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Vista do Um fantasma assombra a ciência, o fantasma da pirataria: análise do uso e das representações de meios ilegais de acesso à literatura científica na CONICET (Argentina)

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Academic year: 2023

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Fornece evidências empíricas de um uso massivo e generalizado do acesso ilegal à literatura científica entre os entrevistados. Em seguida são apresentados os resultados da pesquisa, divididos em quatro eixos: Modalidades de acesso (quarta parte); Motivos para utilizar ou não rotas ilegais não remuneradas (seção cinco); Declarações de Legalidade e Precisão (Seção Seis); Publicações (seção sete).

Privatização versus abertura ao acesso à literatura científica

Por sua vez, proliferaram “bibliotecas sombra” ou “trilhas escuras” de acesso aberto. 8 Outras variantes de acesso aberto são “bronze track” para se referir a artigos ou periódicos que podem ser lidos gratuitamente sem uma licença de uso claramente identificável, e “acesso aberto híbrido” para se referir a periódicos que permitem que o artigo seja aberto através do pagamento de uma taxa – escolha aberta – (Monti e Unzurrunzaga, 2021).

2 METODOLOGIA

Instrumento e amostra

Análise

3 MODALIDADES DE ACESSO

Quantidade de acessos

Pretendeu-se abranger, por um lado, representações sobre o que acontece durante um longo período de tempo (que inclui situações reais e extraordinárias) e, por outro lado, durante um período normal, mais curto e mais fácil de ser avaliado para respondentes. Resumindo, os entrevistados relataram acessar cerca de onze documentos por semana normal. Isto pode dever-se, assumindo a consistência das respostas, ao número diferente (entre os inquiridos) de semanas não padronizadas nos doze meses de referência.

No restante deste trabalho, o acesso em uma semana padrão é utilizado como indicador, por ser uma variável intervalar e, devido ao tamanho dos valores e à proximidade temporal, acreditamos ser mais fácil de estimar pelos respondentes . .

Vias de acesso

Os dados permitem verificar a relativa homogeneidade dos elevados valores de utilidade das vias de acesso ilegais livres. Esta utilização intensiva do acesso ilegal gratuito pode ser parcialmente explicada pelas restrições de circulação devido à pandemia da COVID-19. A maioria dos que responderam ao inquérito afirmou não ter havido alterações nas suas modalidades de acesso.

A Tabela 4 dá-nos uma resposta sistemática utilizando o Tau de Kendall das diferentes correlações entre rotas de acesso. O principal resultado é que a correlação entre as diferentes formas de acesso é muito baixa em todos os casos. Em suma, aqueles que utilizam uma via de acesso também utilizam outras em quantidades aproximadamente iguais às do resto da amostra.

A via de acesso ilegal gratuito tem uma associação mais elevada – ligeiramente negativa – com o acesso legal gratuito do que com a via legal paga.

Figura 1. Modalidades de acesso à literatura científica
Figura 1. Modalidades de acesso à literatura científica

Magnitude de uso e vias de acesso

Por outro lado, aqueles que consomem frequentemente substâncias lícitas pagas não consomem significativamente menos substâncias ilegais. Isto leva à questão de até que ponto a utilização da rota ilegal gratuita pode ser mais prejudicial ao acesso aberto do que o acesso legal pago. A média de artigos consultados numa semana típica por quem utiliza frequentemente as vias ilegais, legais pagas e legais gratuitas não apresenta variações significativas.

No entanto, observam-se diferenças nas frequências de acesso mais baixas: aqueles que nunca utilizam o acesso ilegal descarregam menos artigos do que a média, enquanto aqueles que nunca utilizam o acesso legal pago fazem-no com mais frequência. Assumindo que as respostas dos inquiridos são consistentes, parte da explicação pode advir do facto de a frequência de acesso ser dada por categorias que são subjetivamente operacionalizadas. Assim, esse tipo de indicador é consistente para comparações de diferentes formas de acesso para um mesmo assunto, mas pode representar limitações quando comparado com magnitudes cuja tipificação possui menores doses de subjetividade (embora de forma alguma zero), como é o exemplo do quantidade de acessos semanais.

