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POLÍTICAS PÚBLICAS, CIDADANIA E DIREITOS SOCIAIS

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Academic year: 2023

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POLÍTICAS PÚBLICAS, CIDADANIA E DIREITOS SOCIAIS: contribuições do Programa Cultura de Direitos para o desenvolvimento do município de MARICÁ (RJ)

Luciana Gonzaga Bittencourt1 João Carlos de Lima2 Eugênio Soares3 Camila de Melo Domingos4 George William Torno Junior5

RESUMO: Esse artigo analisa como o município de Maricá (RJ) tem implantado políticas públicas focadas na articulação entre a promoção de direitos sociais e o desenvolvimento econômico local. Aponta para a importância de ações baseadas na defesa, na proteção e na promoção de direitos humanos por meio do fortalecimento da cidadania e da transformação social coletiva através de oficinas culturais. Para isso, a partir de pesquisa bibliográfica e documental, apresenta o Programa Cultura de Direitos, ligado à Secretaria Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá (SPPDHM/Maricá).

Palavras-chave: Políticas Públicas. Desenvolvimento Llocal. Direitos Sociais. Cidadania. Oficinas Culturais.

ABSTRACT: This article analyzes how the municipality of Maricá (RJ) has implemented public policies focused on the articulation between the promotion of social rights and local economic development. It points to the importance of actions based on the defense, protection and promotion of human rights through the strengthening of citizenship and collective social transformation through cultural workshops. For this, based on bibliographical and documentary research, it presents the Culture of Rights Program, cooperative of the Secretaria Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá (SPPDHM/Maricá).

Keywords: Public Policies. Local Development. Social Rights. Citizenship. Cultural Workshops.

1 Produtora Cultural. Assessora do Programa Cultura de Direitos – SPPDHM/Maricá. Doutoranda em Política Social pela Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ. E-mail: lucianagb79@gmail.com

2 Secretário Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos, Mulher de Maricá/RJ – SPPDHM/Maricá. E-mail: jcbirigu@gmail.com

3 Jornalista. Coordenador do Programa Cultura de Direitos – SPPDHM/Maricá. Bacharel em Comunicação Social. E-mail: eugenio13soares@gmail.com.

4 Cientista Social. Assessora do Programa Cultura de Direitos – SPPDHM/Maricá. Especialista em Administração Pública pela UFF/RJ – E-mail: camilademelo.1@gmail.com.

5 Graduando em Engenharia Química pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ/RJ.

Assessora do Programa Cultura de Direitos – SPPDHM/Maricá. E-mail: georgetorno@gmail.com

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1 INTRODUÇÃO

O município de Maricá possui uma área total de 362,480 km², dividido em quatro distritos: Maricá (Sede), Ponta Negra, Inoã e Itaipuaçu, com um total de cinqüenta e dois (52) bairros, o que corresponde a 5,4% da área da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O município tem como limite: Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Saquarema e oceano Atlântico. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 2018, sua população gira em torno de 157.789 habitantes. De acordo com Estudo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro de 2016 (TCE/RJ) na última década, sua população aumentou 66,1%, sendo considerado o segundo maior crescimento no estado do Rio de Janeiro.

Atualmente, a cidade é considerada como uma das principais produtoras de petróleo do Rio de Janeiro, já que o seu litoral está defronte a Bacia de Santos. A exploração do campo de Lula, pela Petrobras, é o principal responsável por garantir consideráveis receitas de royalties à prefeitura municipal. Em 2018, dentre todos os municípios do estado do Rio de Janeiro foi o que mais recebeu arrecadações provenientes de petróleo, R$ 900 milhões. De acordo com a Lei Orçamentária Anual do Município (LOA), em 2019, dispõe de mais de R$ 2,6 bilhões para suas despesas.

