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Desenho Janela : relação entre o desenho e o cinema

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Academic year: 2023

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Eu, Carolina Caramujo Machado, declaro que este projeto de mestrado intitulado “DESENHO JANELA” é resultado de minha pesquisa pessoal e independente. Na segunda parte do trabalho, observaremos diversos filmes que utilizam o desenho como elemento narrativo para a construção da história e planejamento imagético.

Notas sobre o surgimento da perspectiva e as suas implicações na criação das imagens até ao

Existe Cinema sem Desenho?

Desenhar e filmar com dois modos de imagem que andam de mãos dadas, partilham territórios e modos de observação.

Influências da Pintura Renascentista no Cinema: Conceito de quadro-janela e a Câmara

A primeira análise apresenta a gestão do espaço da tela de uma pintura desse período e de um plano/quadro de um filme, em ambas as formulações desses conceitos a ideia de representar a multiplicidade de planos de ação que se desenrolam simultaneamente lado a lado de perspectiva. Uma lente em uma caixa – câmera – obscura é o início de um pensamento fotográfico que oferece ao pintor renascentista uma ajuda para observar e, finalmente, também para pensar.

Dispositivos e Fenómenos Ópticos Oitocentistas

Nas suas criações de sequências fotográficas, Muybridge explora a desconstrução do movimento de um corpo, levando o espectador a analisar cada detalhe que marca e distingue o gesto – para depois animar esses mesmos fotogramas. Como já desenvolvido neste primeiro capítulo, na década renascentista “o modelo da câmera obscura corresponde ao desenvolvimento de um aparato técnico, semântico e político (a perspectiva frontal, inventada em Florença nas primeiras décadas do século XV)” ( Sardo, 2017 , p. .9).

O Desenho na origem de filmes

Eisenstein e o Desenho: relação com o Desenho

Desde a pré-produção – escrever um roteiro (argumento), projetar um storyboard – até a pós-produção – découpage (edição) do filme – Eisenstein recorreu ao desenho como a primeira forma de mostrar suas ideias, muito antes de ir para as palavras. Mas também sabemos que no mercado de trabalho cinematográfico é muito raro um diretor de cinema ser também autor dos desenhos de estudo para a direção de arte do filme. De que forma o desenho se enraíza no planejamento e na montagem de um filme, a ponto de manipular os acontecimentos.

O ponto de partida do capítulo central O Desenho nas Origens de um Filme inicia-se com o estudo do processo criativo de Peter Greenaway e como este autor se concentra em utilizar o desenho como ferramenta de pesquisa para conceber a linguagem visual de suas obras cinematográficas, enfatizando que . filme: O Contrato do Desenhista (1982). Nessas imagens, ambas as ideias presentes nas diversas composições de desenhos e filmes funcionam de forma unificada, permitindo ao espectador ver os fotogramas do filme – visualmente ricos em detalhes – pela perspectiva de um designer que consegue utilizar os fotogramas/ quadro cinematográfico como ele é, isto é, como quadro/desenho/pintura. Dessa forma, o desenho faz parte de um processo interno de pesquisa artística e conceitual em todos os seus filmes.

No entanto, esta perspetiva que apresento será dedicada ao cinema live action, onde o design não é o produto final, mas sim parte do processo e da conceção da narrativa visual de um filme. A “imagem embrionária” traz à tona da base artística o que há de mais puro e simples para o início do conceito de uma obra. No processo de montagem, notou-se a necessidade de alterar algumas das ordens preestabelecidas no roteiro, encarando cada cena como uma peça de quebra-cabeça, de uma “imagem embrionária” maior que as pequenas partes que a compõem.

Figura 1 - Um dos primeiros desenhos com referências de banda desenhada realizados na adolescência de Eisenstein
Figura 1 - Um dos primeiros desenhos com referências de banda desenhada realizados na adolescência de Eisenstein

Akira Kurosawa e o Desenho: Ilustrações coloridas para a atmosfera dos seus filmes

Peter Greenaway – The Draughtsman's Contract (1982)

O método de construção deste projeto de filme é baseado no design, já que Peter Greenaway projetou todas as cenas de The Draughtsman's Contract antes de desenvolver o roteiro do filme. Ao projetar primeiro os locais onde pretende encenar o filme, Peter Greenaway reflete performativamente sobre o processo de fazer o filme por meio do desenho. Refira-se que Peter Greenaway iniciou a sua vida académica no Walthamstow College of Art a estudar pintura, pelo que a sua cultura visual é caracterizada por referências à história da arte, destacando-se o estilo da arte renascentista e barroca.

