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fernanda julie parra fernandes rufino liberdade religiosa

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Academic year: 2023

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Liberdade religiosa: reflexões sobre o pensamento de John Locke/Fernanda Julie Parra Fernandes Rufino. Esta dissertação tem como objetivo realizar uma reflexão crítica sobre o pensamento de John Locke sobre a liberdade religiosa. A investigação também mostrará que a liberdade religiosa é tanto um direito da personalidade como um direito fundamental.

Para compreender o contexto da liberdade religiosa no Brasil, analisaremos a abordagem que esse tema recebeu em todas as constituições brasileiras até a Constituição Federal de 1988. Diante disso, o estudo propõe, como problema de estudo, a proteção da liberdade religiosa investigar. e a eficácia da liberdade religiosa no século XXI. Através da liberdade religiosa o indivíduo determina-se perante a sociedade; Nesse sentido, a pesquisa demonstrará que a liberdade religiosa no contexto atual faz parte do cerne da personalidade humana, pois é um direito da personalidade.

Abaixo, um capítulo será reservado para a abordagem constitucional da liberdade religiosa nas constituições do Brasil. 80 Paulo Adragão ensina que a liberdade religiosa “implica a possibilidade de expressão social da diversidade, essência do pluralismo”. MAZZUZOLI, Valério de Oliveira, SORIANO, Aldir Guedes (Coord.) Direito à liberdade religiosa: desafios e perspectivas para o século XXI. Belo Horizonte: Fórum, 2009, p.93).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tem um caminho marcado por mudanças positivas no que diz respeito à liberdade religiosa. In: MAZZUOLI, Valério de Oliveira, SORIANO, Aldir Guedes (Coord.) Direito à liberdade religiosa: desafios e perspectivas para o século XXI.

O caso que deu origem ao Recurso Extraordinário nº 494601

2º da Lei do RS, explicando que o sacrifício ritual nos cultos e liturgias das religiões de origem africana não viola o “Código Estadual de Proteção aos Animais”, desde que não seja excessivo ou cruel. Com base no cenário apresentado, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, por meio da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, iniciou pedido por meio de Ação Declaratória de Inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça do Estado, alegando que este parágrafo do mesmo só seria inconstitucional, tanto na forma como no conteúdo, afirmar que o sacrifício de animais domésticos nas suas liturgias foi concebido para este fim específico. Do ponto de vista formal, a lei teria violado a competência da União para editar leis de direito penal (artigo 22, I, da CF/88).

19, I, CF/88 por violar a Cláusula de Secularização estadual pelo fato de a lei estadual só permitir o sacrifício de animais em cultos africanos, excluindo cultos de outras religiões. Código Nacional de Protecção dos Animais” sacrifício ritual nos cultos e liturgias das religiões de origem africana, desde que não seja excessivo ou cruel. A livre prática de cultos e liturgias de religiões de origem africana não se enquadra nesta proibição.

Réu: Governador do Estado do Rio Grande do Sul e Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. No acórdão, o Tribunal menciona o facto de a referida lei não violar a competência legislativa da União, pois não o faz. criar uma causa de exclusão de ilicitude, com a ressalva de que não haverá penalidade administrativa para o sacrifício de animais em seitas religiosas de ascendência africana. Vale ressaltar que ainda durante o julgamento o Tribunal reformulou o parágrafo único e excluiu o termo “matriz africana” para que não haja dúvidas de que qualquer religião, e não apenas as de ascendência africana, tem a liberdade de praticar culto. Deixa claro que o Estado ainda se apega ao seu secularismo.

Por fim, insatisfeito com a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o Ministério Público recorreu ao Supremo Tribunal Federal, para que a decisão de primeira instância fosse reformada, por considerar a lei em questão inconstitucional.

O julgamento do Recurso Extraordinário 494601/RS

O voto do ministro relator

O relator, ministro Marco Aurélio de Melo, lembrou que o objetivo do caso é decidir se é possível que a lei estadual “autorize o sacrifício de animais em rituais de religiões de origem africana, à luz do disposto na Constituição Federal”. , especialmente nos artigos 5º, caput, 19, inciso I, e 22, inciso I.” Vale destacar que o ministro-relator deu a entender em seu voto que “o tema parece ser um dos mais relevantes e delicados”.Ao analisar o Código Estadual de Proteção Animal e os argumentos do Ministério Público, no início da votação, o ministro expressou que não há inconstitucionalidade formal em decorrência de usurpação de jurisdição porque a essência da norma não é criminosa, aliás a norma não tratava de animais silvestres, mas de animais domesticados utilizados em rituais, portanto, não ofendeu o proteção ao meio ambiente. Sobre a possível violação material, o ministro-relator afirma que o caso “envolve a interpretação de normas fundamentais contidas na Constituição Federal, a conquista da conformação de um aspecto relevante da liberdade de expressão – o exercício da religião liberdade”292 e o princípio da isonomia e até mesmo a laicidade do Estado brasileiro, considerando que o acima só traz como exceção o sacrifício de animais nas religiões de origem africana.

Não é apropriado limitar a possibilidade de sacrifício de animais às religiões de ascendência africana, conforme previsto na norma contestada. Portanto, o relator entende que, tendo em vista o princípio da igualdade, o sacrifício de animais durante rituais religiosos deveria ser permitido em todos os rituais religiosos. Contudo, as práticas religiosas devem observar imperativos constitucionais que valorizam tanto o pluralismo político quanto a proteção do bem-estar animal, ou seja, a possibilidade de sacrifício de animais por motivos religiosos não elimina a proteção dos animais com base no art.