Na contramão das administrações municipais, estaduais e federal, Maricá em sua atual gestão, adotou um desenvolvimento econômico articulado ao social, implementando ações voltadas à sociedade em geral, buscando respeitar as diversidades dos grupos sociais. A partir do diálogo entre governo e a sociedade civil, sobretudo à parcela da população menos assistida, vem investindo no fortalecimento de ações e programas que promovam o acesso à cidadania e a participação popular, com caráter transformador e na qualidade de vida dos munícipes.

Nesse sentido, a cidade tem estabelecido para si grandes desafios para um desenvolvimento sustentável, tanto economicamente como socialmente devido ao grande investimento que tem recebido. Podemos sinalizar que a falta de planejamento de ações que possam dar conta deste processo de crescimento pode gerar conflitos territoriais e desigualdades sociais. Assim, busca tornar-se uma cidade com qualidade de vida para toda a sua população, investindo em grandes obras de saneamento básico, infraestrutura, escolas/bolsas para graduandos, cultura e de saúde (novo hospital e postos de odontologia), além de fomentar a participação de seus moradores na construção de pertencimento local.

Devemos pensar a democracia para além de técnica universalista de governo, prática de construção e reelaboração do sujeito social em sua cotidianidade. É nas situações miúdas do dia a dia, no vaivém relacional entre as instituições e a

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vicissitude existencial da cidadania, que se pratica o jogo democrático (SODRÉ, 2010, p.84).

Considerando-se a Lei Orgânica do Município, assinada em 1990, em seu Art. 246, o município, em sua política urbana, sinaliza que é necessário “atender o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade com vistas à garantia e melhoria na qualidade de vida de seus habitantes”. Esse artigo inclui que as funções sociais da cidade devem englobar a cultura, trazendo inclusive a Seção II – Cultura:

Art. 405: O Município garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura nacional, estadual e municipal, e apoiará e incentivará a valorização das manifestações culturais, através de: I - articulações das ações governamentais no âmbito da cultura, da educação, dos desportos, do lazer e das comunicações; II - criação e manutenção de espaços públicos devidamente equipados e acessíveis à população para as diversas manifestações culturais, inclusive através do uso de próprios municipais, vedada a extinção de qualquer espaço cultural público ou privado sem criação, na mesma área, de espaço equivalente (MARICÀ, 1990).

Preocupada em fomentar novos olhares da população de Maricá (maricaense) sobre seus direitos constitucionais e promoção de consciência para cidadania plena, a prefeitura local tem buscado promover diferentes ações, sendo muitas delas culturais. Estas buscam a defesa, a garantia e a proteção dos direitos humanos inerentes a todos os grupos sociais, a consecução dos anseios sociais, bem como o desenvolvimento, em defesa da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, por meio da Secretaria Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá (RJ) – SPPDHM - criou, em 2018, o Programa Cultura de Direitos.

O Programa tem como objetivos principais: o empoderamento popular por meio do acesso a seus direitos sociais e de cidadania, qualificação profissional voltada para a comunidade e a ampliação de mercado de trabalho por meio de diferentes oficinas culturais, estabelecimento de políticas públicas democráticas que foquem a participação popular por meio da integração de seus moradores às transformações econômicas, sociais e culturais que o município está vivenciando na última década.

(...) a cultura remete à ideia de uma forma que caracteriza o modo de vida de uma comunidade em seu aspecto global, totalizante. Não se caracteriza apenas pela gama de atividades ou objetos tradicionalmente chamados culturais, de natureza espiritual ou abstrata, mas apresenta-se sob a forma de diferentes manifestações que integram um vasto e intricado sistema de significações. Assim, o termo cultura continua apontando para atividades determinadas do ser humano que, no entanto, não se restringem às tradicionais (literatura, pintura, cinema - em suma, as que se apresentam sob uma forma estética), mas se abrem para uma rede de significações ou linguagens incluindo tanto a cultura popular (carnaval) como a publicidade, a moda, o comportamento (ou a atitude), a festa, o consumo, o estar-junto, etc (COELHO, 1999, p.103).

