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Desafios da adaptação de aulas de Educação Física no período pandêmico para estudantes portadores de transtorno do espectro autista.

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DESAFIOS DA ADAPTAÇÃO DE AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PERÍODO PANDÊMICO PARA ESTUDANTES PORTADORES DE

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.1

CHALLENGES OF ADAPTATION OF PHYSICAL EDUCATION CLASSES IN THE PANDEMIC PERIOD FOR STUDENTS WITH AUTISM

SPECTRUM DISORDER

Pedro Favilla Ribeiro2

Mauro Fontoura Borges Neto3

RESUMO: Este estudo discute os resultados da pesquisa bibliográfica de caráter exploratório a partir da análise de artigos científicos publicados em periódicos da área de Educação Física no período de março de 2020 a dezembro de 2022. Os artigos foram selecionados tomando como referência a temática sobre as aulas de Educação Física adaptadas para ambiente EAD, que atendessem aos estudantes diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista, TEA. O objetivo da pesquisa foi analisar e discutir quais as principais dificuldades enfrentadas por professores de Educação Física, no processo de produção planejamento e intervenção de aulas de Educação Física, no ambiente EAD, para estudantes diagnosticados com o TEA no período pandêmico. Para a delimitação do corpus inicial de análise foram utilizados, inicialmente no levantamento, os seguintes termos, a saber: Autismo; Educação Física; EAD e Pandemia. Não foi possível encontrar artigos publicados nos periódicos no período determinado que correspondessem exatamente à temática tratada. No entanto, realizamos a análise dos periódicos que por aproximação correspondessem aos critérios parciais das categorias elencadas no referido estudo, tais como: Autismo;

Educação Física; EAD e Pandemia. problematizamos as ausências de reflexões e publicações na área e inferimos sobre um possível silenciamento sobre os desafios apresentados ao professor em lidar com a referida temática em sala de aula na modalidade EAD.

Palavras-chave: Ensino Remoto; Educação Física; Autismo.

ABSTRACT: This study discusses the results of exploratory bibliographical research based on the analysis of scientific, papers published in journals in the field of Physical Education from March 2020 to December 2022. Physical Education adapted for the distance learning environment, which catered to students diagnosed with Autistic Spectrum Disorder, ASD. The objective of the research was to analyze and discuss the main difficulties faced by Physical Education teachers, in the planning and intervention production process of Physical Education classes, in the distance learning environment, for students diagnosed with ASD in the pandemic period. For the delimitation of the initial corpus of analysis, the following terms were initially used in the survey, namely: Autism; Physical education; EAD and Pandemic. It was not possible to find articles published in the periodicals in the determined period that corresponded exactly to the treated theme. However, we carried out the analysis of journals that roughly matched the partial criteria of the categories listed in that study, such as:

Autism; Physical education; EAD and Pandemic. we problematized the absence of reflections and publications in the area and inferred about a possible silencing of the

1 Trabalho Final de Curso Pós-Graduação Latu Sensu em Educação Física Escolar do Instituto

Federal do Espírito Santo – Campus Vitória.

2 Licenciado em Educação Física, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES.

favillapedro@gmail.com.

3 Mestre em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES.

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challenges presented to the teacher in dealing with the aforementioned theme in the classroom in the distance learning modality.

Keywords: Remote Learning; Physical education; Autism.

1 INTRODUÇÃO

No início do ano de 2020 a população mundial se deparou com uma crise sanitária sem precedentes desde o início do século XX4. No Brasil e no mundo, foram tomadas medidas de isolamento social para impedir a propagação de um vírus Sars-covid 19, as escolas não fugiram à regra. Aulas foram interrompidas por um grande período e quando se avaliou que essa interrupção se daria por tempo indeterminado, ferramentas foram utilizadas para que o impacto aos estudantes fosse diminuído. Essas ferramentas, que já eram utilizadas em cursos de ensino remoto, em algumas modalidades específicas, se tornaram padrão para os diversos componentes curriculares na escola.

Professores foram obrigados a se adaptar rapidamente a essa realidade imposta pela natureza e pelo estado, sem ter o tempo e a capacitação necessária para a utilização das ferramentas de ensino à distância.

