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DIFERENTES APLICAÇÕES DAS METODOLOGIAS ATIVAS

No documento AULAS DE FÍSICA EXPERIMENTAL (páginas 31-34)

Fluxograma 5: Linha do tempo com a aplicação das atividades da SEI

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 DIFERENTES APLICAÇÕES DAS METODOLOGIAS ATIVAS

Aprendizagem Baseada em Problemas

Diversos autores discutem a respeito da abordagem por meio da Aprendizagem Baseada em Problemas, cuja sigla é PBL, proveniente do termo em inglês Problem Based Learning. A ideia central é compreendida como uma ferramenta que se dispõe de problemas reais relacionados ao contexto do aprendiz. Esses problemas são propostos pelo professor e não podem ser facilmente resolvidos. Segundo Moran (2018) essa metodologia teve seu surgimento em 1960 em duas escolas de medicinas, a Maastricht University, na Holanda e na McMaster University, no Canadá e atualmente vem sendo aplicada no Ensino Fundamental, Médio e Superior em diferentes áreas do conhecimento.

Para Moran (2018) o foco é compreender as inúmeras causas plausíveis para um determinado problema. Já para Souza et.al (2020) o aprendizado se dá na tentativa de se solucionar problemas de modo coparticipativo. Para ambos os autores, as características deste método se tornam semelhantes e podem ser trabalhadas em grupos ou de modo individual. Porém, para que sua aplicação seja eficaz e alcance o objetivo desejado é necessário compreender as etapas de seu desenvolvimento. Para tal compreensão, será apresentado as fases utilizadas na Universidade de Havard Medical School:

Fase I: Identificação do(s) problema(s) – formulação de hipóteses – solicitação de dados adicionais – identificação de temas de aprendizagem – elaboração do cronograma de aprendizagem – estudo independente.

Fase II: Retorno ao problema – crítica e aplicação das novas informações – solicitação de dados adicionais – redefinição do problema – reformulação de hipóteses – identificação de novos temas de aprendizagem – anotação das fontes.

Fase III: Retorno ao processo – síntese da aprendizagem – avaliação (MORAN, 2018, p.57) apud (WETZEL, 1994).

Apesar de o problema ser o centro desta metodologia, somente ele não se torna o suficiente. É necessário que todas as fases sejam executadas ao longo do processo. Como se pode observar, a Fase I, é o momento o qual o aprendiz ou o grupo de aprendizes detectam o problema proposto e começam criar hipóteses para solucionar o que foi identificado. Na Fase II, os estudantes terão acesso a informações complementares para

que então possam retornar ao problema e por meio dessas novas informações comparem os dados que eles possuem com os novos dados gerados após a análise. Já na Fase III, há a intervenção do professor como mediador do processo. Nesta fase, o professor avalia as hipóteses levantadas pelos discentes e com isso começa a organizar as informações de modo a conduzi-los ao conhecimento. Além dessas fases existe uma proposta que pode servir como arcabouço ao se utilizar tal metodologia. Para Studart (2019), os objetivos centrais que norteiam as características de um problema ideal que se baseiam na proposta de Hadgraft e Prpic (1999) são:

1. Um problema é o foco da aprendizagem;

2. O problema deve ter a capacidade de integrar muitos conceitos e habilidades necessárias na sua solução;

3. Trabalho em equipe pode facilitar (ou complicar) o processo. Contudo, PBL pode ser usado individualmente em grau de pesquisa;

4. Um processo formal de resolução de problemas é exigido;

5. Estudo independente é exigido. (STUDART, 2019, p.18).

Logo, nota-se que o problema e as fases apresentadas pelos autores são de extrema importância para que a Aprendizagem por meio de Problemas seja planejada da melhor maneira possível e de modo que se tenha uma execução bem-sucedida. Além disso, elas se tornam pertinente ao relacioná-los com as atividades experimentais. Há a possibilidade da reprodução dessas etapas em um laboratório de Física, no qual os estudantes poderão observar um experimento e elaborar hipóteses de forma a compreendê-lo e explicar seu funcionamento. Ademais, também é possível tal abordagem em uma aula teórica.

Entretanto, nas duas situações é necessário que os problemas concordem com os objetivos da metodologia utilizada durante a aula.

Três Momentos Pedagógicos (3MP)

Os Três Momentos Pedagógicos foram descritos pelos autores Demétrio Delizoicov e José Angotti no ano de 1991 na disciplina do Curso de Formação Continuada para Professores de Física do Projeto Pró-Ciências da Universidade Federal de Santa Catarina e atualmente tem sido implementada por vários autores (DELIZOICOV, 2001).

Essa metodologia se estrutura em três momentos, sendo eles: a problematização inicial, a organização do conhecimento e a aplicação do conhecimento. Cada uma dessas etapas possui características específicas e funcionam perfeitamente quando executadas de

acordo com os objetivos a que se destinam. O primeiro momento é denominado como

“Problematização Inicial”. Nessa etapa, busca-se levar aos estudantes situações que concordem com o seu contexto. Com isso, eles utilizarão argumentos baseados em seu conhecimento prévio para solucionar o problema proposto. Além do professor conseguir observar as ideias que o aprendiz possui sobre aquele assunto ele poderá instigá-los e questioná-los acerca das respostas dadas. De acordo Demétrio (2001):

O ponto culminante desta problematização é fazer com que o aluno sinta a necessidade da aquisição de outros conhecimentos que ainda não detém, ou seja, procura-se configurar a situação em discussão como um problema que precisa ser enfrentado. (DELIZOICOV, 2001, p. 13).

A vista disto o aprendiz utilizará seus conhecimentos anteriores como âncora para resolver a problematização. Assim, com a necessidade de adquirir novos conhecimentos para solucionar o problema apresentado, o docente poderá então prosseguir para o próximo momento nomeado como “Organização do Conhecimento”. Nessa etapa, o professor atuará como intermediador e auxiliará os estudantes no processo de aprendizagem. Será a etapa em que se introduzirá os conceitos científicos e servirá de suporte para a compreensão e elaboração de hipóteses que tenham argumentos científicos necessários para a resolução da problematização inicial. Já o terceiro momento pedagógico, denominado “Aplicação do Conhecimento”, o aprendiz poderá compreender tanto as situações iniciais como outras que poderão ser apresentadas pelo professor.

Segundo Delizoicov (2001):

A meta pretendida com este momento é muito mais a de capacitar os alunos a ir empregando os conhecimentos na perspectiva de formá-los a articular constante e rotineiramente a conceituação física com situações reais, do que simplesmente encontrar uma solução a empregar algorítimos matemáticos que relacionam grandezas físicas. (DELIZOICOV, 2001, p.13).

Portanto, esse momento visa não apenas trabalhar a interpretação matemática dos estudantes, mas sim, ajudá-los a compreender e explicar a ocorrência dos fenômenos físicos presentes em seu cotidiano de modo conceitual e contextualizado. Assim, ao se trabalhar por meio dos três momentos pedagógicos existe um desenvolvimento científico dos estudantes e lhes é permitido pelos docentes trabalhar de modo significativo e ativo.

No documento AULAS DE FÍSICA EXPERIMENTAL (páginas 31-34)