Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
35a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Primeiros exemplos da reação de Heck-Matsuda enantiosseletiva.
Caio C. Oliveira (PG)¹*, Airton G. Salles Jr. (PQ)¹, Carlos Roque Duarte Correia (PQ)¹
*caio.oliveira@iqm.unicamp.br
1 Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP – Instituto de Química – 13083-970– Campinas-SP, Brasil
Palavras Chave: Heck-Matsuda, catálise enantiosseletiva, paládio.
Introdução
A reação de Heck é uma das ferramentas mais utilizadas em síntese orgânica para a formação de ligações C-C, sendo os iodetos e brometos de arila os agentes arilantes mais comuns. Uma variante desta reação, conhecida como Heck-Matsuda, utiliza sais de arenodiazônio como substratos e tem como principal vantagem a capacidade de realizar a arilação de olefinas com natureza eletrônica variadas, de forma excepcional, prática, econômica, em curtos tempos reacionais e com excelente controle régio- e estereoquímico.1,2
Apesar do crescente número de publicações envolvendo esses sais, não existe até o momento na literatura nenhum relato da sua aplicação em reações enantiosseletivas. Uma das justificativas para este fato está relacionada com a incompatibilidade dos sais de diazônio com os ligantes comumente relatados na literatura, as fosfinas. Assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia enantiosseletiva eficiente para a reação de Heck-Matsuda.
Resultados e Discussão
A reação escolhida como modelo foi a arilação da olefina 1 com o sal de arenodiazônio 2. Após um extenso “screening” de catalisadores, ligantes e bases, a melhor condição reacional encontrada utilizou Pd(CF3CO2)2 (10 mol%), um ligante-N,N, 2,6-di-tert-butil-4-metil-piridina como base, em metanol a 60°C (Esquema 1).
MeO2C CO2Me N2BF4
MeO2C
MeO2C CF3
Pd(CF3CO2)2 (10 mol%)
Ligante (20 mol%)
DTBMP MeOH, 60°C CF3
P P P N N N
Ligantes-P,P Ligantes-P,N Ligantes-N,N
1 2 3
Esquema 1. Reação de Heck-Matsuda enantiosseletiva.
O escopo da reação foi expandido com sucesso para outros sais de arenodiazônio tendo os rendimentos e excessos enantioméricos
apresentado valores de moderados a bons em todos os casos. Além disto, os tempos reacionais foram inferiores a 1 hora. Cabe destacar que em nenhum dos exemplos realizados foi observada a migração da dupla ligação o que é frequente quando olefinas não ativadas são utilizadas (Esquema 2).
CO2Me
CO2Me
CO2Me CO2Me
CO2Me CO2Me
CO2Me CO2Me
CO2Me CO2Me OMe
MeO MeO
Cl
NO2 I
91%
70% ee
76%
76% ee
87%
73% ee
76%
75% ee 76%
60% ee
MeO2C CO2Me N2BF4
CO2Me CO2Me Pd(CF3CO2)2
(10 mol%) Ligante (20 mol%)
DTBMP MeOH, 60°C
1 2a-g 3a-g
R
R
CO2Me CO2Me
O2N 63%
86% ee
CO2Me CO2Me
CF3 83%
83% ee
Esquema 2. Exemplos selecionados.
Conclusões
Nesse trabalho foi desenvolvida a primeira metodologia enantiosseletiva para a arilação de olefinas utilizando sais de arenodiazônio. No momento estão sendo realizados experimentos para determinação da estereoquímica absoluta do centro formado e expansão da metodologia para novas olefinas.
Agradecimentos
À Fapesp, CNPq e CAPES pelo apoio financeiro.
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1 Taylor, J. G.; Moro, A. V.; Correia, R. C. D. Eur. J. Org. Chem. 2011, 1403.
2Felpin, F.-X.; Nassar-Hardy, L.; Le Callonnec, F.; Fouquet, E.
Tetrahedron, 2011, 67, 2815.