Outra parte da explicação pode ser atribuída ao fato de que a frequência de acesso parece aludir ao acesso aos itens.

Tabela 5. Média de acessos semanais por via e frequência de acesso.
Tabela 5. Média de acessos semanais por via e frequência de acesso.

4 MOTIVOS DO USO

Entretanto, no grupo dos que não utilizam a via de acesso ilegal gratuita (n=38), parece que os motivos mais selecionados são altamente práticos: falta de conhecimento sobre os sites e não saber utilizá-los. Pelo contrário, as motivações associadas às crenças avaliativas (discordância por ilegalidade, desconfiança na integridade ou veracidade, riscos de segurança informática coincidentes com indicações da indústria editorial) atraem alguma menção.

5 REPRESENTAÇÕES SOBRE LEGALIDADE E CORREÇÃO MORAL

Legalidade e moralidade

Anderson (2018) distingue duas categorias de ações ilegais: aquelas consideradas mala proibita (ações que são tecnicamente ilegais, mas não moralmente erradas) e aquelas consideradas mala in se (“más em si”). Embora as sanções dos actos mala in se sejam muito mais importantes do que as do mala proibita, por vezes a linha que separa alguns actos de outros não é muito clara. Uma das “áreas cinzentas” é precisamente a das violações de direitos autorais no contexto das comunicações acadêmicas.

11 Aqueles que consideram isto em si um act malum argumentam que prejudica o detentor dos direitos (os editores) e pode causar danos económicos. Esta é a posição dominante na regulamentação, uma vez que a violação de direitos autorais é caracterizada como roubo de propriedade. Aqueles que a consideram uma medida de proibição malum, por outro lado, argumentam que não há nenhum dano envolvido, ou que o dano mínimo que pode ser causado não compensa o benefício potencial para muitos de permitir o acesso ao conteúdo.

Esta visão é defendida por aqueles que acreditam que o conhecimento académico – especialmente quando é financiado publicamente – deve ser visto como um bem comum.

Resultados

Embora as representações da legalidade permaneçam mais ou menos constantes em todos os cenários, as representações da moralidade diminuem à medida que os cenários progridem. Esta diminuição deve-se provavelmente à diferença de vias de acesso disponíveis: no primeiro caso era a única via de acesso; no segundo, estava disponível uma via jurídica alternativa. Para um grupo de entrevistados (74), ter uma via de acesso diferente da ilegal poderia ser uma razão convincente para valorizar o ato como moralmente mais correto, enquanto um acesso amplo o torna mais repreensível.

Nos cenários três e quatro, as percepções de legalidade permanecem em níveis semelhantes aos dos cenários um e dois, enquanto as percepções de rectidão moral continuam a diminuir. As taxas de acesso são a frequência de utilização das diferentes vias de acesso, em médias baseadas num valor de 1 (nunca) a 5 (muito frequentemente). Campo das ciências sociais' refere-se à percentagem de investigadores neste grande campo que representa a maior variação na legalidade e correcção moral.

Em contrapartida, o grupo que mais classifica as práticas descritas como ilegais é também em termos relativos menos moralmente correctos, a não utilização de vias de acesso ilegais é mínima entre eles e há uma presença relativamente menor de quem investiga em Ciências Sociais.

6 PUBLICAÇÕES

Produtividade

Relativamente às vias de acesso, a mais utilizada é a estrada ilegal (88%), ultrapassando ligeiramente a amostra e acedida em menor proporção pela estrada com portagem legal (81% vs. 76%). Da mesma forma, os canais de acesso direto (19% vs. 31% do total) e de acesso legal gratuito (53% vs. 60,5% do total) são menos utilizados. Quanto à área disciplinar, observou-se que a percentagem de investigadores em ciências exatas e naturais (30%) e ciências sociais e humanas (32%) é ligeiramente superior à da amostra.

Não foram encontradas diferenças significativas no cruzamento com estradas de acesso em termos de percentagens totais da amostra. De modo geral, percebe-se que não há ligação entre produtividade e formas de acesso à literatura científica. No entanto, há uma pequena diferença entre aqueles que menos publicam: afirmam utilizar menos tanto o acesso aberto como a via legal paga, enquanto acedem um pouco mais pela via ilegal.

