossolo 13,0

Planossolo 3,5 Planossolo 4,2

Com relação às classes de solo presentes na BHRC-PM nota-se, através da Tabela 38, que as maiores perdas, tanto em 1997 quanto em 2019, ocorreram na classe dos Neossolos. Conforme já evidenciado anteriormente, os Neossolos são solos rasos e pouco desenvolvidos e, ainda, apresentam-se em áreas de maior

declive na BHRC-PM, apresentando elevados valores associados ao fator LS. Ainda, pode-se perceber ao analisar o fator C, associado ao uso e cobertura do solo, que de 1997 para 2019, houve expansão de áreas com cultivos agrícolas e a atividade de silvicultura em áreas de Neossolo onde, anteriormente, havia maior predomínio de áreas de floresta e de campo. Essa modificação no uso e cobertura que levou ao aumento do valor associado ao fator C, em conjunto com a maior declividade das áreas onde se encontra esse tipo de solo, explicam a perda de solo mais expressiva nesse tipo de solo da BHRC-PM.

Chama atenção também, que os solos da classe dos Argissolos apresentaram o maior crescimento das taxas de perda de solo entre 1997 e 2019, passando de 7,5 Mg ha-1 ano-1 para 12,1 Mg ha-1 ano-1, representando um aumento de 61,7% na taxa de perda de solo (Figura 47). Esse incremento da perda de solo é explicado pelo fato de que, nas áreas da BHRC-PM compostas por Argissolos Vermelhos e Argissolos Vermelho-Amarelos, foi onde se deu uma grande expansão da atividade agrícola. Embora esse tipo de solo ocorra em áreas de menor declividade na bacia, elas passaram a ter maiores perdas de solo, justamente por conta da modificação do uso.

Figura 47 - Incremento absoluto e relativo das perdas de solo por classe de solo da BHRC-PM de 1997 para 2019.

As áreas de Planossolos apresentaram o menor incremento absoluto de perda de solo, tendo aumentado em 0,7 Mg ha-1 ano-1 de 1997 a 2019, entretanto, em caráter relativo, esses solos apresentaram crescimento de 19% nas perdas de

4,6 0,9 3,0 1,1 0,7

61,7

16,4

50,4

9,5

19,0

0 10 20 30 40 50 60 70

Argissolo Chernossolo Luvissolo Neossolo Planossolo

Incremento

Tipo de solo

Absoluto (Mg ha-1 ano-1) Relativo (%)

solo. A ocorrência dos Planossolos na BHRC-PM se dá em áreas de menor altitude e declividade, por isso, o fator LS apresenta-se baixo para esses solos, contudo, houve expansão das áreas de atividade agrícola nas áreas com esse tipo solo, que tradicionalmente estão associados ao cultivo de arroz irrigado. Porém, com a introdução da cultura da soja em terras baixas, essas áreas passaram a ser utilizadas e preparadas de forma mais intensiva, levando a maiores perdas de solo.

Com já mencionado anteriormente, entre 1997 e 2019, houve um crescimento de 181% nas áreas da BHRC-PM utilizadas para agricultura, sendo que a cultura da soja teve uma expansão de 484% e o arroz de 278%, esse efeito pode ser percebido, principalmente, nas áreas de Planossolos próximas à seção de controle da bacia.