• Nenhum resultado encontrado

A ASCENSÃO DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO ENQUANTO MOVIMENTO REGRESSISTA DA EDUCAÇÃO E A ELEIÇÃO DE BOLSONARO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "A ASCENSÃO DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO ENQUANTO MOVIMENTO REGRESSISTA DA EDUCAÇÃO E A ELEIÇÃO DE BOLSONARO"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

A ASCENSÃO DO MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO ENQUANTO MOVIMENTO REGRESSISTA DA EDUCAÇÃO E A ELEIÇÃO DE BOLSONARO

THE ASCENSION OF THE NONPARTISAN SCHOOL MOVE- MENT AS REGRESSIVE MOVEMENT OF EDUCATION AND

THE ELECTION OF BOLSONARO

Lucas Gabriel Saconato Maldonado

1

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascensão do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mimesis, Bauru, v. 40, n. 2, p. 199-218, 2019.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o movimento Escola sem Partido enquanto movimento regressista no âmbito educacional, tendo em vista os principais acontecimentos que fortaleceram a agenda do movimento e a perspectiva de intensificação com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018. Com a eleição de governos progressistas e avanços ocorridos no campo educacional, o movimento Escola sem Partido foi criado por Miguel Nagib, com o intuito de legitimar a perseguição política à classe docente com o argumento da existência de doutrinação a partir do campo jurídico. Tendo em vista o problema: Quais características colocam o Escola sem Partido como movimento regressista da educação?

Quais acontecimentos que fortaleceram ou deram visibilidade ao movimento Escola sem Partido? A hipótese deste trabalho reside que o Escola sem Partido se coloca como movimento regressista enquanto

Recebido em: 27/12/2018 Aceito em: 28/03/2019 1. Licenciado em Filosofia pela

Universidade Sagrado Coração (USC), estudante de Cinema e Audiovisual pelo Centro Univer-

sitário Nossa Senhora do Patro- cínio (CEUNSP) e professor da Rede Pública estadual de Ensino.

Praça Pc Antônio Vieira Tavares, 73 - Lot. Terras de São Pedro e São Paulo, Salto - SP, 13320-219

E-mail: lucasaconato@hotmail.

com

(2)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

parte da guerra cultural a uma reação às conquistas progressistas e aos movimentos sociais afirmativos acontecidos no país junto a estratégias elaboradas que resultaram no seu fortalecimento. A justificativa deste texto encontra-se como trabalho de conclusão do Curso de Movimentos Sociais e Crises Contemporâneas da Unesp, realizada na sub-sede da Apeoesp de Bauru. Os resultados iniciais confirmam a hipótese inicial a respeito do Escola sem Partido, assim como as ações e discursos do presidente eleito.

Palavras-chave: Escola sem Partido. Bolsonaro. Movimento regressista.

ABSTRACT

The aim of this paper is to analyze the movement “Escola Sem Partido” (Nonpartisan School) as a regressive movement in the educational sphere, in view of the main events that strengthened the movement’s agenda and the prospect of intensification with the election of Jair Bolsonaro in the 2018 elections. With the election of Progressive Governments and Advances in the Educational Field, the Nonpartisan School Movement, created by Miguel Nagib with the intention of legitimizing the political persecution of the teaching class with the argument of the existence of indoctrination from the legal field. In view of the problem: What characteristics put the Nonpartisan School as a regressive movement of education? What events strengthened or gave visibility to the Nonpartisan School movement? The hypothesis of this work is that the Nonpartisan School posits itself as a regressive movement as part of the cultural war in a reaction to the progressive achievements and affirmative social movements that took place in the country along with elaborate strategies that resulted in its strengthening. The justification of this research is the work of conclusion of the Course on Social Movements and Contemporary Crises of UNESP held in the sub- headquarters of Apeoesp in Bauru. The initial results confirm the initial hypothesis regarding the Nonpartisan School, as well as the actions and speeches of the president-elect.

Keywords: Nonpartisan School. Bolsonaro. Regressive movement.

(3)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda a ascensão do movimento Escola Sem Partido enquanto movimento regressista dentro da educação aliado à vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.

Busca-se entender os principais acontecimentos que levaram à ascensão do movimento Escola sem Partido e a perspectiva de fortalecimento diante da vitória do presidente eleito em 2018. Ao versar sobre o movimento Escola sem Partido, serão levados em conta acontecimentos e vitórias do campo progressista que geraram uma reação do campo conservador, aliado a estratégias empregadas dos grupos pertencentes a essas ideias que acabaram por favorecer Bolsonaro nas eleições.

A hipótese deste trabalho reside que o Escola sem Partido se coloca como movimento regressista enquanto parte da guerra cultural entre as pautas de esquerda e direita no campo moral e cultural.

Fato que se dá como forma de reação às conquistas progressistas e aos movimentos sociais afirmativos acontecidos no país, junto a estratégias elaboradas que resultaram no seu fortalecimento.

O método para a escolha desses eventos se deu de forma múltipla, não sendo uma particularidade, mas de dimensões que envolvem o âmbito dos currículos (coloco como caráter curricular);

o aumento da participação de setores marginalizados na universidade pública (caráter social), e de um evento que coloco como específico devido aos seus dois momentos (2014 e 2018) que é a polêmica envolvendo o “kit-gay”, com a presença de um ator social (falo do presidente).

O MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO: UM MOVIMENTO REGRESSISTA DA EDUCAÇÃO

Este trabalho tem como objetivo analisar o Movimento Escola sem Partido enquanto movimento regressista da educação, tendo em vista os acontecimentos mais importantes que influenciaram a articulação do movimento e o seu fortalecimento. Diferentemente de outros trabalhos sobre o assunto, não abordaremos a gênese do Escola sem Partido, ou uma retrospectiva histórica do surgimento do movimento, ou mesmo a ótica jurídica constitucional. Elencaremos alguns dos eventos mais importantes que serviram como influência para o fortalecimento do movimento Escola sem Partido e

(4)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

analisaremos o impacto de algumas medidas e estratégias utilizadas.

Com a eleição de governos progressistas e os avanços ocorridos no campo educacional a partir de 2002, com vitória do presidente Lula, foi criado o movimento Escola sem Partido2, por Miguel Nagib3, com o intuito de legitimar a perseguição política à classe docente a partir do argumento da existência de doutrinação a partir do campo jurídico.

