XXVI Congresso de Iniciação Científica da Unesp
O DIZER VERDADEIRO E A TRANSFORMAÇÃO DE SI EM FOUCAULT:
PEDAGOGIA E PSICAGOGIA
Maria Angélica Pereira Matos. Pedro Ângelo Pagni, Marilia, Faculdade de Filosofia e Ciências, Pedagogia, merreengel@hotmail.com; PIBIC (CNPq).
Palavras-chave: Acontecimento, Parrhesía, Pedagogia, Psicagogia, Educação filosófica.
Introdução
No presente trabalho apresentamos os resultados da pesquisa de iniciação científica (CNPq-PIBIC), desenvolvida como parte do programa Ética, acontecimento e pragmática de si: desafios da arte de viver a educação escolar. Este programa tem como objetivo geral pensar os desafios da arte de viver à educação escolar, discutindo os aspectos éticos que compreendem a ação e formação do educador. Particularmente, esta pesquisa de ic analisou as relações entre noção de acontecimento e o modo de trabalho do sujeito sobre si mesmo em sua transformação, buscando mostrar as suas implicações filosóficas na formação docente.
Analisamos os últimos cursos de Foucault sobre as práticas de si na antiguidade grega e romana e, a partir dessas análises, procuramos entender a distinção de pedagogia e psicagogia. Com essa expectativa, propusemos discutir os problemas na ação educativa, relacionando os processos de subjetivação atentando à possibilidade para acontecimentos capazes de mobilizarem uma atitude ética do educador diante de seu trabalho e de sua vida.
Objetivos
Objetivo geral: Analisar a noção de acontecimento e o pensar filosófico na educação e suas implicações na transformação de si.
Objetivos específicos: a) Discutir de que modo a psicagogia pode modificar o modo de ser do sujeito.
b) Analisar as possibilidades do educador, levando em conta seu papel de intelectual, assumir essa formação ética como parte de sua ação política na escola e na vida.
Material e Métodos
Esta pesquisa de natureza teórica e de caráter bibliográfico analisa as noções de acontecimento, de parrhesía e da relação desta com o ensino na Antiguidade Clássica, discutindo a importância da diferenciação entre a pedagogia e a psicagogia nesse contexto e para problematizar a atividade docente na atualidade. Para tanto, investiga o modo como Michel Foucault interpreta essas noções das quais se pode extrair essa problematização, no curso Hermenêutica do Sujeito, além de alguns de seus comentadores, particularmente aqueles que se apropriaram de seu pensamento no campo da Filosofia da Educação. Dessa forma, adota uma perspectiva interpretativa baseada na hermenêutica e, principalmente, no método genealógico do próprio filósofo estudado.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos, após a análise da Hermeneutica do Sujeito, foi o de que a filosofia se constituiu na forma de alguns exercícios espirituais que auxiliam os sujeitos a ascender a uma forma de verdade, denominada parrhesia. De acordo com Foucault (2006), o discurso parrhesiastico enunciado desde a antiguidade até o cristianismo, por várias escolas filosóficas, decorrem de exercícios como a meditação (meditatio), a escrita filosófica com a leitura e escrita (hypomnémata) as cartas de Lucílio a Seneca, se opõem a outro regime de existência expressos por cólera, pela prática da lisonja e da retórica, que ausentam esses discursos de verdade do franco-falar e da libertas. Por sua vez, o que promove e articulação da verdade a formas de ascese são a pedagogia e a psicagogia.
A primeira consiste na transmissão da verdade para dotar de habilidades, conhecimentos e aptidões aqueles que não as possuem, enquanto que a segunda implica numa forma de aquisição da verdade alcançada pelo trabalho de si do sujeito e que resulta na sua própria transformação. Nesta última encontraríamos o sentido formativo constitutivo desse retorno foucaultiano ao pensamento grego e romano, enquanto que o primeiro constituiria a forma em que o ensino se caracterizou na modernidade, ao privilegiar a sua face pedagógica em detrimento da psicagogia.
Conclusões
Recobrar essa dimensão filosófica e psicagógica, no presente, constituiria um desafio para a ação e a formação docente, pois aludem ao preparo que pressuporiam uma atenção ao acontecimento, que escapa à racionalidade técnica adotada pelo ensino e que implica, necessariamente, a assunção de uma ética por parte do educador. Este é, a nosso ver, o crucial desafio à atividade do educador, como intelectual específico, no presente.
Agradecimentos
Agradeço a todos os integrantes do GEPEF pela dedicação no trabalho coletivo, ao apoio financeiro da agência CNPq e à UNESP.
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FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006: PAGNI.P.A. Experiência estética, formação humana e arte de viver: desafios filosóficos à educação escolar. 1 ed. São Paulo:
Loyola, 2014.