Em paralelo, estudantes portadores de transtornos globais do desenvolvimento, mais especificamente, Transtorno do Espectro Autista, indivíduos que por sua condição especial já necessitavam de níveis de suporte diferenciais e condições peculiares oferecidas pela escola, também tiveram que se adaptar às circunstâncias impostas pela pandemia.

Para a Educação Física foram grandes os desafios pois, trata-se de disciplina que reconhece o corpo como elemento e objeto de intervenção, corpo que necessita do espaço, do movimento e da interação com outros indivíduos para se legitimar e desenvolver. Nesse sentido, como fomentar essas dinâmicas em pleno isolamento social?

Com as quadras fechadas e as atividades coletivas interrompidas, produziu-se um cenário caótico e até então inverossímil para o professor que, teve pouco tempo para se adaptar a essa nova realidade.

4 Referência à gripe espanhola, pandemia do vírus influenza que durou cerca de dois anos,

entre 1918 a 1920 e infectou cerca de 500 milhões de pessoas.

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Neste artigo, buscamos discutir esses desafios e obstáculos selecionando e analisando artigos científicos da área de educação física, cuja temática envolvessem os termos: educação física, autismo, EAD e pandemia.

Por meio de pontos em comum discutidos por diferentes autores em publicações no período pandêmico, buscamos traçar paralelos e descrever aspectos que, problematizassem os desafios e obstáculos aos quais o professor de educação física se deparou durante as aulas remotas.

Teriam os professores de educação física conseguido, no período pandêmico, desenvolver aulas de maneira adequada, utilizando as ferramentas de ensino à distância com estudantes portadores de transtorno do espectro autista? Os obstáculos encontrados foram limitantes e determinantes para o insucesso, ou motivadores e propulsores de uma transformação da prática docente, juntamente com uma nova perspectiva a respeito do planejamento das aulas de educação física escolar?

Com o propósito de investigar essas questões, partimos para a pesquisa em publicações de periódicos científicos que tratassem da educação e da educação física mais especificamente, selecionando publicações com essa temática.

A seguir descrevemos mais detalhadamente a metodologia utilizada e o tipo de pesquisa escolhida para dirigir esse estudo.

2 METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de cunho exploratório que, segundo Marconi e Lakatos (1992), caracteriza-se pelo levantamento de bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com grande parte do material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o pesquisador na análise de suas questões ou na construção de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica, comenta Cordeiro:

Apresenta uma temática mais aberta; dificilmente parte de uma questão específica bem definida, não exigindo um protocolo rígido para sua confecção; a busca das fontes não é pré-determinada e específica, sendo frequentemente menos abrangente. A seleção dos artigos é arbitrária, provendo o autor de informações sujeitas ao viés

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de seleção, com grande interferência da percepção subjetiva.

(CORDEIRO et al., 2007, p. 429).

A partir da temática tratada, Educação Física, Ensino à Distância no período pandêmico e TEA, realizamos uma busca em plataforma digital em periódicos científicos a partir das seguintes temáticas: Autismo, Pandemia, Ensino à Distância. Nessa etapa inicial, selecionamos 12 artigos cuja publicação compreendeu o período pandêmico de março de 2020 a dezembro de 2022.

Foram selecionadas para tal as revistas cientificas mais relevantes na área e as publicações compreendidas no que avaliamos ser o período de maior influência pandêmica em que as medidas restritivas de distanciamento social impediram a prática das aulas presenciais.

Sendo assim, nosso recorte de busca permaneceu do período entre março de 2020 a meados de dezembro de 2022. Nesse período buscamos primeiramente títulos que abarcassem todos os termos citados acima numa correlação clara e similar ao problema proposto por nosso estudo, ou seja, compreender os desafios apresentados aos professores de Educação Física em planejar e avaliar aulas em ambiente EAD, para estudantes, inclusive estudantes compreendidos dentro do espectro autista.

Na primeira etapa da busca, apenas um artigo apresentou aspectos relevantes no que tange a nosso problema de investigação.

Em um segundo momento flexibilizamos a proposta, buscando os termos citados, separados nos temas/títulos das publicações, mas ainda assim preconizando uma certa similaridade ao objetivo da nossa problematização.