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Considerando a importância da cultura para o desenvolvimento das pessoas, o Programa iniciou suas ações em junho, oferecendo a inscrição para atividades de qualificação e formatação por meio de implementação de oficinas culturais em diferentes locais da cidade. Estes foram definidas pela gestão através de indicadores e critérios de exigibilidade em reuniões de planejamento com agentes sociais que compõem o Comitê de Defesa do Bairro – CDB. São elas: capoeira, música (instrumentos de corda, sopro, percussão e coral), vídeo-arte e mídias sociais. As aulas acontecem de segunda a sábado nas quatro Casas do Programa que atendem os quatro distritos do município:

Centro/Pedreira; Bambuí/Ponta Negra; Inoã; Itaipuaçu/Recanto.

Para as quatro oficinas inicialmente oferecidas foram abertas 1.040 vagas e realizadas 1.397 inscrições. Salvo as oficinas de mídias sociais que começaram em janeiro, as demais (música, capoeira e vídeo-arte) iniciaram-se em outubro e ainda estão acontecendo.

2 DESENVOLVIMENTO

A democracia, segundo Gramsci (1968) é a direção intelectual e moral de um sistema político-social, tendo como ponto principal a perpetuação das relações de classe e prevenção do desenvolvimento da consciência de classe em um período determinado. Por meio de uma transformação na visão de homem e do mundo deve-se construir uma nova ordem social, cujas condições de valorização da vida estivessem acima do econômico. Este seria o papel da escola e da cultura para a formação da consciência baseada na participação ativa das classes subalternas nas novas organizações sociais. A partir de uma função positiva das ideologias e de uma nova concepção de mundo superior à classe dominante burguesa como ferramentas para uma transformação social efetiva e real. Para Coutinho (2008, p.151): “A democracia deve ser entendida não como algo que se esgota em determinada configuração institucional, mas sim como um processo”.

Gramsci (1968) afirma que, para promover essas mudanças, seria necessário fomentar uma consciência teórica e cultural dos sujeitos envolvidos e a práxis (ação)6. Esta se articula à atividade objetiva do homem, ao domínio da natureza e à formação da subjetividade humana, não se apresentando como um algo passivo e, sim, como parte da luta de reconhecimento da liberdade humana a partir do desenvolvimento de uma

6 A práxis deve ser entendida como a vinculação íntima entre a teoria e a prática, fundamentada na relação do processo histórico social. Ela que legitima as práticas produtivas do homem historicamente. Resulta em um contraste entre o pensar e o agir frente à concepção de mundo.

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consciência histórica da realidade social e de uma ação política voltada a elevar a condição intelectual e moral das massas.

Portanto, a cultura para Gramsci é o meio pelo qual o homem legitima sua prática social em um contexto histórico, cuja construção é estabelecida a partir dos esforços do grupo social em busca de uma consciência de classe, baseada em um sistema de forças.

Aparece de forma particular em cada grupo social, estabelece-se como um bem universal baseado em sua ação política. Coutinho (2011) considera a cultura como algo diverso baseada na apropriação de sua própria personalidade em que o homem “(...) compreende seu valor histórico, sua própria função na vida, seus próprios direitos e seus próprios deveres” (COUTINHO, 2011, p. 54).

Devemos pensá-la como algo comum a um grupo social e não algo individual.

Contudo, o modo como cada pessoa se relaciona com a cultura da sociedade ou grupo em que está inserida varia. Ela é mutável, não estática, ou seja, uma sociedade pode ter sua cultura completamente transformada, principalmente em relação a seus hábitos culturais que, normalmente, compõe-se por elementos como: comportamentos, conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, hábitos, valores e instituições.

Percebe-se, ainda, que a cultura é uma importante ferramenta de desenvolvimento, para a obtenção do conhecimento já que mantém estreita relação com a educação, servindo como meio para se alcançar melhores e diferentes resultados no desempenho da economia e, inclusive, para diminuir as desiguais relações entre as classes à medida que busca promover reflexões sobre os contextos sociais em que vivemos. Devemos pensá-la para além de sua expressão simbólica, como forma de construção de comportamentos e de cidadania que inclui os modos de vida, os direitos fundamentais, sistemas de valores, tradições e crenças. Nesse sentido, deve-se reconhecê-la como parte dos direitos humanos e incorporá-la ao cenário político e social, fortalecendo a relação entre a sociedade, município e políticas públicas por meio de novos caminhos baseados na reflexão crítica, na solidariedade, no coletivo e no trabalho colaborativo a partir dos interesses da sociedade.

