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Algumas espécies de formigas cortam preferencialmente plantas monocotiledôneas, a exemplo de: Atta capiguara e Atta bisphaerica

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83 XVIII Simpósio de Mirmecologia

Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.83-85, 2007

MESA REDONDA

ARQUITETURA DOS NINHOS DAS FORMIGAS CORTADEIRAS DE GRAMÍNEAS

A.A. Moreira1, L.C. Forti2, M.A. Castellani1, A.P.P. Andrade2

1Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, CP 95, CEP 45083- 900, Vitória da Conquista, BA, Brasil. E-mails: aldenise.moreira@gmail.com

2Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Laboratório de Insetos Sociais-Praga, Botucatu, SP, Brasil.

As formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex são consideradas pragas de grande im- portância econômica, em virtude dos danos que oca- sionam em diversos cultivos. Algumas espécies de formigas cortam preferencialmente plantas monocotiledôneas, a exemplo de: Atta capiguara e Atta bisphaerica.

Alguns métodos de controle vêm sendo testados para formigas cortadeiras, no entanto, até o presen- te, o controle químico é o único com tecnologia disponível para uso em grande escala, destacando- se a termonebulização e as iscas tóxicas como as técnicas mais eficientes. As iscas tóxicas são utili- zadas para várias espécies de formigas cortadeiras, obtendo-se resultados satisfatórios para cortadeiras de dicotiledôneas e problemas no controle das es- pécies que cortam preferencialmente monocotiledôneas. Possivelmente, esses resulta- dos insatisfatórios de controle sejam decorrentes da falta de conhecimentos ecológicos e comportamentais dessas espécies.

A arquitetura externa e interna dos ninhos de Atta está relacionada com a ecologia e o comportamento destas formigas, visto que os ninhos são considera- dos como superorganismos e os indivíduos compor- tam-se de forma a favorecer o desenvolvimento e especialização dos mesmos (WILSON, 1975). De acordo com GONÇALVES (1960), o conhecimento da arquitetura dos ninhos é um dos aspectos relevante para utiliza- ção do procedimento mais adequado ao controle, visto que, essas formigas constroem ninhos comple- xos, principalmente as espécies do gênero Atta.

As formigas cortadeiras vivem em formigueiros subterrâneos, compostos de câmaras (panelas) e tú- neis ou galerias (canais) escavados no solo pelas operárias. O solo retirado pelas operárias para cons- trução das câmaras e canais é depositado na superfí- cie, formando o monte de terra solta ou murundu, utilizado como base para o cálculo da dosagem de inseticida. Apesar da utilização da área de terra solta como base para o cálculo de inseticida, ser relativa- mente simples e prática, segundo resultados obtidos por MOREIRA & FORTI (1999) e MOREIRA et al. (2002) para A. laevigata e A. bisphaerica esse parâmetro não é

adequado para cálculo da dosagem de formicidas, pois a terra solta não representou o tamanho interno real do ninho, podendo acarretar uma super ou subestimativa da dosagem, evidenciando a necessi- dade de maiores estudos na obtenção de um método prático e confiável para calcular a dosagem de produ- tos químicos.

Apesar da maioria das espécies apresentarem um único montículo, existem variações na forma de depo- sição do solo pelas formigas e na escolha do local para nidificação. Para a espécie A. laevigata os ninhos são construídos tanto em locais ensolarados como som- breados (PEREIRA-DA-SILVA, 1975). Já A. bisphaerica e A.

capiguara constroem os ninhos em locais com grande insolação. De modo geral, os ninhos de A. laevigata, A.

vollenweideri e A. bisphaerica, apresentam apenas um monte de terra solta e as câmaras de fungo localizam- se sob esse (MARICONI, 1970; MOREIRA et al., 2004a, b).

Por outro lado, A. capiguara apresenta ainda certo número de áreas secundárias e as câmaras estão localizadas sob essa área (FORTI, 1985; ANDRADE &

FORTI, não publicado). A forma de deposição da terra solta juntamente com o sistema de ventilação do ninho garante a alta umidade interna das câmaras (90%) observada em ninhos de A. vollenweideri, em áreas abertas (KLEINEIDAM & ROCES, 2000).

A determinação do local onde se encontra a maior concentração de câmaras de fungo é um fator relevan- te na aplicação de medidas de controle de espécies de Atta, visto que quando o limite da área de terra solta coincide com a área de maior concentração de câma- ras, a aplicação do formicida pode ser feita nos orifí- cios localizados acima do monte de terra, o que facilita sobremaneira o seu controle.

Com relação à profundidade, os ninhos de A.

laevigata são os mais profundos chegando a 7 m (MOREIRA et al., 2004a), A. capiguara atingiu 5, 85 m (ANDRADE & FORTI, não publicado), enquanto em A.

bisphaerica a profundidade não ultrapassou 2,5 m, havendo apenas um crescimento lateral nos ninhos (MOREIRA et al., 2004b). Para A. vollenweideri BONETTO

(1959) encontrou câmaras até 3 m da superfície do solo. As variações na profundidade do ninho das diferentes espécies podem estar relacionadas ao re-

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Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.83-85, 2007 querimento microclimático, uma vez que câmaras

mais profundas sofrem menos variação de tempera- tura e umidade do que as mais superficiais.

Em A. laevigata PEREIRA-DA-SILVA (1975) e MOREIRA

et al. (2004a) encontraram um total de mais de sete mil, enquanto em A. bisphaerica foram encontradas um total de 285 câmaras (MOREIRA et al., 2004b) distribu- ídas nas diferentes profundidades.

