• Nenhum resultado encontrado

Conhecimento e formação no Mestrado Profissional em Educação física escolar

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Conhecimento e formação no Mestrado Profissional em Educação física escolar"

Copied!
190
0
0

Texto

(1)

Conhecimento e Formação no Mestrado Profissional em

Educação Física Escolar

(ProEF)

ORGANIZADOR

(2)
(3)

Ijuí 2023

Sidinei Pithan da Silva

ORGANIZADOR

Conhecimento e Formação no Mestrado Profissional em

Educação Física Escolar

(ProEF)

(4)

Catalogação na Publicação:

Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí

Bibliotecária Responsável:

Cristina Libert Wiedtkenper CRB 10/2651

(55) 3332-0217 editora@unijui.edu.br www.editoraunijui.com.br

fb.com/unijuieditora/

instagram.com/editoraunijui/

C749

Conhecimento e formação no Mestrado Profissional em Educação física escolar [recurso impresso e eletrônico] / organizador Sidinei Pithan da Silva. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2023. 190 p. ; il. - (Coleção Educação Física)

Formato impresso e digital.

ISBN 978-85-419-0352-3 (impresso) ISBN 978-85-419-0353-0 (digital)

1. Formação e pesquisa. 2. Educação física escolar. 3.Mestrado profissional. 4.

Formação continuada. I. Silva, Sidinei Pithan da.

CDU: 37:796 Fernando Jaime González

Diretora Administrativa

Márcia Regina Conceição de Almeida Capa

Alexandre Sadi Dallepiane Imagem de capa:

www.freepik.com Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa

Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)

(5)

publicidade a pesquisas que buscam um constante aprofundamento da compreensão teórica desta área que vem constituindo sua reflexão concei- tual, bem como os trabalhos que garantam uma maior aproximação entre a pesquisa acadêmica e os profissionais que encontram-se nos espaços de intervenção. Promover este movimento é sem dúvida o maior desafio desta coleção.

Conselho Editorial

Carmen Lucia Soares – Unicamp Mauro Betti – Unesp/Bauru Tarcisio Mauro Vago – UFMG Amauri Bassoli de Oliveira – UEM Giovani De Lorenzi Pires – UFSC Valter Bracht – Ufes

Nelson Carvalho Marcellino – Unicamp Paulo Evaldo Fensterseifer – Unijuí Vicente Molina Neto – UFRGS Elenor Kunz – UFSC

Victor Andrade de Melo – UFRJ Silvana Vilodre Goellner – UFRGS

Comitê de Redação

Paulo Evaldo Fensterseifer Fernando González

Maria Simone Vione Schwengber Sidinei Pithan da Silva

(6)
(7)

Carta-Prefácio ... 9

Fernando Jaime González

Apresentação ... 15

Sidinei Pithan da Silva

Capítulo 1

Conhecimento, Formação e Pesquisa em Educação Física Escolar:

A Experiência do Mestrado Profissional em Rede no Proef/Unijuí ... 17

Sidinei Pithan da Silva, Paulo Evaldo Fensterseifer, Fernando Jaime González, Maria Simone Vione Schwengber, Paulo Carlan

Capítulo 2

O Protagonismo Docente Como Fio Condutor

do Processo Formativo no Proef/UFMT ... 31

José Tarcísio Grunennvaldt, Ana Carrilho Romero Grunennvaldt, Evando Carlos Moreira, Cleomar Ferreira Gomes, Márcia Cristina Rodrigues da Silva Coffani

Capítulo 3

O Mestrado Profissional em Educação Física na Universidade Federal de Goiás:

Uma Análise Sobre a Instituição do Programa e da Produção do Saber na Turma 2018-2020 ...45

Tathyane Krahenbühl, Humberto Luís de Deus Inácio, Ana Márcia Silva, Flórence Rosana Faganello Gemente

Capítulo 4

A Construção de Saberes Docentes no Âmbito do Proef/UnB:

Mediação, Interdisciplinaridade e Metodologias ... 57

Alexandre Rezende, Rosana Amaro, Alfredo Feres Neto, Jaciara Oliveira Leite, Jonatas Maia da Costa, Edson Marcelo Húngaro, Alexandre Jackson Chan-Vianna, Pedro Fernando Avalone Athayde, Pedro Osmar Flores de Noronha Figueiredo, Ingrid Dittrich Wiggers

Capítulo 5

Professor(a)-Pesquisador(a) e o Aprender na e com a Ação:

A Experiência de Formação e Pesquisa do Proef Unesp Bauru ...75

Willer Soares Maffei, Andresa de Souza Ugaya, Milton Vieira do Prado Junior,

Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger, Márcio Pereira da Silva, Luciene Ferreira da Silva

(8)

Um Diálogo com a Experiência da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ...91

Aguinaldo Cesar Surdi, Antônio de Pádua dos Santos, Elizabeth Jatobá Bezerra, Maria Aparecida Dias, Marcio Romeu Ribas de Oliveira

Capítulo 7

Conhecimento e Intervenção na Área da Educação Física Escolar:

As Aproximações Existentes no Núcleo da Universidade de Pernambuco ... 103

Ana Rita Lorenzini, Lívia Tenório Brasileiro, Marcelo Soares Tavares de Melo, Marcílio Souza Júnior

Capítulo 8

Formação Continuada e Ação Docente:

Caminhos, Textos e Contextos na Primeira Turma

de Mestrado Profissional Proef/UEM ... 119

Antonio Carlos Monteiro de Miranda, Vânia de Fátima Matias de Souza, Luciane Cristina Arantes, Claudio Kravchychyn

Capítulo 9

O Processo Formativo do Proef:

Mudando o Rumo da História e Impactando Vidas ... 127

Denise Ivana de Paula Albuquerque, Luiz Rogério Romero

Capítulo 10

Uma Experiência Colaborativa no Proef:

Reflexões Sobre a Parceria Entre Unesp-Rio Claro e UFScar ...137

Osmar Moreira de Souza Júnior, Daniela Godoi-Jacomassi, Fernanda Moreto Impolcetto, Flávio Soares Alves, Nathan Raphael Varotto, Yara Aparecida Couto, Glauco Nunes Souto Ramos

Capítulo 11

Mestrado Profissional em Educação Física na EEFFTO/UFMG:

Alguns Elementos para Repensar Relações entre Universidade, Escola Básica e Formação Continuada de Professores/as de Educação Física ...155

Admir Soares de Almeida Júnior, José Angelo Gariglio

Capítulo 12

Gestão de Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Rede:

O Proef como Foco ... 165

Denise Ivana de Paula Albuquerque, Maria Candida Soares Del-Masso, Andréia de Carvalho Lopes-Fujihara

Posfácio ... 181

Amauri Aparecido Bassoli de Oliveira

Sobre os Autores ... 185

(9)

Prezada Suraya, como está? Espero que estas linhas a encontrem bem.

Por meu lado, tudo certo. Apenas a correria de sempre. Aliás, algo que você pressagiou, lá na Unesp, por volta de 2011 a poucos meses de ter defendido meu Doutorado e por ocasião de alguma atividade acadêmica realizada em Rio Claro. Lembra-se?

Bom, escrevo para contar com satisfação que fui convidado para prefaciar a primeira obra coletiva do Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional. Sim! O outrora projeto de Mestrado Profissional, materializando-se em inúmeras dimensões e, neste caso, num livro.

O título da obra muito já diz da empreitada, “Conhecimento e Formação no Mestrado Profissional em Educação Física Escolar (Proef )”, organizado pelo meu colega da Unijuí e amigo Sidinei Pithan da Silva, com a participação muito ativa das atuais coordenadoras do curso, Denise Ivana de Paula Albuquerque e Maria Cândida Del-Masso, professoras da Unesp, Campus de Presidente Prudente. O livro está organizado em 12 capítulos, próximo do número de 11 instituições e 13 núcleos que compunham no início o Mestrado em rede. Hoje são 20 núcleos e 18 universidades! Sim, a rede está se ampliando, como imaginamos lá em 2015 quando a primeira lista tinha algo mais de 25 instituições distribuídas em todas as regiões do país. Lembro quanto foi duro fazer uma revisão minuciosa das propostas institucionais para atender aos critérios da Área 21 e garantir que o Aplicativo para Proposta de Cursos Novos (APCN) fosse aprovado pela Capes. Dias tensos aqueles, não é??

