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Uma análise criminológico-sociológica acerca do (des)armamento civil à luz do conceito de medo líquido em Bauman, no contexto brasileiro.

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Academic year: 2023

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O objetivo foi responder se o conceito de Medo Líquido seria capaz de explicar o desejo do povo brasileiro, explicitado no referendo de 2005, de adotar uma legislação mais permissiva quanto ao controle de armas. O objetivo geral da empreitada é, assim, deduzir qual a melhor opção legislativa no que diz respeito à posse e porte de armas de fogo por civis.

MODERNIDADE

M ODERNIDADE S ÓLIDA

Em suma, foi um projeto de controle pautado pela racionalidade, mediado pela técnica, que provocou - como diria Foucault - o adestramento dos corpos, ou seja, a produção de sujeitos obedientes e disciplinados (FOUCAULT, 2009, p. 164). , pela ordem: esta é a sociedade ordenada, inerente à Modernidade Sólida. Meio século atrás, os pesquisadores das ciências sociais foram apresentados ao funcionamento da psique humana por meio de experimentos em série de psicólogos comportamentais; Ratos famintos tinham que percorrer os corredores sinuosos de um labirinto em busca de uma porção de comida que ficava sempre na mesma sala, de forma que o tempo necessário para aprender o caminho certo (sempre o mesmo caminho certo entre os muitos errados) poderiam ser reduzidos. devidamente registrado.

M ODERNIDADE L ÍQUIDA

Na Modernidade Líquida, ao contrário de como viviam os membros do corpo social na Modernidade Sólida, não somos mais ratos presos em labirintos comportamentais de caminhos imutáveis6. Porém, achei importante registrar, pois é um tema que fala profundamente dos anos mais recentes da Modernidade Líquida.

M ODERNIDADE G ASOSA ?

AMBIVALÊNCIA

A prática moderna típica, a substância da política moderna, do intelecto moderno, da vida moderna, é a tentativa de apagar a ambivalência: uma tentativa de definir precisamente - e definir tudo o que não pode ou não pode ser definido com precisão, suprimir ou eliminar . Era um must-be essencial do projeto de sociedade ordenada idealizado pelo leviatã da Modernidade Sólida; deve ser esta que falhou, dada a essência multiplicadora da ambivalência: quanto mais a ambivalência se purifica, mais ela se multiplica.

COMUNIDADE

Dito isto, quando se trata da existência de uma "verdadeira comunidade", há a ocorrência simultânea de dois fenômenos, duas faces da mesma moeda: a) delimita, dentro da comunidade, quem somos "nós" e, portanto, todos surgem os benefícios13 da unidade; b) consequentemente descobre-se quem são "eles". 12 Como exemplo, podemos citar, além do livro "Comunidade: a busca por segurança no mundo atual", "Modernidade e Holocausto" (1998a), "Confiança e Medo na Cidade" (2009a) e "Estranhos à Nossa Porta".

GLOBALIZAÇÃO

Acima de tudo, a "bolha" na qual os negócios cosmopolitas globais e a elite cultural passam a maior parte de suas vidas é - repito - uma zona livre da sociedade. Daí o paradoxo destacado por Castells: “Políticas cada vez mais locais em um mundo estruturado por processos cada vez mais globais”. "Houve uma produção de sentido e identidade: meu bairro, minha comunidade, minha cidade, minha escola, minha árvore, meu rio, minha praia, minha igreja, minha paz, meu ambiente." "As pessoas, impotentes diante do redemoinho global, se fecharam em si mesmas." Gostaria de observar que quanto mais eles "se fecham", mais ficam "desarmados diante do turbilhão global", e tendem também a se fragilizar na hora de decidir sobre os significados e identidades locais que lhes são próprios precisamente por ser local, para o deleite dos operadores globais que não têm motivos para temer os desarmados.

O MAL-ESTAR PÓS-MODERNO

O mal-estar da modernidade surgiu de uma espécie de segurança que tolerava muito pouca liberdade na busca da felicidade individual. Os males da pós-modernidade decorrem de uma espécie de liberdade em busca de prazer que tolera muito pouca segurança individual.