Com esse crivo mais abrangente conseguimos selecionar por meio da análise dos títulos 12 artigos de relevância que, compreendidos dentro do intervalo temporal delimitado, possuíam os termos considerados na temática e congruência ao nosso propósito.

No terceiro momento esmiuçamos a leitura dos treze artigos e selecionamos de forma mais criteriosa os artigos que apresentavam em suas problematizações similaridade ao nosso tema. A partir daí reduzimos para 8 os artigos selecionados para análise.

Podemos separar as publicações em subseções, a saber:

 Aquelas que apresentavam experiências de determinas intervenções pedagógicas a alunos com TEA, em espaço escolar ou não (6 artigos)

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 Aquelas que tratavam de forma isolada a experiência do ensino EAD no período pandêmico (5 artigos)

 E em apenas 1(um) conseguimos correlacionar Educação Física e aulas remotas para um público especial, no caso o artigo denomina deficientes em seu título, contudo ao avaliar o conteúdo do trabalho os autores classificam como deficiência transtornos do desenvolvimento em que pode ser incluído o autismo, porém, não necessariamente.

Portanto, observamos que, dentro da temática proposta, do recorte temporal e das revistas determinadas, não foi encontrado uma única publicação que abrangesse todos os termos propostos na perspectiva ao qual delimitamos em nosso estudo.

No segundo momento da análise realizamos o fichamento dos (08) artigos selecionados e destacamos categorias que correspondessem tanto ao TEA quanto ao ensino remoto inferindo sobre os possíveis desafios em lidar com esse público escolar na modalidade à distância.

Segue abaixo a tabela com a descrição dos periódicos:

Revista/edição na qual foi encontrado

Título Autores

Movimento 28 • 2022 O ensino remoto de educação física em narrativa: entre rupturas e aprendizados na experiência com a tecnologia

Leilane Shamara Guedes Pereira Leite Alan Queiroz da Costa Marcio Romeu Ribas de Oliveira Allyson Carvalho de Araújo

Revista Movimento 2020 O movimento e a emergência do jogo de papéis na criança com autismo

José Francisco Chicon, Ivone Martins de Oliveira, Mônica Frigini Siqueira

Revista Movimento 2020 A linguagem como instrumento de inclusão social: uma experiência de ensino do hip hop para jovens e adultos com deficiência intelectual e autismo

Ingrid Rosa Carvalho*, Joyce Klein*, Daiane Matheus Pessoa*, José Francisco Chicon*, Maria das Graças Carvalho Silva de Sá

Revista Movimento 2020 Educação física escolar em tempos de distanciamento social: panorama, desafios e enfrentamentos curriculares

Roseli Belmonte Machado et al.

Revista Movimento 2021 Adequações didático-metodológicas na prática do surfe para pessoas com transtorno do espectro autista

Letícia Baldasso Moraes, Alcyane Marinho

Revista Movimento 2021 Potencialidades e limitações da educação física no ensino remoto: o efeito pandemia no componente curricular

Antônio Azambuja Miragem, Luciano de Almeida

Revista Movimento 2022 Distanciamento social e o ensino de Educação Física Allyson Carvalho de Araújo, Alan Patrick Ovens

Motrivivência v. 32 n. 61 (2020)

O papel do professor de Educação Física na atuação com pessoas com transtorno do espectro autista em um programa de esporte e lazer de Florianópolis (SC)

Wihanna Cardozo de Castro Franzoni , Alcyane Marinho

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Motrivivência v. 34 n. 65 (2022)

Educação Física escolar e o transtorno do espectro autista:

uma revisão integrativa

Luan Gonçalves Jucá, George Almeida Lima, Carlos Henrique Nascimento de Cristo Junior, Flaviane Lopes Siqueira Salles

Pensar a Prática v. 24 (2021) Educação física e aulas remotas: um olhar para o trabalho com alunos com deficiência em escolas do Rio Grande do Sul

Caroline Maciel da Silva Roseli Belmonte Machado Denise Grosso da Fonseca

Pensar a Prática v. 25 (2022) O currículo cultural da Educação Física no ensino remoto emergencial

Raquel Aline Pereira de Souza , Marcos Garcia Neira

Revista brasileira de educação física e esporte

Educação física inclusiva e autismo Schliemann A, et al.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ENSINO À DISTÂNCIA

O período pandêmico, que aqui consideramos como recorte em nossa pesquisa foi compreendido entre o marco de 2020 a dezembro de 2022, intervalo temporal, que por razões sanitárias buscaram conter a disseminação do vírus Sars Covid-19. Neste período, estipularam-se medidas de distanciamento social em todas as esferas de convivência. No ambiente escolar não foi diferente, aulas presenciais foram suspensas e espaços escolares fechados.

