XXVIII Congresso de Iniciação Científica
ESTUDO DA POTENCIALIDADE DO LÍNTER DE ALGODÃO PARA A PRODUÇÃO DE CELULOSE SOLÚVEL.
Claudinei Henrique Ferreira Rodrigues, Vinicius de Jesus Carvalho de Souza, José Cláudio Caraschi. UNESP/Câmpus de Itapeva, Engenharia Industrial Madeireira, nei.henrod@gmail.com, PIBIC/Reitoria.
Palavras Chave: Alfa-celulose, cinzas, extrativos.
Introducão
O línter é a fibra mais curta encontrada na planta de algodão aderida ao caroço após a operação de descaroçamento, sendo retirada apenas na segunda ou terceira operação de descaroçamento, sendo ele composto principalmente de 90% celulose e 10% de outros compostos, como hemiceluloses e extrativos. A celulose solúvel ou polpa para dissolução é uma polpa celulósica obtida de forma semelhante a celulose normal. Sua principal diferença consiste no seu alto teor de alfa-celulose, que pode atingir próximo de 100%, sendo que a celulose utilizada para a fabricação do papel apresenta cerca de 87%. A alfa-celulose é definida como a parte da celulose que não dissolve em solução aquosa hidróxido de sódio a 17,5% m/m.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi determinar a potencialidade da utilização das fibras de línter de algodão para a produção de celulose solúvel.
Material e Metodos
As fibras do línter de algodão foram analisadas químicamente de acordo com as normas padrões vigentes, sendo elas: extrativos em tolueno/etanol, extrativos totais, lignina insolúvel, lignina solúvel, teor de holocelulose, teor de hemiceluloses, teor de alfa celulose, teor de cinzas, solubilidade em água quente e solubilidade em NaOH 1% e 5%.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos nas análises realizadas da fibra do línter in natura estão expressas nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1. Solubilidade do línter in natura.
Análises Média (%) DP (%) Solubilidade em água quente 1,22 0,003 Solubilidade em NaOH 1% 6,94 0,005 Solubilidade em NaOH 5% 3,70 0,005 A solubilidade em NaOH do línter foi bem inferior a valores de solubilidade encontrado para a madeira de eucalipto e pinus, por justamente conter baixo toeres de hemiceluloses e lignina em sua composição, indicando que ao ser feita a polpação química do línter esse resultará em um alto rendimento.
Para avaliar a potencialidade do línter, foi determinada a composição química, conforme está descrito na Tabela 2.
Tabela 2: Composição química do línter in natura.
Análises Média (%) DP (%) Extrativos em tolueno/etanol 1,79 0,769
Extrativos totais 3,59 0,542
Holocelulose 92,74 0,246
Alfa-celulose base holocelulose 88,96 0,003 Alfa-celulose base línter 83,36 -
Hemiceluloses 9,38 -
Lignina solúvel 7,47 0,553
Lignina insolúvel 0,526 0,103
Cinzas 1,57 0,039
Analisando os resultados podemos notar um índice de 3,59% de extrativos totais na média em comparação com as espécies de madeira.
Comparado a espécies conhecidas de madeira como eucalipto e pinus, o línter se mostrou superior quanto a porcentagem de holocelulose e alfa celulose encontrada, o que é desejável para a produção de celulose solúvel. Os teores de lignina deram altos, considerando que a matéria-prima é composta apenas de fibras de algodão, mas uma explicação plausível para o alto teor é de que, mesmo sendo feita a lavagem prévia da matéria- prima, ainda restou rejeitos de cascas, o que interferiu na análise, considerando-a como lignina erroneamente.
Conclusões
Podemos concluir que as fibras de línter de algodão tem um alto potencial para a produção de celulose solúvel, polpa esta destinada a produção de derivados de celulose.
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1TAPPI - Testing Procedures of Technical Association of the Pulp and Paper Industry. In: TAPPI Standard Method. Atlanta, USA. CD-ROM, 2001.