As políticas públicas municipais devem identificar as demandas locais cada vez mais no intuito de produzir ações que garantam os direitos de cada cidadão (civis, políticos e sociais) de forma a atuar diretamente na diminuiçãoda exclusão social que existe no Brasil.

Para isso, é importante salientar a cidadania e a democracia participativa como garantias desses direitos frente à tamanha desigualdade nas relações que servem o capitalismo.

Assim, carece que identifiquemos ações articuladas em redes locais, estaduais e nacional, comprometidas com a eficácia e eficiência nas demandas da população. Para Pereira (2018, p.76): “A legitimidade do governo local depende sempre do atendimento e da capacidade de

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execução de suas propostas e planos de gestão, o que demanda a criação de condições para a governabilidade.”

Nesse sentido, as políticas públicas com viés social deveriam respeitar a diversidade presente em nosso país, de forma a orientar e formar pessoas que respeitem as leis, fortalecidas por vínculos familiares e comunitários, de forma a gerar solidariedade e compromisso com a preservação do ambiente, da cultura e da história, além de promover e garantir a proteção social por meio da participação da população nos espaços decisões, somente uma nova cultura política. Esta compreender o que acontece ao nosso redor, conectando-se a certos valores e a certas formas de ver e viver a vida como um campo da mediação, inseparável da dimensão política e econômica da sociedade. É por excelência o campo da transversalidade e da fluidez: tudo está sempre em movimento e se refaz;

convivem práticas tradicionais e novas modalidades.

2.1 Programa Cultura de Direitos: “Cultura para que afinal?”7

O Programa Cultura de Direitos, ligado à Secretaria Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulheres – SPPDHM - foi criado como uma política pública que busca, por meio da cultura, criar condições para mobilidades sociais, apresentando alternativas de inclusão para a população. Assim, suas ações buscam trazer potencialidades para os sujeitos sociais, oferecendo-lhes participação política ativa e interativa com o governo para que estes sujeitos estejam conscientes de seus direitos constitucionais, além de ser uma alternativa de formação profissional. Para Domingos e Souza (2011, p. 240):

A importância do setor público no financiamento da cultura se justifica de diversas maneiras. Num país extremamente heterogêneo como o Brasil, com baixo crescimento econômico nas últimas décadas, estes fundos (culturais) têm um papel central para a efetivação material da pluralidade cultural, na criação de postos de trabalho e no crescimento da participação da cultura no desenvolvimento econômico do país, a depender da orientação política que organiza sua aplicação.

A SPPDHM8 é composta por 8 (oito) coordenadorias divididas pelos seguintes eixos:

Igualdade Racial, Juventude, Participação Popular, Direitos Humanos, Conselhos, Mulheres, LGBTI e Comitê em Defesa do Bairro (CDB). Cabe ressaltar que a Secretaria tem como objetivos a promoção da cidadania, direitos humanos e democracia participativa popular, a partir de ações que busquem a garantia dos direitos de igualdade da população maricaense

7 “Se esforços e recursos públicos estão sendo aqui colocados em jogo, a única política cultural que, me parece, devemos desejar é aquela que cria as condições para o fortalecimento (quando não o aparecimento) da cultura política” (COELHO, 2000, p.118-119).

8 Informações obtidas na página de facebook da Secretaria - https://www.facebook.com/dhMarica/

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por meio da formação de líderes, multiplicadores e cidadãos ativos, a partir de ações integradas aos diversos movimentos sociais e coletivos que existem na cidade.

