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Estudo Acerca do Limites de direito de livre manifestação dispostos no artigo 5, inciso IV da Constituição Federal.

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Academic year: 2023

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE DIREITO

KAYQUE RENAN PINTO DA SILVA TANAJURA

ESTUDO ACERCA DOS LIMITES DO DIREITO DE LIVRE MANIFESTAÇÃO DISPOSTO NO ARTIGO 5º, INCISO IV DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

SÃO PAULO 2022

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ESTUDO ACERCA DOS LIMITES DO DIREITO DE LIVRE MANIFESTAÇÃO DISPOSTO NO ARTIGO 5º, INCISO IV DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Kayque Renan Pinto da Silva Tanajura.1

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise sobre o direito de livre manifestação disposto no artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal de 1988, seu limite e eventuais responsabilização para aqueles que ultrapassam a proporcionalidade e razoabilidade. Sendo este o objetivo do presente artigo científico, foi levado a estudo normas da Constituição Federal, Código Civil e Código Penal, bem como posicionamento de doutrinadores no meio jurídico acadêmico.

Palavras chaves: Constituição Federal, Limites de Direito, Livre Manifestação, Responsabilidades.

ABSTRACT

The objective of this paper is to present an analysis of the right of free manifestation provided in Article 5, item IV of the Federal Constitution of 1988, its limits and possible liability for those who exceed the proportionality and reasonableness. Since this is the objective of the present scientific article, the norms of the Federal Constitution, Civil Code and Penal Code were studied, as well as the position of legal scholars in the academic legal environment.

Keywords: Federal Constitution, Limits of Law, Free Manifestation, Responsibilities.

1 Acadêmico do curso de Direito da Instituição de Ensino Superior São Judas Tadeu da rede Ânima Educação. E-mail: contato.kayquesilva@gmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Direito da Instituição de Ensino Superior São Judas Tadeu da rede Ânima Educação.2022. Orientadora: Carolina Dalla Pacce, Mestre em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo abordar os limites da liberdade de livre manifestação disposta no artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal. Sendo que, por se tratar de um direito constitucional, somos levados a crer que não há limites para exercer o direito de livre manifestação, afinal, a constituição é o dispositivo máximo de um ente federativo.

Ocorre que o direito de livre manifestação, apesar de ser um direito constitucionalmente protegido, não é um direito de soberania máxima. Pode ser um direito extremamente amplo, mas não é absoluto.

No entanto, nos dias atuais, mais do que nunca entender esse direito é de suma importância, visto que vivemos em tempos em que a livre manifestação é tida como algo ilimitada, onde muitos, sem medir palavras, e acreditando total liberdade, usufruem e se excedem na liberdade que esse direito traz.

Portanto, nos próximos capítulos será abordada a problemática dos limites da livre manifestação, buscando apresentar um estudo acerca deste direito protegido, bem como seus limites.

1. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma pesquisa não experimental, onde serão analisados unicamente documentos bibliográficos com o objetivo de analisar um tema discutido a exaustão na comunidade jurídica.

Pelo fato de ser um tema com ampla discussão anterior, a análise de materiais com o mesmo tema de pesquisa será algo recorrente no decorrer do presente artigo, sendo que, através da análise dos materiais desses autores, poderá se chegar à uma conclusão, ou ao menos contribuir para a reflexão, acerca dos limites da livre manifestação.

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Ainda, com o intuito de trazer mais profundidade e solidez ao presente trabalho, será buscado o posicionamento de grandes doutrinadores da área do direito, para observar pontos de vista distintos.

De início, será abordado o que é a livre manifestação e como grandes estudos definem esse tema, para melhor entender esse direito fundamental, após, será feita uma breve análise da censura, para então entender a importância desse direito essencial a liberdade.

Dessa forma, sendo definido e tratado a livre manifestação na constituição federal, serão analisadas as responsabilidades, tanto civis quanto penais daqueles que fazem o uso deste direito de maneira indevida.

