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Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe

XIII ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS EM SERGIPE

RISCOS DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS PELOS CEMITÉRIOS DO MUNICÍPIO POÇO VERDE (SE)

Bárbara Evellyn Costa Barbosa 1; Maria Danielle Vilela Menezes 2 & Paulo Sérgio de Rezende Nascimento3

RESUMO: No município Poço Verde no Estado de Sergipe, os cemitérios apresentam uma problemática intrinsecamente vinculada à saúde pública e ambiental, devido aos aspectos geológicos e hidrogeológicos da região. Esta situação é agravada, já que as necrópoles não possuem sistema de tratamento de águas pluviais e as inumações são feitas diretamente no solo. Desse modo, este trabalho objetiva avaliar e analisar riscos de contaminação das águas subterrâneas relacionados aos processos de sepultamentos no município. Foi realizada vistoria in loco para análise das condicionantes estabelecidas pela resolução CONAMA 335/2003, que regulamenta a implementação de cemitérios, e base de dados da EMBRAPA e do Atlas Digital da SERHMA.

Aplicaram-se técnicas de geoprocessamento no software QGIS, para estudo e mapeamento das necrópoles existentes. Diante disso, a situação do município pode ser classificada como médio risco de contaminação das águas subterrâneas, visto que, o solo predominante, planossolos, apresenta média permeabilidade e alta capacidade de adsorção e retenção do material argiloso, associado a baixa declividade e altitude do terreno, o necrochorume move-se lentamente e as substâncias do contaminante são interceptadas na zona não saturada. Conclui-se que a metodologia é eficiente, tendo como medidas mitigadoras e de prevenção, verticalização dos cemitérios e instalação de filtros biológicos.

Palavras-Chave – Necrochorume; contaminação; geoprocessamento

INTRODUÇÃO

Segundo Rezende (2006), em função dos apegos religiosos, historicamente, os enterros eram realizados dentro das igrejas e em suas imediações, os quais ocorriam com grandes inconvenientes, especialmente em relação à saúde e à higiene. Conforme Sobrinho (2002) citado por Xavier et al.

(2015, pp.451), o surgimento das necrópoles foi resultado direto dessa insalubridade, sendo que, a partir do século XVIII, as inumações passaram a ser praticadas ao ar livre, em cemitérios campais localizados o mais distante possível das áreas urbanas. Essa modificação não ocorreu por razões religiosas de respeito ao cadáver, mas sim por razões político-sanitárias de respeito aos vivos

De acordo com Bortolassi (2012), a putrefação dos cadáveres é influenciada por fatores que pertencem ao próprio corpo (idade, constituição física, causa-mortis, etc.) e por fatores que são pertinentes ao meio onde o corpo foi depositado (temperatura, umidade, aeração, constituição

1) Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Sergipe, Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE, CEP: 49100-000, (79) 32437121, barbaraevellyn3@gmail.com

2) Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Sergipe, Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE, CEP: 49100-000,(79) 32437121, danielle.vilela1@hotmail.com

3)Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análises de Bacias e Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Sergipe, Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE, CEP: 49100-000, (79) 32437121, psrn.geologia@gmail.com

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mineralógica do solo, permeabilidade, etc.). Consoante Lang (2008), na decomposição do corpo há produção do efluente líquido cadavérico, onde encontram-se a cadaverina e a putrescina, substâncias altamente tóxicas e solúveis em água, sendo apontado como o agente da contaminação das águas subterrâneas.

Posto isso, em harmonia com Bortolassi (2012), o risco de contaminação das águas subterrâneas pela pluma do contaminante está interligado, principalmente, à eficiência de filtragem físico-química do solo, topografia do terreno, tipo de sepultura utilizada e a ineficiência do sistema de drenagem para eliminação da água pluvial. Dessa forma, em conformidade com Marques (2013), os cemitérios devem ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental, para atendimento dos critérios legais estabelecidos pela resolução CONAMA 335/2003 para garantir a segurança pública e ambiental.

Logo, observou-se que no município Poço Verde do Estado de Sergipe (Figura 1) há necessidade de adequá-los à legislação ambiental vigente, o que possibilita mitigação do risco de contaminação das águas subterrâneas por necrochorume.

Figura 1- Mapa de localização e acesso à área de estudo

O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar e analisar os riscos de contaminação das águas subterrâneas, relacionados aos processos de sepultamento de cadáveres no município Poço Verde (SE). Com isso, os objetivos específicos são confeccionar mapas de classes de declividade, pedologia, hipsometria entre outros, para análise dos aspectos geológicos e hidrogeológicos da área diretamente afetada pelas necrópoles.

MATERIAL E MÉTODO

Na vistoria in loco, o procedimento inicial foi o levantamento dos cemitérios com suas respectivas coordenadas, utilizando o recurso Global Positioning System (GPS) a fim de representá- los cartograficamente. Ademais, houve verificação do cumprimento das condicionantes estabelecidas na resolução CONAMA 335/2003, adquiriu-se registro fotográfico, levantamento bibliográfico e documental para comprovar e embasar o andamento da atividade de sepultamento de cadáveres das áreas de estudo.