Para que houvesse continuidade no processo pedagógico dos estudantes, considerando a situação ímpar vivida durante a pandemia, foram utilizadas e aperfeiçoadas e tecnologias de ensino Remoto, que já faziam parte dos procedimentos aplicados em cursos na modalidade EAD. Contudo, como se utilizar dessas ferramentas em conteúdo de natureza predominantemente prática? Ainda mais em populações especificas com necessidades especiais?

Dessa forma, comentam os autores:

Quando pensamos em Educação Física na escola, prontamente temos lembranças relacionadas aos espaços (enquanto lugares praticados), como o pátio e o ginásio, que devido a fatores oriundos do imaginário social construído ao longo de sua história, que enquanto campo do conhecimento conectam a relação da práxis pedagógica com os espaços onde ela se materializa. No contexto (pandêmico) houve uma sumária ruptura dessa ligação estruturante, a qual desafia todo o processo contínuo de ressignificação emergente da própria EF das últimas décadas. (MIRAGEM & ALMEIDA, 2021, p.03)

Sendo assim, a ausência de um espaço físico presencial para a realização das atividades eminentemente práticas de educação física produziu desafios que

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geraram outras possibilidades de ressignificar o lócus característico da educação física escolar, ou seja, o ginásio e a quadra foram transportados para as salas das residências e quintais.

O ensino remoto, assim como as dificuldades do cotidiano escolar não formam fato novo dentre os obstáculos da prática pedagógica, porém, com o advento pandêmico, o ensino remoto EAD deixou de ser uma ferramenta opcional para se tornar modos operandi fundamental e absoluto. Tal fato acarretou uma ruptura na relação professor aluno desencadeando também uma transformação no cotidiano das famílias, como versa os autores:

A partir do propósito de compreender o modo como a Educação Física Escolar se posicionou nas aulas remotas em tempos de distanciamento social frente à pandemia de Covid-19, afirma-se que a Educação Física acompanhou as demais atividades das escolas.

Contudo, muitas dificuldades foram evidenciadas: entraves nas relações entre famílias, alunos e professores; a dificuldade e falta de acesso e de conhecimento sobre como operar com as tecnologias da informação e da comunicação; a valorização de saberes conceituais em detrimento de saberes corporais e de saberes atitudinais; e a falta de interação entre os sujeitos. (MACHADO & FONSECA &

MEDEIROS & FERNANDES, 2020, p.12)

Mais adiante os autores descrevem o paradoxo entre a realidade da prática pedagógica da Educação Física e os desafios entre a teoria e a prática nesse campo de conhecimento na escola, desafios já existentes antes da crise sanitária. Tais aspectos são apresentados sob esse novo prisma, isto é, o do ensino remoto. Nesse sentido, a realidade se coloca de maneira inexorável e impõe adaptações, revelando que não existe um modelo ideal para essa modalidade de ensino, apenas meios para que o processo não se interrompa por inteiro, pois:

O enfrentamento de algumas dessas questões em períodos de

“normalidade” não são nenhuma novidade, uma vez que possuem raízes históricas que se confundem com a constituição da própria EF como campo de conhecimento. Estas estão vinculadas a vários desafios, dentre eles: o tratamento da incontornável relação teoria e prática, presente em todas as áreas do conhecimento, mas que se acentua na EF devido ao seu estreito vínculo com as práticas corporais; a motivação à prática das aulas de EF; os dilemas conteudistas ou a falta de uma proposição curricular coerente com as especificidades de nosso campo de tematização e os propósitos da escola enquanto instituição democrática e republicana, para os diferentes contextos, níveis e modalidades de ensino em que atuamos. (MACHADO & FONSECA & MEDEIROS & FERNANDES, 2020)

