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DISSERTAÇÃO PPGLDC Numerada 97-2003-edeildes - UEFS

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Academic year: 2023

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This study analyzes the dialogue between literary from and social process in the romance Viva o povo brasileiro by João Ubaldo Ribeiro (1984), who as a conductor has rewritten the literary discourse on the representation of the nation's social history and cultural officers. The studies that testify that the fictional discourse of form reveals the power that creates, dialectic guided by fiction, which mixes scenes and counter-scenes from history, memory and national identity.

A MOLDURA EM QUESTÃO: INTERROGANDO O ESPAÇO NACIONAL E AS

A civilização tropical e outras visões do paraíso

No domínio do desenvolvimento social, as transformações corresponderam ao processo de modernização que ocorreu na sociedade europeia a partir do século XVII: a formação do capital, o desenvolvimento das forças produtivas, a difusão das formas de vida urbana, a secularização das normas socioculturais e valores. O romance, publicado em 1984, é uma viagem monumental pela história e cultura brasileiras, abrangendo desde meados do século XVII (1647) até o período da ditadura militar (1977), antes da abertura política do país.

Fragmentos imprevistos: violência e poder invadem a cena colonial

Em suas ações seguintes, após sucessivas artimanhas e atos de extrema crueldade, relacionados aos confrontos de Pirajá, o barão será imortalizado como herói da independência brasileira, constatação que Perilo Ambrósio manipula habilmente para consolidar uma trajetória pública caracterizada pela fortuna e pelo grande poder influenciando a sociedade de sua época. Os atos de violência física e psicológica que Perilo Ambrósio dirigiu aos dois escravos remetem a inúmeras outras práticas cruéis historicamente conhecidas e praticadas durante o longo período da escravidão no Brasil.

Numa dupla perspectiva, o novo projecto de identidade nacional defendido por Maria da Fé defende o desmantelamento total desta estrutura dicotómica e excludente. 43 Os polacos desta oposição ideológica confrontar-se-ão após o fracasso da “missão de polícia e pacificação”, que termina com Macário capturado pela Milícia Popular e perante Maria da Fé.

DA FICÇÃO DO MUNDO AO MUNDO DA FICÇÃO

Sob o olhar da fictio

Disso deriva a emergência de múltiplas perspectivas e realidades simultâneas, projetadas através do tecido ficcional a partir de uma ampla rede de concepções heterogêneas e sujeitos sociais separados, cujos efeitos são uma visão inacabada (em constante movimento de reescrita), dinâmica e significativamente produzida , aquilo é. , completamente novo em relação à realidade a que se refere o material ficcional. 55 família; ardoroso defensor dos valores nacionais e dos preceitos cristãos, acompanhado das práticas duvidosas e do favoritismo ilegal por ele praticado - a aposentadoria de um inspetor da função pública "[..] ainda muito jovem, com uma lei que, além de colocá-lo três níveis acima dele, no último posto da carreira, contabilizou dois terços do seu tempo de serviço em dobro [...]” (VPB, p. 616) Todos esses e outros fatos trazidos à luz pelo narrador são exemplos de atos viciosos que o enredo ficcional, faz do personagem Ioiô Lavínio a antítese da atitude heróica e combativa do militante Stalin José. Quanto ao processo de composição do personagem ficcional, o crítico Antonio Candido (2007) enfatiza o papel determinante dos recursos de caracterização que o romancista possui o objetivo de criar, a partir de uma unidade de referentes físicos, psíquicos e sócio-históricos selecionados e combinados, a “natureza” e o “ser-de-ser da personagem”.

A partir do caminho percorrido nesta exposição – a seleção como violação de sentidos, as múltiplas possibilidades, a experiência reflexiva-confrontacional, as camadas profundas da experiência humana – é possível perceber a concretude de uma experiência de natureza heterogênea e altamente transgressora. . à luz dos parâmetros de poder, para os quais o campo estético – mais especificamente o discurso ficcional – representa o espaço, por excelência, desta passagem de fronteira.