1.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

1.1.1. A LIVRE MANIFESTAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O artigo 5° da Constituição Federal, dita em seu inciso IV que “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Delimita-se a partir desse dispositivo, que, por se tratar de uma norma constitucional disposta no artigo 5° da Carta Magna, trata-se de um direito constitucionalmente protegido, inerente à cidadania e à pessoa humana, sendo esse direito constitucionalmente protegido, qualquer cidadão em solo brasileiro, pode usufruir da liberdade de livre manifestação, nos termos da lei, não havendo que se falar no momento, em atos que limitam esse direito.

Com isso em tela, pode se observar que o legislador se preocupa em trazer no ordenamento jurídico um dispositivo amplo, que assegura aos cidadãos a liberdade de se manifestar livremente, sem preocupar-se com restrições a esta liberdade.

O ilustre doutrinador Pinto Ferreira (1989. p. 68), define que:

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O Estado democrático defende o conteúdo essencial da manifestação da liberdade, que é assegurado tanto sob o aspecto positivo, ou seja, proteção da exteriorização da opinião, como sob o aspecto negativo, referente à proibição de censura.

Dessa forma, a constituição Federal de 88 se preocupa em trazer em seu artigo 5º um inciso somente acerca da liberdade de livre manifestação, sendo que, através disso, e seguindo o pensamento do ilustre doutrinador supracitado, acaba se tornando um dever do estado defender a manifestação da liberdade, bem como um direito do cidadão.

Sendo uma variação do direito à liberdade, pode-se dizer que, se formos ranquear a importância dos direitos fundamentais trazidos no artigo 5º da Constituição Federal, o direito de livre manifestação ficaria atrás tão somente do direito à vida, haja vista, que é o direito mais importante protegido pela carta magna.

O grande doutrinador Sýlvio Motta (2021) leciona que:

Um dos mais amplos direitos fundamentais consagrados na Constituição, o direito à liberdade de manifestação do pensamento, respeitados os demais direitos fundamentais, não segue qualquer norma de forma ou de fundo.

Qualquer um pode manifestar seu pensamento sobre qualquer coisa por qualquer meio de expressão, desde que se identifique ao manifestar-se, como precaução indispensável contra declarações levianas ou infundadas, as quais podem ensejar responsabilização, como reza a seguir o artigo quinto da Constituição.

No entanto, apesar da amplitude deste direito, é importante ter a consciência de que ele não é absoluto, haja vista que se não houvesse limites a este direito, a vida em sociedade iria se tornar impossível.

1.1.2. LIMITES DA LIVRE MANIFESTAÇÃO

1.2.1. CENSURA E MÁ-FÉ

Censura é uma palavra com origem no latim “censura”, cuja definição é o ato de censurar. De modo geral, a censura é todo ato que tem o fito de impedir a livre circulação de uma determinada ideia.

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A respeito do assunto, a Constituição Federal implica que:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão, a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Verifica-se a partir deste ponto, que o legislador se preocupa em trazer uma norma complementar, reforçando a ideia de que a manifestação do pensamento não sofrerá restrição se estiver de acordo com a Carta Magna.

Desse modo, enquanto o direito de livre manifestação é um direito constitucional, sendo uma regra, somente outra norma constitucional têm o poder de suprimi-la.

Ressalta-se ainda, sem entrar neste mérito, que o direito à livre manifestação, é o primeiro direito a ser suprimido em países cuja democracia é enfraquecida e o autoritarismo está instalado.

Até este ponto conclui-se que a liberdade de livre manifestação é um direito constitucional protegido, enquanto a censura e restrição deste direito são vedadas, no entanto, sendo essa a regra, há de se falar da exceção.

A grande pergunta que ronda este direito é: até onde vai, e qual o limite da liberdade de livre manifestação? Esse direito pode sofrer restrições antes da opinião ser expressada ou apenas depois?