O método para a escolha desses eventos se deu de forma múltipla, não sendo uma particularidade, mas de dimensões diversas, como no âmbito dos currículos (coloco como caráter curricular); da participação de setores até então excluídos da universidade pública (caráter social); e de um evento que coloco como específico devido aos seus dois momentos (2014 e 2018), que é a polêmica envolvendo o “kit-gay”, aliado à presença de um ator social (falo aqui do presidente eleito Bolsonaro), que foi responsável por capitalizar um vácuo na sociedade brasileira aliado a uma intensa exposição na mídia (tanto hegemônica quanto não hegemônica) e permitiu formar a opinião pública fortalecendo a agenda do Escola sem Partido.

Assim, os acontecimentos citados são:

• A inclusão4 de filosofia e sociologia como disciplinas curriculares na formação escolar em 2008, além de uma melhora gradual no âmbito educacional no setor público (apesar da continuidade da existência de inúmeros problemas de diversos âmbitos);

• A constitucionalidade da lei de cotas raciais5 sancionada6 em 2012, pela presidente Dilma posterior ao julgamento do STF que serviu como acesso de diversos segmentos da população oriundos da escola pública e diversas etnias ao ensino superior universitário;

• A polêmica em torno da cartilha “Escola sem Homofobia”7, que foi apelidada pelo campo da direita conservadora como “kit

2 Disponível em www.escolasempartido.org.br

3 Miguel Francisco Urbano Nagib é um advogado brasileiro, conhecido por ser fun- dador e líder do movimento Escola sem Partido, fundado em 2003, e idealizador do texto que originou diversos projetos de lei homônimos.

4 PL 105/2007

5 Disponível em http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/04/stf-decide- -por-unanimidade-pela-constitucionalidade-das-cotas-raciais.html 6 Disponível em http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/08/dilma-san-

ciona-cota-de-50-nas-universidades-publicas.html

7 Disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2015/11/

kit-gay-escola-sem-homofobia-mec1.pdf

(5)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

gay” (que teve de acordo com a hipótese colocada dois momentos) e gerou uma exposição intensa na mídia do então deputado Bolsonaro em 2011, em um primeiro momento, seguiu nos próximos anos e teve outro ápice em 2014/2015, com a discussão envolvendo gênero com a posterior discussão dos planos de educação municipais, estaduais e nacional; e no segundo momento em 2018 enquanto estratégia midiática que envolveu uma disseminação de mentiras em quantidade e tempo impressionantes, que aqui denominamos firehosing8 o que favoreceu a vitória na eleição, tendo em vista o papel protagonizado pelas redes sociais, especialmente o whatsapp e o youtube. Não devemos deixar de mencionar o fato de que a polêmica do “kit- gay” se deu com a perseguição ao que se denominou “ideologia de gênero”9

A inclusão de filosofia e sociologia foi uma vitória dos movimentos sociais e da classe docente em geral diante do legado

8 Sobre firehosing, usamos aqui a reportagem do Portal Vice para elucidar a origem do conceito e seu significado: derivada de firehose, que significa “mangueira de incêndio”, o nome, especificado no artigo The Russian “Firehose of Falsehood”

Propaganda Model – algo como O Modelo de Propaganda Russa “Mangueira de Incêndio da Falsidade”, lançado em 2016, remete ao modelo russo contemporâneo de propaganda, pois contém grande quantidade de canais para disseminar mensa- gens e não tem pudor nenhum em fazê-lo com informações distorcidas e mentiras descaradas. Disponível em https://www.vice.com/pt_br/article/zm98ky/o-que-e- -firehosing-e-como-o-cla-bolsonaro-se-aproveita-disso. Disponível em https://di- plomatique.org.br/firehosing-por-que-fatos-nao-vao-chegar-aos-bolsonaristas/?fb clid=IwAR3JMwh4vTDG17kUZL1_sQNQpuY7q2i3IHHu2A3EuDynJ0OTYXN- zjrNpL3Y

9 Durante os debates sobre os planos de educação municipais, estaduais e nacional, em 2015, o tema da “ideologia de gênero” foi nomeado por setores conservadores que na visão deles, os professores estariam incentivando a “sexualização infantil”

e até mesmo a troca de sexo das crianças. Com a polêmica em alta, a palavra gêne- ro foi retirada de diversos planos municipais e estaduais e também federal (Com a aprovação da nova BNCC em 2018) de educação acompanhando a decisão a partir do Plano Nacional de Educação de 2014. Disponível em https://educacao.uol.com.

br/noticias/2015/08/11/o-que-e-a-ideologia-de-genero-que-foi-banida-dos-planos- -de-educacao-afinal.htm. Devemos mencionar também, apesar de não ter aprofun- dado o tema, a polêmica que envolveu uma suposta realização de um seminário LGBT infantil. O seminário de fato não ocorreu, mas fez parte do discurso de Bolsonaro durante a campanha no primeiro turno das eleições para atacar as pau- tas progressistas durante sua entrevista para o JN. Disponível em https://www.

gazetadopovo.com.br/ideias/o-que-foi-oseminario-lgbt-infantil-mencionado-por- -bolsonaro-28dkw0xtqqeho6ozymltb96m5/. Em reportagem da Folha de SP, o professor Fernando Penna coloca: “Muita gente acha que o Escola sem Partido pautou o tema, mas é ao contrário. Ele cresce quando acha esse filão”. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/10/motores-de-bolsonaro-esco- la-sem-partido-e-ideologia-de-genero-tem-raizes-religiosas.shtml. Por fim, para mais informações a respeito, colocamos a entrevista da doutora Jimena Furlani para o portal apublica explicando a origem do termo e suas diferenças e a relação com o Escola sem Partido. Disponível em http://apublica.org/2016/08/existe-ideo- logia-de-genero/

(6)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

produzido pela ditadura militar. Não é à toa que muitas das acusações de doutrinação atingem professores da área de humanidades e muitos destes formados em filosofia e sociologia. Essa inclusão representou uma derrota na época para o campo conservador, visto que seu interesse, na verdade, era na inclusão do ensino de religião em sala de aula10.