Voltando à obra, os capítulos não têm necessariamente a mesma organização, mas os primeiros se parecem mais em relação à estrutura do texto. Em linhas gerais, entrelaçam reflexões mais amplas sobre os desafios da Educação Física na contemporaneidade e a descrição da instalação do Proef em cada polo. Na descrição da instauração do curso em geral há um destaque à produção científica dos mestrandos, mas também cada grupo de autores enfatizou aspectos específicos da experiência. Nesse sentido, o livro converte-se num abanico de olhares sobre os primeiros passos do curso, mas também não deixa de assumir um certo caráter de registro histórico que poderá ser revisado no futuro para entender os primeiros passos deste belo projeto.

Na linha da produção dos capítulos, é importante mencionar que a maioria tem diversos autores de cada instituição, o que, por um lado, é sinal do trabalho em colaboração dos professores dos polos, aspecto que consideramos sempre como fundamental no caso de instituição do Proef. Defendemos na época da elaboração do projeto e continuo a pensar da mesma forma, que diferentemente da organização dos programas de Pós-Graduação acadêmicos

(10)

da área, caracterizados por uma maior independência dos professores em relação a um projeto coletivo, um Mestrado Profissional com foco na educação básica exige dos professores do programa um esforço permanente de se entenderem sobre o papel da Educação Física na escola e a função desta em sociedades democráticas e republicanas. Por outro lado, não é difícil notar que na lista de 52 autores encontra-se um número importante de professores com longa trajetória acadêmica e aportes significativos ao campo da Educação Física, como também a participação de representantes de uma nova geração de docentes universitários que terão a responsabilidade de continuar propiciando o desenvolvimento de uma Educação Física valiosa para todos os alunos da Educação Básica brasileira.

Não vou dar um spoiler sobre o livro, a ideia é que você consiga um tempo para ler com atenção cada capítulo. Sem dúvidas, vale o investimento. Ainda assim, vou comentar rapidamente alguns aspectos que me chamaram a atenção, particularmente, quando tomo como pano de fundo nossas conversas e discussões com diferentes envolvidos na elaboração do projeto do curso e os desafios que entendo que mobilizam os pesquisadores da Educação Física escolar. Apenas para você lembrar:

a) Formular um sentido para a Educação Física articulada à função social da escola, no contexto de uma sociedade democrática e republicana – desafios de legitimação ético-política.

b) Explicitar e organizar os conhecimentos pelos quais a disciplina é responsável – desafios curriculares.

c) Elaborar estratégias para ensinar e avaliar velhos e novos conteúdos numa perspectiva coerente aos propósitos da Educação Física como disciplina escolar, e a complexidade do conhecimento pelo qual é responsável – desafios didáticos.

d) Articular de forma consistente a Educação Física com a área de Linguagens, bem como na formulação de princípios epistemológicos e pedagógicos para o trabalho com os demais componentes curriculares – desafios do trabalho interdisciplinar.

Em linhas gerais, o formato que combinou aulas presenciais e trabalhos a distância é valorizado como importante, esse ponto aparece em vários capítulos. Entre outras coisas, porque permitiu que muitos estudantes, após chegarem ao curso via prova nacional, fossem de lugares afastados das respectivas sedes. Tem gente que viajou de muito longe para fazer o curso! Além disso, permitiu que os mestrandos continuassem envolvidos em suas tarefas profissionais e organizassem o estudo com maior flexibilidade.

Outro ponto importante que surge da leitura de alguns capítulos é que a proposta de iniciar o curso a partir de uma reflexão sobre as Problemáticas da Educação Física Escolar foi acertada. Lembro que essa decisão foi foco de discussão em vários momentos e até de uma consulta a colegas da área na identificação dos problemas da Educação Física que necessitavam de especial atenção. Também implicou a produção de seis textos diferentes e um conjunto de tarefas pedagógicas. O bom de tudo isso é que dos relatos do livro, em mais de um núcleo, se depreende que foi uma boa escolha!

(11)

Um aspecto que é comum nos capítulos refere-se ao esforço de todos os núcleos de levar os mestrandos a tomarem como foco de suas pesquisas problemas e/ou desafios de seu espaço de atuação docente. Sabemos que por “óbvio” se espera que isso seja uma marca de qualquer Mestrado Profissional, mas é importante destacar que majoritariamente a experiência dos professores era em programas acadêmicos. E vamos combinar que não é tão tranquilo mudar a linha da produção de uma dissertação centrada numa pesquisa a uma dissertação centrada na proposição, estudo, realização e reflexão de uma determinada intervenção pedagógica e ainda com a elaboração de um “produto didático” para ser colocado à disposição do professorado da Educação Básica.

É difícil dizer se todos conseguiram dar esse caráter às produções, seria necessário um estudo detalhado para isso. Tomando como referência os títulos das dissertações defendidas, contudo, atrevo-me a dizer que a maioria conseguiu dar um passo firme nessa direção. Fato que nos deve deixar muito satisfeitos e, por outro lado, atentos para que a produção científica do Proef tenha a cara que os professores das escolas necessitam.

Finalmente, neste ponto, quero salientar que a partir de alguns capítulos é possível ter indícios sobre o valor profissional e pessoal que a experiência de fazer o curso teve para os mestrandos. Estou seguro de que ao ler os fragmentos de alguns depoimentos do livro seu coração se encherá de alegria e um grande sorriso se instalará em seus lábios. Os depoimentos são realmente emocionantes para pessoas como você, que imaginou que o programa abriria a porta da formação em Pós-Graduação a um conjunto de professores da Educação Básica que teria poucas possibilidades de ascender à mesma sem o Proef.1 Junto com isso, verificar quanto o programa contribuiu para fortalecer a posição do professor-mestre como um intelectual da Educação e da Educação Física ganhando reconhecimento, lugar de fala dentro das suas escolas, como também na comunidade profissional.

Voltando aos quatro tipos diferentes de desafios, no que se refere à produção de conhecimento pedagógico para a nossa disciplina, os títulos das dissertações permitem verificar que as mestras e mestres enfrentaram tanto as problemáticas vinculadas à dimensão ético- -política quanto as dimensões curricular, didático-pedagógica e interdisciplinar. Isso não é pouco coisa, não! O Proef começa a se tornar uma fonte importante de conhecimentos para os professores da Educação Básica.

1 Seja dito de passagem, um terço deles com bolsas! Não é a totalidade, como pleiteamos junto a Capes na época, em conjunto com vice-reitor da Unesp Eduardo Kokubun, mas sem dúvidas essa possibilidade foi bem importante para os contemplados.

(12)

A relação dos trabalhos apresentados nos diferentes núcleos, na maioria dos capítulos, não deixa de ser um mapa inicial dessa produção científica. Por outro lado, fica o desafio para a Coordenação Nacional junto com os coordenadores dos demais núcleos reunir num repositório único todos os trabalhos produzidos, além de divulgar e buscar a sua articulação e socialização.2

A propósito deste último tema, seguramente você deve estar se perguntando se o Proef mostra sinais de se encaminhar para aquilo que imaginamos em 2015:

Um dos “efeitos colaterais” que pode ser vislumbrado com a instituição do Proef passa pela possibilidade de conectar professores de todo o país numa rede de produção de conhecimento profissional com foco na Educação Física escolar. Rede esta criada e sustentada institucionalmente com potencial para manter professores vinculados a projetos colaborativos de formação continuada para além dos dois anos que dura o Mestrado. Um dos tantos problemas que a maioria dos professores enfrenta no cotidiano profissional diz respeito ao isolamento. Nas pesquisas que estudam o contexto escolar são recorrentes as queixas dos docentes sobre a falta de parcerias para discutir, avaliar, construir e intercambiar iniciativas vinculadas aos desafios de ensinar Educação Física na escola, bem como enfrentar os dilemas que essa instituição impõe a qualquer docente comprometido com sua função social.

Uma rede, como a planejada pelo Proef, pode se constituir numa alternativa a essa situação (Darido; González, 2015, p. 181).3

Nesta obra não se aborda diretamente o projeto coletivo do Proef, como comentei, centra-se mais na descrição do desdobramento da primeira turma em cada núcleo. Quem sabe, todavia, podemos tomar esta produção como uma parte do esforço centrípeto que todos os núcleos e professores das diferentes instituições deverão continuar fazendo ao longo do programa para manter próximos e articulados tanto os mestres formados como os mestrandos, facilitando o processo de legitimação do Proef como fonte de conhecimento pelos professores da Educação Básica. Estou seguro que não será fácil, mas também estou igualmente confiante de que desse esforço vai derivar o valor social do Proef para além dos benefícios individuais que gera.