RETROTOPIA

Nostalgia [..] “é um sentimento de perda e deslocamento, mas também é um romance de uma pessoa com sua própria fantasia”. Svetlana conclui diagnosticando a atual "epidemia de nostalgia global [como] um desejo emocional de comunidade com uma memória coletiva, um desejo ardente de comunidade em um mundo fragmentado" e sugere ver essa epidemia como "um mecanismo de defesa em um momento de vida acelerada e convulsões históricas". Além disso, diante de uma retrotopia compartilhada, vislumbramos um exemplo claro da construção de uma comunidade falsa/aparente (comunidade pendente/comunidade carnavalesca).

MEDO LÍQUIDO

Ao contrário dos animais (dotados apenas de "medo original" ou "medo primário", nascidos apenas do instinto, caracterizados por um rico repertório de respostas a ameaças imediatas, que oscilam entre a fuga, a agressão e a paralisia), os humanos, além de serem afetados por Além da capacidade de sentir o medo primário mencionado, desenvolvem também um desdobramento intelectual do medo18, por meio de uma estrutura mental, denominada pelo pensador da moda. Considerando o exposto, o conceito de "medo líquido" torna-se uma tarefa simples: em termos precisos, o medo líquido é todo medo derivado/secundário que se origina na e por causa da liquidez. Nesse contexto, sempre que se assume um medo derivado, estaremos lidando com um medo líquido;

A INEVITÁVEL TENSÃO ENTRE LIBERDADE E SEGURANÇA

Segurança e liberdade são dois valores igualmente valiosos e desejáveis ​​que podem ser bem ou mal equilibrados, mas nunca totalmente ajustados sem atrito. Não seremos um povo sem segurança nem liberdade; mas não podemos ter os dois ao mesmo tempo e na quantidade que queremos. A tensão entre segurança e liberdade, e portanto entre comunidade e individualidade, provavelmente nunca será resolvida e assim permanecerá por muito tempo; se não encontrarmos a solução certa e ficarmos desapontados com a solução que obtivermos, isso não nos levará a desistir da busca — mas a continuar tentando.

CONCEITOS

  • E STATUTO DO D ESARMAMENTO
  • S INARM
  • P OSSE
  • P ORTE

III - alvarás de porte de arma de fogo e renovações expedidos pela Polícia Federal; A posse é “o documento emitido pela autoridade competente que permite à pessoa portar a arma de fogo fora de casa”. Ver: “Serger do Registro, Posse e Comercialização de Armas de Fogo e Munições do Sistema Nacional de Armas - Sinarm, Define Crimes e Dá Outras Disposições” (BRASIL, 2003) (grifo nosso).

LEGISLAÇÃO ATUAL E COMO CHEGAMOS NELA

  • D AQUELES QUE PODEM OBTER O REGISTRO
  • D AQUELES QUE PODEM OBTER O PORTE
  • C OMPÊNDIO
  • S OBRE O R EFERENDO
  • D O P ROJETO DE L EI 3723/2019
  • P RIMEIRO ARGUMENTO : LEGISLAÇÕES RESTRITIVAS SÃO INERENTES A REGIMES
  • S EGUNDO ARGUMENTO : ARMAS NÃO SÃO INSTRUMENTOS INTRINSECAMENTE FEITOS
  • T ERCEIRO ARGUMENTO : PAÍSES COM LEGISLAÇÃO ARMAMENTISTA PERMISSIVA
  • Q UARTO ARGUMENTO : O CUSTO BENEFÍCIO POSITIVO DO ARMAMENTO

VI - comprovar, no requerimento de obtenção do certificado de registro de arma de fogo e periodicamente, a capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo; e (Formulação dada pelo Decreto nº 8.935, de 2016). Art. 2º A permissão de porte de arma de fogo para integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo fica condicionada à comprovação do requisito de que trata o inciso III do caput do art. O caçador de subsistência que utilizar sua arma de fogo para qualquer outro fim, independentemente de outras tipificações criminais, será processado por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo permitida, conforme o caso.