Vemos, assim, com a inclusão de filosofia e sociologia, uma vitória do campo progressista e da classe docente, mas que acabou servindo para alimentar a reação conservadora e servir como mote para o argumento da doutrinação em sala de aula por parte dos professores da área de humanas em que a escola deve possuir, na visão dos grupos conservadores e liberais, um caráter técnico. Tanto é que, no Jornal Folha de SP, em 2018, uma reportagem associou como culpa das disciplinas da área de humanas a queda das notas em matemática,11 divulgada pelo Ipea e que possui como um dos seus pesquisadores, Adolfo Sachsidaum. O estudioso é um dos autores da pesquisa que associa a queda de rendimento dos alunos de matemática às disciplinas de filosofia e sociologia simpatizante ao presidente eleito, apoiador do Movimento Escola sem Partido e crítico da suposta doutrinação de esquerda e da ideologia de gênero12. Ainda, alguns pesquisadores associam o ensino de humanas à doutrinação “marxista” como é o caso da professora Eunice Durham, da USP, em entrevista à revista Educação, na qual afirma que filosofia e sociologia não devem fazer parte do currículo, mas serem disciplinas optativas, pois há a ocorrência de “doutrinação marxista” em sala de aula.13

Ao longo de 2018, houve muitas críticas por conta da forma como foi debatida a BNCC14, sua posterior aprovação15 pelo CNE e

10 Em 2017 o STF julgou uma ADI em que permitiu o ensino confessional de religião em sala de aula. Nota-se que a esse respeito o ESP não emitiu nenhuma nota ou opinião.

11 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/04/filosofia-e-socio- logia-obrigatorias-derrubam-notas-em-matematica.shtml

12 Disponível em http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/na-alca-de-mira- -a-filosofia-e-a-sociologia

13 Disponível em http://www.revistaeducacao.com.br/filosofia-e-sociologia-sao-sim- bolo-da-disputa-pelo-curriculo-no-ensino-medio/

14 Disponível em http://estaticog1.globo.com/2018/12/05/bncc_em_

vers%C3%A3ocompleta_emrevis%C3%A3o_05dez.pdf

15 Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/04/base-nacional- -curricular-comum-e-aprovada-pelo-conselho-nacional-de-educacao.ghtml

(7)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

homologação16 pelo MEC. Muitos dos temas e currículos que faziam parte da grade educacional foram excluídos. Para o professor Fernando Penna17, o intuito do Escola sem Partido vai além da mera censura ideológica e da caça às bruxas, mas a pauta da BNCC atrai o interesse de setores conservadores, conforme dito em entrevista ao portal Apública:

O ministro declarou que iria paralisar as negociações para ‘desideologizar o debate’ e isso é um escândalo, uma verdadeira caça às bruxas! O deputa- do Rogerio Marinho (PSDB/RN), que propôs o projeto de lei (1411/2015) sobre ‘Assédio Ideológico’ que prevê prisão aos professores, foi chamado no dia 31 de maio deste ano a um seminário sobre a Base na Câmara dos Deputados. Dentro desse evento, para o qual deveriam ter sido chamados autores, educadores, pesquisadores, tinha uma mesa chamada ‘Ciências Humanas da BNCC’. Três pessoas foram falar: o Braulio Porto de Matos, que é um professor da UNB que tem defendido o Escola Sem Partido, o professor Orley José e Silva, que tem um blog chamado ‘De olho no livro didático’, que procura ocorrências de doutrinação nos livros didáticos e o terceiro convidado foi um padre que quer proibir a discussão de gênero nas escolas. Esses três foram chamados pra discutir ciências humanas da Base.

Nós temos educadores de renome internacional no campo das ciências hu- manas, mas nenhum deles estava lá. Então existe um movimento muito forte se articulando, são várias alianças que estão sendo tecidas e a difusão desse discurso é alarmante (APUBLICA, 2016).

A ligação destes setores com o lobby de grandes empresas da área nos dá, conforme a reportagem do portal Esquerda Diário18, uma direção a quem o Escola sem Partido pode beneficiar em âmbito financeiro. De acordo com a reportagem, o grupo Abril19 e o Objetivo

16 Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/14/mec-homologa- -a-base-nacional-comum-curricular-do-ensino-medio.ghtml

17 Professor Dr. Fernando Penna é professor Adjunto da Faculdade de Educação da UFF e parte do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História Social da FFP UERJ. Doutor e Mestre em Educação pelo PPGE da UFRJ e bacharel e licenciado em história pela mesma universidade. Atualmente é coordenador do Movimento Educação Democrática. 

18 Disponível em http://www.esquerdadiario.com.br/Quem-lucra-com-o-Escola- sem-Partido-Fundamentos-e-analise-do-Projeto-de-Lei

19 O grupo Abril conforme a reportagem da Esquerda Diário, praticamente monopo- liza o segmento da educação no país ao atender mais de 130 mil escolas e cerca de 35 milhões de alunos. Outro grupo importante é o Objetivo que fornece material didático para mais de 100 mil alunos. E por fim, o maior conglomerado do mundo, a Kroton/Anhanguera. Esta última, segundo o TCU alcançou um lucro entre 2010 e 2015 de 22.130%, o da Nima, 820%, o da Estácio, 565% e o da Ser Educacional, 483%. Ainda, de acordo com a reportagem do portal Esquerda Diário, em 2015, a partir da fusão com a editora Saraiva, o grupo Abril criou um truste no mercado educacional, o grupo Somos, que obteve receita líquida de mais de R$ 1 bilhão naquele ano, monopolizando o setor educacional a partir do controle de diferen- tes fases do processo produtivo da cadeia educacional: editorial, gráfico, escolar.

Disponível em https://apublica.org/2018/12/planos-para-a-educacao-devem-enfra-

(8)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

são uma das empresas mais interessadas na sua aprovação,20indicando que um dos setores mais interessados na aprovação do Escola sem Partido é o empresarial. Não é mera coincidência também o fato de que o deputado Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, propositor do projeto, teve sua campanha financiada por empresas da área, como a Devry Educacional, Rede Laureate e outras21. Seu projeto de lei estabelece, no art.8, que o Escola sem Partido se aplica aos livros didáticos e paradidáticos22.

