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Quarta Parede : as duas narrativas performáticas que as contraintes provocam na execução e leitura dos livros de artista

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Academic year: 2023

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Eu, Inês Cristina Alves Fernandes, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado intitulado “Quarta parede: As duas narrativas performativas que provocam as contradições na performance e na leitura dos livros de artista”, é fruto da minha pesquisa pessoal e independente. É com base nessa premissa que Quarta Parede: As duas narrativas performativas que provocam os contratantes na performance e na leitura dos livros de artista.

O surgimento e expansão do livro de artista como categoria artística

1], uma colaboração entre os artistas Sonia Delaunay-Terk e Blaise Cendrars, é uma referência para os livros de artista. Outra técnica de reprodução que influenciou os livros de artista foi o uso de reproduções fotográficas.

Figura 1. Blaise Cendrars e Sonia Delaunay-Terk, La Prose  du Transsibérien et de la petite Jehanne de France, 1913
Figura 1. Blaise Cendrars e Sonia Delaunay-Terk, La Prose du Transsibérien et de la petite Jehanne de France, 1913

As interpretações do termo livro de artista e as sucessivas alterações das suas fronteiras enquanto forma de expressão artística

Esses círculos representam cada vez mais obras de livros, livros de artistas, livros de arte e arte. Os livros de artista, como qualquer outro meio, são uma forma de transmitir ideias artísticas do artista ao espectador/leitor.

Figura 12. Clive Phillpot, Diagrama n.º 3, 1982.
Figura 12. Clive Phillpot, Diagrama n.º 3, 1982.

A circulação do livro de artista no meio cultural

  • A facilidade em aceder e adquirir livros de artista nos anos 60 e 70

Se a edição de livros de artista estiver relacionada prioritariamente a uma atividade secundária, ou à expansão da atividade principal, a unidade é fragmentada. A Editora Printed Matter, fundada em 1976, é ainda hoje uma organização dedicada à publicação e distribuição de livros de artista. Embora os artistas utilizem os livros de artista para atingir um público diferente, isso não significa que eles tenham se distanciado do mercado de arte.

The Artist's Book Goes Public” de 1977, Lucy Lippard (1984) conclui afirmando que os artistas poderiam se beneficiar muito economicamente se expandissem a comunicação. Refere ainda que gostava de encontrar livros de artista à venda em supermercados, bancas de jornais e aeroportos. Essa busca de instituições distintas levou ao reconhecimento do livro de artista como uma categoria artística autônoma. No entanto, essa posição em relação ao mercado de arte fez com que a democratização do livro de artista se tornasse em parte uma utopia.

Desta forma, não só corrige o erro da primeira edição, como também defende o princípio da democratização dos livros de artista com a possibilidade de edições abertas. A acessibilidade dos livros de artista pode ser tanto na compra quanto na produção (com exceções).

Figura 13. Cartão de visita da editora Other Books and So. Apresenta-se como
Figura 13. Cartão de visita da editora Other Books and So. Apresenta-se como

A narrativa performática dos livros de artista

32 Os artistas borraram a linha entre as páginas do livro e a vida cotidiana, "usando materiais comuns e ocorrências cotidianas" (Drucker 2004, p. 311). As obras desse grupo tiveram grande influência no desenvolvimento dos livros de artista e atingiram o objetivo de transformar o leitor em intérprete. Página após página, o caráter orgânico dos livros de artista está à disposição do próprio conceito do artista.

No entanto, um dos livros mais famosos que exploram sua tridimensionalidade é Every Building on Sunset Strip (1966) [fig. Com dois metros de comprimento quando totalmente aberto, este livro representa "uma fita de filme dobrada em leporello de uma das vias mais conhecidas de Los Angeles". (Borsuk 2018, p. 137). A série de fotos, criada a partir de montagens pré-digitais, completa uma imagem panorâmica dos dois lados da via, como se fosse um antecedente do Google Street View.

