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Análise sobre a relação da questão social e a destituição do poder familiar no Brasil.

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Academic year: 2023

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A Revolução Francesa foi responsável por uma transformação radical das bases organizacionais da sociedade feudal e a transformou em uma nova ordem social. Com a instauração de uma sociedade capitalista e seu modo de produção, surge uma questão social com expressões próprias e a gênese da acumulação capitalista.

CRÍTICA À GÊNESE DO ESTADO MODERNO E SUA FORMA JURÍDICA

Emancipação Política e Emancipação Humana

Ou seja, a emancipação política não elimina a existência da religião, apenas não privilegia uma religião em detrimento de outra por meio do Estado. Assim, ao criar as primeiras normas jurídicas da sociedade moderna e chamá-las de direitos humanos, o Estado implica a essência da emancipação política.

A “Forma Jurídica”

O escravo está totalmente subordinado ao seu senhor, e justamente por isso essa relação de lucro dispensa qualquer elaboração legal especial. A formação de um mercado estável cria a necessidade de regular o direito de dispor de bens e, portanto, o direito de propriedade” (PACHUKANIS, 1988, p. 80).

Direito e sociedade

Mas faz muita diferença se esse devir é um processo biológico espontâneo e involuntário de adaptação a novos fatos naturais ou se é resultado de uma prática social específica, mesmo que, nesse caso, apenas algumas ações imediatas, intenções voluntárias e A transformação do conjunto surge a partir disso com necessidade social espontânea. Ou seja, “a linguagem é um autêntico complexo social dinâmico” (LUKÁCS, 2012, p.164); e diferentemente de outros complexos sociais, não necessita de um grupo específico para se organizar, pois é a sociedade como um todo que o constitui. Lukács (2012), desenvolve a ideia de que nas sociedades primitivas, as sociedades se organizavam de forma que os interesses individuais geralmente correspondiam, mas que na verdade havia indivíduos específicos que se diferenciavam dos demais e a necessidade de uma organização que protegesse os interesses e a segurança da comunidade.

Porém, com o surgimento da divisão dos grupos sociais pela escravidão e posteriormente a divisão das classes pela economia, surgiu a necessidade de regulação social por um determinado grupo para mediar os conflitos decorrentes dessas divisões sociais específicas. Portanto, uma vez que o direito surge como resultado das necessidades da sociedade de classes, sua natureza é de classe. Isso significa que a forma como a classe dominante organiza a forma jurídica não facilita exclusivamente sua sociabilidade, pois mesmo dentro de uma classe individual existem conflitos de interesses, pois a unidade dos interesses do todo não significa necessariamente que não haja diferenças. entre os ideais de indivíduos ou grupos de uma mesma classe.

O princípio fundamental do ordenamento jurídico envolve a síntese das seguintes aspirações, totalmente heterogêneas: em primeiro lugar, a intenção é que a dominação de uma classe, como condição social que se tornou evidente e reconhecida como tal, determine a atuação de todos os seus membros membros de tal maneira que eles se submetem "voluntariamente" em sua prática aos ditames dessa condição, que mesmo sua crítica teórica é permitida apenas dentro dos limites - amplos ou estreitos - da estrutura dela extraída.

A ACUMULAÇÃO DO CAPITAL E A QUESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE

A Acumulação do Capital

Conforme exposto, o capitalista investe constantemente seu capital para ganhar mais, mas esse investimento não necessariamente se reflete em um aumento do capital variável. Para continuar com o desenvolvimento e acumulação do capital, porém, é preciso que o trabalhador aceite a desvalorização de sua força de trabalho, e para isso deve haver competição entre a própria classe trabalhadora para que os empregados de certa forma, pressionados pelos inativos a se submeterem às regras do capital (MARX 2013). Segundo Marx (2013, p. 462), “a acumulação capitalista produz constantemente, e na proporção de sua energia e volume, uma população trabalhadora adicional relativamente excedente, ou seja, excessiva às necessidades médias de valorização do capital e, portanto, supérflua” .

Ou seja, ao ser explorado, o trabalhador cria a forma que possibilita ao capitalista precisar cada vez menos de sua mão de obra, fazendo com que essa população se torne excessiva. Segundo Marx (2013), pode-se dizer que essa população excedente é fundamental para a produção e acumulação capitalista, uma vez que a transferência de valor entre capital constante e capital variável só é possível se a força de trabalho ociosa e ociosa empurrar trabalhadores ativos para desistir mais e mais trabalho para os movimentos de capital. Desta forma, é comum haver empregos vagos, mesmo com muitos desempregados, pois com a divisão do trabalho, os trabalhadores acabam se qualificando em apenas um setor e consequentemente se tornam inúteis para outros, restando deste excedente populacional, a emigração para novos centros industriais .

Esta parte da classe trabalhadora realiza suas atividades ao menor preço e está sempre disponível para se adaptar ao movimento do capital.

A Questão Social

Somente compreendendo os movimentos do capital e a especificidade da acumulação capitalista é possível decifrar a base e os meios da questão social. O modo de produção capitalista é responsável pela questão social; A exploração dos trabalhadores está na raiz do capitalismo, assim como a questão social. Portanto, ao analisar as relações sociais, o trabalho e a questão social no modo de produção capitalista, deve-se primeiro avaliar sua questão histórica.

Segundo a análise de Pastorini (2010), no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, surgiu na Europa e nos Estados Unidos um debate sobre o início de uma nova questão social. As manifestações da questão social são produtos do contraditório sistema capitalista; mais precisamente, as manifestações da questão social que alguns autores classificam como "nova pobreza" e "nova questão social", são na verdade fruto do neoliberalismo influenciado e financiado pelos países desenvolvidos. É verdade que existem novos elementos e novos indicadores sociais que nos podem fazer pensar que se trata de uma “nova questão social”, mas partimos da hipótese de que são novas expressões da mesma.