Para finalizar esta conversa, quero aproveitar a oportunidade para lhe agradecer pela oportunidade de trabalhar neste projeto com você, bem como manifestar minha satisfação em poder te contar um pouquinho do valor de tudo o que produziu sua temperança a manter-se firme na elaboração deste projeto, apesar dos reveses, por momentos infundados, na aprovação do APCN do Proef. Algum dia teremos de falar um pouco mais sobre esse tema.

2 O site do https://www.fct.unesp.br/#!/pos-graduacao/-educacao-fisica/producoes-intelectuais/ tem os trabalhos defendidos pelos estudantes da primeira turma, isso é muito importante. Em próximas etapas será necessário, na minha perspectiva, ter um espaço virtual que permita tanto a socialização do material por temáticas, etapas de ensino, unidades de conhecimento, como também servir de suporte para manter conectados mestres, mestrandos, professores universitários e professores da Educação Básica.

3 Darido, S. C.; González, F. J. Pós-Graduação em Educação Física: a proposta do mestrado profissional em rede (Proef ). In: RECHIA, S. et al. (org.). Dilemas e desafios da Pós-Graduação em Educação Física. Ijuí: Editora Unijuí, 2015. p. 163-185.

(13)

Aliás, nas nossas próximas conversas, vamos falar um pouco sobre a sorte que correram outros projetos em que trabalhamos juntos, como: Coleção Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento (Ministério do Esporte), Base Nacional Comum Curricular (Ministério da Educação), Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do Brasil – 2017 (Programa de Nações Unidas para o Desenvolvimento), uma vez que, como você sabe, eles atravessam-se entre si e também se entretecem com o Proef. Claro, não se preocupe, vou fazer chegar a todos os autores deste livro e, por seu intermédio, a todos os mestras e mestres da primeira turma do Proef, uma saudação carinhosa e os parabéns por todo o trabalho desenvolvido.

Cara Suraya, lhe envio um forte abraço. Saudades.

Fernando Jaime González Ijuí, maio de 2022.

(14)
(15)

O foco da obra destina-se a desenvolver um campo de reflexão acerca de possíveis vias a serem exploradas e desenvolvidas como forma de pano de fundo filosófico e teórico no âmbito da forma de pensar a pesquisa/conhecimento e a formação no Mestrado Profissional em Educação Física. De um modo um tanto inovador, o referido programa ganha força na medida que consegue criar e produzir enfrentamentos teórico-práticos acerca da temática da Educação Física escolar: não apenas como novas “epistemes”, ou modos de compreensão, mas sobretudo como novas formas de “intervenção” concreta na realidade escolar. Isso representa um desafio, tanto para a necessidade de qualificar o trabalho do professor, que procura o Mestrado Profissional, quanto para criar novas formas de fazer pesquisa, com foco na realidade do trabalho pedagógico.

Um desenho para tal movimento na obra encontra-se organizado: 1) a partir de uma contextualização inicial acerca da compreensão do polo sobre os desafios centrais que precisamos enfrentar no âmbito da Educação Física e sua inserção na Educação Básica; 2) um conjunto de pressupostos básicos e fundamentais que orientam tacitamente a formação e que de certo modo se desdobram nas linhas de pesquisa e nos referidos projetos dos professores;

3) uma reflexão acerca do método produzido para orientar a elaboração das pesquisas e da construção dos produtos no polo; 4) uma síntese dos principais produtos e temas estudados no polo; 5) considerações finais acerca da experiência da disciplina Seminário de Pesquisa em Educação Física, e dos resultados construídos após a defesa final das dissertações, ou seja, um breve balanço reflexivo sobre o potencial do Proef em produzir respostas para o problema da Educação Física na Educação Básica.

(16)
(17)

Conhecimento, Formação e Pesquisa em Educação Física Escolar:

A Experiência do Mestrado Profissional em Rede no Proef/Unijuí

Sidinei Pithan da Silva Paulo Evaldo Fensterseifer

Fernando Jaime González Maria Simone Vione Schwengber

Paulo Carlan

Introdução

O contexto de constituição de um Mestrado Profissional em Educação Física em rede nacional nos desafia a pensar e configurar um marco epistemológico, metodológico e pedagógico. De forma mais específica torna-se latente a necessidade de refletir sobre a experiência em curso desde o lançamento do projeto em 2018. O modo de pensar este acontecimento na Educação Física brasileira se dá a partir de seus atores, e de forma específica, sobre como pensam e justificam a partir de seus lugares de ação a emergência de um programa de Pós-Graduação que objetiva qualificar professores para atuar na Educação Básica.

Do ponto de vista da sua justificação e, da proposta pedagógica, o Mestrado Profissional em Educação Física (Proef ) se constitui de um modo universal, com uma proposta bem articulada, na qual a Universidade Estadual Paulista (Unesp) prefigura a coordenação da rede. No que se refere à operacionalização, ou mesmo à gestão, e à reflexão sobre o sentido da proposta e de sua operacionalização, cumpre destacar o espírito democrático e colaborativo que impulsiona a instituição da proposta. Sob este aspecto, o texto que apresentamos constitui-se em um esforço para explicitar a forma como as questões que envolvem o problema do conhecimento, da pesquisa e da formação foram concebidas e desenvolvidas no Mestrado Profissional em rede na Unijuí.

Cumpre, de forma particular, explicitar certos fundamentos teórico-metodológicos acerca da construção do conhecimento no âmbito da pesquisa sobre a Educação Física Escolar a partir da experiência do Mestrado Profissional em Educação Física, entre 2018-2021. Nesse sentido, a abordagem aqui referida procura, em um primeiro momento, demonstrar certo

(18)

entendimento acerca dos desafios que atravessam a Educação Física Escolar no Brasil, no cenário de sua inserção na Educação Básica. Isso representa, em sentido pedagógico, em um segundo momento, um ideal de formação que se coloca como baliza para pensar a formação dos/as professores/as, durante a passagem pelo Mestrado, bem como para vincular a constituição de conhecimento e da ótica da pesquisa, conforme as linhas de pesquisa do programa.

Em um terceiro momento, cumpre explicitar questões de método que ampararam a elaboração das pesquisas e da construção dos produtos no polo. Movimento que nos leva a evidenciar certo reconhecimento de compromisso com a mudança da realidade escolar da Educação Básica. Em um quarto momento, tendo em vista esse panorama, cumpre apresentar os temas e os enfoques que foram aprofundados no polo como formas de objetivações das pesquisas. Em um quinto momento cabe argumentar acerca do valor da experiência e dos enfoques que foram utilizados como matrizes fundantes do Mestrado Profissional em Educação Física.

A Educação Física Escolar no Brasil no Século 21:

desafios e compromissos

Uma questão fundamental que baliza a discussão acerca da Educação Física e seu sentido na escola, desde o movimento renovador, nos marcos da década de 80 do século 20, tem sido o modo como compreendemos a sua identidade. Obviamente que este questionamento acerca do que define a Educação Física ampliou enormemente o debate acerca de seu sentido social, ético e político. Atmosfera que permitiu, ao longo desses 40 anos, romper com um quadro de hegemonia acerca de certos sentidos que haviam sido criados no Brasil ao longo de sua história.

Importa destacar desse marco histórico certo movimento que introduz no corpo dos saberes da Educação Física, e de todos que dele se ocupam, uma premissa perguntadora, e porque não dizer, reflexiva, a qual permanentemente questiona pressupostos de justificação e de legitimação que se formulam acerca de sua relevância e valor social, humano e político. Estavam criando-se as condições para certa busca de maioridade/autonomia, ou mesmo para a produção de certos critérios de cientificidade, que iriam ajudar a definir as políticas de conhecimento que se fariam em nome da Educação Física, e, em particular, na escola.

A própria desnaturalização dos discursos tradicionais que haviam tentado justificar a referida prática na escola entra em questão. Seria suficiente a ideia de um componente curricular que se ampararia na busca de aptidão física, como telos (finalidade) fundamental? E, teria sido a Educação Física, até o momento, um componente curricular, assim como os demais da escola?