Para Canclini (2003, p. 157): “Uma política é democrática tanto por construir espaços para o reconhecimento e o desenvolvimento coletivos quanto por suscitar as condições reflexivas, críticas, sensíveis para que seja pensado o que põe obstáculos a esse reconhecimento.” Por isso, a proposta dessa política é desenvolver autonomia e protagonismo em seu público, principalmente a partir de sua integração com a educação, tornando-se indispensável para uma cultura cidadã e emancipadora como parte da organização dos modos de sociabilidade e de organização de espaços que sejam próprios às novas relações com a cidade de Maricá.

Por meio de ações socioculturais, o Programa propõe ao público beneficiário de suas atividades reflexões críticas sobre diferentes aspectos sociais, fomentando, inclusive, novas oportunidades a partir de seus próprios fins no universo da cultura como meio de comunicação e expressão. Ainda, evoca uma democracia participativa já que propõe um sistema institucional aberto à experimentação de uma gestão mais igualitária. Tendo como referência os direitos humanos, sua missão é fomentar a ampliação e o fortalecimento do sujeito, dotado de direitos constitucionais e de pertencimento sociocultural, estimulando-se a participação e um novo olhar para uma sociedade democrática baseada na cultura da paz, com direito à cidadania plena, respeito à diversidade sexual e de gênero e sem exclusão social. Conforme Calabre aponta (2005, p.10): “Os processos culturais vêm sendo considerados importantes sejam como fontes de geração de renda e emprego, sejam como elementos fundamentais da configuração do campo da diversidade cultural e da identidade nacional”.

A pesquisa com os dados iniciais apontam que, no primeiro ano, o Programa Cultura de Direitos, a SPPDHM optou por oferecer oficinas de qualificação e formação, cujo objetivo é promover atividades culturais de iniciação através da implementação de 04 (quatro) oficinas, nas comunidades dos 4 (quatro) distritos de Maricá (Maricá Sede; Inoã; Ponta Negra; Itaipuaçu) nas 4 (quatro) Casas de Cultura/Núcleos, definidas pela gestão através de indicadores e critérios de exigibilidade em reuniões de planejamento. São elas:

1) Oficina de Mídias Sociais - As redes sociais são uma realidade mercadológica da modernidade. Todos querem ter sua empresa ou seus produtos sendo visualizados nas redes sociais. Para tanto, se faz necessário entender a dinâmica e a estrutura de funcionamento das mesmas. É uma necessidade estratégica ter o domínio das ferramentas que disponibilizam que um empreendedor e seus produtos estejam sempre expostos e à disposição. Desta forma, esta oficina descreve a fundamentação sobre as mídias sociais e

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principalmente uma forma de como fazer o monitoramento do conteúdo e troca de informações que permeiam as redes sociais e que podem ter alguma informação que poderia causar algum impacto na imagem de uma marca ou produto. Carga horária semanal: 3h, durante o período de 2 (dois) meses. Essa oficina será ofertada 4 (quatro) vezes ao longo de 10 (dez) meses e é oferecida em cada Núcleo, 1 (uma) turma com até 15 (quinze) alunos cada.

2) Oficina de Capoeira - tem como objetivo difundir no contexto da cidade a manifestação de uma das mais ricas expressões de nossa cultura. A capoeira proporciona desenvolvimento integral de seus praticantes através de vários aspectos, como a motricidade, força, resistência, reflexo, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade. Desenvolve habilidades artísticas e ritmos, proporcionando ganhos emocionais como autoconfiança e autocontrole, além de contribuir para o processo de ensino aprendizagem. É oferecida de forma permanente, com a formação de 8 (oito) turmas, distribuídas nos 4 (quatro) Núcleos, com pelo menos 25 (vinte) alunos, com 1h30min de aula, durante 3 (três) dias da semana, durante 10 (dez) meses.