A posteriori, utilizaram-se os arquivos vetoriais de localidades, hidrografia, pedologia entre outros, e arquivo matricial do município Poço Verde (SE), disponibilizados respectivamente através da base de dados do Atlas Digital de Recursos Hídricos da Superintendência Especial de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (SERHMA) e da EMBRAPA.

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Por conseguinte, foram confeccionados mapas de classes de declividade, pedologia e hipsométrico da região, mediante programa computacional de geoprocessamento QGIS da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo), para análise dos aspectos geológicos e hidrogeológicos das áreas afetadas pelas necrópoles.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados dez cemitérios, sendo dois na sede do município e oito na zona rural, situados na bacia hidrográfica do rio Real, que possui como drenagem principal os riachos Urubu e Mocambo. A Tabela 1 apresenta as coordenadas geográficas de cada necrópole, sendo confeccionado o mapeamento das mesmas.

Tabela 1 - Coordenadas geográficas das necrópoles do município Poço Verde (SE)

Cemitérios Longitude Latitude Santa Cruz O 38º 10’ 29.220” S 10º 42’ 36.323”

São Sebastiao O 38º 10’53.410” S 10º 42’ 55.432”

Pov. São José O 38º 05’ 02.001” S 10º 43’ 25.414”

Pov. Tabuleirinho O 38º 03’17.773” S 10º 45’ 00.455”

Pov. Saco da Camisa O 38º 03’ 17.597” S 10º 45’ 56.872”

Pov. Rio Real O 32º 13’ 55.698” S 10º 48’ 11.203”

Pov. Marco do Meio O 38º 11’ 19.415” S 10º 50’ 44.369”

Pov. Ladeira do Tanquinho O 38º 11’ 47.820” S 10º 54’ 11.140”

Lagoa do junco I O 38º 11’ 20.158” S 10º 55’ 55.375”

Lagoa do junco II O 38º 11’ 03.949” S 10º 56’ 07.866”

No município Poço Verde (SE), pode-se constatar que as necrópoles estão localizadas em áreas de relevo dissecados em colinas e interflúvios tabulares, além de superfície pediplanada (Figura 2).

Figura 2- Mapas de geomorfologia e pedologia do município Poço Verde (SE)

De acordo com a Figura 2, a composição pedológica é constituída pelos Cambissolos, que, segundo Zaroni e Santos (2006), são caracterizados por serem solos neutros e fortemente alcalinos,

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fração argila de média a alta e discreta variação de textura, e ainda, os Planossolos, que, segundo Jarbas et al. (2010), define-se por uma drenagem deficiente, possuindo horizonte Bt, argiloso, de densidade aparente elevada e semipermeável.

As áreas onde os cemitérios estão inseridos apresentam declividade de 0 a 8%, ou seja, relevo plano a suave ondulado e as altitudes variam de 203 a 353 m (Figura 3). Assim, a condição do terreno pode ser classificada como pouco acidentado e com poucas inclinações, aumentando o risco de infiltração, pois a declividade interfere de maneira direta no escoamento superficial, sendo função inversa da infiltração da água no solo, ou seja, quanto menor a declividade maior a taxa de infiltração.

Figura 3- Mapa de declividade e hipsometria do município Poço Verde (SE)

Na vistoria, identificou-se que os cemitérios da sede Santa Cruz e São Sebastião, estão localizados próximos a residências e estabelecimentos comerciais, e, para evitar a propagação de doenças na população do entorno, não é recomendável. Estes empreendimentos, cercados por muros em alvenaria, possuem características de cemitérios mistos (horizontais e verticais), com inumações no solo tipo parque/jardim. Há irregularidades como jazigos e carneiras coladas ao muro e falta de um sistema de tratamento de águas pluviais, que ocasiona pequenas erosões e alagamentos na parte interna do cemitério.

Posto isso, averiguou-se o descumprimento do art. 5º, II, da resolução CONAMA 335/2003, que prevê que os cemitérios horizontais, em todo o seu perímetro, devem ser providos de um sistema de drenagem adequado e eficiente das águas pluviais e assim evitar erosões, alagamentos e movimentos de terra (Figura 4). Como também, do art. 5º, IV, que define que a área de sepultamento deverá manter um recuo mínimo de cinco metros em relação ao perímetro do cemitério (Figura 4).

Figura 4 – Recuo menor de cinco metros em relação ao perímetro do cemitério e falta de um sistema de drenagem

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Foi verificada a capacidade das raízes de espécies gramíneas e herbáceas presentes no interior do empreendimento, inclusive, dentro das sepulturas, de provocarem danos aos túmulos, dificultando a conservação. Além de inumações feitas diretamente no solo sem a impermeabilização recomendada pela legislação CONAMA 335/2003, acrescendo o risco de contaminação das águas subterrâneas e do solo (Figura 5).