DESCONSTRUÇÃO

Q UESTÕES ESTRUTURAIS PROBLEMÁTICAS

As ideias de Jefferson e de Washington foram apoiadas por uma realidade de dois séculos e meio atrás, em um país que não era nosso, cujas colônias sujeitas à Grã-Bretanha haviam recentemente se tornado independentes. Quanto às demais referências, se excluirmos dados de entidades como ministérios do Executivo brasileiro, ONU e pensadores de tempos distantes inseridos em contextos estrangeiros ao Brasil, consideramos uma flagrante carência de fontes que tragam dados que não sejam relatórios "superficiais" de jornais ou revistas semanais", que ironicamente forma o cerne (e mesmo a superfície) de toda a obra, diametralmente oposta ao que pretendem fazer. Em outras palavras: um estudo mais complexo - conduzido por muitas outras fontes, levando em conta o maior número possível de variáveis ​​(por exemplo, dados criminológicos, sociológicos, econômicos e políticos) - seria o ideal para tentar seriamente "desmascarar adequadamente as mentiras", que não é o que vemos na obra Lie to Me About Disarmament.

R EFUTANDO O PRIMEIRO ARGUMENTO

Em segundo lugar, afirmar que o “controle social” é algo inerentemente ruim significa fazer do estado um “espantalho”, ou seja, demonizar o estado e ignorar os benefícios que ele proporciona aos cidadãos, uma vez que todas as atividades estatais têm uma realização direta ou indireta de controle social. Nessa perspectiva, afirmar que o controle social é pernicioso per se equivale a uma exaltada exaltação da liberdade e a sufocação da segurança. Hoje, a única forma de combater um Estado é ou com o poder de outro Estado, ou com o desmonte interno do Estado, através da divisão de comando e consequente deserção de parcela significativa de suas tropas.

R EFUTANDO O SEGUNDO ARGUMENTO

Por um lado, temos um medo (original) que se ancora apenas no instinto, uma das características mais ululantes da nossa natureza animal; por outro lado, um medo (derivado) construído por uma estrutura mental, sofisticada, socialmente reciclada, que direciona a ação a. Na direção oposta, o medo original é agudo/violento/poderoso; compromete as capacidades racionais do criminoso e o incita a agir com violência, sobretudo porque tem consciência da possibilidade de ser interceptado por uma eventual arma de que a vítima esteja munida. A vítima potencial pode, dependendo das circunstâncias fáticas, ser afetada por um medo original ou inferido, podendo ou não saber de onde vem o ataque; as formas de obter tais sinais são diversas, desde alarmes, câmeras de segurança, latidos de cães, gritos de um vizinho, sons de passos ou arrombamento, etc.

R EFUTANDO O TERCEIRO ARGUMENTO

E posso provar isso mais uma vez com dados do instituto de pesquisa Guns Policy sobre a legislação de (des)armamento dos países; combiná-los com as definições de autoritarismo e democracia de certos países definidas pelos rankings do The Economist; e coletar estatísticas anuais de homicídios para cada 100.000 habitantes, segundo a ONU (UNIDAS, Nações; 2016). Segundo a própria ONU, números iguais ou superiores a 10 homicídios por 100 mil habitantes são considerados gravíssimos – ou, conforme canonizado na literatura do UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime). Os Emirados Árabes Unidos, atualmente em 147º lugar no ranking da The Economist, em 2017 (ano em que obteve 2,69 pontos na escala autoritarismo-democracia), tiveram 0,5 homicídios por 100 mil habitantes (equivalente ao número absoluto de 44 mortos), têm legislação restritiva; .. d) A República Democrática do Congo, atualmente classificada em 165º pela The Economist, o penúltimo país mais autoritário do mundo, em 2015 (ano em que ostentava 2,11 pontos na escala autoritarismo-democracia), teve 13,55 assassinatos para cada 100.000 habitantes (correspondente ao número absoluto de 10.322 óbitos), tem legislação restritiva.

R EFUTANDO O QUARTO ARGUMENTO

57 “O conceito de Medo Líquido é capaz de explicar o desejo por armas civis no Brasil do século XXI, expresso explicitamente no resultado do referendo de 2005, que tratou da proibição do comércio de armas de fogo e munições?”. 58 “O conceito de Medo Líquido é capaz de explicar o desejo por armas civis no Brasil do século XXI, expresso explicitamente no resultado do referendo de 2005, que tratou da proibição do comércio de armas de fogo e munições?”. Dispõe sobre o registro, posse e comércio de armas de fogo e munições, no Sistema Nacional de Armamento - Sinarm,.

Referências

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Ainda há questões que são muito complexas, e que não são colocadas em pauta de forma direta, por consequência, não é habitual haver reflexões acerca de