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Religiosidade na escola: afirmações e silenciamentos

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Academic year: 2023

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Tese (Mestrado) - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas) – Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2014.

Laicidade, laicismo e secularização

Mas os ensinamentos eram repassados ​​por meio de discursos, em forma de contos e rituais, muitas vezes escondidos em sincretismo com as crenças da Igreja Católica para evitar perseguições. É relevante ressaltar que o rompimento entre o conjunto dos colonos (secularistas e católicos) foi com a Companhia de Jesus – e não com a própria Igreja, que ainda tinha alianças bem definidas com o governo.

A religião no Estado

Em 1931, Getúlio Vargas reintroduziu a religião nas escolas, com o decreto prevendo o ensino religioso facultativo (CUNHA, 2009). O profissional indicado deverá apresentar projeto de ensino religioso condizente com o projeto político-pedagógico da escola.

As perspectivas dos Estudos Culturais

Dentro desse debate, a perspectiva dos estudos culturais ganha espaço ao reconhecer os sujeitos como culturalmente ativos, em constante diálogo/conflito entre suas identidades no contexto social em que vivem e, sobretudo, ao abordar a cultura e a identidade ao mesmo tempo híbridas e fluidas. Produção. Thompson é o terceiro autor a completar um trio para esta formatura de Estudos Culturais; Williams entendia a cultura como uma rede vivida na prática de relações em que o indivíduo estava na vanguarda, mas resiste à definição de cultura como uma forma global de vida, pois a entende como um encontro entre diferentes formas de vida.

Religião como cultura: (res)significação de sentidos e práticas

Embora haja valorização das formas culturais locais por parte das igrejas, isso é feito de uma forma que. A escola é muitas vezes promotora de processos que perpetuam paradigmas hegemónicos; independentemente de uma política curricular não.

Aproximação pedagógica para se pensar a questão religiosa na

Contudo, não fornece detalhes sobre como essa inclusão deve acontecer, o que parece perigoso quando falamos de religião, uma vez que a Constituição prevê que o ensino religioso seja abordado de uma forma que não respeita os princípios da educação laica e dos Direitos Humanos. Caputo (2012) analisa os livros didáticos adotados pelo Ensino Religioso no estado do Rio de Janeiro. Na prática, a forma de educação religiosa que se apresenta da forma que o texto prevê é, portanto, ainda uma realidade distante.

Podemos destacar também os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER) de 1997, que também foram elaborados e partilhavam o princípio ideológico da igualdade; o texto que trata da inclusão do ensino religioso foi concebido e estruturado por Fonaper7, que utiliza o discurso da diversidade cultural; É a tentativa de dar um toque pedagógico e democrático ao bom e velho ensino religioso. 7 Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso (Fonaper), entidade civil formada por professores de diversas confissões religiosas, com forte presença católica.

Figura 1 - Descrição de religiões e adeptos do Caderno do Programa de                                capacitação de professores do REDH
Figura 1 - Descrição de religiões e adeptos do Caderno do Programa de capacitação de professores do REDH

Educação em Direitos Humanos na construção da negociação com

Esta mudança de enfoque ocorre no processo de reconhecimento de que os direitos humanos não podem ser reivindicados universalmente; Isto significaria anular a pluralidade da sociedade humana, o que dificultaria a hibridação destas culturas e uma possível nova significação. No entanto, este direito à diversidade não surge sem controvérsias e lutas; Nem mesmo a construção dos direitos humanos foi pacífica. No âmbito da escola, a perspectiva desta pesquisa é que a educação em direitos humanos deva funcionar como articuladora das práticas educativas e mais precisamente com esse enfoque na diferença, mas não no sentido de ser absorvida ou tolerada como prevêem os ideais de modernidade, mas sim problematizar questões condicionais na busca por uma construção identitária, ou seja, uma cultura de direitos humanos.

A educação em direitos humanos na construção da negociação com a diferença é promover ações de reconhecimento do outro, de diálogos entre as diferentes culturas pertencentes à Escola, a rejeição de um ideal de cultura hegemônica que deve ser alcançado; Achamos produtivo analisar a questão a partir do referencial teórico que considera a cultura como uma construção, como ser, como um produto híbrido de enunciação, o que abre espaço para pensar a educação em direitos humanos como um dos elementos institucionais da cultura dos direitos humanos (e não o contrário – a Educação em Direitos Humanos como processo de socialização de uma cultura já configurada com os direitos humanos).

Objetivos e questões de estudo

Este estudo ocorreu no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, região da capital do estado do Rio de Janeiro. O município de Duque de Caxias possui área de 468,3 km² e está dividido em quatro distritos: Centro, Campos Elíseos, Imbariê e Xerém. A escola conta ainda com biblioteca, sala de leitura, sala de informática e auditório.

Ainda sobre a estrutura física, não possui quadra poliesportiva, as atividades são realizadas em um pátio que fica ao lado do refeitório, além disso encontramos um banheiro feminino e masculino para estudantes e outros dois que ficam localizados no corpo docente. sala e são usados ​​para seu uso. O quadro de funcionários da escola conta ainda com dois zeladores, seis inspetores, dois professores de sala de leitura e dois gerentes de biblioteca.

Instrumentos e procedimentos: A empiria dos dados

A produção dos dados na pesquisa

O anonimato no depoimento fez com que 10,20% dos estudantes que antes não indicavam sua opção religiosa passaram a se autodenominar espíritas de diversas denominações. Com base nestes dados, selecionei alguns alunos deste grupo e conduzi uma entrevista focada, que é tão livre quanto uma conversa informal, onde o entrevistado pode falar livremente, mas onde o entrevistador faz o seu melhor para manter o foco no retenção de conteúdo. tópico em questão. Alguns professores também foram entrevistados. O método de pesquisa desta vez foi a entrevista semiestruturada, onde algumas questões são pensadas antecipadamente, mas onde o entrevistador pode inserir novas questões durante o processo.