São questionamentos simples de serem respondidos, pois a Constituição traz a liberdade de livre manifestação como direito, no entanto, essa manifestação deve ser feita de modo proporcional, respeitando os limites da razoabilidade e proporcionalidade. Esse limite é encarado como um princípio constitucional, o qual tem por objetivo equilibrar os direitos individuais, acerca desse tema a ilustre professora Maria Rosynete Oliveira Lima (1999. p. 287), nos leciona que:

Razoabilidade e proporcionalidade podem até ser magnitudes diversas, entretanto, cremos que o princípio da proporcionalidade carrega em si a noção de razoabilidade, em uma relação inextricável, e que não pode ser

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dissolvida, justificando, assim, a intercambialidade dos termos proporcionalidade e razoabilidade no ordenamento brasileiro.

Importante salientar que este princípio não está de fato escrito no ordenamento jurídico, mas se trata de um princípio implícito à constituição, de modo que qualquer cidadão, ainda que não saiba a definição do princípio, goza de conhecimento sobre a proporcionalidade e razoabilidade.

Esse limite imposto pela Constituição tem o fito de proteger a garantia a intimidade, a vida privada, a honra e imagem das pessoas, visto que são outros princípios constitucionais. Dessa forma, um direito constitucional, não pode violar, e o ordenamento jurídico se preocupa em trazer a responsabilização para os excessos a livre manifestação.

Nesse diapasão, acaso uma pessoa venha a exceder os limites do princípio da razoabilidade e proporcionalidade, pode ser imputada em ato ilícito, tanto no âmbito penal, quanto no âmbito civil com suas devidas particularidades.

1.2.2. RESPEITO AO ORDENAMENTO JURÍDICO E VEDAÇÃO AO ANONIMATO

De início, importante salientar que vivemos em um estado democrático de direito, significa dizer que somos regidos por uma série de normas que são chamadas de ordenamento jurídico, o que institui que para viver em sociedade, o uso de uma liberdade/direito não pode ser em detrimento de outro.

Dessa forma, não se pode usar o direito de livre manifestação, para agir de maneira racista, homofóbica ou de qualquer forma discriminatória, uma vez que a Constituição em seu artigo 3º constitui o objetivo do Estado em:

IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Em complementação, o caput do artigo 5º nos diz que todos são iguais perante a lei, não havendo qualquer tipo de distinção de qualquer natureza. Dessa forma, por

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exemplo, usar o direito de livre manifestação para propagar uma ideia racista está totalmente em desacordo com a Constituição Federal.

Nesse sentido, ao definir que o uso do direito de livre manifestação não pode ser em detrimento de outro, e, deve obedecer às normas vigentes, cabe fazer uma breve análise da segunda parte do inciso IV do artigo 5º da Constituição Federal, veja:

É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

Ao compulsar a segunda parte do artigo, fica claro que o anonimato, em regra, não é permitido na livre manifestação, significa dizer que para todas as manifestações devem ter um autor, uma vez que eventuais responsabilizações acerca dessas manifestações devem recair sobre a pessoa que se manifestou.

Um breve exemplo de responsabilizações acerca de manifestações, é alguém que faz uma declaração negativa acerca de outrem, essa pessoa tem o direito de resposta, bem como, dependendo da declaração/manifestação, direito a eventual indenização por dano moral.

Portanto, conclui-se que a manifestação não pode ser anônima, bem como não pode agir em desacordo com outras normas previstas no ordenamento jurídico brasileiro.

2. RESPONSABILIDADE NO ABUSO DESTE DIREITO

2.1. RESPONSABILIDADE CIVIL NO ABUSO DESTE DIREITO

De início, este capítulo irá tratar apenas das consequências do abuso de direito de livre manifestação no âmbito civil, sendo regido pelo Código Civil de 2002. Nesse sentido, é importante frisar que o abuso de direito configura ato ilícito, surgindo da transgressão do direito, o abuso.