3) Oficina de Vídeo-arte – tem como objetivo a formação em vídeo para jovens consumidores de informações digitais e que desejem documentar fatos e dados vinculados a democratização das tecnologias e da arte contemporânea, inclusive como curso profissionalizante para quem desejar trabalhar com esse tipo de filmagem. Acontece nas Casas das Pedreiras e Inoã, por meio da oferta de 17 (dezessete) cursos, divididos em 3 (três) módulos.

a) Módulo Básico – Criação de Roteiro I; Sonorização I; Iluminação I; Fotografia I; Filmagem I; Edição I; Produção Audiovisual I. Cada curso terá 30h de duração, sendo divididas em 26h básicas e 4h de empreendedorismo, durante o período de 2 meses. Esse módulo será ofertado 02 (duas) vezes ao longo de 10 (dez) meses. Os cursos são oferecidos nas Casas da Pedreira e Inoã, ao menos 01 (uma) turma com 15 (quinze) alunos cada.

b) Módulo Intermediário - Criação de Roteiro II; Sonorização II; Iluminação II; Fotografia II;

Filmagem II; Edição II; Produção Audiovisual II. O pré-requisito para frequentar estes cursos é ter cursado o Módulo Básico. Terá 40h de duração, sendo dividido em 34h básicas e 6h de empreendedorismo, durante o período de 2 meses. Esse módulo será ofertado 02 (duas) vezes, ao longo de 10 (dez) meses. Ainda não começou.

c) Módulo Avançado – Filmagem III; Edição III; Produção Audiovisual III. O pré-requisito para frequentar estes cursos será ter cursado o Módulo Intermediário. São 50h de duração, sendo dividido em 40h básicas e 10h de empreendedorismo, durante o período de 2 (dois) meses. Esse módulo será ofertado 01 (uma) vez. Ainda não começou.

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4) Oficina de Música – busca o desenvolvimento dos alunos em suas referências culturais, ampliando a inserção no mercado de trabalho na área musical. Além disso, aprender a tocar um instrumento ou ouvir música é algo que se constitui como um bem para a pessoa como lazer. É oferecido nos 4 (quatro) Núcleos através da oferta de 12 (doze) cursos, divididos em 3 (três) módulos.

a) Módulo Introdução à Música - Coral I, Percussão I, Flauta Doce, Gaita. Cada curso tem 40h de duração, sendo divididas em 30h básicas, 6h de introdução à música e 4h de empreendedorismo, durante o período de 2 (dois) meses. Esse módulo é ofertado 2 (duas) vezes ao longo de 10 (dez) meses. Cada curso tem ao menos 01 (uma) turma com 20 (vinte) alunos pelos 4 (quatro) Núcleos.

b) Módulo Avançado I - Coral II, Percussão II, Instrumentos de Corda I, Instrumentos de Sopro II. A entrada neste módulo se dá através de análise de desempenho musical feita pelos instrutores ou conclusão do módulo de Introdução à Música. Os cursos terão duração total de 40 h, sendo divididas em 26h básicas, 10h especializadas (destinadas aos ensaios) e 4h de empreendedorismo, durante o período de 2 (dois) meses. Ainda não começou.

c) Módulo Avançado II - Coral III, Percussão III, Instrumentos de Corda II, Instrumentos de Sopro II. O pré-requisito para frequentar estes cursos será ter cursado o módulo Avançado I.

Terão duração total de 50h, sendo divididas em 30h básicas, 10h especializadas (destinadas aos ensaios) e 10h de empreendedorismo, durante o período de 2 (dois) meses.

Esse módulo será ofertado 2 (duas) vezes ao longo de 10 meses e ainda não começou.