Essa forma de pesquisa artística de Peter Greenaway é a forma do autor ensaiar o filme por meio do desenho, e por meio desse ensaio pensar em como ele irá posteriormente executar e encenar as filmagens. Uma vez que o desenho serve de ensaio para o filme, é portanto uma forma performativa de pesquisa artística, que mais tarde resultará na realização cinematográfica, através da performance real de Peter Greenaway na interpretação da mão do Sr. É por meio da performance da mão de Peter Greenaway que se realiza a fusão entre os limites do ato de desenhar e do ato de filmar.

Neste último quadro, pode-se observar o jogo visual que Peter Greenaway decide colocar diante do espectador desse dispositivo de demarcação da imagem, o quadro negro que o personagem Sr.

Peter Greenaway – The Cook, The Thief, His Wife and Her Lover (1989)

Os elementos de cor no quadro brincam com o movimento, o gesto, a harmonia de significados multicamadas, e o design é transformado na base sobre a qual se baseiam as emoções visuais do filme. Ao propor conectar o estado emocional entre as cores e formas que vemos expostas no quadro em diferentes planos de perspectiva - como em um desenho - o que essas cores e formas representam na narrativa cinematográfica é uma gramática visual. Para quem lida com cinema de animação, esse tema torna-se totalmente evidente e supérfluo, pois para os profissionais da área o desenho é, antes de tudo, o início e o fim da expressão formal do projeto.

Víctor Erice – El Sol Del Membrillo (1992)

O cinema, mais do que qualquer outra expressão artística, é um campo polivalente que não sobrevive sem a observação e exploração pictórica do movimento, que nasceu com o desenho e a pintura como protagonistas de uma tentativa de compreensão da cor, da forma, do movimento, do enquadramento e da composição do quadro. A estrutura da montagem é perceptível: a passagem do tempo nos planos repetidamente demonstrados, os mesmos cenários apresentados em diferentes estados ambientais – nomeadamente o marmeleiro, filmado incessantemente a partir de múltiplos pontos de vista, em diferentes escalas de planos, os diferentes tempos de o dia, com e sem personagens humanos ao seu redor, com diferentes condições climáticas. O desejo do pintor de captar a cor e a luz que iluminam a árvore é a condição narrativa que rege e orienta o espectador na visualização do filme.

Mas o elemento que nos faz observar e refletir sobre esse desejo, que leva o espectador a questionar os objetivos, é a própria naturalidade com que o desenho e a pintura dialogam com o marmeleiro, o que não permite ao pintor prosseguir com a sua obra porque depende disso. sobre as regras orgânicas inerentes ao processo de esboçar, desenhar e colorir uma natureza.

Figura 16 - Still de Victor Erice (Realizador e Argumentista). (1992). El Sol del Membrillo (longa-metragem)
Figura 16 - Still de Victor Erice (Realizador e Argumentista). (1992). El Sol del Membrillo (longa-metragem)

José Luis Guerín – Dans la ville de Sylvia (2007)

Plenitude Solar (trabalho de projeto)

Metodologia de Trabalho

  • Imagem Embrião

Fundamentação Artística

  • Filmar como quem faz um autorretrato

Esta vertente da linguagem gráfica do desenho, enquanto elemento definidor do filme, joga no meu trabalho a forma como pretendo toda a temática do filme, e dos desenhos que posteriormente foram elaborados, num espaço híbrido onde existe a imagem estática e a imagem em movimento alimentam-se, numa dialéctica de partilha e transmissão de informação gráfica.

Descrição do Projeto

  • Tratamento cinematográfico da curta-metragem
  • Filme Híbrido
  • Textos e desenhos do diário gráfico de investigação do projeto

Neste curta-metragem, o desenho e a música representam uma entidade narrativa que se comporta como um único personagem principal. Entre todas as mulheres, uma personagem se destaca e permanece inalterada ao longo da narrativa: uma designer que observa e capta todas essas mulheres que a conhecem em seu diário gráfico. A ideia do tableau vivant, o tableau vivant, foi uma das ideias iniciais para desenvolver uma narrativa sem os preconceitos clássicos do roteiro - onde há um problema e uma solução - e dar lugar a um curta-metragem ensaístico , onde a imagem desempenha o papel principal.