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Assim, com a imposição do distanciamento social, por razões sanitárias, devido à pandemia de Covid- 19, ocorreram transformações significativas na escola que impactaram principalmente as crianças. Embora tenham sido aplicados ferramentas e protocolos de atendimento à distância, por meio da tecnologia, com a finalidade de se manter a continuidade das aulas, determinados conteúdos, principalmente aqueles que necessitavam da realização de atividades em grupo para sua execução, enfrentaram grandes desafios para serem ministrados, como foi o caso da Educação Física.

Como realizar uma aula de Educação Física em ambiente EAD? Nessa perspectiva, o apoio dos pais de estudantes na confecção e realização das atividades foi fundamental, pois possibilitou, diante dessas limitações impostas pelo acaso, a realização das atividades propostas. Mesmo utilizando-se de criatividade e de planejamento em conjunto, não podemos deixar de considerar os possíveis obstáculos encontrados no ambiente domiciliar dos estudantes para a realização das atividades, tais como: interrupções, espaços inadequados, ruídos indesejáveis, ausência de formação pedagógica do responsável da família, etc.

E as aulas práticas, como foi essa experiência? Foi exitosa? É possível realizar e provocar os estímulos desejados ao desenvolvimento corporal dos nossos estudantes nas condições do ensino remoto? E quanto a população de estudantes diagnosticados com o TEA, esses estudantes foram atendidos, apesar de todas essas limitações? Há pontos positivos a se observar dessa experiência? O que podemos aproveitar agora em condições ditas normais que possa ser reutilizado ou adaptado, para intervenções em ambiente escolar?

Buscando ampliar essas questões, foi realizado um estudo bibliográfico exploratório, propondo analisar e discutir o conteúdo das publicações em periódicos compreendidas no período pandêmico, que tiveram como tema ou objeto as aulas de Educação Física adaptadas para a metodologia EAD realizadas ou planejadas para estudantes da Educação Básica, inclusive aqueles compreendidos dentro do espectro autista. Destacam-se neste artigo os principais aspectos encontrados durante a realização da pesquisa.

3.2 O QUE DIZEM OS ARTIGOS

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A princípio, destacamos em vários desses artigos descrições de diferentes autores para o que se define como transtorno do espectro autista:

(...) autismo típico é caracterizado, segundo Gadia, Tuchman, eRotta (2004) e, ratificado por Neves et al (2014), pelas manifestações comportamentais que incluem déficits qualitativos na interação e na comunicação, por padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e por repertório restrito de interesses e atividades, sendo que, os referidos comprometimentos são identificados antes dos três anos de idade (CAMPELO DE LIMA ET AL., 2017, p.02).

Cabe observar que dentro da nossa parametrização não delimitamos faixa etária a ser observada, contudo a partir da definição dos autores a respeito do TEA, é significativo salientar que tanto no ensino fundamental quanto na educação infantil já é possível observar indícios comportamentais indicativos ao TEA. Assim sendo, podemos observar mais um obstáculo da dinâmica do ensino EAD, no que tange a observação comportamental in loco que auxilia a indicar um possível transtorno do estudante.

Mais a frente temos mais definições:

Em 2013 a American Psychiatry Association apresentou uma nova versão do Diagnostic and Statistical Manualof Mental disorders -DSM-5 que aponta que os indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA) apresentam sintomas que começam na infância e comprometem a capacidade do indivíduo no seu dia a dia, sendo apresentado o diagnóstico que indica: déficit de comunicação, de interação social, alteração de comportamentos emocionais, diminuição das expressões faciais e da comunicação não verbal, fixação em objetos e aumento do estimulo sensorial (CAMPELO DE LIMA ET AL., 2017, p.02)