Acerca dessas e outras questões aprontavam-se ideias que desde um Coletivo de Autores (1992) procuraram pensar a legitimidade da Educação Física escolar como forma de reflexão sobre a cultura corporal.

O referido movimento, tal como nos debruçamos agora para pensar na legitimidade e no alcance e desafios do Proef, parte das preocupações acerca da formação dos professores de Educação Física que se encontram nas escolas. Um panorama social e político, no qual a desvalo-

(19)

rização dos professores e a falta de condições materiais obstaculizam e muito a constituição de uma profunda forma de educar corporalmente. Se o cenário era de grande esperança para com a abertura democrática, nos meados de 80, também o é, no momento, em pleno século 21, com a necessária defesa incondicional dos marcos de uma sociedade democrática e republicana, a qual se alimenta das promessas da carta da Constituição Cidadã de 1988.

O compromisso, porém, em outro momento assumido, de certa forma, se reatualiza, não somente como forma de ruptura com os marcos filosóficos e epistemológicos tradicionais (Santin, 1987, Bracht, 1997; Fensterseifer, 2001; Medina et al., 2010), ou mesmo como forma de nova dimensão social e política da Educação Física (Soares, 2004), mas também como forma de construir elementos teóricos “para a assimilação consciente do conhecimento, de modo que possa auxiliar o professor a pensar autonomamente” (Coletivo de Autores, 1992, p. 17).

A Formação de Professores no Contexto da Educação Física Escolar:

o Mestrado Profissional em Educação Física na Unijuí

O Mestrado Profissional em Educação Física (Proef ) na Unijuí caracteriza-se como um projeto relacionado à história da instituição, do curso de Educação Física, dos cursos de Mestrado e Doutorado em Educação nas Ciências e de seus docentes. Há uma forte tradição na Unijuí, constituída desde o início da década de 60, com a formação de professores na interface dos movimentos de educação popular. O compromisso histórico da instituição com o desenvol- vimento social, a partir de premissas emancipatórias, permitiu seu enraizamento social e cultural, tornando a formação de professores e o compromisso com a Educação Básica uma de suas bandeiras e finalidades sociais (Marques, 2006).

A Unijuí é uma Universidade Comunitária, de caráter público não estatal, sendo sua missão “formar e qualificar profissionais com excelência técnica e consciência social crítica, capazes de contribuir para a integração e o desenvolvimento da região” e seu propósito

“participar do processo de desenvolvimento da região pela educação superior”. O curso de Educação Física – Licenciatura e Bacharelado – na Unijuí – surge como uma das demandas sociais e educacionais importantes para o Noroeste gaúcho e o Sudoeste catarinense. Na atualidade, conta com um corpo docente altamente qualificado, com aproximadamente 26 professores atuando na Graduação, cerca de 16 doutores, 7 mestres e 3 especialistas.

A interface do curso com as demandas dos sistemas de ensino, e o compromisso histórico com a qualificação dos docentes em Educação Física que atuam na Educação Básica, têm levado a instituição a se envolver e se comprometer com projetos de pesquisa, extensão e ensino que promovam melhorias educacionais. Esta preocupação tem sido articulada com as demandas das comunidades científicas, as quais têm produzido rico acervo de conhecimentos para subsidiar intervenções e novas compreensões no interior da área. Neste espírito, a Unijuí, desde o final do século 20 tem colocado a Editora Unijuí a serviço das produções científicas e filosóficas produzidas pelos pesquisadores das diferentes áreas, bem como da Educação Física e do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte.

(20)

Este envolvimento permitiu que muitos pesquisadores da instituição e docentes do curso de Educação Física buscassem seus processos de Doutoramento em Educação Física e áreas afins. Esta qualificação ampliou a participação dos docentes em projetos de pesquisa e extensão que se relacionam com a Educação Física Escolar, permitindo a emergência de uma Rede Internacional de Investigação em Educação Física (Reiipefe), com pesquisadores e instituições do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Ao buscar qualificar as possibilidades de formação profissional em Educação Física, a Unijuí entendeu que o Mestrado Profissional em Educação Física seria parte desta evolução no curso de suas ações e por isso buscou articular-se como protagonista nesse projeto em Rede com a Unesp e outras instituições brasileiras.

O sentimento de que é a única universidade gaúcha a participar do movimento tornou ainda mais responsável o envolvimento da Unijuí com o Projeto. O caráter comunitário e, por isso público da Unijuí, mesmo sendo não estatal, a torna uma instituição que aspira participar de processos de desenvolvimento social e cultural que promovam a melhoria dos níveis educacionais, por intermédio de produção de pesquisas e novas tecnologias, voltadas à constituição de conhecimentos que promovam a emancipação social.

O espírito e o objetivo do Mestrado Profissional em Educação Física (Proef ) colocam um desafio novo para a instituição, a qual já conta, na área de educação, com um Programa de Mestrado e Doutorado em Educação nas Ciências (acadêmico). A participação dos docentes que atuam no Proef, no PPGE em Educação nas Ciências Unijuí, permite uma maior interface e integração entre os dois programas, possibilitando que mestrandos do Proef venham a participar de todas as atividades ofertadas pela Unijuí e, em particular pelo PPG em Educação nas Ciências.

Isto inclui a possibilidade de se envolverem em grupos de estudos, disciplinas, seminários temáticos, estágios, intercâmbios, eventos, etc.

Figura 1 – Foto dos professores das primeiras turmas do Proef do núcleo Unijuí (maio de 2018)

Fonte: Acervos pessoais dos(as) autores(as).

(21)

A Unijuí guia-se pelos objetivos que orientam o Mestrado Profissional em Rede, conforme o estabelecido nos APCNs, e busca, sobretudo:

a) Formar professores qualificados para o exercício da prática profissional transformadora, a fim de atender demandas sociais e profissionais; b) Capacitar professores para a transferência de conhecimentos para a sociedade, atendendo às demandas específicas da escola, com vistas ao desenvolvimento local, regional e nacional; c) Reafirmar o compromisso permanente com a qualidade do ensino e da aprendizagem na área de Educação Física escolar; d) Favorecer o desenvolvimento de uma postura crítica acerca do trabalho nas aulas de Educação Física nas etapas da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; e) Promover a valorização profissional do professor por meio do aprimoramento de sua formação.

Em relação ao perfil do profissional a ser formado, espera-se que tais professores, que lecionam Educação Física no Ensino Básico, tenham domínio da matéria e das metodologias de ensino, inclusive das suas aplicações mais imediatas, bem como os instrumentos necessários para envolver-se na produção permanente de práticas curriculares inovadoras. Nesse sentido, dá continuidade aos objetivos de: propiciar a formação continuada em Educação Física, nível de Mestrado, com formação humanista e crítica, com conhecimentos necessários para intervir profissionalmente com competência técnica, sustentados em pressupostos científicos, na reflexão filosófica e na conduta eticamente responsável, consciente de sua responsabilidade no campo da educação formal.

Há um entendimento comum no polo Unijuí, de que a Educação Física brasileira teve grandes avanços teóricos no campo pedagógico, por conta disso e pelas mobilizações políticas da área, conquistou a condição de “disciplina escolar”, o que significa uma ruptura com uma longa tradição que a manteve na condição de “atividade”, de um fazer descolado de um saber e sem preocupações de uma relação de continuidade articulada com os objetivos dos diferentes níveis de ensino da escola. Com base no exposto espera-se que o egresso desse curso seja capaz de:

Aprofundar a compreensão da educação como direito fundamental do cidadão e como instrumento de emancipação no contexto de uma sociedade que luta para reparar as desigualdades de oportunidades em diferentes setores sociais;

Comprometer-se com a qualidade do trabalho pedagógico desenvolvido a partir das premissas da Educação Física escolar, participando dos processos de elaboração, implementação e avaliação do Projeto Político-Pedagógico da escola; Criar ações inovadoras no sentido de atrair alunos, a comunidade e as instituições locais visando fortalecer o comprometimento de todos com a educação de crianças e jovens;

Valorizar a atitude de investigação e o permanente processo de aperfeiçoamento profissional por meio da geração de produtos científico-tecnológicos; Participar em redes colaborativas de formação continuada integrada por pares na busca e proposição de respostas aos desafios do trabalho docente.