Dessa forma, o Código Civil nos traz em seu artigo 186 que:

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Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O ilustre professor Carvalho Neto (2009. p.161), define o ato ilícito da seguinte forma:

Trata-se de um juízo objetivo de reprovação do fato, pela concreta imposição que do valor ínsito na norma decorre logicamente para o agente, e que é o resultado da contradição entre o próprio fato e a norma na sua função valorativa, contradição essa apreciada formalmente.

Nesse sentido, no âmbito do direito Civil, o ato ilícito configura-se como violação do direito de um terceiro. Trata-se de um fato jurídico, de modo que voluntário ou não, o praticante responde independentemente de culpa, o dolo não entra no mérito na discussão dentro do ordenamento civil.

Ao violar o direito de outro, o artigo 927 do Código Civil vem de modo que complementa o artigo 186, vejamos:

Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Desse modo, o agente que faz o uso indevido do direito de livre manifestação, de forma que viole o direito de um terceiro, ainda que exclusivamente moral, cometendo assim o ato ilícito. Sendo que, se pelo ato ilícito, for causado algum dano ao ofendido, o agente que o cometeu, fica obrigado a repará-lo.

Portanto, infere-se que na esfera do direito civil, o abuso do direito de livre manifestação cai na responsabilidade civil, onde um agente pratica um ato ilícito, causando danos a outrem, e fica obrigado a repará-lo.

2.2. RESPONSABILIDADE PENAL NO ABUSO DESTE DIREITO

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No que tange a área do direito penal, o abuso da livre manifestação pode ser consequências mais severas, uma vez que enquanto no código civil, trata-se apenas de reparação do dano de acordo com a responsabilidade civil, que por muitas vezes se dá por meio monetário, a área penal incide em ato ilícito penal que decorre de um fato típico e antijurídico, que se configura por crime ou delito, vejamos a definição (Damásio, J p. 192):

Para que haja crime é preciso, em primeiro lugar, uma conduta humana positiva ou negativa. Mas nem todo comportamento do homem constitui delito.

Acerca da configuração de crime, Ricardo Andreucci (2009. p.35) define que:

é a violação de um bem penalmente protegido, conduta proibida por lei, com ameaça de pena criminal. O crime pode ser definido como fato típico, antijurídico e culpável, ou simplesmente fato típico e antijurídico.

Já no que tange ao delito, entende-se que Prado, Luiz Regis, (2010. p. 251), “O delito é definido sob a vista do direito positivo, é uma relação de contrariedade entre o fato e a lei penal”.

Portanto, aquele que abusa do direito de livre manifestação no âmbito do direito penal, pode ser amplamente responsabilizado tendo em vista que o Código Penal é vasto no que tange aos crimes que podem ser configurados como decorrentes do abuso de livre manifestação, como por exemplo:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Portanto, o legislador se preocupa em trazer a responsabilização ao abuso de um direito no Código Penal, para que assim, a vida em sociedade se torne harmoniosa. De fato, o direito à livre manifestação é um direito constitucionalmente protegido, no entanto, assim como os outros, não é um direito absoluto, tendo repercussão tanto no âmbito civil, quanto penal.

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3. LIVRE MANIFESTAÇÃO – A IDEIA DESTE DIREITO SENDO ABSOLUTO EM OPOSIÇÃO A OUTROS

Ao dissertar sobre a livre manifestação, e chegar à conclusão de que não se trata de um direito absoluto, importante trazer ao presente estudo, que por ser tratar se um Estado Democrático de Direito, há aqueles que acreditam que a livre manifestação se trata de um direito imperioso, de modo que decorre da liberdade como um todo.

Tal corrente de pensamento pode ser facilmente visualizada nos dias atuais, onde há muitos que acreditam que a livre manifestação sobrepuja outros direitos, de modo, que se há conflitos com outras normas legislativas, a liberdade sempre se sobressaí.

Tal pensamento tem como base e fundamento, principalmente a cultura de países que se consideram “mais desenvolvidos”, como por exemplo, os Estados Unidos da América. Tal país valoriza tanto a liberdade dos seus, que grupos extremistas são tolerados nos país, salienta-se ainda, as existências destes grupos são praticamente legais.