Nossa pesquisa não teve como objetivo avaliar a eficácia das abordagens terapêuticas e/ou pedagógicas quanto ao propósito de atingir o desenvolvimento dos indivíduos TEA, a elas submetidos. Apenas observamos e buscamos trazer à discussão a dificuldade de se desenvolver as atividades propostas a um público tão peculiar em condições como o ensino remoto mesmo se utilizando de ferramentas da tecnologia. Se já é desafiador o ensino da Educação Física na modalidade remota, no que se refere ao desenvolvimento e execução dos conteúdos práticos para um publico tão especial, os desafios se tornam bem maiores. No entanto, não pretendemos de forma alguma, ao trazer essa problematização, limitar o potencial de desenvolvimento do público TEA, como traz aqui a seguir autores que corroboram a respeito:

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O indivíduo com TEA pode desenvolver comunicação verbal, integração social, alfabetização e outras habilidades dependendo do seu grau de comprometimento e da intensidade e adequação do tratamento. Estes tratamentos algumas vezes são realizados por meio de práticas pedagógicas e terapêuticas não verbais, geralmente realizados por uma equipe multidisciplinar nas áreas de psiquiatria, fonoaudiologia, psicologia, educação física, psicopedagogia e outras (AJURIAGUERRA,2002 apud CAMPELO DE LIMA et al, 2017, p.02)

Ainda podemos apontar mais desafios tais como nos dizem os autores:

Entre as peculiaridades do desenvolvimento de crianças com autismo, encontra-se o movimento. Sua expressão corporal, muitas vezes, é caracterizada pelas estereotipias, pela não coordenação de movimentos, pela agitação motora, pela impulsividade emocional, o que, por vezes, gera desconforto e conflitos no espaço escolar, dificuldades na condução das aulas e no atendimento às necessidades educativas delas (SANTOS; LUZ; GOMES; LIRA, 2017apud CHICON et al.2020, p.02).

Sendo assim podemos inferir analise a partir desse material observado e começar a elencar pontos em comum nessas publicações que caracterizam se como sendo agentes dificultantes na pratica pedagógica do professor de educação física. A partir desses paralelos podemos observar de que maneira esses obstáculos se perpetuam e obedecem ou não padrões pré-estabelecidos dignos de nota.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo inicial de nossa pesquisa foi selecionar artigos que correspondessem à temática retratada, ou seja, a identificação dos principais desafios da realização das aulas de educação física escolar adaptadas, durante o período pandêmico, aos estudantes diagnosticados com o TEA.

Contudo, no primeiro recorte temporal junto aos periódicos selecionados, não obtivemos êxito. Já na segunda tentativa mais abrangente onde flexibilizamos a busca segundo a parametrização de selecionar os termos de forma segregada, mas que tivessem um mínimo de correlação com a problematização proposta em nossa temática, conseguimos separar material significativo para análise.

Inferimos que, dos principais desafios e obstáculos que os professores enfrentaram ao utilizarem dispositivos tecnológicos a fim de dar continuidade às aulas de educação física no período pandêmico podemos citar:

a) Deficiência na formação (currículo). A proposta curricular dos cursos de educação física não prepara suficientemente o futuro professor para aplicação de suas aulas em contextos não convencionais. Da mesma maneira se apresenta incompleta ao desenvolver no professor as

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capacidades para trabalhar com determinados públicos especiais como o TEA.

b) Conflito metodológico entre teoria e prática na educação física, que condiciona as aulas a dinâmicas em quadras ou praças esportivas, limitando as possibilidades de intervenção que se distanciem desse paradigma.

c) Realidade cultural e sócio econômica, capacidade de difundir as novas tecnologias no meio pedagógico, capacidade de assimilação das novas ferramentas de comunicação.

Nesse sentido, nessa fase da pesquisa, conseguimos apontar obstáculos, frutos de uma abordagem inicial de interpretação dos artigos com base em termos correlacionados. Não nos foi possível vislumbrar um quadro mais abrangente, o que claramente deixou lacunas. Nos aspectos destacados a discussão apresentou elementos a serem aprofundados posteriormente. Dessa forma, nos cabe em futuros estudos esmiuçar o tema, apontando novas discussões e aprofundar aquelas já observadas.

Do que já discutimos é evidente que nos deparamos com o professor como personagem fundamental no processo pedagógico. Apesar das possíveis transformações nas tecnologias e dos desafios constantes de um público alvo com necessidades específicas, discente, o mediador sempre estará como atuante principal no processo de ensino aprendizagem. A educação física como disciplina e ferramenta de desenvolvimento humano, deve seguir nessa senda, isto é, buscar sua legitimação no papel transformador da sociedade.