Inserimos aqui o relato da professora de sociologia Renata Hummel, que leciona em uma escola estadual em São Paulo, que, no contexto das ocupações23 das escolas pelos estudantes secundaristas, impediu o fechamento de escolas pretendido pelo então governador Geraldo Alckmin, em 2015:

Dou aula no ensino médio desde 2009 em sociologia, em São Paulo. Desde o ano passado, quando tivemos greve e depois as ocupações das escolas, houve uma preocupação dos gestores e dos alunos em saber se a gente estava apoiando ou não, se é de esquerda, se é feminista. Depois das ocu- pações, minhas aulas e as do professor de história foram assistidas pela co- ordenação da escola e alunos foram questionados sobre o que a gente tem ensinado em sala de aula. A acusação de que a gente controlou os alunos foi feita diretamente para nós pela direção da escola. (APUBLICA, 2016).24

Com o interesse de alterar os materiais didáticos, isso possibilitaria aos principais grupos educacionais do país aumentar sua influência e atingir níveis recordes de lucro para as principais

quecer-professores-e-beneficiar-negocios-de-guedes/. Disponível em http://www.

esquerdadiario.com.br/Forma-se-um-truste-no-mercado-educacional-brasileiro 20 Não há uma comprovação precisa dos grupos citados com o Movimento Escola

sem Partido. Apesar disso, é inegável a contribuição que a aprovação do projeto possibilitaria com a apostilização e distribuição dos materiais didáticos e paradi- dáticos com os incentivos fiscais do governo.

21 De acordo com a reportagem do Portal Apublica, Izalci recebeu no pleito de 2014 R$ 270.010,34 de doações de instituições privadas de ensino e que declarou R$

685.502,23 em investimentos em escolas da rede de ensino privadas no mesmo ano. Disponível em https://apublica.org/2016/08/escola-sem-partido-caca-bruxas- -nas-salas-de-aula/

22 Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1317168.pdf

23 Não abordamos mais a fundo a respeito das ocupações de escolas pelos secunda- ristas em São Paulo, todavia, é inegável a contribuição tendo em vista a organiza- ção dos estudantes que baseou-se na horizontalidade, na discussão da questão de gênero e na crítica ao autoritarismo presente no âmbito da educação, o que gerou por outro lado a reação do setor conservador diante da vitória dos estudantes se- cundaristas que impediu o fechamento das escolas.

24 Disponível em https://apublica.org/2016/08/escola-sem-partido-caca-bruxas-nas- -salas-de-aula/

(9)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

empresas privadas do setor. Ou seja, o intuito de mudar o currículo possui uma dimensão ideológica de viés conservador e também econômico para beneficiar o capital privado25. Para Barbosa26:

Os interesses por parte de empresários do setor educacional, entretanto, nem sempre são influenciados por valorações políticas ou morais, mas en- contram nas equivocadas concepções do “Escola sem Partido”, uma opor- tunidade de reorganização de seus interesses econômicos e administrativos.

A redução de conteúdos curriculares e um maior controle sobre a atuação docente é um fator que deve ser destacado (BARBOSA, p. 06)

A retirada, portanto, de filosofia e sociologia da grade curricular do ensino médio leva à alteração curricular que interessa aos setores empresariais da educação, para que seja possível realizar novos materiais didáticos.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), Heleno Araújo, vê também nesse desejo de alterar os materiais didáticos o intuito desses setores de reescrever a história da própria ditadura27. Desse modo, ressalta-se as dimensões que envolvem o desejo de aprovação do Escola sem Partido, que é o cunho ideológico e econômico. Assim, a oportunidade de alteração do currículo e a posterior divulgação, distribuição e escrita dos materiais didáticos é uma oportunidade para os setores empresarias no governo Bolsonaro maximizarem ainda mais seus ganhos e

25 O Movimento pela Base Nacional Curricular (MBNC) de interesses privados é outro movimento de viés liberal com forte articulação na política nacional e que foi determinante para a constituição da BNCC homologada em 2018. Mais a respeito, disponível em http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/a-quem-interessa- -a-bncc

26 O professor Jefferson Rodrigues Barbosa é doutor em Ciências Sociais pela UNESP e docente do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Universidade Estadual Paulista UNESP/FFC. Pesquisador e professor em Teoria Política, inves- tiga intelectuais, ideologias e partidos políticos de direita.

27 Em entrevista para o portal Apublica, Heleno Araujo coloca: “Legitimado pelo voto, Jair Bolsonaro tornou-se um perigo para a educação livre. Ele vai querer usar os instrumentos do Estado para subverter ideias e tentar mudar a história. Não tenho dúvida que vão fazer uma triagem no sistema educacional para selecionar o que interessa. Os livros que falarem o que foi realmente a ditadura não serão aprovados. Assim, tentarão fazer o descarte do que não interessa ao novo sistema para colocar no lugar o que querem a direita e o militarismo”. Colocamos que não é o principal intuito do grupo reescrever um período histórico, sendo um objetivo indireto, de reescrever a história que agrada a setores conservadores da sociedade.

Disponível em https://apublica.org/2018/11/para-criticos-objetivo-do-escola-sem- -partido-e-reescrever-historia-da-ditadura/. No começo do mandato de Bolsonaro, seu filho Eduardo tweetou que que a história da ditadura fosse revisada nos livros didáticos. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/filho- -de-bolsonaro-propoe-revisao-historica-sobre-ditadura-em-livro-didatico.shtml

(10)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

aumentarem sua influência no governo. Ainda a respeito da inclusão de filosofia e sociologia, citamos uma entrevista de Miguel Nagib, na qual critica a inclusão de filosofia e sociologia na grade curricular nacional na época de sua inclusão:

Vejo com muita preocupação. Se a História e a Geografia já serviam de plataforma para a militância ideológica, imagine o que vai acontecer com a Filosofia e a Sociologia! Vai acontecer, não! Já está acontecendo. Veja a opinião do sociólogo Simon Schwartzman sobre a proposta curricular para o programa de sociologia para o nível médio do Rio de Janeiro: “É um conjunto desastroso de ideias gerais, palavras de ordem e ideologias mal disfarçadas que confirmam as piores apreensões dos que, como eu, sempre temeram esta inclusão obrigatória da sociologia no currículo escolar”. Se o currículo está desse jeito, imagine o conteúdo das aulas! 28

O próprio idealizador do Escola sem Partido via com maus olhos, à época, a inclusão na grade curricular de filosofia e sociologia. É interessante notar que o próprio Nagib afirmou que uma das inspirações do Escola sem Partido foi o Código de Defesa do Consumidor.29

A respeito da constitucionalidade da lei de cotas raciais, vemos também na hipótese deste trabalho que a sua constitucionalidade representou uma vitória do movimento negro30 e da classe trabalhadora para uma participação mais efetiva na universidade pública. Tanto é que os índices31 de alunos provenientes da escola pública aumentaram significativamente, assim como o de alunos

