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GESEL: TDSE 80 - “Indicadores de Inovação Tecnológica para o Setor Elétrico Brasileiro aderente ao P&D da ANEEL” - Gesel

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Academic year: 2023

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6 Nesse programa, a visão da inovação foi concebida como um processo de “(..) fases sucessivas, em uma sequência natural das atividades de pesquisa básica e aplicada ao desenvolvimento experimental e depois à produção e comercialização” (Cavalcante, 2009). Os indicadores de inovação são um conjunto de dados estruturados que respondem a questões sobre mudanças nas empresas, sua estrutura interna, relações com o mundo exterior e suas atividades inovadoras.

Apresentação do Programa

O Programa de P&D

Portanto, a energia elétrica deve enviar à ANEEL os relatórios finais de auditoria contábil e financeira do projeto de P&D para avaliação do reconhecimento do investimento realizado. Além disso, a empresa deve transmitir à Agência o plano estratégico de investimentos em P&D, sendo que as obrigações legais de investimento em projetos de P&D consistem no reconhecimento contábil dos itens que compõem a Receita Operacional Líquida (ROL).

Contextualização

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, há pouca tradição de investimento em pesquisa e desenvolvimento, principalmente no setor de energia (Januzzi, 2005). Com o objetivo de estabelecer diretrizes e orientações para a regulamentação de projetos de pesquisa e desenvolvimento, a ANEEL elaborou o Manual do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor Elétrico (Pompermayer et al., 2011).

Visão linear de inovação: a lógica da ANEEL

Parte disso se deve ao sistema de avaliação de projetos da ANEEL, pois a Agência considera quatro indicadores para a avaliação inicial e final dos projetos, a saber: originalidade, aplicabilidade, relevância e razoabilidade de custo (ANEEL, 2012). Essas questões geram uma série de problemas para as empresas, o processo de inovação do setor e o consumidor final de energia. Os itens delineados no manual de P&D da ANEEL reforçam uma visão sequencial da inovação, que é realizada em etapas sucessivas, desde a pesquisa básica (primeira etapa) até a comercialização do produto (última etapa).

Assim, vários problemas surgem com essa abordagem linear da inovação no processo de avaliação de projetos. Por exemplo, para atender e garantir a aprovação do critério de originalidade, as empresas valorizam uma patente ou registro de software em projetos. Assim, o primeiro critério da ANEEL é atendido e, posteriormente, é publicado um artigo sobre um software que realiza uma pequena simulação que atende ao segundo critério.

Entretanto, a inovação gerada neste exemplo é claramente incremental, o que se deve à superestimação de um critério pela ANEEL, decorrente de sua visão fechada de inovação. É, portanto, de extrema importância o desenvolvimento de novos indicadores para avaliar o processo inovativo em projetos de P&D com o objetivo de promover a inovação no SEB. O objetivo da regulação de P&D era promover a inovação no setor elétrico, mas alguns autores, como Amaral (2012), argumentam que a política de fomento ao programa da ANEEL não é capaz de induzir suficientemente as relações entre os atores envolvidos na geração de inovações , nem garante bons resultados em termos de padrões mais elevados de desenvolvimento tecnológico.

Abordagem do Sistema Nacional de Inovação

Por outro lado, com uma visão sistêmica da inovação, seu conceito é visto como um processo de aprendizado não linear, cumulativo e local específico, e não como um ato isolado. Agentes, principalmente empresas, universidades, centros de pesquisa, governos em suas esferas de poder e relacionamentos entre empresas, especialmente do tipo usuário-produtor, produziriam o conhecimento necessário, em sua maioria tácito, para o processo de inovação por meio de relacionamentos rotineiros. conhecido como aprender fazendo, aprender por aplicação e aprender por interação (Lundvall, 1998). A concepção básica do conceito de sistemas de inovação é que o sucesso inovador não depende apenas do sucesso das empresas e organizações de ensino e pesquisa, mas também de como eles interagem entre si e com vários outros atores e como as instituições - incluindo políticas - influenciam o desenvolvimento de sistemas (Lastres e Cassiolato, 2004).