(22)

Esse entendimento significa que, a partir dos novos aportes teóricos e dos marcos legais, a formação de licenciados e mestres em Educação Física deva se dar em estreita relação com a especificidade de uma escola democrática e republicana. Compromisso que se vincula com a necessidade de desenvolver capacidades intelectuais, éticas, estéticas, comunicativas e políticas, que possibilitem aos egressos dialogarem com a especificidade desta instituição, mas também com os contextos em que ela se insere, produzindo propostas pedagógicas que possam inaugurar modos inovadores de legitimar a Educação Física.

A Proposta Curricular do Mestrado Profissional em Educação Física na Unijuí atende aos seguintes critérios, os quais se referem à área de concentração – Educação Física Escolar:

Ementa da área de concentração: Educação Física escolar. Propicia o planejamento, implementação e avaliação de estratégias para o enfrentamento dos problemas do contexto da atuação profissional nas aulas de Educação Física escolar. Aborda o conjunto de objetivos, conteúdos e avaliação dos projetos curriculares para a Educação Física escolar nas diversas etapas da Educação Básica. Discute a Educação Física como componente curricular obrigatório. Analisa as diferentes manifestações da cultura corporal de movimento como conteúdo da Educação Física escolar, bem como os procedimentos metodológicos para o ensino nos diferentes grupos de escolares.

Para isso faz-se necessário uma formação que potencialize práticas pedagógicas alicerçadas em um planejamento adequado, o que significa em sintonia com as expectativas mais amplas da educação escolar e com um desenvolvimento curricular capaz de integrar objetivos da área de linguagens e específicos da Educação Física. O vínculo pedagógico da proposta de formação do Proef na Unijuí vincula pesquisa, formação e espaço de intervenção. Sobretudo, objetiva formar o professor pesquisador, o qual assume compromisso com a Educação Básica:

1) qualificando sua relação com a constituição do conhecimento; 2) ampliando o valor da área, em seu sentido de possibilidade compreensiva e interventiva; 3) criando formas de reconstrução cultural e de instituição de uma nova relação com o saber, a educação corporal, o movimento humano e a cultura corporal, na interface do dinamismo da vida social; 4) possibilitando modificar ou ressignificar a relação do saber escolar com a vida social e a própria dinâmica da docência.

Os professores que atuam em IFFS e demais espaços da Educação Básica, que frequentam o Proef, produzem novos entendimentos acerca do Conhecimento, da Mediação, da Pesquisa e do Ato Educativo e Pedagógico; emergem nesses trabalhadores novas capacidades intelectuais de contemplação e ação, o que permite produzir novas tecnologias e saberes no campo do ensino; o que pode possibilitar o enfrentamento de dificuldades no cotidiano de ação, gerando novas agências pedagógicas e tecnologias educacionais: softwares – livros – currículos, etc.

(23)

A Construção da Pesquisa no Proef Unijuí:

os caminhos do método e seus resultados

O processo de formação social e cultural, bem como científica e filosófica dos mestrandos do Proef/Unijuí/Unesp, foi marcado por um movimento dialógico que obedeceu à sequência da organização curricular nacional. A disciplina Problemáticas da Educação Física Escolar permitiu a abertura do debate e da investigação da realidade. Consolidou um campo ou núcleo de problemas e questões relevantes para serem pensadas e analisadas ao longo do curso.

A disciplina Seminário de Pesquisa em Educação Física, por sua vez, buscou tornar mais clara a questão da pesquisa, de seu desenvolvimento, no âmbito da intervenção pedagógica em Educação Física e da formação do professor como pesquisador. Se, de uma parte, os problemas da prática tornam-se as questões que movimentam a formação, de outra, a criação e constituição de certas condições de possibilidade, para teorizar sobre ela, desafiam os estudantes e professores a organizar e fundamentar os projetos de pesquisa. Tornou-se visível a qualidade dos processos de interação por intermédio das metodologias que foram empregadas no Proef.

Um claro sentimento de compromisso e de envolvimento com os estudos buscando superar dívidas históricas da área com a educação escolar marcou o pano de fundo das discussões. Elas balizaram a emergência dos sentidos de fundo para as demais disciplinas, tais como Planejamento em Educação Física Escolar, Metodologias do Ensino da Educação Física e Ensino de Lutas. No processo de escolha das disciplinas eletivas (presenciais), os estudantes e professores entenderam que seria importante trabalhar com as seguintes disciplinas: a) Ensino de Lutas; b) Ensino do Tema Saúde; C) Ensino de Jogos.

Importante marcar que a inserção social do Proef na Unijuí esteve muito associada com os contextos dos estudantes. Alguns deles atuam na Educação Infantil e conseguiram levar os temas de estudo para dentro de suas redes de ensino: Uruguaiana e Ijuí; outros atuam no Ensino Fundamental e fizeram novas proposições curriculares e didáticas, reformulando as possibili- dades de ensinar na escola, caso de Ijuí, São Leopoldo e Santa Maria do Herval. Emergiram sugestões que permitem pensar o contexto dos sujeitos em regiões de vulnerabilidade social e o papel do docente em EDF e das tecnologias em educação, caso manifesto por nosso aluno que reside e atua em Porto Alegre/RS.

Emergiram problemas relacionados ao Ensino Médio nos Institutos Federais do Estado de Santa Catarina e, na Educação Básica, no Estado do Rio Grande do Sul. Dados esses que possibilitaram aos estudantes compreender as reais necessidades de cada realidade e pensar a organização de pesquisas que favorecem o campo de intervenção e mudança social. Em suma, a inserção social emergiu com a formação e o vínculo da pesquisa, a qual permitiu um diálogo vivo com os contextos – realidades – gerando proposições, críticas e capacidades criativas, éticas e políticas. Nesse sentido, os novos desafios no campo da docência que emergem no campo das políticas públicas são tematizados tendo em vista as mudanças no mundo do trabalho, no mundo das ciências, no mundo social e histórico ampliado, permitindo aos pesquisadores/

professores criar razões novas para a área e para o componente curricular.

(24)

O desafio de pensar a pesquisa em Educação Física Escolar tendo em vista problemas reais da prática pedagógica favoreceu um triplo movimento para fundamentar e organizar o projeto de pesquisa no polo:

a) movimento em direção à universalidade do tema, com diálogo profundo acerca do estado da arte e do debate em Educação Física, Pedagogia, Filosofia e em Ciências Humanas; ou seja, uma compreensão global da História da Educação Física no Brasil, com seu vínculo com a constituição da sociedade brasileira e da educação no Brasil, demarcando as diferentes temáticas que atravessam cada nível de ensino;

b) movimento que investiga os problemas reais e entraves de cada realidade vivida pelos estudantes em seu cotidiano de ação, o que permite pensar o tema e o problema de pesquisa, em uma relação contingente e real/concreta;

c) o desafio de pensar não apenas num mergulho teórico radical, ou mesmo num enfrentamento prático necessário, como também de produzir uma tecnologia que possa modificar a forma de intervenção pedagógica. Todo este movimento no sentido epistêmico do termo articula-se com o perfil do egresso que se buscou formar e que se almeja constituir. Pode-se dizer que o programa colocou em movimento a busca dessas capacidades de pesquisa e de pensamento, o que se manifestou em avaliações e se articula na elaboração dos projetos.

As pesquisas no polo deram-se a partir das três linhas de pesquisa do Proef, com seus respectivos projetos e professores/as:

Linha 1 – Movimento na Educação Infantil

• Dr. Paulo Carlan: Projeto: Limites e Potencialidades de Experiências Colaborativas de Formação Continuada na Transformação da Prática Pedagógica no Ensino Infantil em Educação Física Escolar.

• Dra. Maria Simone Vione Schwengber: Projeto: Cenas de Meninas e Meninos no Cotidiano das Aulas de Educação Física na Educação Infantil: um Estudo Sobre as Relações de Gênero.

Linha 2 – Educação Física no Ensino Fundamental

• Dr. Fernando Jaime González: Projeto: Currículo da Educação Física no Ensino Fundamental: a Invenção de uma Nova Tradição.

• Dr. Paulo Evaldo Fensterseifer: Projeto: A Escola Como Instituição Republicana e a Educação Física: Aproximações com o Ensino Fundamental.

