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A CRIMINALIZAÇÃO DA IMIGRAÇÃO IRREGULAR E OS DIREITOS HUMANOS

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Academic year: 2023

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Por exemplo, a história atual vê uma clara separação entre a liberdade de movimento e o direito de livre assentamento (direito à imigração); ampliando a primeira e restringindo a segunda, mesmo à custa da prática de discriminações, como a proibição de entrada de turistas em um determinado país sob a alegação de que há "suspeitas" de que o turista em questão pretende imigrar. Parece não haver dúvidas quanto à necessidade de se fazer o controle migratório, seja de saída ou de entrada de pessoas, por fronteiras terrestres, territoriais, marítimas ou fluviais, que aliás é competência constitucional da Polícia Federal (ex vi do art. , § 1º, III da Constituição Federal do Brasil – CFB) e expressão da soberania do Estado Democrático Brasileiro. No caso de imigração irregular em solo brasileiro, o estrangeiro estará sujeito ao processo administrativo cabível a partir do auto de infração e do aviso de que deverá sair voluntariamente do país.

Caso não cumpra a ordem de saída do país, a Polícia Federal poderá obrigá-lo a fazê-lo, deixando os custos por conta do erário da União, mas, neste caso, o estrangeiro só poderá entre . o país se reembolsar os valores gastos (art. 64 da Lei nº 6.815/80, citado acima). O que importa é manter um nível de calma na opinião pública baseada apenas na impressão de que o Legislativo está preocupado com o crime. O crime de imigração irregular pode ser classificado como perigoso em abstrato – com todas as críticas que lhe podem ser feitas pela doutrina penal moderna (violação dos fundamentos criminais da lex jurisprudence, subsidiariedade e fragmentação, e ausência de lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico-penal protegido) – e sua criação é atribuída à xenofobia que assola alguns países do chamado primeiro mundo, como tem sido amplamente divulgado na mídia mundial, da qual o artigo a seguir, publicado na a revista Exame, de.

Com exceção dos casos em que o delito constitua crime mais grave, quem, contrariamente ao disposto neste texto único, incitar, dirigir, organizar, prover fundos ou efetuar transporte de estrangeiro no interior do Estado ou praticar outros atos que tenham por objeto fazer, o estrangeiro que entrar ilegalmente é punido com pena de prisão de um a cinco anos e multa de 15.000 euros por pessoa (ITÁLIA, 1998, tradução nossa)7. Tal dispositivo é idêntico ao tipo penal do art. 125, XII da lei nº 6.815/80, mas com maior privação de liberdade e com previsão de multa, para cada pessoa transportada. É interessante notar, ainda, que a legislação menciona a obrigatoriedade da prisão em caso de crime; ou a aplicação da medida cautelar, sempre que existam indícios graves de culpa, salvo prova da desnecessidade da medida cautelar.

Prevê-se que durante as operações policiais de combate à imigração ilegal, os agentes de segurança pública que operam nas províncias fronteiriças e águas territoriais possam fiscalizar viaturas e mercadorias transportadas, ainda que sujeitas a regime aduaneiro especial, quando, mediante especificações específicas. circunstâncias do local e do tempo, existam causas razoáveis ​​que possam ser utilizadas para a prática do crime previsto neste artigo.

Crime de desobediência à notifcação de deixar o país

5-A, que continuar em situação irregular no estado, é punido com pena de um a cinco anos de prisão. No entanto, resta saber se há alguma violação dos tratados internacionais de direitos humanos dos quais a Itália é parte. Ou se, em outras palavras, tornar a imigração um crime pode ser considerado uma violação dos direitos humanos.

Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que afirma no artigo 13 que: .. I) Toda pessoa tem o direito de circular e residir livremente dentro das fronteiras de qualquer Estado. É um espaço que promove a livre circulação de pessoas internamente e limita os controles imigratórios às fronteiras externas. Seu principal significado é consagrar o reconhecimento universal dos direitos humanos pelos Estados e consolidar um parâmetro internacional para a proteção desses direitos.

No plano internacional, a Declaração tem incentivado a elaboração de instrumentos voltados à proteção dos direitos humanos e tem sido referência para a adoção de resoluções no âmbito das Nações Unidas. Como pode haver um direito de sair de um país sem o correspondente direito de entrar em outro? Neste ponto, cabe perguntar se um país pode, ao regulamentar as questões migratórias, criar tipos penais que causem violações de direitos humanos internacionalmente sancionados.

Não há dúvida de que podem existir tipos penais que violem os postulados dos Direitos Humanos. Qualquer pessoa que se encontre em situação legal no território de um Estado tem o direito de nele circular livremente e escolher livremente a sua residência. Praticamente tudo cabe aqui, tão abrangentes são as restrições ao direito à imigração que podem estar previstas em uma lei de um dos países da comunidade européia.

A criminalização dos imigrantes irregulares viola diretamente os postulados dos direitos humanos ao desconhecer a dignidade da pessoa humana ao criar uma norma penal que ao mesmo tempo viola o princípio da ofensa ou da nocividade, ao acusar atitudes internas que não extrapolam o âmbito da do autor e que não prejudiquem interesses legítimos (crimes sem vítimas); e viola o princípio da presunção de inocência, tendo em vista os crimes de perigo abstrato, assumindo a culpa do agente14. A crítica à criminalização da imigração irregular se baseia em argumentos advindos da dogmática penal e da regulamentação internacional dos direitos humanos. Ao fazê-lo, negligenciou os paradigmas internacionais dos direitos humanos ao atribuir uma qualificação jurídico-penal a uma conduta humana que expressa o direito de ir, vir e ficar.

Disponível em: http://www.gddc.pt/direitos-humans/textos-internacionais-dh/tidhregionais/conv-tratados ets-5.html. 14, in 5-C, primeira pena [..], na medida em que prevê pena de reclusão de um a quatro anos16 para o estrangeiro que sem justa causa.

Referências

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Revista Diálogos Mediterrânicos www.dialogosmediterranicos.com.br Número 12 – Junho/2017 Revista Diálogos Mediterrânicos ISSN 2237-6585 8 Editorial da Revista Diálogos