Figura 5 - Presença de herbáceas e inumações diretamente no solo

Na vistoria observou-se a disposição irregular de resíduos oriundos das exumações como:

vestes, madeiras, alças de caixões que evidenciam serem feitas sem equipamentos adequados (EPI’s) e sem a destinação ambiental correta. Vale destacar, que de acordo com o art. 9º, da resolução CONAMA 335/2003, o descarte dos resíduos sólidos, não humanos, resultantes do processo de exumação deve ter destinação adequada, uma vez que, em contato com os fluídos provenientes da coliquação, esses materiais passam a ser considerados como resíduos hospitalares por terem altas cargas de contaminação.

Identificou-se armazenamento inadequado de água, que favorece a proliferação de vetores transmissores de doenças e mosquitos, pondo em risco a saúde e o bem estar da população nas imediações dos cemitérios (Figura 6).

Figura 6 - Armazenamento inadequado de água

Os cemitérios dos povoados se encontram na situação calamitosa dos cemitérios da sede. Nos Pov. Rio Real, Pov. São José, Pov. Saco da Camisa e Pov. Tabuleiro, Pov. Marco do Meio, Pov.

Ladeira do Tanquinho, Pov. Lagoa do Junco I e Pov. Lagoa do Junco II todos sem proximidade a residências ou estabelecimentos comerciais. Estes empreendimentos, cercados por muros em alvenaria, possuem características de cemitério horizontal. Verificou-se a presença de espécies gramíneas e herbáceas no interior do empreendimento e dentro das sepulturas, falta de um sistema de drenagem, descarte inadequado de resíduos sólidos, além de inumações diretamente no solo.

Diante disso, a situação do município Poço Verde pode ser classificada como de médio risco de contaminação das águas subterrâneas, visto que, de acordo com Bortolassi (2012), o solo predominante da região, planossolos, apresenta média permeabilidade e alta capacidade de adsorção e retenção do material argiloso, associado à baixa declividade e altitude do terreno, o necrochorume

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move-se lentamente e as substâncias do contaminante são interceptadas na zona não saturada.

Segundo Hino (2015), às medidas mitigadoras e de prevenção contemplam a verticalização dos cemitérios, instalação de filtros biológicos através de microorganismos capazes de tratar o necrochorume, implantação de crematórios, adequação ambiental atendendo a resolução CONAMA 335/2003 entre outros.

CONCLUSÕES

A partir da classificação de risco obtida, médio risco de contaminação das águas subterrâneas, conclui-se a metodologia mostrou-se eficiente. Para maior verificação é recomendado realizar um estudo detalhado da área, com análises físico-químicas e biológicas do solo, para a caracterização efetiva dos riscos ambientais; tornando esse produto necessário para que os órgãos competentes compreendam os problemas ambientais provocados por cemitérios, informando e buscando a sensibilização da sociedade para que isso possa refletir na melhoria da qualidade de vida e segurança. As medidas mitigadoras e de prevenção contemplam, a verticalização dos cemitérios, instalação de filtros biológicos através de microorganismos capazes de tratar o necrochorume, implantação de crematórios, compostagem póstuma, adequação ambiental atendendo a resolução CONAMA 335/2003 entre outros.

REFERÊNCIAS

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de Informação Tecnológica. Disponível em:

<agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/bioma_caatinga/arvore/CONT000g5twggzh02wx5ok01edq5s18 9t6ux.html#>. Acesso em: 02 de set de 2019.

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1 p. Disponível em: <http://www.quimica.ufpr.br/eduquim/eneq2008/resumos/R0866-1.pdf>.

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MARQUES, M. L. (2013). “Licenciamento ambiental”, in Cemitério: histórias pelas épocas.

Considerações sobre licenciamento, impactos ambientais e ações mitigadoras. Monografia (Pós Graduação Lato Sensu) – AVM Faculdade Integrada, Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, pp. 27 – 31.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). (2003) “Seção 1”, in Resolução CONAMA no 335 de 3 de abril de 2003. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios. Brasil, pp. 98 – 99.

Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=359> Acesso em: 2 de set de 2019.

SOBRINHO, B. M. R. (2002). “Cemitério e meio ambiente”. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gerenciamento ambiental) – Universidade Católica do Salvador, Salvador. In:

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“Diagnóstico da situação atual dos cemitérios em Cuiabá-MT sob a ótica da gestão ambiental:

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ZARONI, M. J.; SANTOS, H. G. [20??]. Cambissolos. Agência Embrapa de Informação

Tecnológica,. Disponível em:

<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/solos_tropicais/arvore/CONTAG01_8_2212200611 538.html>. Acesso em: 02 de set de 2019.

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