A ideia básica do SNI é que as novas tecnologias não são invenções isoladas, mas incluem uma série de inovações tecnológicas e organizacionais inter-relacionadas (Freeman, 1979). Esses autores desenvolvem um quadro analítico alternativo à teoria econômica tradicional - neoclássica - para explicar a concorrência, o desenvolvimento e o crescimento econômico, além de servir como uma ferramenta prática para o desenho e implementação de políticas de inovação. Em síntese, o conceito de SNI insere-se num quadro mais geral da economia evolutiva, que atribui grande importância à capacidade de aprendizagem e remete para o contributo de Nelson e Winter (1982).

A perspectiva trazida pelo conceito do SNI de que "todas as partes e aspectos da estrutura econômica e do arcabouço institucional afetam os processos de aprendizagem, bem como a busca e exploração de inovações" (Lundvall, 1992) tem implicações diretas nos instrumentos de política recomendados para promover desenvolvimento, inclusive com programas da ANEEL, como o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento. Chaminade e Edquist (2010) afirmam que políticas de inovação baseadas em uma perspectiva de sistemas de inovação visam resolver problemas ou erros sistêmicos que não podem ser resolvidos automaticamente por atores privados. Os autores destacam algumas possíveis falhas sistêmicas, como (i) falhas na provisão e investimento em infraestrutura, (ii) falhas na transição do paradigma tecnológico, (iii) problemas de lock-in, (iv) falhas nas instituições” (hard) e “soft” (soft), (v) erros de rede, (vi) erros de aprendizagem e competência e (vii) erros de complementaridade.

Visão sistêmica no Setor Elétrico Brasileiro

Quanto aos atores, pode-se dizer que a principal empresa do SEB é a Eletrobrás, com controle acionário estatal, mas há uma diversidade e variedade de empresas públicas e privadas na geração, distribuição e transmissão de energia (Pompermayer et al. , 2011). 20 A dinâmica da inovação no setor elétrico, em outros países, é ditada pelos fornecedores, que são os responsáveis ​​pelas inovações na cadeia produtiva (Pompermayer et al., 2011). Como há um alto investimento na fase de implantação da nova infraestrutura elétrica, o uso de equipamentos na fronteira tecnológica é induzido a postergar a necessidade de atualização, contribuindo para a dependência de grandes fornecedores (Pompermayer et al., 2011). .

Ao estudar os processos de inovação na indústria, pode-se constatar que as empresas não inovam sozinhas (Lundvall, 1992). 21 Podemos dizer que mudanças na base de conhecimento e nos processos de aprendizagem das empresas levam a transformações no comportamento e estrutura dos agentes e em suas relações mútuas (Vonortas et al., 2009). Nesse contexto, o desenvolvimento de capacidades dinâmicas torna-se um aspecto crítico para impulsionar o crescimento dos negócios.

As capacidades dinâmicas podem ser divididas nas capacidades de (i) perceber e projetar oportunidades e ameaças ou sentir, (ii) aproveitar e decidir sobre oportunidades ou agarrar, e (iii) sustentar competição, reforço, combinação, defesa e, quando necessário, reconfiguração dos ativos intangíveis e tangíveis da empresa - reconfiguração (Teece, 2007). Eles adaptam e moldam o ecossistema de negócios, por meio da inovação e colaboração com outras empresas, entidades e instituições (Teece, 2012). As estruturas de gestão do empreendedorismo devem reconhecer a importância dos efeitos de rede, a distribuição de recursos complementares de inovação de produtos, problemas de interação e trajetórias de base instalada na tomada de decisões.