28 Disponível em http://escolasempartido.org/midia/395-entrevista-de-miguel-nagib- -a-revista-profissao-mestre

29 “O nosso projeto foi inspirado no código de defesa do consumidor. O Código de defesa do Consumidor intervém na relação entre fornecedores e consumidores para proteger a parte mais fraca, que é o consumidor, o tomador dos serviços que são prestados pelos fornecedores. Da mesma maneira, a nossa proposta ela intervém na relação de ensino-aprendizagem para proteger a parte mais fraca dessa relação que é o estudante, aquele indivíduo vulnerável, que está se desenvolvendo” (Miguel Nagib, em Audiência Pública no Senado Federal em 01/09;2016). Para o professor Fernando Penna, o Escola sem Partido é pensado como uma relação de consumo (PENNA, 2016). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=jwGErV-1zUo 30 Disponível em https://www.ceert.org.br/noticias/educacao/13975/escola-sem-

-partido-escola-com-racismo-chegamos-ao-limite-daquilo-que-os-brancos-estao- -dispostos-a-negociar

31 Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que possui um levantamento detalhado entre os anos de 2012 e 2015, o número de alunos de escolas públicas que ingressaram nas universidades federais saltou de 28.835 para 78.350. Segundo o Inep, também entre os anos de 2012 e 2015, o número de estudantes que se declararam pretos ou pardos e entra- ram em universidades públicas passou de 933.685 para 2.172.634.

(11)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

negros e de outras etnias. A bandeira da constitucionalidade das cotas é constantemente atacada pela direita e pelo campo conservador, que vê na sua existência um ataque contra a meritocracia.

É possível perceber que, com a ampliação e a democratização (mesmo que longe ainda do ideal) da universidade pública com os governos progressistas no país, a classe dominante e o campo conservador se viram ameaçados e com isso a reação conservadora se dá principalmente com o intuito de sucatear o ensino público em todas as suas esferas, principalmente as universidades que correm o risco da cobrança de mensalidades assim como a sua privatização.

Ora, colocamos que a constitucionalidade da lei de cotas raciais motivou a classe dominante assim como o setor conservador e seus grupos a se organizarem para que na impossibilidade de reverter a lei de cotas, utilizar como estratégia o lobby para o fim da universidade pública a partir da cobrança de mensalidade para o que chamam de

“alunos mais ricos”. O mesmo deputado, autor do PL Escola sem Partido na Câmara, Izalci Lucas, é autor da PEC/200 e defende a cobrança das mensalidades nas universidades públicas. Merece ser destacado também o DEM, partido que entrou com uma ADI contra a Lei de cotas e sempre se posicionou contra a educação e a favor dos interesses privados (BARBOSA, 2017).

A polêmica sobre o “kit gay” merece um detalhamento maior diante da sua amplitude e dos seus principais momentos. Em 2004, o governo lançou o programa Brasil sem Homofobia32, que resultou na elaboração da cartilha Escola sem Homofobia, com o objetivo de combater a violência e o preconceito contra a população LGBT.

Em 2011, antes de ser impresso, a bancada conservadora atacou o projeto e o intitulou como “kit-gay”, mobilizando uma campanha que culminou na suspensão da veiculação da cartilha. Pois bem, na época, Bolsonaro não foi só um dos protagonistas da polêmica, como a polêmica lhe rendeu uma fama inesperada. De acordo com reportagem da BBC33, em 2011, primeiro ano do governo Dilma, Bolsonaro ampliou de forma significativa sua presença e menções na imprensa a partir principalmente da polêmica do “kit-gay”, que foi

Houve ainda aumento na entrada de estudantes que se declararam amarelos, que passou de 62.029 para 116.036. Em relação às pessoas que se declararam indíge- nas, o quantitativo avançou de 10.282 para 32.147. Disponível em https://g1.globo.

com/bahia/noticia/sancionada-ha-cinco-anos-lei-federal-de-cotas-muda-a-cara- -do-ensino-superior-era-muito-limitado.ghtml

32 Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.

pdf

33 Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45986698

(12)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

mencionada pela primeira vez34 em seu discurso enquanto candidato à presidência da Câmara. Os resultados foram inexpressivos nessa situação, mas na eleição seguinte sua votação quadruplicou.35 Apesar de já ter opiniões polêmicas desde o seu primeiro mandato como parlamentar, a polêmica do “kit-gay” alavancou Bolsonaro em um patamar impressionante e, na opinião do próprio candidato, foi algo que influenciou sua candidatura.36 Considerado por muitos cientistas políticos um deputado do “baixo clero”37, Bolsonaro acabou sendo protagonista também em outros momentos políticos que o levaram à presidência, especialmente na articulação do impeachment.

Certamente, dentro os acontecimentos recentes do campo político, esses são os que de uma forma ou outra influenciaram a articulação do movimento Escola sem Partido, cujo início no campo legislativo se deu na Câmara Municipal de Alagoas38 em 2016, com a sua aprovação, e posteriormente se espalhou para as demais câmaras municipais do país. Quando o ministro da educação Mendonça Filho assumiu a pasta, após o impeachment da presidente Dilma, havia o desejo de aprovar essa pauta. Contudo, diante da polêmica e do embate com setores progressistas, o ministério preferiu apostar na aprovação, mediante medida provisória (sem debates com a sociedade), a reforma do ensino médio39, que foi posteriormente votada no Congresso e aprovada.

Assim, na hipótese deste trabalho, o movimento Escola sem Partido utilizou o argumento/estratégia do “kit-gay” para embasar sua crítica à educação ideológica e ao petismo como um todo, como

34 Disponível em http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/02/bolsonaro-critica-kit- -gay-e-diz-querer-mudar-alguma-coisa-na-camara.html

35 Na eleição de 2010, Bolsonaro foi eleito deputado federal com 120.646 votos e em 2014 teve 464.572 votos. Disponível em https://ultimosegundo.ig.com.br/poli- tica/2014-10-05/reeleito-deputado-pelo-rio-bolsonaro-quase-quadruplicou-votos- -em-relacao-a-2010.html

36 “O ‘kit gay’ foi uma catapulta na minha carreira política”. Disponível em http://

infograficos.estadao.com.br/politica/bolsonaro-um-fantasma-ronda-o-planalto/

37 Baixo clero é um termo que refere aos deputados do baixo escalão da Câmara avaliados conforme a sua relevância. A reportagem do portal Nexo coloca que “[..]o chamado baixo clero representa um número grande de deputados, mas costuma ser associado a um grupo heterogêneo e pouco organizado. Embora existam parlamentares com es- sas características em todos os partidos, eles são mais comuns nas legendas menores.”