Caracterização dos sujeitos participantes da pesquisa

Entrevistei seis professores, um do segundo segmento, um da biblioteca e quatro do primeiro segmento, além destes entrevistei também a orientadora educacional e dois alunos. O critério de escolha desses profissionais foi a diversidade religiosa, a busca por uma de cada religião, com o objetivo de compreender diferentes perspectivas, o segundo foram os professores que tinham alguma prática religiosa em seu trabalho pedagógico e por último aqueles que sofreram algum tipo de discriminação. Os dois alunos selecionados para entrevista faziam parte dos 10,20% de alunos que declararam sua religião de forma anônima, após observar esses alunos percebi que esses dois casos foram os que mais se destacaram, a Graciosa foi escolhida pelos conflitos que ela decidiu nela. a relação com a religião de sua família e Bárbara pela discriminação ao se declarar praticante do Candomblé.

É importante destacar também que todos os entrevistados e seus responsáveis ​​aprovaram a publicação das entrevistas concedidas, mas priorizamos o uso de pseudônimos para preservar sua identidade.

Tabela 1 - Caracterização dos professores entrevistados
Tabela 1 - Caracterização dos professores entrevistados

Textos e contextos da pesquisa: diálogo sobre diálogos

A inculturação

Como podemos perceber na prática da professora Rita, que não quis dar entrevistas, mas teve suas aulas ouvidas. Essas canções parecem amplamente inofensivas do ponto de vista de quem as usa ou gosta, mas servem apenas como produto de uma aproximação de práticas escolares para infundir valores religiosos. Podemos perceber isso observando como as mães se sentiram confortáveis ​​na festa de comemoração do seu dia participando de uma gincana com os filhos.

Nesse sentido, ocorre um processo de “privatização” da religião, ultrapassando as fronteiras seculares do Estado e questionando a visão de um espaço público completamente despojado de uma cultura religiosa, pois, como reflete Burity (2001), não há não é mais uma única religião de massa em disputa, e a religião também não é mais o único espaço de produção simbólica no domínio sociopolítico. A rigor, e isoladamente, cada uma destas lógicas tende a anular a outra, o que leva à necessidade de rearticulação e renegociação constantes, sem um ponto de equilíbrio ou harmonia final.

Igualdade e diferença

Por exemplo, o Professor Messias afirma que trata de questões religiosas nas aulas, mas quando questionado sobre como aborda as religiões de base africana, afirma que não, ou quando as menciona quando as encontra num livro escolar. Na entrevista, a professora não explica por que não realiza atividades culturais com os alunos e atribui à falta de material o fato de não falar sobre religiões de origem africana, mas admite que fala sobre Deus e a Bíblia : Não entendi muito bem até que um deles levantou a mão e disse: “Tá, tia, mas aqui tem alguém que vai na macumba, não sei o quê”.

Acho legal a questão das religiões porque tem muito preconceito, até sofri, uma vez numa turma do quarto ano, porque as mães vieram perguntar por que eu estava, isso em 2004, porque eu estava trabalhando. Eu e a macumba mostrou o grupo o que não era a Macumba, que foi uma cultura trazida da África pelos nossos antepassados. Se continuarmos observando a fala da Graciosa, que foi uma aluna escolhida para fazer a entrevista porque disse que não é uma boa pessoa porque foi batizada pelo mal, podemos perceber a perversidade dessa relação veja:.

Produção social dos significados

Disseram que minha mãe era louca por me vestir, que eu era muito jovem para escolher. Na sala muita gente me chama de Macumbeira e eu digo que não sou Macumbeira, sou Candomblista e tenho orgulho da minha religião. Por isso acho que deveríamos apoiar a escola também expressando a nossa opinião, as nossas crenças.

É uma aula diferente de muitas aulas que já fiz, o que vejo na dinâmica da escola. Itiele: Pelo que me propus ser, professora, não posso privar meu aluno de participar de uma festa, de um evento escolar, por causa da minha religião, acho que são duas coisas diferentes, tem que saber separar. Se pretendo ser professor e já sei que esse tipo de evento faz parte da rotina da minha profissão, não creio que tenha o direito de privar meu aluno de participar.

Uma pessoa disse que a minha religião é mesmo uma macumba disfarçada, que eu não rezo para Deus porque rezo para um.

Figura 2 - Manifestações religiosas na SME (continua)
Figura 2 - Manifestações religiosas na SME (continua)

Entrevista com a professora Giovana

Não acho que isso ajude nos relacionamentos, acho que podemos construir outro tipo de relacionamento sem demonizar a religião, não é nada disso. Ela riu e disse que eu estava brincando e eu disse que não estava brincando, que era mesmo um praticante de Umbanda. Ele me perguntou se eu era santo e eu disse que sim.

O que faço com eles não é escrever, mas praticar a forma educada de chegar à sala de aula. Então foi assim que descobri que eles poderiam ter um pouco mais de Deus.

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Figura 1 - Descrição de religiões e adeptos do Caderno do Programa de                                capacitação de professores do REDH
Tabela 1 - Caracterização dos professores entrevistados
Tabela 2 - Caracterização dos alunos entrevistados
Figura 2 - Manifestações religiosas na SME (continua)
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Referências

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É uma frase que foi muito importante para eu refle- tir: o que está acontecendo na mente de um aluno, filho de imigrante, com nove ou 10 anos, quando diz eu não gosto da escola,