A ausência da correlação exata do tema proposto inicialmente com os resultados encontrados durante o desenvolvimento do estudo, também pode ser considerado um resultado a ser analisado, pois, esse silenciamento, demonstra poucos trabalhos elaborados nessa proposta investigativa. Sendo assim, constatamos a necessidade de maior pesquisa a respeito do assunto, propondo que, mais estudos que correlacionem de forma direta educação física, autismo e ensino remoto sejam realizados.

REFERÊNCIAS

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espectro autista: as possibilidades para o profissional de educação física.

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MIRAGEM, A. A.; ALMEIDA, L. de. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO REMOTO: O EFEITO PANDEMIA NO

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COMPONENTE CURRICULAR. Movimento, [S. l.], v. 27, p. e27053, 2021.

DOI: 10.22456/1982-8918.111633. Disponível em:

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MORAES, Letícia Baldasso; MARINHO, Alcyane. Adequações didático- metodológicas na prática do surfe para pessoas com transtorno do espectro autista. Movimento: Revista de Educação Física da UFRGS, Porto Alegre, v.27, e26067, p. 01- p.19, novembro, 2021.

Disponível em: DOI: 10.22456/1982-8918.114664.

Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/114664.

Acesso em 22 de março de 2023.

PEREIRA DE SOUZA, R. A.; GARCIA NEIRA, M. O currículo cultural da Educação Física no ensino remoto emergencial. Pensar a Prática, Goiânia, v.

25, 2022. DOI: 10.5216/rpp. v25.69552. Disponível em:

https://revistas.ufg.br/fef/article/view/69552. Acesso em: 22 mar. 2023.

SCHLIEMANN, A.; ALVES, M. L. T.; DUARTE, E. Educação física inclusiva e autismo: perspectivas de pais, alunos, professores e seus desafios. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, [S. l.], v. 34, n. Esp., p. 77-86, 2020. DOI: 10.11606/1807-5509202000034nesp077. Disponível em:

https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/173149. Acesso em: 22 mar.

2023.

(15)

PEDRO FAVILLA RIBEIRO

DESAFIOS DA ADAPTAÇÃO DE AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PERÍODO PANDÊMICO PARA ESTUDANTES PORTADORES DE TRANSTORNO

DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho Final de Curso apresentado ao Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Educação Física Escolar, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Física Escolar.

Aprovado em 20 de março de 2023

COMISSÃO EXAMINADORA

Mestre Mauro Fontoura Borges Neto Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes

Orientador

(Telepresença: Portaria Nº 783 de 19/11/2021 - Campus Vitória)

Mestre Igor Barbarioli Muniz Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes

Membro Interno

(Telepresença: Portaria Nº 783 de 19/11/2021 - Campus Vitória)

Doutor Filicio Mulinari e Silva Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes

Membro Externo

(Telepresença: Portaria Nº 783 de 19/11/2021 - Campus Vitória)

(16)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E CONTRATOS

FOLHA DE ASSINATURAS

Emitido em 20/03/2023

FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC Nº 2/2023 - VIT-CEF (11.02.35.01.09.02.07) NÃO PROTOCOLADO)

(Nº do Protocolo:

(Assinado digitalmente em 22/03/2023 19:16 ) FILICIO MULINARI E SILVA

PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO ITA-CCLCA (11.02.24.01.08.02.03)

Matrícula: 1122047

(Assinado digitalmente em 22/03/2023 11:01 ) IGOR BARBARIOLI MUNIZ

PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO VIT-CEF (11.02.35.01.09.02.07)

Matrícula: 2259318

(Assinado digitalmente em 21/03/2023 14:38 ) MAURO FONTOURA BORGES NETO

PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO VIT-CEF (11.02.35.01.09.02.07)

Matrícula: 2317893

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, data de emissão: e o código de verificação:

FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC 21/03/2023 6a687875e1

Referências

Documentos relacionados

Essa pesquisa foi realizada com os Professores das disciplinas de Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Matemática, Ciências Físicas e Biológicas, História