Tabela 1 - Dados iniciais de preenchimento de vaga, inscritos e frequência:

Casa de Cultura/Núcleo

Vagas oferecidas Inscritos Frequência – mês de fevereiro

Bambuí/Ponta Negra 240 283 168

Inoã 280 350 104

Itaipuaçu/Recanto 280 317 104

Centro/Pedreiras 240 447 145

Fonte: Relatório Parcial do Programa Cultura de Direitos - 6 meses

As oficinas culturais são uma ferramenta para atrair pessoas da cidade de diferentes idades para participar de um equipamento cultural – Casa de Cultura – para que a Prefeitura acesse não só os alunos inscritos, mas suas famílias, divulgando os diferentes serviços que a Prefeitura oferece por meio de suas Secretarias e Conselhos de Direitos. Cabe ressaltar que, a partir de março, os agentes sociais ligados ao Comitê de Defesa do Bairro (CDB) irão

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percorrer as casas de todos os matriculados, avaliando as oficinas e buscando saber porque quem se inscreveu não está frequentando. Ainda, entregarão a Cartilha de Direitos e realizarão o preenchimento de cadastro sociocultural com as famílias. A partir do primeiro acesso, os 50 (cinquenta) agentes retornarão constantemente a essas pessoas, buscando interagir e monitorar essas famílias de acordo com o que foi respondido no questionário.

Além disso, já está em fase de planejamento, a partir das reuniões iniciais de avaliação, uma série de atividades culturais nas Casas para que estas sejam ocupadas por toda população. Entre elas: palestras, encontros, sessões de cinema com debate, exposições artísticas e apresentações dos alunos das oficinas musicais e de capoeira em diferentes eventos da cidade. Além disso, buscará a interação com outras Secretarias como a Educação e Ciência Tecnologia. Será realizado, ainda, para os envolvidos no Programa, um Curso de Extensão sobre Direitos Humanos, em parceria com a Universidade Federal Fluminense.

Aponta-se que as ações culturais são um caminho para que os beneficiários do Programa (alunos/família, coordenadores e equipe técnica) interajam com a gestão local e tenham acesso a uma política pública que divulgue os direitos da população, assim, proporcionar melhores condições de vida dos moradores locais e ampliação das oportunidades de qualificação/emprego. Portanto, o Programa Cultura de Direitos atua enquanto ação colaborativa na formação dos diferentes sujeitos por ela atendidos, potencializando-se a partir de uma forte relação entre Estado e a cultura como ferramenta de pertencimento.

Por isso, ao alinhar o crescimento econômico e populacional à inclusão social, à participação social por meio do Programa Cultura de Direitos, o município busca promover o desenvolvimento intelectual, cultural etecnológico, em benefício de todos os seus munícipes em seus diversos grupos sociais.

3 CONCLUSÃO

O presente artigo nos traz a relevância do desenvolvimento de políticas públicas que respeitem a diversidade, de forma a orientar e formar cidadãos comprometidos com uma visão crítica da sociedade. Nesse sentido, Programa Cultura de Direitos preocupa-se em promover e garantir a proteção social, ampliando a participação da população nas decisões dos rumos da cidade, considerando a ocupação de espaços públicos para o fortalecimento dos munícipes. Preocupa-se em estimular o acesso da população a seus diversos direitos sociais por meio do estímulo à participação popular ativa e consciente por políticas públicas

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efetivas e eficientes que vissem reduzir desigualdades sociais. A noção de governança enquanto interação entre governo e sociedade sugere que a capacidade de governar não deva estar ligada unicamente por um aparato institucional e por construções interativas entre os diferentes sujeitos que a compõem.

Observa-se que devemos pensar a cultura para além de um sistema que competência aos ministérios e às secretarias de cultura, pois a incorporação de dimensões culturais exige uma grande responsabilidade de outras políticas (economia, comunicação, educação, direitos humanos, urbanismo etc.) e a participação de atores (privados e associativos) que não se identificam especificamente como agentes culturais, estendendo o papel do Estado no âmbito das políticas culturais, a partir de sua dimensão social e importante ferramenta para o desenvolvimento local.

Devemos pensar o exercício da cidadania em sua plenitude, oferecendo à população, formas de contestação e de participação na gestão local como caminhos para a transformação social. Posto isso, um grande desafio para as políticas culturais, de acordo com Canclini (2003, p. 157) é: “como construir sociedades com projetos democráticos compartilhados por todos sem que igualem todos, em que a desagregação se eleve à diversidade, e as desigualdades (entre classes, etnias ou grupos) se reduzam a diferenças”.

