Ajudando pacientes oncológicos no serviço de radioterapia no contexto da pandemia de Covid-19 / Andressa Souza Jesus. Objetivo: Descrever as características do atendimento a pacientes oncológicos no serviço de radioterapia de um hospital filantrópico no contexto da pandemia de COVID-19. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo analítico ambispectivo em que todos os prontuários dos pacientes foram incluídos em um relatório mensal para planejamento do início do tratamento radioterápico na Unidade de Alta Complexidade Oncológica do Hospital Humanitário de Salvador (BA), referente às terapias começou de janeiro de 2019 a dezembro de 2021.
Objective: To describe the characteristics of cancer patient care in a radiotherapy service of a philanthropic hospital in the context of the COVID-19 pandemic. Most patients were female (68.6%) and residents of the city of Salvador in the three years studied. An analysis of the time between the first diagnosis of radiotherapy and the start of therapy showed a reduction from 75.1 days in 2019 to 23.5 days in 2021.
Conclusões: Não houve mudanças significativas no número de pacientes atendidos e em seu perfil durante os anos da pandemia. Salvador/BA, por ano (UNACON/OSID) 29 Figura 5 Box plot do tempo entre o primeiro diagnóstico e a primeira sessão de radioterapia. dias) do serviço de radioterapia em um hospital filantrópico de Salvador/BA, dependendo da residência do paciente (UNACON/OSID).
CUIDADO DO PACIENTE ONCOLÓGICO DURANTE A PANDEMIA
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi notificado em 26 de fevereiro de 2020, na cidade de São Paulo3. Além disso, tem sido sugerido que, além dos pacientes oncológicos serem mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus, o estadiamento e a gravidade do tumor podem influenciar o curso clínico da doença11. Em um estudo realizado na França, em nível nacional, no qual foram analisadas as mudanças no cuidado de pacientes com câncer durante a pandemia de COVID-19, fazendo uma análise comparativa entre 2019 e 2020, uma redução no número de exames de rastreamento do câncer de mama , que foram completamente descontinuados em abril de 2020.
Em outro estudo sobre o impacto da pandemia de COVID-19 no atendimento oncológico, desta vez em escala global, onde participaram 54 países de diferentes continentes, 62,64% dos serviços permaneceram abertos, mas com carga horária reduzida. Outro dado importante apresentado no estudo é o fato de 58,15% dos pacientes não terem tido oportunidade de buscar atendimento fora dos centros onde foram atendidos anteriormente13. Estudos regionais sobre como a pandemia de COVID-19 afetou o cuidado oncológico são necessários para orientar e ajustar o planejamento e as políticas públicas para tentar reduzir o impacto causado pela redução do acesso, atendimento e tratamento de pacientes oncológicos nesse período.
Portanto, este estudo teve como objetivo descrever as características do atendimento a pacientes oncológicos em um serviço de radioterapia de um hospital filantrópico no contexto da pandemia de COVID-19. Descrever as características do atendimento ao paciente oncológico em um serviço de radioterapia de um hospital filantrópico no contexto da pandemia de COVID-19.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
COVID-19
CÂNCER
Embora as terapias visem tratar e suprimir os aspectos negativos da doença, elas apresentam efeitos colaterais diferentes, que diferem do tipo e da resposta individual de cada pessoa28-31. Em decorrência do processo da doença, das terapias utilizadas no tratamento e dos efeitos causados por ambas, os pacientes com câncer acabam se tornando mais susceptíveis às infecções em geral7,8,32-36. No caso da radioterapia, o processo inflamatório costuma ocorrer localmente, em áreas onde foi recebida radiação ionizante37-.
Além disso, pacientes com neoplasias hematológicas geralmente apresentam número anormal ou reduzido de células do sistema imunológico e, portanto, podem acabar apresentando maior risco de infecções prolongadas e até morte por essas infecções10,43,44. Além dos pacientes com câncer serem mais vulneráveis ao novo coronavírus, observou-se que o estágio do tumor pode afetar o curso da doença COVID-1911. Por exemplo, em um estudo multicêntrico realizado em 2020 em 14 hospitais da cidade chinesa de Hubei, que até então era o epicentro da pandemia, pacientes com câncer metastático teriam maior risco de morte e progressão mais avançada. necessitando de maior suporte, como internação em unidades de terapia intensiva e uso de ventilação mecânica invasiva, em comparação a pacientes com câncer em estágios menos avançados e pacientes sem diagnóstico.
No entanto, os dados do mesmo estudo não mostraram diferença significativa na necessidade dessas intervenções ao comparar pacientes com câncer e pacientes sem câncer. Além disso, o estudo constatou que pacientes submetidos a cirurgia para tratamento de câncer apresentavam maior risco de morte por COVID-19 quando infectados, maior suscetibilidade de desenvolver sintomas mais críticos da doença, maior taxa de internação em unidades de terapia intensiva terapêuticas, e também uso de ventilação mecânica invasiva43.
CUIDADO DO PACIENTE ONCOLÓGICO DURANTE A PANDEMIA COVID-19
Em 2020, a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) realizou uma pesquisa que constatou que 6 em cada 10 serviços de radioterapia tiveram um declínio geral no número de pacientes atendidos, com 15% dos serviços apresentando um declínio maior. de 50% das consultas, sendo o principal motivo o adiamento da radioterapia (46%), o medo dos pacientes e familiares (38%) e a redução do número de diagnósticos (38%)47. Na Europa, um estudo realizado em vários departamentos de oncologia radiológica em vários países do continente mostrou que 58% dos departamentos atrasaram o atendimento de novos pacientes e, especificamente no Reino Unido, essa redução foi de 100%. Além disso, foi observada uma redução de 60% no número de pacientes, com o Reino Unido novamente tendo a maior redução relatada de 88%.
Um ano após o início da pandemia, a mesma pesquisa foi repetida e os dados mostraram que a indicação de radioterapia diminuiu em 23% dos departamentos. Além disso, eles relataram uma redução de 53% no volume de pacientes nos departamentos de radioterapia e reduziram os encaminhamentos para terapia em pelo menos 50% dos departamentos. Cerca de 70% das cidades relataram redução na triagem e ainda encontraram pacientes com doença mais avançada49.
A pandemia não só afetou o acesso dos pacientes com câncer ao tratamento e diagnóstico da doença, como também provocou um agravamento do estágio do tumor. Em estudo realizado em unidade oncológica de alta complexidade na cidade de Salvador, Bahia (Brasil), foi observada queda de 12% no número bruto de consultas realizadas entre março e agosto de 2020, em relação aos mesmos meses de 2019, sendo essa redução mais evidente em abril de 2020, quando o número de pacientes foi reduzido em 61%. Além disso, também foi possível observar uma mudança no perfil de estadiamento tumoral desses pacientes, com aumento de 115,4% nos casos de metástases no ano de 2020, em relação ao mesmo período do ano de 201950.
TIPO DE ESTUDO
POPULAÇÃO E AMOSTRA DO ESTUDO
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE .1 Critérios de inclusão para os dados
Critérios de exclusão para os dados
COLETA DE DADOS
ANÁLISE DE DADOS
No entanto, é possível ver uma queda de 68,2% no número de pacientes em abril, um mês após a OMS declarar a pandemia de COVID-19. Mudanças dramáticas nas vias de atendimento oncológico durante a pandemia de COVID-19: o estudo francês ONCOCARE-COV. Disponível em: https://www.cancer.org/latest-news/common-questions-about-the-new-coronavirus-outbreak.html.
O impacto da pandemia de COVID-19 no serviço de radioterapia em um hospital público de Salvador/BA.