Link para matéria:  https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/29/O-que- -s%C3%A3o-deputados-do-alto-e-do-baixo-clero-e-como-eles-se-relacionam- -com-a-elei%C3%A7%C3%A3o-da-C%C3%A2mara

38 Lei 7.800/2016

39 MPV 746/2016 e PLV 34/2016. 

(13)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

parte da guerra cultural40. Mais do que isso, a cartilha e toda a polêmica ao redor serviu como mote para articular a bancada fundamentalista e setores conservadores da sociedade na organização do movimento.

Tanto é que no site do movimento eles acusam o então ministro da educação Fernando Haddad de “proselitismo”41. Já em 2014 surgem os primeiros projetos de lei42 de autoria de Flavio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro na Assembleia do Rio de Janeiro e na Câmara de institucionalização do Escola sem Partido.

O segundo momento a que nos referimos é ao pleito que levou Jair Bolsonaro à presidência, em que, na disputa, ao longo do segundo turno da eleição, a polêmica do kit-gay voltou à tona. Na hipótese colocada, o “kit-gay” foi utilizado pelo presidente eleito enquanto estratégia de campanha, a qual denominamos “firehosing”

palavra inglesa que significa “mangueira de incêndio” e que consiste na prática de disseminação de mentiras enquanto propaganda política que tem sido aplicada em diversos países por candidatos43 em específico da extrema-direita, cujo intuito foi neutralizar e difamar a campanha de Fernando Haddad ao mesmo tempo em que parte para a polarização extrema que envolveu as campanhas no âmbito cultural.44 Tanto é que, na ausência de debates no segundo turno (dos quais o presidente eleito se recusou a participar), a máquina de fake news do candidato alcançou níveis impressionantes, que envolveu correntes compartilhadas por Whatsapp e Youtube, em que se veiculou a imagem de Haddad como criador do “kit-gay”45,

40 O termo é atribuído a James Hunter para se referir ao processo em que temas como aborto, direitos lgbts, a legalização das drogas e o controle de armas passaram a fazer parte do embate do debate político americano no final dos anos 1980 entre conservadores e progressistas.

41 Disponível em http://www.escolasempartido.org/educacao-moral/356-2-farinha- -do-mesmo-saco

42 Projetos de Lei 2974/14 e 867/14, de autorias respectivamente, do Deputado Estadual Flavio Bolsonaro e do Vereador Carlos Bolsonaro. 

43 O surgimento do termo procede de 2016 na Rússia, tendo sido utilizado por Putin, por Trump na sua vitória em 2016 também e pelo também presidente das Filipinas Rodrigo Duterte. Não pode deixar de ser mencionado o fato de que todos estes políticos são do âmbito da extrema direita e que de alguma forma influenciaram também a prática adotada por Bolsonaro na sua vitória no Brasil.

44 Deve ser mencionado que um dos efeitos que o firehosing pode oferecer é a destrui- ção da credibilidade das instituições como um todo.

45 A fake news do “kit-gay” foi considerada a maior das eleições, tendo alcança- do de acordo com o portal El País 63 mil compartilhamentos no momento da captura. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/actuali- dad/1539847547_146583.html

(14)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

dentre outras notícias ou memes46 incluindo a própria vice de Haddad, Manuela d’Ávila. Mesmo com a decisão do TSE proibindo o candidato de usar o termo “kit-gay”, sua candidatura manteve o uso, assim como conservou a veiculação das fake news. Colocamos aqui alguns números para corroborar nossa hipótese.

Com o fortalecimento da pauta aliado à sua candidatura, o “kit- gay” serviu para robustecer o Escola sem Partido, muito por conta de suas pautas conservadoras. Além disso, serviu enquanto estratégia política para impulsionar a campanha do candidato eleito.

Portanto, o “kit-gay” influenciou diretamente não só a candidatura do presidente eleito, mas também as pautas conservadoras e seus defensores, além de ter permitido que o Escola sem Partido alcançasse maior amplitude no âmbito da sociedade diante da rotulação e da perseguição política baseada nos debates a respeito da questão de gênero.

A defesa da Escola neutra e contra o ensino de gênero e a polêmica do “kit-gay” tornaram o debate raso e superficial (sem contar o fato da escamoteação das discussões principais a respeito da educação no país).

Figura 1: O Facebook de Bolsonaro Fonte: Estado de São Paulo

46 Outra fake news que teve bastante repercussão foi uma imagem de Haddad que estaria com um “pênis de borracha”.

(15)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

Figura 247: Quantidade total de pautas políticas codificadas nas matérias analisadas Fonte: “Não falo o que o povo quer, sou o que o povo quer”: 30 anos (1987-2017) de pautas políticas de Jair Bolsonaro nos jornais brasileiros”

A VITÓRIA DE BOLSONARO E O ESCOLA SEM PARTIDO

Antes mesmo do fim das eleições, houve nas universidades ataques e tentativas de impedir a discussão política a respeito do fascismo e do candidato eleito. Muitas universidades foram censuradas e impedidas de discutir a respeito. Com a interferência externa da polícia nas universidades, a repercussão ganhou força e, após as eleições, o STF julgou48 que tal interferência era inconstitucional, alegando liberdade de discussão política nas universidades.

Contudo, o Escola sem Partido ganha repercussão nacional a partir do dia seguinte à vitória de Bolsonaro e o medo da possível

47 Observa-se a predominância das pautas anti-direitos humanos presentes nos jor- nais Folha de SP e Estado de SP em 30 anos de mandato do deputado Bolsonaro.

Disponível em https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/149019/146180 48 Disponível em https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/stf-derruba-

-acoes-de-policiais-nas-universidades-e-reafirma-liberdade-academica-nas-insti- tuicoes/

(16)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

perseguição aos professores se espalhou. Uma deputada eleita49, de Santa Catarina, publicou um post que incentivou os alunos a gravarem os seus professores e a não aceitarem nenhum tipo de doutrinação.

O incentivo não ficou apenas no partido do presidente eleito: o próprio presidente gravou um vídeo50 em que incentiva veementemente os alunos a gravarem seus professores no qual questiona: “Do que eles têm medo?” Não entraremos nas análises jurídicas a respeito do tema.