Ficção, História e Memória

Pelo seu efeito paródico, uma leitura “à distância crítica” do documento Ferreira-Dutton revela-se como uma verdadeira contranarrativa da história do país, cuja. Amleto e Moacir são frutos híbridos da união reconciliadora entre o elemento indígena e o colonizador/civilizador europeu, cujas mães morrem no parto, numa provável referência ao primeiro momento de uma nova etapa na história do país, no caso de Amleto o pós- Independência. Através da crítica ao cego Faustino e dos apontamentos sutis da biografia da família Ferreira-Dutton, VPB enfatiza a escrita da história como uma estrutura narrativa, sujeita, portanto, a procedimentos retóricos (o papel da linguagem) e ao ato cognitivo de 'um sujeito (agência humana), que atua para reinterpretar fatos e documentos, conferindo-lhes significado histórico.

Em síntese, o contraste representado pela trama ficcional entre a narrativa plana da biografia oficial de Amleto Henrique e a riqueza de fatos, escolhas e atitudes contraditórias que se cruzam ao longo da história de vida de Maria da Fé, com a qual a personagem dialoga e confronta por meio de uma dinâmica e múltiplos. concepção dos acontecimentos históricos, incompreensível à visão unifocal da história centenária Ferreira-Dutton.

Do Tempo aos Tempos

Portanto, a ação narrativa inicia-se em 1822, durante a Batalha de Pirajá, na Bahia, e termina em 1939, com o roubo da canastra e a descoberta dos segredos do povo brasileiro. Dadinha, avó paterna de Veve, então com oitenta e oito anos, está presente em cena para revelar o forte destino da criança, marcado pela contínua resistência do povo brasileiro a todas as formas de opressão. Os 77 brancos, sendo mulheres, negros e pescadores, transformam sua história na luta do povo brasileiro, submetido, durante séculos, a todas as formas de violência indisfarçada, porém sempre combativa e resistente.

Viva nós!” (VPB, p. 566), repetido enfaticamente por todos os membros da Irmandade Revolucionária do Povo Brasileiro.

Espaços sobrepostos e histórias entrelaçadas

O embate entre os personagens termina com Patrício Macário, nesta fase de sua vida, um crítico contundente da elite brasileira e de seu modo predatório de governar o país, decidindo se reunir com Maria da Fé e os ideais defendidos pelo revolucionário, e com a irmandade do povo brasileiro. Lembrou-se também de uma altura em que ria muito na companhia de Rita Popó e lhe perguntava se não estava louco. No mundo, alguns foram feitos para mandar, a maioria para obedecer, essa é a realidade.” (VPB, p. 582) Dando continuidade aos preceitos da ordem social elitista, o personagem Monsenhor Clemente André aparece como um homem idoso no final etapas de uma carreira eclesiástica de sucesso em que sempre defendeu os preceitos racistas de sua classe social.

Não conseguindo seduzir Patrício Macário – neste momento da carreira bastante apaixonado por Maria da Fé – Tereza Henriqueta recorre astutamente ao pudor moralizante e à suposta fidelidade a Bonifácio Odulfo para se vingar do cunhado, que, sob acusações de assédio da própria Henriqueta, é expulso do convívio familiar. Nesta segunda fase de sua vida, o militante da Irmandade do Povo Brasileiro aparece como escravo doméstico de uma família rica de São João do Manguinho, maduro, fiel aos ideais da luta revolucionária e ainda muito apaixonado por Budião , desaparecido na luta contra o regime escravista desde 1840. Como se sabe, a partir de tais incidentes, a trama une Patrício Macário a Maria da Fé, o belo e combativo casal de amantes do romance, sínteses da luta popular e da conscientização de uma estrutura sócio-histórica injusta combatida por ambos.