Em Water Yam (1964), o artista George Brecht, por meio de um baralho, no qual cada carta contém instruções para uma ou mais performances, desafia o leitor a realizar ações cotidianas que passam despercebidas, como abrir uma torneira e fechar. Por se tratar de um baralho, não existe uma ordem correta de leitura.

Figura 16. George Maciunas, Fluxus I, 1964.
Figura 16. George Maciunas, Fluxus I, 1964.

Clarificação do termo contrainte

O termo contrainte surgiu com o grupo literário francês OuLiPo (Ouvroir de Littérature Potentionelle), significando "oficina de literatura potencial". No primeiro manifesto da OuLiPo, François Le Lionnais esclarece que toda a obra literária “é constituída por uma inspiração (…) suportada por uma série de condicionantes e procedimentos que vão se encaixando sucessivamente. Limitações de vocabulário e gramática, limitações das regras do romance (...) ou da tragédia clássica” (Lionnais 1961, citado em Roubaud 1998, p. 45).

É uma clara objeção à ideia romantizada de inspiração divina de que eram alvo os artistas, neste caso os escritores. Algumas restrições criaram trocadilhos com resultados cômicos, como "substituir cada substantivo (S) de um texto pré-existente pelo sétimo substantivo encontrado na lista de um determinado dicionário (S+7)" (Jean Lescure, 1961). Muitos textos foram produzidos com esse método, criando uma grande variedade, pois o uso de diferentes dicionários dá resultados diferentes.

Uma restrição muito utilizada pelos autores desse grupo é o lipograma, texto em que o autor se impõe a não usar determinada letra. às vezes pode ser mais de um). Boule de neige (Bola de neve), outro membro do grupo OuLiPo, descobre que as palavras de um poema recebem uma letra para cada estrofe, assim como uma bola de neve aumenta de tamanho conforme desce uma colina.

Sophie Calle: Suite Vénitienne (exemplo internacional)

Em Suite Vénitienne, Sophie Calle cumpre o contrato de seguir estranhos na rua, recolher fotos e notas. É o encontro em uma inauguração com um homem que ela havia seguido anteriormente, e a divulgação ao artista de que ele viajaria para Veneza no dia seguinte, que não só determina a ida de Sophie Calle para a mesma cidade, como também que ele se torne o alvo de seu desejo. acusação. Este contrato define dois limites: o local, a cidade de Veneza, e o tempo, a duração da estada do homem.

O texto então cria um ambiente para as imagens, as situa, e o lugar público nelas representado assume um significado pessoal que compartilha com o leitor. Os não-lugares, neste caso as movimentadas praças e ruas de Veneza, ou mesmo o vaporetto, tornam-se opostos e marcam o lugar através do qual os não-lugares de Henri B. Marc Augé se caracterizam pela capacidade de se definirem através das palavras ou.

Sophie Calle fez a viagem a Veneza em 1979, mas coloca a data de 1980 nos textos que acompanham a obra. Originalmente produzida em formato de livro e publicada em 1983, Suite Vénitienne foi posteriormente apresentada como uma instalação.

Lourdes Castro: Avessos Encadeados e Recortação de Lourdes Castro (exemplo nacional)

Um dia bordei um lençol com o contorno da sombra de uma pessoa deitada. Várias foram as palavras que deram origem a esses livros, como “Sombra”, “Amor”, “Goethe”, entre outras. A limitação pode ser compreendida quando Lourdes Castro se propõe sucessivamente a descobrir o que é de dentro.

As palavras perdem o sentido já na primeira página e tornam-se formas abstratas, restando apenas a materialidade da obra. Segundo Johanna Drucker, a artista utiliza a técnica do bordado para enfatizar a essência da estrutura do livro, “que uma folha de papel tem dois lados diferentes que podem ser conectados por perfuração e se unirem em sua diferença” (Drucker 2015) . , pág. 137). 20 / 21], criado pela artista para acompanhar o catálogo da exposição Lourdes Castro: Além da Sombra (1992), é apresentado em envelope com 11 cartões postais descartáveis ​​em leporello.