Com a promessa de campanha de resgatar a autoridade em sala de aula e dos seus apoiadores, isso permitiu ao movimento Escola sem Partido ganhar projeção nacional e força nunca antes vista. Não é à toa a rapidez e a articulação política da bancada fundamentalista51 e dos setores conservadores para colocar em votação o parecer do relator que, em função da mobilização da oposição, obteve seu arquivamento quando havia a intenção de pôr em votação antes da mudança do Congresso ao fim de 2018. Desde a vitória na eleição, houve pelo menos uma tentativa por semana de votação do projeto.

Com o fim do ano legislativo, o projeto foi arquivado52 e a votação adiada para o ano de 2019.

A cereja do bolo do presidente eleito foi a indicação do ministro Ricardo Velez Rodrigues53, recomendado pela bancada fundamentalista com a promessa de combater o que denominou como “ideologia marxista” nas escolas. Seguidor de Olavo de Carvalho54 e apoiador

49 Disponível em https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/deputada-eleita-por- -partido-de-bolsonaro-cria-polemica-ao-pedir-que-estudantes-denunciem-profes- sores-23195716

50 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=42jS0YS1SSI

51 Usamos aqui o conceito de fundamentalismo por entender que a bancada evangéli- ca não é por si só representante da totalidade que envolve a comunidade evangélica brasileira e sim um grupo específico, formado por representantes das igrejas mais influentes e poderosas do país, que tem como objetivo a tomada do Estado e a luta legislativa para ampliação do poderio desses grupos religiosos que baseiam suas crenças naquilo que se conhece por teologia da prosperidade. Assim, entendemos fundamentalismo no âmbito político enquanto conceito próximo de dogmatismo, por um movimento religioso que adere de maneira extrema aos princípios funda- mentais de sua religião, em que o fanatismo e a violência são uma das bases.

52 PL 7180/14

53 Ricardo Velez Rodrigues é autor dos livros “A Grande Mentira. Lula e o Patrimonialismo Petista”; “Da Guerra à pacificação: a escolha colombiana”;

“Estado, cultura y sociedade en la América Latina”; e “Patrimonialismo e a re- alidade latino-americana”. É professor emérito da Escola do Estado-Maior do Exército (Eceme)

54 Olavo de Carvalho é astrólogo e um dos principais representantes do conserva- dorismo no Brasil. Escreveu as obras “A imagem do homem na astrologia”, “O

(17)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

do Programa Escola sem Partido, Bolsonaro preteriu55 o lobby das principais empresas e escolas do ramo educacional, como o Instituto Ayrton Senna56, que fizeram circular nomes como Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna e Guilherme Schelb, procurador da república, ao atender a bancada fundamentalista para indicar um ministro que vai levar em continuidade a política de austeridade aliada à plataforma neoliberal e ao pensamento conservador.

O ministro escreveu um texto para um blog chamado “Um roteiro para o MEC”57, no qual postula as tarefas para a educação no país. Em declarações a respeito do Escola sem Partido, Velez afirmou que será nas suas palavras “uma coisa moderada58 e que a sociedade não quer que haja ideologização de gênero ou política para as crianças”. Disse que irá “enquadrar o MEC no contexto da valorização da vida e a cidadania a partir dos municípios”.

(RODRIGUEZ, 2018). Segundo o ministro, uma série de leis e regulamentações tornaram os brasileiros reféns de uma índole cientificista, portadora de uma ideologia marxista que deveria trazer a revolução cultural gramsciana, cuja matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do “nós contra eles” e uma história que foi reescrita por intelectuais orgânicos que visa ao desmonte dos valores da sociedade (RODRIGUEZ, 2018). O ministro cita Anísio Teixeira e afirma que a educação deve voltar a ser um “serviço a ser oferecido nos municípios e encerra o texto ao propor o lema “Menos Brasília, Mais Brasil”.

Em notícia do portal Exame, afirmou que a “saída para educação

imbecil coletivo: atualidades inculturais brasileiras”, “Os EUA e a Nova Ordem Mundial” e “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”.

55 A respeito da polêmica da nomeação do ministro, consultar https://

www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/11/escolha-de-bolsonaro-para- -educacao-causa-crise-com-bancada-evangelica.shtml?f bclid=IwAR0w 9sOIqeQlH99AGX0M8qTAy-ul89VJ_542Tn-iX5v8EK-VG-90Loe4pAk

Apesar de ter atendido a bancada fundamentalista, o ramo empresarial não se encontra necessariamente oposto aos ideais de Bolsonaro para a educação no país. Tanto é que seu ministro Paulo Guedes pretende levar o modelo de vouchers implantado no Chile para o Brasil. Disponível em https://apublica.org/2018/12/

planos-para-a-educacao-devem-enfraquecer-professores-e-beneficiar-negocios- -de-guedes/

56 Disponível em www.institutoayrtonsenna.org.br

57 Disponível em http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MEC2018.pdf

58 Reportagem do jornal Folha de SP do dia 24/11/2018 https://www1.folha.uol.com.

br/educacao/2018/11/sera-uma-coisa-moderada-diz-futuro-ministro-sobre-proje- to-escola-sem-partido.shtml?loggedpaywall&fbclid=IwAR25guA9FgehnvcAvf3d wgPPDGFIdKT7sBlgcZtN92dJK7TOWvEu541oTiE

(18)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

está na iniciativa privada”59. Um dia antes da posse, o presidente eleito reiterou seu objetivo frente à educação no país ao dizer que irá combater aquilo que chama de “lixo marxista”.60 No dia seguinte ao discurso de posse, o presidente voltou a dizer que combaterá a “ideologia de gênero” e que defenderá a defesa do Escola sem Partido e a crítica às ideologias61. Em notícia veiculada no dia da posse do ministro da educação, reiterou o que foi dito anteriormente, ao dizer novamente que combaterá o marxismo cultural, presente nas instituições de educação básica e superior, cuja ideologia materialista alheia aos valores de patriotismo e da visão religiosa de mundo, além de colocar que a ideologia de gênero é uma tentativa de derrubar as tradições pátrias62. Seu próprio filho incentivou os professores a não abordarem sobre o feminismo e linguagens outras em sala de aula.63

O Ministro da Economia Paulo Guedes64 é um ator político que não pode deixar de ser mencionado, pois pode catalisar ainda mais o estado da educação brasileira diante das possibilidades de privatização, da implantação do ensino a distância e de sua influência e ligação a grupos ultraliberais.