Na cultura norte americana, o sonho de liberdade absoluta está tão enraizado, que, grandes estudiosos deste país, chegam a quase defender a propagação de crimes de ódios. Darren L. Hutchinson, professor na Universidade da Flórida (EUA) explica em entrevista à BBC (rede de televisão) que a liberdade de propagar suas ideias, quaisquer que sejam, está totalmente de acordo com a constituição do país, vejamos:

A Primeira Emenda estabelece que o governo dos Estados Unidos não pode discriminar com base num ponto de vista determinado na hora de impor restrições à liberdade de expressão.

Acrescenta ainda que:

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Se um Estado, por exemplo, decide restringir em seu território o uso de símbolos nazistas devido a sua mensagem, isto poderia constituir uma restrição à liberdade de expressão e provavelmente estaria violando a Constituição.

Ao analisar a visão de um país em que a liberdade é tanta, que grupos de ódios são praticamente incentivadas pelo governo, importante fazer um breve estudo acerca de um país que sofreu amplamente com a propagação do ódio.

A Alemanha, país onde nasceu a prática de um dos maiores e mais mortais grupos de supremacia, o Nazismo, proíbe de forma totalmente ampla e clara, qualquer incentivo a esta prática. Peter Kern, professor da Universidade de Colônia, na Alemanha, explica em entrevista ao canal de televisão BBC que:

O artigo 86º proíbe o uso de símbolos de organizações inconstitucionais, sejam bandeiras, emblemas, uniformes, insígnias ou modos de saudação, fora dos contextos da arte, ciência, pesquisa ou do ensino.

Ou seja, um museu pode mostrar uma bandeira com uma suástica, mas uma pessoa não pode usá-la dentro do território alemão.

Desse modo, podemos visualizar duas visões distintas, uma, de um país que nunca sofreu a tirania de um supremacista e propaga a liberdade acima de tudo e todos, e outro, que sofreu e foi causador de um dos maiores, se não o maior evento de ódio que já ocorreu, e nos dias de hoje, compete a liberdade de manifestação, de modo que não se sobressaia sobre outras normas.

Nesse sentido, podemos vislumbrar a corrente de pensamento daqueles que tratam a liberdade de manifestação como um direito absoluto, e sem muito esforço, podemos ver os problemas inerentes a isto.

Portanto, ao observar dois pontos de vistas distintos, deve-se observar o que a Constituição Brasileira traz sobre isso, de modo que tendo fortes raízes na constituição alemã, aqui, o direito a livre manifestação não é absoluto.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou discutir o direito de liberdade de livre manifestação e seus limites. Como amplamente demonstrado, esse é um direito constitucionalmente protegido, sendo trazido pelo legislador no artigo 5º, na área dos direitos fundamentais, ficando assegurado a todo cidadão em solo brasileiro usufruir de tal direito.

Ocorre que o direito de livre manifestação não é absoluto, podendo e devendo sofrer restrições a depender do caso concreto, sendo que se este direito entrar em conflito com outra norma do ordenamento jurídico brasileiro, não há que se falar no prevalecimento deste direito.

No entanto, apesar das restrições, não podeincorrer em censura, ou limitação inadequada deste direito, pois, não entrando em conflito com outras normas, não há motivos para a livre manifestação ser vedada a qualquer pessoa que queira usufruir deste direito.

Nesse sentido, ainda foi abordado a responsabilidade do abuso deste direito, onde no código civil se caracteriza pelo ato ilícito, ficando aquele que abusou obrigado a reparar o dano que causou, enquanto no código penal, aquele que abusou do direito pode incidir em crime ou delito, sendo possível a condenação à detenção ou multa.

Por fim, deduz-se que o direito de livre manifestação é de suma importância para o Estado Democrático de Direito, no entanto, aquele que fizer uso dele, há de tomar cuidado para não conflitar com outras normas do ordenamento jurídico brasileiro.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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