XXXI Congresso de Iniciação Científica
Modernismo Paulista. A Arquitetura Moderna produzida no interior do Estado de São Paulo e sua difusão: Araraquara.
Beatriz Camargo Obici, Paulo Roberto Masseran, Universidade Estadual Paulista, Campus de Bauru, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Curso Arquitetura e Urbanismo, e-mail bcobici@gmail.com, bolsa anual de Iniciação Científica da FAPESP, Processo nº 2017/26801-0, encerrado.
Palavras Chave: arquitetura modernista, modernismo no Brasil, interior do Estado de São Paulo.
Introdução
A historiografia da arquitetura modernista brasileira enfatizou a produção arquitetônica dos grandes centros: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte e entende as obras construídas nos territórios interiores como uma manifestação secundária.
Contudo, a consolidação do movimento moderno, ocorrida a partir da década de 50, coincidiu com o grande desenvolvimento econômico e cultural de muitas cidades e regiões do interior paulista, como foi o caso de Araraquara. Isto ficou evidente ao analisar o montante da produção arquitetônica modernista do interior do Estado, difundido pelas grandes revistas especializadas desde a década de 30.
Objetivo
A investigação conjuntural da produção arquitetônica modernista no interior do Estado de São Paulo e a investigação detalhada desta produção na cidade de Araraquara/SP, de modo a redimensionar historiograficamente sua importância pela difusão na imprensa especializada da época, integrada ao movimento desenvolvimentista do interior do Estado, entre as décadas de 1950 e 1970.
Material e Métodos
Foi feita a revisão bibliográfica de publicações periódicas, publicações e trabalhos acadêmicos, e o levantamento e sistematização em mapa e tabelas das informações coletadas das publicações sobre obras projetadas no interior do Estado de São Paulo nos principais veículos especializados da época, no período de 1930 a 1970: Acrópole, Habitat, AD – Arquitetura e Decoração, Brasil Arquitetura Contemporânea – BAC, Módulo e a Revista Politécnica. Após, deu-se início à pequisa de campo no Arquivo Municipal de Araraquara/SP e demais acervos, com o levantamento dos desenhos técnicos e dos arquitetos atuantes na cidade entre as décadas de 50 e 70. Em seguida, foi feito o detalhamento dos levantamentos, as sistematizações das informações ali coletadas e as inferências finais.
Resultados e Discussão
A partir do mapa gerado, foi possível inferir em que regiões do Estado de São Paulo houve maior disseminação de projetos Modernistas. A ordem de influência do novo estilo segue a história de desenvolvimento da época, caminhando em direção Oeste do Estado, assim como aconteceu com a cafeicultura e sua interiorização. Desta forma, a
ocorrência considerável de obras Modernistas na chamada Depressão Periférica, compreendida por Bauru, Marília, Botucatu, Jahu e Araraquara, pode ser relacionada ao movimento crescente de desenvolvimento e urbanização destas cidades. Ao analisar as tabelas feitas após o levantamento das obras do interior do Estado de São Paulo publicadas pelos periódicos, foi possível inferir que a maior produção se deu de 1952 a 1962, período em que ocorreram eventos muito importantes para a consolidação nacional e internacional do Movimento Modernista e em que aconteceu a a retomada do crescimento industrial da região de Araraquara, com aumento considerável de edifícios institucionais.
Conclusões
Pela investigação das revistas de arquitetura, foi revelada uma vasta produção nas cidades médias e pequenas tão interessante dos pontos de vista estético e construtivo quanto a arquitetura metropolitana e, talvez, mais numerosa em números totais. Ao ir a campo, encontrou-se ainda maior número de obras que trazem a essência do modernismo brasileiro, algumas vezes se adaptando às peculiaridades locais, e outras, tornando-se objetos de estímulo à transformação regional.
A busca no Arquivo Municipal de Araraquara revelou obras Modernistas inéditas, ou seja, não divulgadas anteriormente pelos periódicos especializados ou pelas publicações bibliográficas, produzidas tanto por arquitetos de renome nacional quanto locais, como por exemplo, a Sede do Tiro de Guerra nª 6, por Paulo Barbieri e Pedro Reinaldo Morábito. Além disso, revelou uma trama de relações entre profissionais arquitetos, engenheiros, construtores, empresas construtoras e as instituições governamentais em suas três instâncias:
municipal, estadual e federal. Relações que implicam em deslocamentos e trocas de saberes que ainda necessitam estudos mais apurados.
Agradecimentos
Ao meu orientador, Paulo Roberto Masseran; à FAPESP, às bibliotecas da UNESP, UNICAMP e USP; aos funcionários do Arquivo Municipal e da
UNESP Araraquara.
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1 MASSERAN, Paulo Roberto. Diálogo atrevido entre a pedra e o tijolo, ou popular e nacional na arquitetura, por Luiz Saia e Mario de Andrade. Tese (Doutorado em História) - Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Assis, 2011.
