• Nenhum resultado encontrado

Comentário

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Comentário"

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

Comentário

São Paulo / JUNHO 2014

1

Autor: Fabiana Carsoni Alves F. da Silva Paulo Coviello Filho

VALIDADE DE MULTA EM PEDIDO DE RESSARCIMENTO TRIBUTÁRIO INDEVIDO OU EM DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA TEM REPERCUSSÃO GERAL

O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu repercussão geral relativa à aplicação de multa de 50% sobre o valor referente a pedidos de ressarcimento ou compensação de créditos considerados indevidos pela Receita Federal, previstas nos parágrafos 15 e 17, do art. 74, da Lei n. 9430.

A repercussão geral foi reconhecida no Recurso Extraordinário (RE) 796939-RS, de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, no qual a União questiona acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que invalidou a penalidade. Veja-se ementa da decisão do STF que reconheceu a repercussão:

“CONSTITUCIONAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO.

INDEFERIMENTO DE PEDIDOS DE RESSARCIMENTO, RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. MULTAS.

INCIDÊNCIA EX LEGE. SUPOSTO CONFLITO COM O ART. 5º, XXXIV.

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

I - A matéria constitucional versada neste recurso consiste na análise da constitucionalidade dos parágrafos 15 e 17 do art. 74 da Lei 9.430/1996, com redação dada pelo art. 62 da Lei 12.249/2010.

II – Questão constitucional que ultrapassa os limites subjetivos ad causa, por possuir relevância econômica e jurídica.

III – Repercussão geral reconhecida.”

(2)

Comentário

São Paulo / JUNHO 2014

2

A decisão contestada pela União foi proferida na Apelação/Reexame Necessário n. 5000440-46.2012.404.7111/RS, a qual foi interposta em face de sentença proferida em mandado de segurança que concedeu a ordem pleiteada pelo contribuinte para afastar as referidas multas.

A decisão do TRF-4 manteve a sentença recorrida, no sentido de afastar a aplicação das multas previstas nos referidos dispositivos, com base, em suma, no argumento de que, “em casos (...) em que não há qualquer evidência de que o contribuinte tenha agido de má-fé, constata-se que as penalidades do artigo em questão contrariam os ditames da Constituição Federal (artigo 5º, inciso XXXIV, alínea 'a'), uma vez que tendem a inibir a iniciativa dos contribuintes de buscarem junto ao Fisco a cobrança de valores indevidamente recolhidos.”

Destacou, ainda, o TRF-4, que a sentença estava de acordo com o entendimento daquele Tribunal quando da arguição de inconstitucionalidade n.

5007416-62.2012.404.0000, de 28.6.2012, oportunidade em que a Corte Especial manifestou-se no sentido de declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos 15 e 17 do art. 74 da Lei n. 9430, por violação ao art. 5º, inciso XXXIV, alínea 'a', da Constituição Federal. Valeu-se, pois, das razões do referido julgamento da Corte Especial para fundamentar o desprovimento da apelação e do reexame necessário. A decisão da Corte Especial, por sua vez, fundou-se nos seguintes argumentos:

- a determinação da multa, ainda que não obste totalmente a realização do pedido de compensação ou ressarcimento, cria obstáculos ao direito de petição do contribuinte, pois, diante da possibilidade de ser aplicada uma pena pecuniária, nasce um justo receio, que pode desestimular o contribuinte, o que afronta, pois, o art. 5º, inciso XXXIV, alínea 'a', da Constituição Federal;

- a multa não tem lugar quando o contribuinte age de boa-fé, sendo exigível somente quando comprovado dolo, ou má-fé, o que determina o parágrafo 16 do art. 74 da Lei n. 9430, o qual prevê que a o percentual da multa “será de 100% (cem por

(3)

Comentário

São Paulo / JUNHO 2014

3

cento) na hipótese de ressarcimento obtido com falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo”;

- apesar de o art. 74 da Lei n. 9430 garantir o regular procedimento administrativo nos casos de indeferimento ou não homologação, o que permite o exercício da ampla defesa e contraditório, a norma prevê a aplicação de penalidade ao contribuinte de boa-fé;

- a aplicação da multa com base apenas no indeferimento do pedido de ressarcimento, ou não homologação da declaração de compensação, também afronta o princípio da proporcionalidade;

- finalmente, resgata a decisão do STF quanto à inconstitucionalidade da exigência do depósito recursal como condição necessária à admissibilidade do recurso administrativo fiscal, decisão que culminou com a edição da Súmula Vinculante n. 21 da Corte Suprema1. Defende o acórdão que “se o simples depósito prévio, que não é pena ou sanção, já se constitui em exigência inconstitucional, o que se dizer, então, da aplicação de uma sanção - multa - pelo simples indeferimento de um pedido de ressarcimento ou pela não homologação de uma compensação, quando efetuados sem qualquer intuito fraudatório ou desprovidos de má-fé.”

O reconhecimento da repercussão geral é importante, não somente porque essa matéria desperta interesse geral, como também porque o STF deverá se pronunciar sobre os limites do legislador ao cominar penalidades aos contribuintes de boa-fé.

1 “É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO OU ARROLAMENTO PRÉVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ADMINISTRATIVO.”

Referências

Documentos relacionados

O que Simondon nos diz literalmente é que a partir de um certo momento não se pode intuir o progresso (quer dizer, já não é somente, como víamos com Newton, uma fuga