XXVIII Congresso de Iniciação Científica
Educação Profissional e Letramento: os desafios da educação para o trabalho em relação às dificuldades com a língua portuguesa
Marcela Silva da Luz, Jáima Pinheiro de Oliveira, Campus Marília, Faculdade de Filosofia e Ciências, curso de Pedagogia, marcelaa.sluz@gmail.com.
Palavras Chave: Educação, Língua Portuguesa, Educação Profissional
Introdução
De modo geral, ler, escrever e se comunicar são atividades presentes no exercício de todos os profissionais, nas mais distintas situações do dia a dia (Soares, 2003). Mas, qual é real importância de saber ler, escrever e comunicar-se no mundo do trabalho? Para Freire (1980), ser alfabetizado é poder utilizar a leitura e a escrita como instrumentos para transformar a realidade. Este pensamento é ampliado pelo conceito de letramento. Para Mortatti (2004) o letramento está diretamente ligado com a função da língua em uma sociedade letrada, especificamente grafocêntrica, onde a escrita toma uma importância muito grande, tendo em vista que tudo se organiza em torno dela. Assim, torna-se letrado aquele que desenvolve habilidades de utilizar a leitura e a escrita em seus diversos contextos da sociedade e, inclusive, no mundo do trabalho. O letramento, então, influencia não somente a relação dos sujeitos com seus pares, mas também com a sociedade de um modo geral.
Objetivos
Caracterizar, de acordo com as concepções de professores, as dificuldades com a língua portuguesa que podem ser apesentadas pelos alunos da educação profissional, bem como verificar a relação destas dificuldades com formação do aluno e sua inserção no mundo do trabalho.
Material e Métodos
Trata-se de uma pesquisa de abordagem quanti e qualitativa, de natureza aplicada com uma finalidade descritiva (Gil, 2008). O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário do tipo misto (questões abertas e fechadas), aplicado aos professores da educação profissional de uma escola do município de Marília/SP. Os dados foram analisados estatisticamente no que diz respeito às questões fechadas e em categorias temáticas no que diz respeito às questões abertas, com base em Bardin (2004).
Resultados e Discussão
Dentre os 23 participantes da pesquisa, 91,3% (21 professores) responderam que identificam
dificuldades com a língua portuguesa em seus alunos. Quando solicitado que caracterizassem estas dificuldades, aquelas mencionadas com maior frequência foram: “leitura e compreensão de leitura”
(80,9%) e “aspectos gramaticais de modo geral”
(80,9%). Quando perguntados sobre “a relação entre o domínio da língua portuguesa e o curso que o professor ministrava aulas”, organizamos as respostas no Quadro 1.
Quadro 1. Relação entre as dificuldades citadas e o curso frequentado pelos alunos na visão de cinco professores participantes.
Professores Relações apontadas
P1 A dificuldade linguística está relacionada diretamente a aprendizagem.
P3 O domínio é indispensável para o bom atendimento ao público, leitura e interpretação de bulários, receituários e monografias e assim disponibilizar uma boa assistência aos meus clientes/pacientes.
P4 Necessidade dos registros de cuidados de forma clara, correta, assertiva, com dados confiáveis na qual interfere na conduta médica ou resultado terapêutico.
P12 Sentimos esta necessidade ou ausência do conhecimento e habilidades, quando estamos elaborando os textos para o projeto de conclusão dos módulos, onde os alunos necessitam desenvolver suas ideias e conclusões para fechar a síntese das competências desenvolvidas.
P20 Produção de documentação de sistemas, elaboração de orçamentos, telas de sistemas e sites, etc
Conclusões
Conclui-se que os professores da educação profissional identificam em seus alunos dificuldades com língua portuguesa, bem como entendem que a língua portuguesa tem relação com os cursos que ministram aulas, podendo, então, dificultarem o desempenho destes alunos no curso e até mesmo em sua vida profissional futura.
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BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
FREIRE. P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. 119 p.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
MORTATTI, M. R. L. Educação e Letramento. São Paulo: UNESP, 2004.136 p.
SOARES, M. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, V.M. (org.).
Letramento no Brasil. São Paulo: Global, p. 89-113, 2003.