Mesmo que os problemas decorrentes dessa nova estrutura sejam claros e complexos, ela ainda não pode ser considerada uma "nova questão social".

A Questão Social nos moldes brasileiros

Esse fato só contribui para que as expressões da questão social sejam ampliadas e vistas de um ponto de vista conservador. Essa relação do Brasil com o capital internacional é a mesma que existe em outros países latino-americanos; porém, segundo Joseane Santos (2012), a singularidade da questão social no país é fruto da “modernização conservadora”. Continuando, o autor diz que "no que diz respeito a esse segundo sentido de repressão, sua origem está relacionada a traços da cultura de subjugação que constituem as relações entre escravos e proprietários de terras que se reproduzem nas relações capital/trabalho já no contexto de salários. [...] (SANTOS, 2012, p. 140).

Enquanto as políticas keynesianas ligadas aos mecanismos de negociação coletiva se consolidam mundialmente, o Brasil estava distante desse processo (SANTOS, 2012, p. 149). Essa relação fica mais evidente quando analisada regionalmente porque, conforme a demanda dos grandes proprietários de terra, o estado flexibilizou a legislação referente à consolidação da produção em determinados locais, principalmente no sudeste; isso significava que, além das diversidades culturais, havia diferentes formas de pauperismo e, consequentemente, expressões da questão social. Pelo exposto, o quadro político-institucional surgido no período posterior a 1964 aparece, em especial, como determinante central da precarização e flexibilização do regime trabalhista no Brasil” (SANTOS, 2012, p. 161).

Isso explica por que o marco pós-1964 _ identificado como uma segunda fase da "industrialização pesada" _ é decisivo para consolidar as especificidades da "questão social" para a qual tenho chamado a atenção.

A DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

As expressões da Questão Social e a Destituição do Poder Familiar

É enorme o número de processos em que a vivência das expressões da Demanda Social pela família biológica se torna visível através da Perda do Poder Familiar. A expressão “poder familiar” adotada pelo Código Civil corresponde ao antigo poder paterno, termo que remonta ao direito romano: pater potestas - direito absoluto e ilimitado concedido ao chefe da organização familiar sobre a pessoa dos filhos. Mesmo em algumas situações em que os motivos parecem se transformar em outros, como, por exemplo, o abandono total por falta de vínculo afetivo, a perda do poder jurídico sobre o filho, em ações tramitadas no âmbito da tutela infanto-juvenil tribunais da região de São Paulo, suas vidas são geralmente marcadas pela pobreza e falta ou dificuldade de acesso aos direitos humanos e sociais (FÁVERO, 2007, p.39).

A violência visível, decorrente da ausência de condições de vida digna para a família _ que oculta o sistema de opressão e exploração político-econômica _ traduz-se, por vezes, na entrega ou abandono da criança, o que dá visibilidade ao ato em si, mas não ao sua construção (FÁVERO, 2007, p.42). Essa situação evidencia outro problema também enfrentado por essas mulheres: a ausência de uma rede de apoio institucional e/ou familiar com a qual possam contar no dia a dia ou em momentos específicos. Algumas das questões levantadas como pontos importantes na relação entre o afastamento do poder familiar e a questão social é que a vivência de suas expressões, como: precariedade habitacional, marginalização dos sujeitos, violência, falta de saneamento básico e falta de 'um rede de apoio, proporciona cenários em que a própria situação já se apresenta como violação de direitos humanos básicos (FÁVERO, 2007).

Estatísticas apontadas na pesquisa "Perda da autoridade parental", a amostra analisada neste trabalho, estudos que realizei sobre a prática jurídica, observações da prática profissional nos juizados de menores e menores durante alguns anos, bem como alguns dados que acabam sendo divulgados pela mídia, mostra que a mulher/mãe é quase sempre a personagem principal, senão a única, no processo de perda do poder familiar.

A relação entre Estado, Direito e Destituição do Poder Familiar

Pelo exposto, podemos concluir que, segundo a ERS, a obrigação de criar e educar as crianças e jovens é inicialmente da família; entretanto, o estatuto entende que também é dever da sociedade, do Estado e do poder público zelar pelo desenvolvimento saudável e seguro dessas crianças; portanto, é errado, mesmo com base em normas legais estritas, responsabilizar exclusivamente a família nos casos de violação dos direitos da criança e do adolescente. A palavra excepcional refere-se aos casos em que fica comprovada a impossibilidade de permanência da criança e do adolescente em sua família biológica. O procedimento que segue as denúncias de problemas com a permanência dessas crianças e adolescentes na família é uma medida protetiva.

Concluído o processo de demissão, a atenção da comunidade, do estado e do judiciário se volta apenas para crianças e adolescentes; As famílias que perderam o poder familiar não recebem nenhuma forma de apoio ou orientação, e voltam a ficar “sozinhas” na sociedade. Assim, crianças e adolescentes nascidos nesse ambiente são retirados de suas famílias para viver com aqueles que estão mais integrados ao sistema. Por não terem condições favoráveis ​​para sua produção e reprodução social, muitas famílias são privadas do poder sobre seus filhos por não garantirem os direitos da criança e do adolescente previstos em lei.

Dessa forma, são penalizados com o afastamento de crianças e adolescentes de seu poder, pois nessas circunstâncias tal medida já é inevitável.

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho tratará da Política de Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente no Distrito Federal, e de seu controle social, no tocante à atuação