Estudos sobre A. vollenweideri realizados por BONETTO (1959), CARVALHO (1976) e JONKMAN (1980) indicaram que as câmaras de fungo possuíam forma oval com fundo plano e as de lixo apresen- taram forma cônica, em A. laevigata PEREIRA-DA- SI L V A (1975) e MOREIRA et al. (2004a) observaram câmaras ovais, elipsóides e esféricas, em A.

capiguara as câmaras de fungo possuíam formato oval com base plana e as de lixo forma cônica (ANDRADE & FORTI, não publicado).

Os túneis de forrageamento têm grande importân- cia, pois são o caminho de entrada até as câmaras, região vital do formigueiro, e através do conhecimen- to da sua estrutura e dos mecanismos de ventilação, pode-se chegar a metodologias de controle mais efe- tivas do que as existentes atualmente ou obter subsí- dios para aperfeiçoar a utilização de líquidos termonebulizáveis.

Em estudos sobre túneis de forrageamento de A.

laevigata, MOREIRA et al. (2004b) observaram um peque- no número de túneis, de seção elíptica, com largura de 40 cm e altura de 3 cm. Já em A. bisphaerica, os túneis eram numerosos, estreitos, radialmente dispostos, com largura média de 7 cm e altura de 1,8 cm (MOREIRA

et al., 2004b), semelhante aos túneis de A. capiguara (FORTI, 1985).

Possivelmente, a construção de túneis mais largos em ninhos mais antigos de A. laevigata, seja decorrente de um aumento no fluxo de operárias para suprir a colônia com substrato vegetal e distribuí-lo por todo o ninho, enquanto em A. bisphaerica a disposição radial dos túneis de forrageamento pode ser uma forma de otimizar a exploração das manchas palatáveis (FOWLER & STILES, 1980), pois a presença de túneis com grande quantidade de orifícios ligados a ele, apresenta uma vantagem em termos de estratégias de forrageamento, pois amplia a área territorial da colônia.

Em espécies do gênero Acromyrmex os ninhos possuem uma estrutura mais simples quando compa- rados aos de Atta. A área externa do ninho pode ser formada por terra solta, terra solta e palha ou fragmen- tos vegetais (DELLA LÚCIA & MOREIRA, 1993). Os ninhos desse gênero de formiga geralmente são inconspícuos, dificultando sua localização e controle, são pouco profundos e apresentam na maioria, um pequeno número de câmaras quando comparados aos ninhos de Atta.

A formiga A. landolti possui ninhos com duas ou três câmaras superpostas e ligadas por uma galeria vertical (WEBER, 1972). Em Acromyrmex balzani Men- des (1990) encontrou um total de seis câmaras a uma profundidade máxima de 1,24 m, enquanto SILVA et al.

(2002), encontrou 14 câmaras, localizadas a uma profundidade de 2 m, a maioria de forma elipsóide.

Ainda nesta espécie, a maior concentração de câma- ras encontra-se nos primeiros 30 cm, localizadas na projeção da terra solta.

A diferença na construção de ninhos entre as espécies de formigas cortadeiras, bem como a comple- xidade da arquitetura pode ser uma estratégia da espécie para sua perpetuação, pois oferece proteção contra inimigos naturais e condições adversas do clima. A observação das diferenças na arquitetura de espécies cortadeiras de gramíneas e de dicotiledôneas, aliada aos conhecimentos sobre seleção de substratos atrativos e aspectos comportamentais pode subsidiar a melhor utilização dos métodos de controle já utili- zados ou indicar novas possibilidades.

REFERÊNCIAS

BONETTO, A. Las hormigas “cortadoras” de la provincia de Santa Fe (Gêneros: Atta y Acromyrmex). Direccion General de Recursos Naturales, v.2, p.17-26, 1959.

CARVALHO, S. Atta (Neoatta) vollenweideri Forel, 1893, no Brasil: ocorrência, aspectos externos e internos do sauveiro.

1976. 39p. Tese (Livre Docência) - Centro de Ciências Rurais, UFSM, Santa Maria, 1976.

DELLA LÚCIA, T.M.C.; MOREIRA, D.D.O. Caracterização dos ninhos. In: DELLA LÚCIA, T.M.C. (Ed) As formigas cortadeiras. Viçosa: Folha de Viçosa, 1993. p.32-42.

FORTI, L.C. Ecologia da saúva Atta capiguara Gonçalves, 1944 (Hymenoptera, Formicidae) em pastagem. 1985. 234p.

Tese (Doutorado)-Escola Superior de Agricultura

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FOWLER, H.G. & STILES, E.W. Conservative resource management by leaf-cutting ants? The role of foraging territories and trails, and environmental patchiness.

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JONKMAN, J.C.M. The external and internal structure and growth of nests of the leaf cutting ant Atta vollenweideri FOREL, 1893 (Hym: Formicidae): Part II. Sonderdruck Aus. Bd., v.89, p.217-246, 1980.

KLEINEIDAM, C. & ROCES, F. Carbon dioxide concentrations and nest ventilation in nests of the leaf-cutting ant Atta vollenweideri. Insectes Sociaux, v.47, p.241-248, 2000.

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MENDES, W.B.A. Aspectos ecológicos de Acromyrmex (M.) balzani (Formicidae: Attini) no município de São Geraldo, Minas Gerais. 1990. 78p. Tese (Magister Scientiae)–Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1990.

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85 XVIII Simpósio de Mirmecologia

Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.83-85, 2007 MOREIRA, A.A. & FORTI, L.C. Comparação entre o volume

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MOREIRA, A.A.; FORTI, L.C.; BOARETTO, M.A.C.; ANDRADE, A.P.P.;

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MOREIRA, A.A.; FORTI, L.C.; ANDRADE, A.P.P.; BOARETTO, M.A.C.;

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