O desejo de incluir as linhas que compõem as formas (que deram origem à “imagem embrião”) e que se desdobram diante de mim como uma realidade. No caso do cineasta, é muito importante a organização da sequência de imagens, que à primeira vista não possui uma narrativa linear, mas se baseia em uma narrativa visual regida pelas sensações visuais e poéticas da “imagem embrionária”. Tal como no filme El Sol del Membrillo, a ideia de hibridismo disciplinar entre ficção e documentário foi uma questão chave para todo o desenvolvimento da narrativa da curta-metragem e dos desenhos que a complementam, tanto os que compõem o filme como os que trabalhar de forma autônoma. .

Figuras 28 a 34 – Textos e desenhos de Carolina Caramujo, em pesquisa e exploração do tema para o curta-metragem.

Figura 17 – Conceitos de investigação cinematográfica.
Figura 17 – Conceitos de investigação cinematográfica.

A sentada em frente à sequóia, a menina ilustradora desenha em seu diário gráfico a menina cantando e tocando violão. Feito com referências visuais de filmes e bancos de imagens da internet (Pexels e Pinterest) e com algumas das cenas já filmadas deste curta-metragem. ESCALA: Plano de detalhe - Panorama vertical - de baixo (do café) para cima (fixado na caligrafia do caderno).

Textos e desenhos de Caroline Caramujo, na pesquisa e exploração de um tema para um curta-metragem.

Dossier do Projeto Artístico

  • Ficha Técnica da curta-metragem
  • Guião
  • Montagem
  • Storyboard do filme
  • Desenhos de produção para o filme
  • Plenitude Solar, no papel: Desenhos inspirados no filme

Conclusão

Estas diferenças não apagam a relação profunda que existe desde o início entre o Desenho e o Cinema, pelo contrário, são espaços disciplinares que se alimentam e enriquecem o universo de referências a partir do qual são criados. Trechos do ensaio de Jonathan Crary apontam para "(..) a camera obscura (..) Costuma-se supor que os artistas recorreram a um substituto inadequado para o que realmente queriam, e isso logo apareceria. A imagem não existe apenas para ser realizada de forma naturalista e realista e isso acaba por permitir ao artista concentrar os seus esforços na documentação de imagens reais com a fotografia e no desenho para representar um mundo interior e pessoal.

Dessa forma, nos perguntamos como a criação de uma imagem – mais uma vez, seja ela qual for – parte de uma visão pessoal, interna e incomunicável do artista. Esta visão, que é uma “imagem embrionária”, uma “imagem interior”, muito se aproxima de um esboço da dimensão estética que o artista procura representar. Demonstrar que, como artista visual, para nós não há divisão que limite desenhos e vídeos, pois em ambos os casos eles precisam de nós para habitá-los e dotá-los de uma visão pessoal/ “imagem embrionária” para que ganhem sentido. e ter uma razão para dobrar.

A conclusão deste trabalho representa o fim de um ciclo de investigação académica que começou na música, passou pelo desenho e depois pelo cinema, e este trabalho representa o fim de um ciclo, mas a abertura de um novo capítulo que se irá concretizar em novas projetos, no âmbito do cinema, design, música e criação artística entendida de forma interdisciplinar.

Índice de Figuras

Bibliografia

Webgrafia

Videografia

Filmografia

Imagem

Figura 1 - Um dos primeiros desenhos com referências de banda desenhada realizados na adolescência de Eisenstein
Figura 2 - Concepção cenográfica de Sergei Eisenstein para o 1º acto da peça The Mexican: The Meeting of the Revolutionary
Figura 3 – Concepção cenográfica de Sergei Eisenstein para o Puss in Boots de Ludwig Tieck (1ª variação, Moscovo, GVYRM,  1921)
Figura 4 e 5 – Desenhos de 1932, época em Eisenstein viveu 14 meses no México. (Kleiman, 2017, pp.148-149)
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Referências

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