As matrizes dominantes, a personagem Nego Leléu e a mediação pela esperteza

O canibalismo como alegoria da violência colonial

Anos depois, com a chegada dos padres jesuítas, o pai de Capiroba é denunciado pelos padres jesuítas e entregue às autoridades portuguesas “[..] porque ele é um negro fugitivo, uma coisa ilegal, e nada de ilegal é permitido numa redução .” (VPB, p. 38), seguida da história de práticas de aculturação linguístico-religiosa, cujas consequências devastadoras levarão Capiroba, junto com duas mulheres roubadas, a refugiar-se no isolamento do apicum pantanoso. Todos esses acontecimentos, trazidos à luz pela ficção numa forma de luz esfumaçada que tende a acentuar a ganância e a violência dos europeus como possíveis choques, são amenizados à luz da crueza das práticas sexuais e do canibalismo de Capiroba e sua família. Em episódio emblemático dos motivos acima mencionados, a demonização, entrelaçada com visões paradisíacas, marca a entrada dos personagens Heike Zernike e Nikolaas Eijkman, dois aventureiros holandeses, na trama ficcional pelos pantanais do Capiroba apicum.

O ritual de degradação pública, julgamento moral e condenação dos Capiroba – estigmatizados como fera demoníaca e primitiva – evidencia a institucionalização da violência como forma de governar e controlar a terra e o índio brasileiro que, num contexto de escravidão e pilhagem de bens, foi considerado pela empresa colonizadora como um obstáculo aos objetivos agro-mercantis; e pelos jesuítas como uma figura demonizada.

O feminino (não) domesticado e a mentalidade patriarcal colonialista

Em consonância com as noções racistas e patriarcais de sua época, Maria da Fé, uma bela jovem de olhos verdes e tez quase branca, como enfatiza a aparência racializada da personagem Dona Jesuína, sua professora primária, une a todos. atributos necessários para um casamento - de preferência com um rapaz. Em uma das cenas ambientadas na infância da jovem, Dona Jesuína enfatiza o casamento como meta única, necessária e natural da mulher: “[..] doze anos [...] com seus dons e sua beleza, não vai querer ser Não é difícil encontrar um menino da sua raça, nem mais fácil ainda, melhorar e fazer um bom casamento, constituir família e firmar-se na vida.” (VPB, p. 285), ressalta dona. Roxinha, a jovem escrava do Engenho da Armação do Bom Jesus, aparece na trama ficcional durante o nascimento de sua filha Veve, em 1809, com apenas vinte e dois anos, completamente exausta da realidade, do trabalho duro e de muitos filhos e filhas que a escravidão teve roubado dele.

Merinha tem uma percepção muito sensível da vida das mulheres presas (“[..] . mulheres, quebradas pelo quanto lhes foi tirado, pela vida dos seus homens [..]”), típica daquelas que também são subjugadas pelas forças históricas do seu tempo, nunca se tornaram cruéis, resistiram com coragem e dignidade ao sofrimento que lhes foi imposto pelo contexto histórico.

As personagens Maria da Fé e Patrício Macário e a presença do povo no espaço

Não por acaso, a menina é apresentada às formas da cultura popular através de seu avô, o negro Leléu que, junto com Vevé e os moradores de Arraial do Baiacu, foram os mentores de Maria da Fé na aprendizagem dos saberes e modos de vida do povo. . Para atender a essa demanda, e sob forte influência das teorias científicas europeias, os intelectuais brasileiros realizaram um processo de bricolagem teórica, a “tradução seletiva”11, cuja visão racista confirmou a teoria. É significativo que essas experiências tenham começado em 1863, em Arraial do Baiacu – local das maravilhosas experiências juvenis de Maria da Fé –, onde o.

Vertaal deur Rita Olivieri-Godet, Regina Salgado – São Paulo: HUCITEC; Feira de Santana, BA: UEFS Ed; Rio de Janeiro Brasiliaanse Akademie van Lettere, 2009.

Referências

Documentos relacionados

Assim, a partir das teorias de Costa Lima e Antonio Candido, pretende-se, nesse capítulo, introduzir o romance Ensaio sobre a cegueira 1995 com base na análise sociológica, considerando