XXXI Congresso de Iniciação Científica
A interiorização do risco como política científica: a universidade pública e seu papel na construção do profissional empreendedor
Aluno-autor: Leonardo de Oliveira Baroni. Orientador: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa.
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, campus de Franca. Graduando em Direito. leon- ardo24@hotmail.com.
Palavras Chave: Riscos, Empreendedorismo, Desenvolvimento Social
Introdução
Esse trabalho é parte de reflexões mais abrangentes presentes no projeto de pesquisa intitulado
“Mobilização do Direito como resposta à precarização do trabalho: análise da experiência brasileira na década de 2010” (Chamada Universal CNPq, Proc. : 436597/2018-7)”.
Nota-se que o atual contexto neoliberal de transformações e reestruturação produtiva no ambiente laboral, marcado pela busca incessante do capital humano, valorização do conhecimento como força produtiva indispensável e o crescimento do ideário empreendedor nas universidades, tem engendrado um novo parâmetro psicológico aos indivíduos: a interiorização do risco. Nesse sentido, a todo instante, o trabalhador deve se tornar
"empresa de si mesmo", responsabilizando-se pela mobilização total da sua vida em prol do trabalho.
Essa expansão e mercantilização dos riscos são importantes ferramentas que permeiam a natureza científica consolidada pelo modelo econômico de acumulação capitalista (de produtividade e inovação técnica), sobretudo em seu formato flexível, que ganhou corpo nas últimas décadas. No entanto, percebe-se que tal noção concebida como útil ao desenvolvimento econômico contrapõe a ideia de desenvolvimento social que a produção científica universitária deve gerar.
Desse modo, esse trabalho buscará analisar a natureza da política científica e tecnológica prevalecente atualmente nas universidades públicas (da valorização e fomento de uma ciência que meramente busca desenvolvimento econômico, competição e autoempreendimento), a qual apenas afasta a formação do sujeito questionador e crítico e colabora com a retroalimentação de um sistema que privilegia a acumulação de capital em detrimento do desenvolvimento social em um sentido amplo.
Objetivo
Analisar as mudanças no âmbito da estrutura de produção e acumulação do capital que trouxeram como efeito a precariedade nas relações trabalhistas, bem como a ideia que se busca construir dentro das universidades públicas de
formar profissionais empreendedores para o novo contexto produtivo.
Material e Métodos
O trabalho se fundamenta em pesquisa bibliográfica aprofundada. Do ponto de vista teórico, vale-se das críticas e conceitos abordados em livros por André Gorz, Richard Sennett, David Harvey, Ricardo Antunes, Ulrich Beck e Agnaldo de Sousa Barbosa (orientador desse trabalho).
Quantos aos materiais, a pesquisa científica se estende simultaneamente à busca de artigos científicos disponíveis em base de dados de periódicos e sítios eletrônicos voltados à discussão, além do estudo de movimentos que defendem a intensificação do empreendedorismo, como o Movimento Empresa Júnior.
Resultados e Discussão
Na presente fase em que se encontra a pesquisa, é possível perceber como um espaço que busca em sua essência promover discussões sobre o vigente contexto socioeconômico tem-se limitado, por vezes, à incorporação de determinados valores mercadológicos de submissão às regras do Mercado. Nesse sentido, ao invés de existir a criticidade quanto aos riscos que se veem surgindo com as reestruturações produtivas, o novo trabalhador tem sido formado para adaptar-se às mudanças das dinâmicas do trabalho.
Conclusões
Percebe-se que, como reflexo do atual mundo empreendedor, o trabalhador deve ser capaz de tomar decisões arriscadas para desenvolver seus objetivos. Para isso, a universidade constrói um papel fundamental de formação dos futuros profissionais à nova visão estabelecida pelo capitalismo. Todavia, tal noção ignora a importância da produção científica nas universidades como método de repensar esse modelo e efetivamente criar um desenvolvimento social.
Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa pelo imenso auxílio e a minha avó e mãe por todo investimento na minha graduação.