Crítica aos indicadores tradicionais de inovação

O objetivo de realizar uma análise por meio de indicadores de inovação é justamente ter uma visão geral do estado das atividades inovativas, além de prever as consequências dos avanços científicos advindos das mudanças tecnológicas nas empresas e no setor elétrico. Kelinknecht (2000) destacou os pontos fortes e fracos de três indicadores tradicionais de inovação: iii) Vendas de produtos inovadores. Essa subdivisão é importante para a análise empírica do impacto da inovação no desempenho da empresa, pois os esforços para inovar produtos e outros processos são essenciais para o crescimento da empresa e geração de empregos.

As fragilidades decorrem do fato de o indicador de P&D ser apenas o insumo do processo de inovação. Nesse contexto, Kelinknecht (2000) enfatiza a necessidade de criar indicadores de inovação mais adequados para captar não apenas o desenvolvimento de novas tecnologias, mas também a aplicação criativa de tecnologias já disponíveis. O terceiro indicador da inovação tradicional é o de vendas de produtos inovadores, que se baseia na avaliação da empresa em pesquisa de levantamento sobre a introdução de novos produtos.

A análise de um setor e das empresas do setor - como o setor elétrico -, com base em indicadores de inovação mais sofisticados do que apenas os indicadores tradicionais de output, como registros de patentes e gastos com P&D, torna mais robusta a caracterização da inovação em um mundo que está cada vez mais dominado. por empresas de serviços intensivos em tecnologia. Os outputs tradicionais reforçam a análise do processo de inovação através de uma perspectiva linear. Por outro lado, os indicadores de inovação apresentados por Kleinknecht (2000), como o percentual de produtos e serviços imitativos, o percentual de produtos e serviços inovadores e os novos produtos e serviços anunciados em jornais, permitem uma visão mais completa da inovação em setores . da economia.

Propostas de indicadores de inovação para o Setor Elétrico Brasileiro

Indicador de aprendizado externo relacionado a outros agentes produtivos (aprendizado de spillovers intersetoriais), calculado a partir da importância atribuída a fontes externas de aprendizado. Indicador de aprendizagem externa vinculada às fontes de V&T (learning from V&T progress), calculado com base na importância atribuída às fontes de aprendizagem externas vinculadas à estrutura de V&T. Estrutura para aprendizagem externa - Agentes de V&T. Indicador de estruturação externa da aprendizagem relacionado à estrutura de V&T, que indica a formalização de fontes externas de aprendizagem vinculadas à estrutura de V&T. Indicador de aprendizagem externa vinculada a outros agentes, calculado com base na importância atribuída a fontes externas de aprendizagem vinculadas a outros agentes - outras fontes de informação. Cooperação com agentes de C&T. Indicador do grau de parceiros envolvidos nas atividades colaborativas da empresa, vinculados a universidades e centros de pesquisa, calculado por importância.

Indicador estruturante de atividades colaborativas desenvolvidas com outros agentes, indicando a formalização de atividades colaborativas desenvolvidas com universidades e centros de pesquisa. iv) Indicadores de Desempenho Tecnológico. Indicador de inovação em novos produtos e processos para o setor em que atua, podendo a inovação de produto ser radical ou incremental. Indicador dos resultados das parcerias e cooperações realizadas pela empresa em treinamentos administrativos e mercadológicos, calculado com base na importância que a empresa atribui aos resultados das atividades cooperativas realizadas. v) Indicadores de impacto direto nas competências.

Indicador relacionado aos efeitos dos projetos nos custos de energia da empresa. vi) Indicadores de incentivo ao arranque. Os indicadores de inovação apresentados neste texto para discussão podem subsidiar uma proposta de aprimoramento do programa de P&D da ANEEL. 35 Programa de P&D baseado na abordagem do Sistema Nacional de Inovação e contemplando fatores mais amplos.

Com base nessas informações, é possível aprimorar o diagnóstico, a previsão e o planejamento do processo de inovação das empresas e do SEB. Inovação tecnológica no SEB: contribuições para a avaliação do programa de P&D regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Referências

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