Nesse sentido, ressaltamos que, a Prefeitura de Maricá, por meio desse Programa, busca elaborar políticas públicas preocupadas em ampliar o acesso das pessoas aos bens, conteúdos e serviços socioculturais do município a partir da perspectiva de transformação social baseada na redução das desigualdades territoriais, regionais e locais. O impacto deste tipo de ação está diretamente ligado a formação de novos processos de relações sociais, por meio do incentivo à formação e manutenção de redes, coletivos e grupos socioculturais capazes de reduzir as formas de discriminação e de preconceito, além de fomentar o pensamento crítico dos envolvidos.

Para isso, faz-se necessário a integração com a educação, motor importante da socialização básica e provedora de conteúdos e práticas culturais e que tem incentivado a formação de profissionais locais capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável na cidade ao incluir pessoas em situação de vulnerabilidade. Portanto, dialogar com outros tipos de intervenções sociais relacionadas à estruturação das cidades conota a busca por um espaço de proximidade e convivência de cidadania para a transformação social.

A Secretaria Especial da Cultura ligada ao Ministério da Cidadania (BR)9 destaca que a cultura deve ser pensada em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica: “a dimensão

9 BRASIL, 2019. Secretaria Especial da Cultura/Ministério da Cidadania. Disponível em http://www.cultura.gov.br/ Acesso em 18 de fev. de 2019.

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cidadã considera o aspecto em que a cultura é entendida como um direito básico do cidadão. Assim, é preciso garantir que os brasileiros participem mais da vida cultural”.

REFERÊNCIAS

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo: EDUSP, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Cultura política e política cultural. In: Revista Estudos Avançados- Dossiê Cultura Popular. USP: v. 9 n. 23 (1995). p. 71-94. Disponível em https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8848 . Acesso em 15 de fev. de 2019.

COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Produção Cultural. São Paulo: Iluminuras:, 1999.

_________. Guerras Culturais. São Paulo: Iluminuras, 2000.

COUTINHO, Carlos Nelson. Contra a Corrente: Ensaios sobre a democracia e socialismo. São Paulo: Cortez, 2008.

_________. O leitor de Gramsci: escritos escolhidos1916-1935. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2011.

DAGNINO, Evelina. ¿Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando?. In Daniel Mato (coord.), Políticas de ciudadanía y sociedad civil em tiempos de globalización. Caracas: FACES, Universidad Central de Venezuela, 2004. pp. 95-110.

Disponível em http://livrozilla.com/doc/822451/de-que-estamos-falando%3F---plataforma- democr%C3%A1tica Acesso em 18 de fev. de 2019.

DOMINGUES, João Luiz Pereira Domingues; de SOUZA, Victor Neves. Programa Cultura Viva: a política cultural como política social? Elementos de análise dos fundos públicos e do direito à produção da cultura. In: Cadernos de Estudos Sociais – FUNDAJ: Recife, v. 26,

n. 2, p. 239-252, jul./dez., 2011. Disponível em

https://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/view/1458 Acesso em 15 de fev. de 2019.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a Organização da Cultura. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968.

MUNIZ, Sodré. Reinventando @ cultura: a comunicação e seus produtos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

PEREIRA, André Luis. Dilemas da gestão pública municipal: as políticas de promoção da igualdade racial como objeto de debate. In: Minorias e os Direitos Sociais no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Gramma, 2018, p.69-92.

UNESCO. Relatório Mundial da UNESCO - Investir na diversidade cultural e no diálogo

intercultural. Brasil, 2008. Disponível em

ttp://www.dhnet.org.br/dados/relatorios/r_edh/relatorio_unesco_cultura.pdf Acesso em 22 de fev. de 2019.

Referências

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1.4 Para efeito de registro, na instalação do concurso e nas etapas posteriores, a Banca Examinadora adotará como limite exato para presença dos candidatos o minuto inicial 60 segundos