59 Disponível em https://www.bonde.com.br/educacao/noticias/saida-esta-na-inicia- tiva-privada-acredita-futuro-ministro-da-educacao-488950.html

60 Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/31/

bolsonaro-marxismo-escolas.htm

61 Disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2019/01/em-discur- so-na-posse-bolsonaro-diz-que-governara-sem-divisao-e-discriminacao-cjqe1u- 7wg0or501rxeqsoujjg.html

62 Disponível em https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/02/ricardo- -velez-rodriguez-assume-ministerio-da-educacao-em-cerimonia-em-brasilia.

ghtml?f bclid=IwAR28Fj5TxwiBmwM-Du95a8arYCqU7fC1aJhDC-dO- Vos9FH8FXIDG0avLOGk

63 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/filho-de-bolsona- ro-orienta-professores-a-evitarem-temas-como-feminismo.shtml

64 Na reportagem do portal Apublica, Paulo Guedes de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), captou R$ 1 bilhão de fundos de pensão, entre eles Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios).

Atualmente parte dos fundos criados por Guedes está no portfólio da Bozano Investimentos, e uma fatia do dinheiro aplicado ali é reinvestida em oito empresas de educação. Entre elas estão a “Ser Educação”, que tem uma rede de universida- des com 150 mil alunos; a “NRE”, com focos em cursos de medicina e 8 mil alu- nos; e a “Q Mágico”, que vende soluções para ensino digital e ensino a distância.

Diante de tal política, o investimento estatal caiu e o número de alunos matricula- dos em escola pública se tornou menor do que em escolas particulares. Além disso, Paulo Guedes é idealizador do sistema de vouchers no Chile criado no governo do ditador Augusto Pinochet em 1980.Por fim, Elizabeth Guedes, irmã do futu- ro ministro, ocupa a vice-presidência da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup).Disponível em https://apublica.org/2018/12/planos-para-a- -educacao-devem-enfraquecer-professores-e-beneficiar-negocios-de-guedes/

(19)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base o que foi dito, ressalta-se o Movimento Escola sem Partido como regressista no âmbito educacional, como parte da guerra cultural que tomou conta do debate político brasileiro e como forma de reação às conquistas progressistas e aos movimentos sociais afirmativos que ganharam relevância no país no início dos anos 2000, junto a estratégias elaboradas que resultaram no seu fortalecimento.

Algumas das estratégias empregadas foram: o lobby pesado das empresas do ramo educacional para articular o movimento; sua luta no legislativo; sua articulação política com setores conservadores da sociedade; o ataque ideológico ao que denomina “marxismo” e

“ideologia de gênero”.

O fim dessas medidas é a escamoteação das discussões principais da educação, que se concretiza ao pautar a discussão no campo moral por meio da polêmica e da polarização enquanto estratégias políticas com fins eleitorais. Essas estratégias levaram à vitória de Jair Bolsonaro, um ator social surgido na Nova República que conseguiu capitalizar um sentimento de indignação na sociedade brasileira herdado da ditadura e aglutinou vários setores da direita no pleito de 2018. Além disso, fortaleceu a agenda conservadora como um todo e agora contará com o principal cargo da educação no país com um fiel escudeiro das suas ideias.

Ressalta-se também que a análise se deu a partir da seleção destes eventos específicos para evidenciar o caráter dos ataques que seccionamos em três âmbitos.

• O Primeiro deles é o curricular, que se deu com o ataque aos currículos e às disciplinas de humanas (filosofia, sociologia, história e geografia). Além disso, busca alterar os currículos (reescrevendo a história da Ditadura, por exemplo).

• O segundo é o âmbito ideológico-social, que afronta a constitucionalidade da lei de cotas e o aumento da participação de segmentos sociais historicamente excluídos da universidade. Estes fatos geraram uma reação conservadora, que requisitava o fim da universidade pública, o que seria feito por meio da perseguição a um conjunto de ideias e a grupos específicos da sociedade. Estes dois alvos são compostos, basicamente, pela esquerda política e pelas chamadas minorias sociais. Foi, então, mobilizado um ataque cultural a questões de costumes, principalmente sobre a “ideologia de gênero”. É neste ponto que o Escola sem Partido e Bolsonaro

(20)

Maldonado, lucas Gabriel Saconato. A ascen- são do movimento escola sem partido enquanto movimento regressista da educação e a eleição de Bolsonaro. Mi- mesis, Bauru, v. 40, n. 2, p.

199-218, 2019.

emergiram para um patamar superior: por meio da instigação ao conservadorismo da sociedade brasileira, processo potencializado pela polêmica do “kit-gay” e da “ideologia de gênero”.

• O terceiro é o âmbito econômico. Nota-se um beneficiamento das principais empresas do ramo educacional de viés neoliberal, o que se dá com a distribuição e a implantação de apostilas que alteram os currículos e os materiais didáticos e paradidáticos. Este processo é promovido pelos principais grupos privados que fazem parte do oligopólio educacional no país.

REFERÊNCIAS

AQUINO, R. A ideologia do Escola sem Partido. Disponível em:

http://contraoescolasempartidoblog.wordpress.com/2016/06/03/a- ideologia-do-escola-sem-partido/ Data e acesso: 06 de agosto de 2016.

BARBOSA, J. R. ‘Escola sem Partido’: instrumento anticientífico de censura nas instituições educacionais. Jornal APASE: publicação mensal do Sindicato dos Supervisores de Ensino do Magistério Superior do Estado de São Paulo. São Paulo, p. 05-07.

BARBOSA, J. R. A ‘Escola sem Partido’: grupos políticos e empresariais e o ativismo político liberal-conservador no Brasil atual. Mouro: Revista Marxista, São Paulo, v. 8, p. 85-104, 2017.

FRIGOTTO, G. Escola sem Partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: LPP/UERJ, 2017.

NASCIMENTO, L., “Não falo o que o povo quer, sou o que o povo quer”: 30 anos (1987-2017) de pautas políticas de Jair Bolsonaro nos jornais brasileiros”. Plural, Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, São Paulo, v. 25, n.1, p.135-171, 2018.

SOLANO, E. ORTELLADO, P. MORETTO, M. “Guerras culturais” e o “populismo anti-petista” nas ruas de 2017. São Paulo, Friedrich Ebert Stiftung Brasil, Notas 10/2017.

Referências

Documentos relacionados

Uma forma de “abre olhos” para quem continua a não dar importância à arte como sendo uma profissão.. Portugal pode ser um país pequeno, no entanto, se houver uma instrução