• Dra. Maria Simone Vione Schwengber: Trajetórias de Meninos e Meninas: as Experiências na Educação Física no Ensino Fundamental.

• Dr. Paulo Carlan: Projeto: Limites e Potencialidades de Experiências Colaborativas de Formação Continuada na Transformação da Prática Pedagógica no Ensino Infantil e Fundamental em Educação Física Escolar.

(25)

Linha 3 – Educação Física no Ensino Médio

• Dr. Sidinei Pithan da Silva: Projeto: Educação Física Escolar no Ensino Médio em Tempos de Modernidade Líquida: Novas Exigências Sociais, Políticas e Pedagógicas e Formação de Professores; Projeto: Os Saberes dos Professores de Educação Física no Contexto de Reformulação do Projeto Curricular do Ensino Médio no Estado do Rio Grande do Sul-RS.

• Dr. Fernando Jaime González: Projeto: Educação Física e a Área Linguagens no Ensino Médio: Tensões e Possibilidades do Currículo Integrado.

A partir dos referidos projetos, e da dimensão contextual da prática pedagógica dos estudantes, e suas necessidades, foram construídos os principais lineamentos formativos.

No conjunto, foram 12 trabalhos desenvolvidos no Mestrado Profissional em Educação Física (Proef ) na Unijuí. Todos os estudos pautaram-se na concepção que orienta o Proef, ou seja, a concepção que tem a prática pedagógica do professor como ponto de partida e de chegada dos trabalhos de investigação. Em sua maioria, os trabalhos deram-se sob forma de investigação-ação, tendo o horizonte da problematização da prática pedagógica como ponto de partida para a construção das investigações. Procurou-se valorizar na orientação a escolha de um tema de grande relevância para qualificar a Educação Básica, e que poderia ser desenvolvido pelo professor/pesquisador tendo em vista a transformação de sua prática pedagógica.

Como forma de qualificar a própria área e construir uma pesquisa fundamentada, os mestrandos enfocaram em seus estudos perspectivas investigativas que ao mesmo tempo em que recuperavam o conhecimento já produzido pela área de Educação Física Escolar, articulavam possibilidades de inovação em termos de conhecimento, ao ter uma temática pedagógica e educacional centrada em aspectos que potencializam ou modificam o cenário da práxis pedagógica. Para tanto, buscou-se construir, também, um produto educacional.

O método da ação-reflexão-ação possibilitou enfocar diferentes temas.

Na Linha 1, que propuseram uma nova perspectiva de ensinar a partir do movimento humano, ou mesmo que assumiram a Literatura como forma didático- pedagógica que potencializa o aprendizado. Foram dois estudos nesta Linha de Pesquisa: Educação Física na Educação Infantil: uma Proposta na Perspectiva do Movimento Humano e a Literatura Brasileira Enquanto Recurso Didático-Pedagógico nas Aulas de Educação Física Infantil (Unesp, 2022).

Os produtos educacionais gerados nestes estudos possibilitaram repensar as questões que envolvem o corpo, o movimento humano e a infância, bem como criar unidades didático- -pedagógicas que permitem educar tendo em vista a construção de identidades, corpos, gêneros e diferenças.

Um dos produtos resultantes dessa Linha de Pesquisa 1 pode ser o expresso pela professora Viviane Dias Ceratti, que resultou na produção de uma unidade didático-pedagó- gica para a Educação Física Infantil. O trabalho teve como consequência a investigação-ação da professora na Educação Infantil, em uma escola de Ijuí/RS e articulou Literatura, Educação

(26)

Física e Educação Infantil, evidenciando como é possível educar, considerando a questão cultural, identitária e corporal. O material foi “organizado em três capítulos, cada qual com o objetivo geral de compartilhar com demais educadores reflexões sobre o tema de estudo e planejamento pedagógico, e a experiência desenvolvida com crianças pré-escolares da rede pública. Evidenciamos ao final, uma proposta de unidade didático-pedagógica, tendo a intenção de estabelecer relações entre a teoria – saber sobre o fazer e a prática – saber fazer, no que tange às práticas da cultura corporal de movimento, os Corpos, Gêneros e Diferenças nas aulas de Educação Física Infantil”.

Na Linha 2, os estudos contemplaram perspectivas de ensino com foco no Ensino Fundamental, abordando uma nova forma de desenvolver o ensino de lutas/capoeira, o ensino de futsal, as práticas corporais de aventura, os jogos escolares, ou mesmo de compreender e criar formas de enfocar a saúde na escola, ou de analisar perspectivas implicadas na criação de cadernos didáticos. Os enfoques partiram de análises e intervenções concretas na realidade, tendo em vista compreender possibilidades de avanço e ressignificação nas práticas pedagógicas existentes, bem como criar outras formas de planejamento curricular.

Foram feitos sete estudos nesta linha: a) Do Mal-Estar ao Empoderamento: um Estado Autoetnográfico na Área da Educação Física Escolar; Vai Ter Campeonato de Novo? Limites e Possibilidades de uma Proposta Pedagógica Para o Ensino de Futsal na Educação Física Escolar a Partir do Sport Education Model; Educação Física Escolar e Educação Ambiental: o saber da experiência em uma unidade didática transdisciplinar de práticas corporais de aventura; Para Explicar as Coisas: as Representações dos Alunos do Ensino Fundamental II Quanto ao Uso dos Cadernos Didáticos de Educação Física; Olimpíadas Escolares no Município de Ijuí: uma prática pedagógica ressignificada na perspectiva da formação humana; A Reconfiguração do Sentido da Educação Física de uma Comunidade Escolar: uma experiência de planejamento curricular colaborativo; Desenhando a Saúde da Cultura Corporal de Movimento e Dialogando Além do Currículo: protocolo e tecnologia mínima na educação física escolar (Unesp, 2022).

Um dos produtos educacionais, produzidos nesta Linha 2, resultou da pesquisa do professor Cristiano Pinno, o qual construiu 4 Cadernos Didáticos de Educação Física (6º ano/7º ano/8º ano/9ºano). O material produzido está dentro das ambições e finalidades centrais do Proef, qual seja, a de “propiciar o planejamento, implementação e avaliação de estratégias para o enfrentamento dos problemas do contexto da atuação profissional nas aulas de Educação Física escolar”. Neste caso, os problemas enfrentados na Educação Básica brasileira, por professores de Educação Física, referem-se à ausência ou escassez de materiais didáticos, o que é enfrentado na pesquisa e resulta deste produto que é voltado para o Ensino Fundamental.

Na Linha 3, os estudos enfocaram formas de ensino e de análise do Futsal e do Atletismo, bem como problematizaram a constituição das identidades de gênero no Ensino Médio. Os enfoques privilegiaram enfoques em relação à avaliação da Educação Física no Ensino Médio, bem como em relação ao Planejamento e ao Currículo. O avanço da tematização ocorre em razão da inserção dos temas na tradição crítica e dos movimentos renovadores da Educação Física,

(27)

bem como a partir da criação de movimentos situados no interior da escola e com jovens. Foram feitos 3 estudos nesta Linha: Educação Física no Ensino Médio: Enfoque Crítico-Emancipatório no Planejamento do Ensino dos Esportes/Atletismo; Avaliação em Educação Física em Uma Perspectiva Emancipatória: Proposta Para o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional;

Sexualidades, Gênero e a Educação Física Escolar: do silenciamento ao lugar de fala em uma produção audiovisual (Unesp, 2022).

Um dos produtos educacionais dessa Linha 3 foi o produzido pela professora Paula Mayara, que resultou na construção de um documentário a partir de entrevistas com jovens, abordando formas educativas de enfrentar o preconceito escolar de questões de corpo, gênero e sexualidades. O enfoque desenvolvido é altamente inovador e articula potencialidades no âmbito da atuação de docentes que atuam no Ensino Médio com o tema corpo, gênero e sexualidades.

O documentário que pode ser visto no YouTube inaugura condições concretas para instituir estratégias para um problema histórico na Educação Básica brasileira, qual seja, a que discrimina e silencia os jovens que não se enquadram nos padrões corporais e normativos vigentes. Nesse sentido, o produto educacional também está dentro da ambição do Proef, uma vez que: “Propicia o planejamento, implementação e avaliação de estratégias para o enfrentamento dos problemas do contexto da atuação profissional nas aulas de Educação Física Escolar”.