Nessa perspectiva, o ministro-relator entende que deve haver liberdade para sacrificar animais em cultos religiosos, respeitando métodos que não causem sofrimento e maus-tratos aos animais. Outro aspecto extremamente importante do voto do ministro-relator, que vai ao encontro do pensamento de Locke, está em suas considerações finais, quando o ministro-relator pesou o fato de que a população consome carne todos os dias e, consumindo as mais diferentes espécies animais. , ou seja, a supressão da liberdade religiosa, através da impossibilidade de sacrificar animais no culto. O sacrifício de animais é aceitável se, excluindo os maus-tratos durante o abate, a carne se destinar ao consumo humano.

Por fim, o ministro votou pelo provimento parcial do recurso extraordinário, visando ao sacrifício de animais em cultos religiosos de qualquer natureza, atendendo a critérios que não causem sofrimento ou abuso aos animais e, desde que a carne para consumo seja pretendida, tal prática é constitucional, tendo em vista que tal manifestação de fé faz parte do cerne da liberdade religiosa, valor intrínseco do homem e que não deve ser suprimido.

Síntese da tese vencida

O ministro afirma que a liberdade e a tolerância devem ser garantidas às seitas “não só das religiões africanas, mas de todas as religiões; pelo binômio laicidade do Estado/compromisso com a liberdade religiosa e pelo respeito ao princípio da igualdade entre todas as crenças religiosas”. Segundo o ministro, apesar da liberdade e da tolerância, é necessária ponderação, tendo em conta que nenhum direito ou garantia é absoluto, e isto também deve ser feito quando se trata de sacrifício de animais em serviços religiosos. O ministro afirma que o 'Candomblé', que por exemplo tem o maior número de adeptos do Brasil, tem regras rígidas quanto ao seu culto, incluindo o sacrifício de animais durante seus cultos.

Vale ressaltar que o Candomblé não utiliza mais o termo “sacrifício”, mas sim “sacralização”, justamente com o propósito de demonstrar que não buscam ou praticam crueldade com os animais e que tal expressão de fé é realizada por fiéis treinados, por observar as regras e o respeito que o culto exige296. Relativamente à sacralização dos animais, o ministro sublinha ainda que não é uma prática exclusiva das religiões de base africana, esta prática ocorre também nas religiões judaica e islâmica, conforme mencionado no início deste capítulo. Portanto, ao preparar algum alimento para ser oferecido aos Orixás, há necessidade de preparar carne animal.”

O ministro vai mais longe e explica que, ao interferir no dogma religioso, a própria religião é desnaturada, como é o caso das religiões de base africana; Se os impedirmos de continuar com a sacralização dos animais, não só haverá uma interferência na liberdade religiosa, mas também uma distorção da própria religião. Além disso, a referida lei não viola o Código Estadual de Protecção dos Animais, não proibindo o sacrifício ritual nos serviços litúrgicos das religiões de origem africana, desde que não seja excessivo ou cruel; O ministro sublinha ainda que “de facto, não existe nenhuma norma que proíba a morte de animais”. O ministro, portanto, negou provimento ao recurso extraordinário, entendendo que deve haver uma interpretação coerente com a Constituição Federal de 1988, para que a constitucionalidade do sacrifício de animais possa ser estendida aos cultos religiosos de qualquer religião, desde que não haja abusos e maus-tratos e tortura contra animais e sem a necessidade de condicionar o consumo de carne animal à religião, tendo em vista que em muitas religiões a carne é destinada como oferenda, como para os Orixás de matriz africana297.

Tese malsucedida: deveria haver uma interpretação de acordo com a Constituição Federal, no sentido de que a Lei nº menciona expressamente “cultos e liturgias de religiões de origem africana”, mas a possibilidade de sacrifício de animais em cultos religiosos deveria abranger toda e qualquer religião . sem discriminação298.

Síntese da tese vencedora

A decisão apoia a manutenção do nível de proteção conferido aos animais pela Constituição Federal de 1988, sem suprimir completamente o exercício da liberdade religiosa. E que a manifestação não tem fins de entretenimento, mas sim de exercício do direito fundamental à liberdade religiosa. Deste ponto de vista, vale a pena mencionar que o relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, produzido pela ANC (Ajuda à Igreja que Sofre)307, analisa a liberdade religiosa em 196 países e publicou a sua 14ª edição em 2018.

Disponível em: https://www.acn.org.br/wp-content/uploads/2018/11/ACN-Relatorio-Liberdade-Religiosa-2018- Sumario-Executivo.pdf. No final, o relatório apresenta uma lista de mais de 30 países onde foram encontradas violações significativas da liberdade religiosa. Em seu conteúdo, inicialmente, devido à complexidade da pesquisa, foi necessário um estudo mais detalhado do contexto histórico em que John Locke viveu, no desenvolvimento de sua concepção de tolerância e pensamentos sobre liberdade religiosa.

Depois, ainda no segundo capítulo do desenvolvimento, o tema da liberdade religiosa foi analisado na Constituição Política do Império do Brasil de 1824. Disponível em: https://www.acn.org.br/wp-content/uploads/ 2018 /11/ACN-Relatorio- Liberdade-Religiosa-2018-Sumario-Executivo.pdf. Direitos Humanos e Liberdade Religiosa: Os Domínios Recalcitrantes do Direito Internacional: A Tensão entre a Diversidade Religiosa e o Processo de Internacionalização dos Direitos Humanos.

MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva; NOBRE, Milton Augusto de Brito (Coord.) Estado laico e liberdade religiosa.

Referências

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