As paisagens caracterizam-se pela quebra na continuidade da fotografia, que se traduz num espaço vazio onde se expõe a superfície branca do postal e sobressai a materialidade do papel. A exposição de monumentos ou locais turísticos em diferentes cidades onde o artista conseguiu - como Lisboa, Paris ou Berlim - determina a sua ausência.

Trabalho de projeto: Quarta Parede

Descrição do projeto

É desta ideia, de um muro invisível que separa o ator do espectador, neste caso o autor desta obra de design dos seus leitores, que nasce o título deste projeto. Assim como os espectadores em uma platéia assistem passivamente a uma performance usando essa técnica, o leitor também observa o resultado do cumprimento do contrato sem poder intervir. A exploração é feita através de um mapa de Nice, objeto que representa graficamente a estrutura de uma cidade.

Ao apresentar uma imagem ao leitor, compartilhamos um momento de referência física do lugar, “um resquício, algo transposto diretamente da realidade, como uma pegada”. A lista só é possível através dos percursos bordados à mão apresentados no livro "percursos & registos" e a disposição de todos os elementos é feita com a "topografia dos componentes". O objeto tal como se apresenta não permite uma leitura ao nível da linguagem verbal, mas do outro lado de uma linguagem plástica.

A leitura individualizada dos percursos conduz-nos ao livro "percursos & registos", onde se mantém uma linguagem plástica devido às formas imprevisíveis que cada percurso apresenta. Dessa forma, o contrato que deu origem à quarta parede também pode ser aplicado a novas cartas, criando uma série.

Figura 23. Quarta Parede. Página (à direita)  com o mapa do percurso bordado
Figura 23. Quarta Parede. Página (à direita) com o mapa do percurso bordado

Conclusão

As referências à quarta parede são óbvias: seja pela limitação que Sophie Calle se impõe, seja pela incorporação da técnica do bordado de Lourdes Castro aos livros de artista. Embora a passagem pela obra de Lourdes Castro tenha sido curta, importa incluir uma referência de grande relevo na arte nacional, nomeadamente pelo seu envolvimento na criação da revista e do grupo homónimo KWY. Como tal, importa referir a tese de doutoramento de Ana João Romana intitulada A Publicação da História/História do Livro de Artista em Portugal, cujo estudo dos livros de artista no panorama nacional é admirável.

Com a componente prática deste trabalho de projeto, pretendeu-se explorar o elemento performativo, que se concretiza tanto no ato criativo como na leitura. Por isso, a Quarta Parede incorpora as duas narrativas performativas inicialmente sugeridas: os caminhos do autor no cumprimento do contrato; e o conjunto de ações, por parte do leitor, quando o objeto é manuseado da forma sugerida pelo autor. O ato criativo não é inteiramente realizado pelo autor, pois ele cria com o objetivo de que a obra eventualmente tenha público.

Parte essencial deste projeto é a sua divulgação, pelo que a disponibilização deste documento no arquivo da Universidade de Lisboa permite a sua consulta por qualquer pessoa interessada nesta temática.

Tese de Doutoramento, Universidade do Algarve – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais] https://sapientia.ualg.pt/handle Consultado a 5 de April de 2021). Beyond the Artists' Book-as-Object and Performance: How has Performativity transformed the way we engage with, experience and understand artistic practices and how this can be explored in the artists'. Opinions about artist books from fifty artists and art professionals associated with the medium. https://www.artforum.com/passages/. 2008) An unpublished drawing by Duchamp: Hell in Philadelphia.

Anexo A

Imagem

Figura 1. Blaise Cendrars e Sonia Delaunay-Terk, La Prose  du Transsibérien et de la petite Jehanne de France, 1913
Figura 2. Ilia Zdanevich, Le-Dantyu as a  Beacon, 1923.
Figura 3. El Lissitzky e Vladimir  Mayakovsky, For the Voice, 1923.
Figura 4. Marcel Duchamp, Boîte-en-valise, IX/XX da edição de luxo, 1935–1940.
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Referências

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Da mesma forma que na regra de três simples, vamos montar a relação entre as grandezas e analisar cada uma delas isoladamente duas a duas. Logo, as gran- dezas são inversas e