Considerações Finais

A política formativa assumida no Proef, de modo universal, permitiu um movimento de formação que desafiou os docentes e discentes do polo Unijuí a produzir conhecimento que tivesse significados local, regional e universal. Nesse sentido, o impacto e o caráter inovador dos trabalhos desenvolvidos no polo devem-se tanto a uma perspectiva centrada no caráter local quanto a uma busca de relevância e significado universal. Em seu conjunto as dissertações e produtos procuraram enfrentar problemas concretos vividos por professores de Educação Física que atuam na Educação Básica.

Exercício feito sempre à luz de um referencial teórico, mediador, que permitiu instaurar um sentido de pesquisa e de prática pedagógica com potencial de uma validade para além do próprio local e da própria prática. O conceito ao fundo que baliza este tipo de busca ampara-se numa noção de que grande parte dos problemas que vivem os educadores, e a própria fragilidade da ação docente na Educação Básica, devem-se a uma dicotomia entre teoria e prática. Procurou-se, a partir disso, enfrentar diferentes problemas, que em seu conjunto ajudariam a pensar algumas nuances, que seriam importantes para um projeto inovador na Educação Física Brasileira.

Sem descolar-se da experiência de cada educador/pesquisador, mas colocando a ele um marco contextual no panorama histórico da Educação Física Brasileira, construíram-se os caminhos teóricos e metodológicos que resultaram em diferentes produções dos docentes e discentes. Perspectiva que, ao fundo, sinaliza para uma ideia de um professor que consegue

(28)

produzir projeto pedagógico próprio, ou seja, com autonomia. O trabalho dissertativo, neste caso, serviu de fundamento para a construção de um material com potencial pedagógico e didático.

Importante marcar a ideia de que o perfil do ingressante neste programa é de um docente com desejo de aprender e de superar práticas pedagógicas ultrapassadas. Acreditamos que o compromisso social assumido e o modo como as disciplinas foram organizadas abriram um significado forte da ideia de educação escolar como um direito subjetivo. Tanto do ponto de vista teórico quanto prático, foi possível perceber um crescimento dos estudantes no sentido da apropriação de um conceito ampliado de educação, como o de desenvolver inovações pedagógicas que se coloquem à altura de tal feito.

Cumpre destacar que os egressos do Mestrado Profissional em Rede em Educação Física – Unijuí/Unesp, em sua totalidade, continuam atuando na escola pública com significativo grau de compromisso social. Dos seus trabalhos no Proef resultaram grandes mudanças na escola pública. Um marcante engajamento na conduta em relação à resolução de problemas e uma capacidade de pensar e problematizar pode ser constatada a partir das atividades dos egressos.

De outra parte, os docentes do Proef envolveram-se de forma integral na formação dos mestrandos, assumindo o compromisso de formar professores pesquisadores. Tornou-se possível perceber que os mestrandos, ao problematizar sua prática e incorporar a capacidade de fazer pesquisa, se desafiaram a apresentar trabalhos em eventos científicos, bem como a publicar artigos em periódicos e livros. Esta atividade é decorrente de uma finalidade conscientemente assumida no polo pelos docentes, a qual teve a oferta de disciplinas e grupo de estudos como forma de criar as condições para estudantes protagonistas e com capacidade inovadora no campo educacional em geral, bem como no campo da Educação Física na Educação Básica.

Os limites de uma conquista mais satisfatória estão situados na distância geográfica dos estudantes, nas suas condições de trabalho e nas próprias situações existenciais vividas pelos estudantes. Mesmo diante de limitantes reais, contudo, percebeu-se que o desafio da proposta curricular colocou em movimento novos eixos para pensar o trabalho pedagógico e estruturar a tarefa educacional. Mais do que um treinador ou recreacionista emerge a figura de um educador, que se envolve com o debate sobre o PPP da escola e com razões e práticas pedagógicas e curriculares ampliadas e inovadoras.

Referências

BRACHT, V. Educação física e aprendizagem social. 2. ed. Porto Alegre: Magister, 1997.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

FENSTERSEIFER, P. E. A Educação Física na crise da modernidade. Ijuí: Editora Unijuí, 2001.

MARQUES, M. O. Pedagogia: a ciência do educador. 3. ed. Ijuí; Brasília: Editora Unijuí; Inep, 2006.

MEDINA, J. P. S.; HUNGARO, E. M.; ANJOS, R.; BRACHT, V. A Educação Física cuida do corpo e mente: novas contradições e desafios do século XXI. 25. ed. Campinas, SP: Papyrus, 2010.

(29)

SANTIN, S. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Editora da Unijuí, 1987.

SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. 3. ed. Campinas, SP: Editora Autores Associados, 2004.

UNESP. Universidade Estadual Paulista. Mestrado Profissional em Educação Física. São Paulo, 2022.

Disponível em: https://www.fct.unesp.br/#!/pos-graduacao/-educacao-fisica/ producoes-intelectuais.

Acesso em: 15 maio 2022.

(30)
(31)

O Protagonismo Docente Como Fio Condutor do Processo Formativo no Proef/UFMT

José Tarcísio Grunennvaldt Ana Carrilho Romero Grunennvaldt

Evando Carlos Moreira Cleomar Ferreira Gomes

Márcia Cristina Rodrigues da Silva Coffani

Introdução

A Educação Física Escolar brasileira tem sido desafiada desde a década de 80 do século 20, principalmente quando se pergunta qual a sua função social na escola, se a de reprodução ou a reconstrução crítica do conhecimento e da experiência vivida e aprendida pelos sujeitos junto ao seu envolvimento com práticas corporais paralelas e concomitantes a sua escolarização.

Tendo em vista sua posição, a de localização privilegiada1 no rol do artigo 7º da Lei 5.692/1971, que estabeleceu sua obrigatoriedade, a Educação Física conforma-se por certa

“legitimidade”, ainda que não encarada como “matéria”, naquela acepção que o termo assumia, nem como “disciplina”, na linguagem tradicional, mas fazia-se como preocupação geral do processo formativo, algo intrínseco à finalidade da escola e intransferível da educação do homem comum (Parecer 540/77 apud Betti, 1991).

Tal posição confortável da Educação Física no campo disciplinar teve cobranças advindas em decorrência de ressignificar as práticas pedagógicas docentes, tendo em vista as necessidades diante das disparidades ocasionadas pela transformação produzida no campo acadêmico- -científico e que sinalizaram a reorientação daquilo que se oferecia aos alunos durante as aulas, colocando-se assim um desafio aos professores, o de exercerem o protagonismo.

Segundo Charlot (2009), ainda que presente na escola, a Educação Física na relação com a “forma escolar”, teria dificuldades de se articular. Uma dificuldade em relação ao espaço, pois ela não seria escolar, tendo em vista que as atividades se desenvolvem fora da classe e a

1 A Educação Física mereceu um tratamento diferenciado ao ver sua obrigatoriedade já expressa no texto legal antes mesmo da definição do núcleo comum, dificultando a compreensão de sua posição dentro da nova estrutura curricular (Betti, 1991, p. 104).

(32)

Educação Física deve respeitar as características fundantes da forma escolar em um ambiente que não a classe, esta, como o ápice da forma escolar. Essa ambivalência, contudo, permite que suas aulas sejam percebidas como momentos de libertação ou de alívio dos constrangimentos, assumindo a alcunha de recreativas. A outra dificuldade tem vínculo mais profundo, tendo em vista que a forma escolar visa disciplinar os corpos, denominada de pedagogia tradicional, definida e difundida nos séculos 16 e 17 pelos jesuítas, mas diga-se que ela se inscreve em uma tradição filosófica que transcende os limites da religião.

O olhar sobre o corpo da Pedagogia tradicional pode muito bem combinar com a perspectiva militar ou religiosa, como em outros tempos e outras exigências, com a industrial- -disciplinar, ou como no corriqueiro “pau pra toda obra”, pode servir ao projeto de submeter as pulsões e os desejos às normas ou à autoridade do intelecto, “projeto que organiza a vida dos alunos na escola da modernidade”.