Tabela 7. Quartis de publicação segundo variáveis   demográficas   e vias de acesso (n=362).
Tabela 7. Quartis de publicação segundo variáveis demográficas e vias de acesso (n=362).

ESCOLHA DA PUBLICAÇÃO

Aqueles que colocam as políticas de acesso aberto antes de outras questões seguem esse caminho com mais frequência. Mais notavelmente, aqueles que utilizam frequentemente a via de acesso legal gratuito coincidem com aqueles que colocam a política de acesso aberto em primeiro lugar ao escolher onde publicar (80% vs. 61% da amostra). Entretanto, aqueles que escolheram opções relacionadas com o reconhecimento têm os mesmos tipos de acesso à literatura que o resto da amostra.

Por fim, interessava-nos conhecer a disposição dos pesquisadores em compartilhar livremente e livremente suas produções na web. É interessante notar que quem mais acessa os textos por canais ilegais não carrega suas produções em sites para disponibilizá-las gratuitamente. Entretanto, aqueles que colocam o seu trabalho em repositórios (46%) estão ligeiramente mais associados àqueles que o obtêm regularmente através de meios legais (55%).

As formas de acesso aos textos acadêmicos não estão vinculadas à publicação on-line de sua produção para consulta gratuita.

CONCLUSÕES

Embora o acesso pago continue a ser importante, a indústria editorial está a avançar rapidamente para o modo corporativo de “acesso aberto dourado” (ou seja, cobrar aos autores). Os produtos de acesso aberto estão a tornar-se cada vez mais difundidos, em parte em resposta à incapacidade de restringir traduções não pagas de conhecimento, especialmente cópias piratas de informação digital. Em vez disso, a apropriação não remunerada do conhecimento sob diversas formas pode melhorar significativamente o acesso.

O direito de investigar coincide assim com a história do desenvolvimento económico no que diz respeito à importância das traduções não remuneradas de conhecimento nos processos de acumulação cognitiva. A livre tradução do conhecimento não é uma exceção aleatória, um mal indireto, mas uma parte conhecida dos processos de desenvolvimento. Mas este trabalho mostrou que pelo menos os cientistas do CONICET declaram ter práticas nas quais reconhecem – tácita ou explicitamente – a importância da tradução gratuita do conhecimento.

Qualquer estratégia sobre o desenvolvimento do conhecimento produtivo argentino, sobre ciência, tecnologia e inovação local, deve abordar este debate o mais rapidamente possível.

Os dados estarão em breve disponíveis em acesso aberto no Portal Aberto de Dados Primários de Ciência e Tecnologia da Argentina (DACyTAr) https://dacytar.mincyt.gob.ar/ de acordo com o disposto na Lei Nacional 26.899. Implementando direitos do usuário para pesquisa em inteligência artificial: Um apelo à ação internacional (SSRN Scholarly Paper ID 3578819). Obtido em http://www.ala.org/acrl/sites/ala. org.acrl/files/content/conferences/confsandpreconfs/2017/ShadowLibrariesandYou.pdf.

Un estudio sobre la percepción y el uso de depósitos ilegales de documentos académicos [tesis de maestría, Universidad de Lund, Suecia]. 2015) El oligopolio de las editoriales académicas en la era digital. Stevia: conocimiento, propiedad intelectual y acumulación de capital. Recuperado de http://www.saij.gob.ar/doctrina/dasf070025-trucco-relaciones_entre_derecho_internacional.htm.

Imagem

Tabela 2. Comparação da população do CONICET (2019) com as principais  características sociodemográficas da amostra
Tabela 3. Utilização da via de acesso ilegal gratuita segundo sexo, idade,  área disciplinar, região e cargo
Figura 1. Modalidades de acesso à literatura científica
Figura 2. Modificações das vias de acesso durante   a pandemia de COVID-19
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Referências

Documentos relacionados

³ Este texto apresenta os resultados do Projeto de Pesquisa Etnografia para a América Latina - um outro olhar sobre a escola no Brasil e na Argentina (2009- 20012), desenvolvido