Atentemos com Charlot (2009, p. 235) para o nó da questão:

Mas quais podem ser o lugar e a função da Educação Física em tal configuração pedagógica, já que o trabalho da educação do corpo incumbe à própria forma escolar, quadro de todas as disciplinas? No máximo, ele pode reforçar o currículo invisível da forma escolar pela prática de exercícios físicos normatizados e normatizantes ou por práticas esportivas nascidas fora da escola e de cunho freqüentemente elitista. A Educação Física tornou-se disciplina no sistema escolar da modernidade, mas nenhuma função específica lhe foi atribuída nesse sistema.

Embora a Educação Física esteja compreendida entre as disciplinas que compõem o rol taxativo da área de conhecimento da Comunicação e Expressão, assegurado pela Lei Federal n.

5.692 de 11 de agosto de 1971 (LDB), a disciplina não conseguia se justificar de fato até o marco/

acontecimento de outra Lei Federal, a n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (LDB), que lhe atribuiu o status de componente curricular. Cabe ressaltar, contudo, a existência do movimento reivindi- catório para tal, principalmente no campo acadêmico da área, antes da efetivação da referida lei.

O modo de disciplinamento que a Educação Física submete o corpo mediado pela Pedagogia tradicional, quer de inspiração militar ou religiosa ou a industrial-militar, no máximo só pode reforçar a visão reprodutivista de práticas esportivas nascidas fora da escola, como já salientado por Charlot.

Considerando a ponderação e a mensagem de Charlot acerca da função e das exigências que se punham à Educação Física em tempos distintos e a incapacidade dela operar a partir de uma função específica no sistema escolar como disciplina, ainda que com tal designação, apresentam-se as hipóteses do texto:

Primeira hipótese: a insatisfação de grande parte de professores do campo acadêmico da Educação Física diante da condição de não ter lhe sido atribuída nenhuma função na escola se deu no sentido de estabelecer uma articulação com a função social da escola, como pressuposto de uma sociedade democrática e republicana, colocando-se como desafio a construção de legitimação ético-política para os atores sociais do campo disciplinar nas escolas.

(33)

Segunda hipótese: como componente curricular, a Educação Física escolar deve atentar para a difícil e complexa relação entre teoria-prática,2 tendo em vista que o professor não pode somente aplicar “teoria” na “prática, mas (re)construir (reinventar) sua prática (Caparroz; Bracht, 2007, p. 27), na medida em que “os homens renovam com seu próprio trabalho uma realidade que os escraviza” e, “a consciência dessa oposição não provém da fantasia, mas da experiência”

(Horkheimer, 1975, p. 142).

Para iniciar a escrever sobre o envolvimento com a experiência de formação do Mestrado Profissional (Proef ) veio-nos uma instigante provocação acerca da leitura da epígrafe do texto de González e Fensterseifer (2009), “Entre o ‘não mais’ e o ‘ainda não’: pensando saídas do não lugar da EF escolar I”. Perguntávamo-nos se de fato [...] somos seres do não mais e do ainda não. E, se a situação de inquietação por não suportar, de certo modo, o vazio, estaria afetando somente os professores da Educação Física das Instituições Superiores – IES (campo acadêmico) ou também afetava os professores de Educação Física das escolas de Educação Básica (campo disciplinar)?

Entre um contato e outro, quando da realização das disciplinas, pareceu-nos que essa questão, desde logo, não afetava os professores. No decorrer das leituras e discussões, entretanto, percebeu-se que o que acontece nas aulas de Educação Física das escolas é algo que não se refere à diversidade interna dada a uma disciplina, mas de uma diversidade sob a denominação de “formas diferentes”. Quando da leitura do texto: Educação Física escolar:

entre o “rola bola” e a renovação pedagógica, com o uso do conceito “atuações docentes”, a afetação começa a se fazer sentir, principalmente com a apresentação das três categorias de atuações docentes apresentadas: práticas tradicionais; o abandono do trabalho docente (ou desinvestimento pedagógico) e as práticas inovadoras.

Assim, em nossos encontros, os professores/mestrandos, movidos pelo esforço metodológico da autocomparação de sua prática com cada uma das categorias apresentadas pelo texto, começam a manifestar a incerteza, a insegurança, a dúvida e o espanto. Tais condições fazem-se determinantes de aberturas para outros olhares sobre como se posicionar, ou responder a esse lugar denominado “entre o não mais” e o “ainda não” e, provocar-se, contun- dentemente, relendo sua prática social com os diversos textos disponibilizados pelas disciplinas como respostas à elaboração de projetos/processos de pesquisa sobre a própria prática social.

Em outro momento neste texto essa construção será abordada, como as experiências do Proef.

2 Vale destacar que para Max Horkheimer, é o papel da experiência que vai orientar a teoria crítica, pois tem-se como pontos de vista, que a teoria crítica retira da análise histórica como metas da atividade humana, principalmente quando se trata da ideia de uma organização social racional correspondente ao interesse de todos, são imanentes ao trabalho humano, sem que os indivíduos ou o espírito público os tenham presentes de forma correta. Precisa-se então, uma determinada direção do interesse para descobrir e assimilar essas tendências (Horkheimer, 1975, p. 142).

(34)

Ou seja, o movimento de reflexão sobre o que não queremos mais ou “entre o não mais” e o que gostaríamos de ser o “ainda não” configurou-se como uma demanda acadêmica, mas que reverberou entre os professores de Educação Física que atuam diretamente no chão da escola, de maneira que estes passam a questionar suas próprias práticas.

No intuito de reconhecer nos mestrandos a própria “construção social da realidade”, tendo em vista a consciência da experiência realizada, objetivou-se com o texto apresentar as possibilidades dos professores/mestrandos em agir com o seu “protagonismo criador” do processo de formação do Proef/FEF/UFMT.

Educação Física escolar no Brasil e os Desafios a seus Protagonistas

Para se falar em desafios de protagonistas da Educação Física escolar do Brasil contemporâneo, deve-se atentar para algo similar a uma revolução copernicana, isto é, o professor de Educação Física escolar como protagonista de sua prática pedagógica, um criador.

Mudança paradigmática (de atitude) que está para ocorrer ou já ocorrendo, o que até pouco há tempo era inacreditável e impossível de se configurar. Pensar, propor e construir as ações para/

com os seus alunos é quebrar com o padrão (modus operandi) de alguém que pensa externo ao contexto social (pesquisador) e propõe a ação para outro aplicar este conhecimento em uma ação (instrutor) junto de outros sujeitos.

Esse desenho já aparecia no inconformismo dos professores, sujeitos de investigação que configuravam um cenário de protagonismo da prática no estudo realizado por Borges (2005, p. 185):

[...] a experiência do trabalho cotidiano com os alunos parece ser, para os docentes, a principal fonte de aprendizagem da profissão e o local mesmo onde se edificam seus saberes profissionais e se constrói sua competência prática do ensino.

Diante do cenário da área, um belo desafio foi lançado por Fernando Jaime González, em prefácio ao livro “Educação Física escolar no Brasil: o que ela vem sendo e o que pode ser”, de Valter Bracht (2019). Como provocação construtiva, pondera que desde a década de 80 do século 20 estão colocados para os protagonistas enormes desafios. Estes, propostos pelo segmento crítico do Movimento Renovador, sugerem

[...] transformar a Educação Física em uma disciplina curricular responsável por tematizar, no âmbito da escola, o universo das práticas corporais como fenômeno cultural, assegurando aos alunos a aquisição de um conjunto de conhecimentos necessários à formação plena do cidadão (González, 2019, p. 15).

Como observado em nossas conversas com os professores/mestrandos do Proef, percebeu-se nos relatos desses sujeitos com suas investigações-ações (execução do projeto) sobre suas práticas pedagógicas, inúmeras dificuldades que serão apresentadas em outro momento do texto. Por ora, no entanto, quer-se com o aval de González (2019) reiterar alguns entraves que permeiam o Movimento Renovador de se fazer visível nos pátios escolares.

Imagem

Figura 1 – Foto dos professores das primeiras turmas do Proef do núcleo Unijuí (maio de 2018)
Figura 2 – Disciplinas do eixo comum, das linhas de pesquisa e uma eletiva
Figura 1 – Ambiente Virtual de Aprendizagem
Figura 3 – Disciplinas eletivas concentradas
+7

Referências

Documentos relacionados

Aliás, a esse respeito, por suas posições corporativas e autoritárias, principalmente em relação aos licenciados e às práticas escolares 2 , pode-se dizer que o