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um estudo sobre a prescrição de psicofármacos

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Academic year: 2023

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XXIV Congresso de Iniciação Científica

Medicalização na Estratégia Saúde da Família: um estudo sobre a prescrição de psicofármacos

Julia de Castro Campos (aluna-autora), Nívea Maria Oiti Florêncio Kumagae (aluna-autora), Cristina Amélia Luzio (orientadora), Daniele de Andrade Ferrazza (pesquisadora-colaboradora). Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, campus de Assis-SP. Curso de Psicologia. Email:

julia.c.campos@gmail.com. Bolsistas / iniciação científica: CNPq.

Palavras-chave:medicalização, Estratégia Saúde da Família, psicofármacos.

Introdução

A Estratégia Saúde da Família (ESF) tem como principal proposta a reorganização da atenção em saúde que deixa de ser centrada no modelo médico curativo e hospitalocêntrico para o desenvolvimento de atendimentos promovidos por uma equipe interdisciplinar orientada por concepções ampliadas do processo saúde/doença e pelo desenvolvimento de práticas psicossociais de cuidado centradas na família, compreendida em seu território (Franco;

Merhy, 2000). O atendimento aos usuários cadastrados na ESF também abrangem questões relativas ao âmbito da Saúde Mental. Entretanto, estudos recentes mostram as dificuldades das equipes da ESF para o atendimento as questões da Saúde Mental, culminando em um cuidado centrado no modelo biomédico, nas relações hierarquizadas e padronizadas do cuidado, além da banalização da prescrição de psicofármacos que tem apresentado um crescimento alarmante e atingido amplos contingentes populacionais de toda a Rede Pública de Saúde brasileira (Arce et. al., 2011; Cavalcanti et.al., 2011; Rabelo, 2011; Tesser, 2010; Ferrazza et.al., 2010). Nessa perspectiva, a presente pesquisa empírica teve como objetivo estudar o atendimento referente a questões relacionadas à Saúde Mental, com atenção especial às prescrições de psicofármacos, na ESF de uma cidade de médio porte do sudoeste paulista.

Material e Métodos

Esta pesquisa foi realizada por meio do exame de registros de prontuários de usuários cadastrados em três Unidades da ESF. A partir de informações coletadas junto às equipes de saúde, selecionamos apenas os prontuários de famílias que apresentavam entre seus membros pelo menos um usuário que recebeu prescrição de psicofármacos.

Desses prontuários, selecionamos uma amostra aleatória de 30% (93 prontuários).

Resultados e Discussão

Nossos dados mostram que, do total de 121 usuários que apresentaram queixas referentes a questões relacionadas à Saúde Mental e receberam prescrição de psicofármacos no período em que estiveram cadastradas na ESF, 63 usuários já apresentavam queixa em saúde mental e faziam tratamento psicofarmacológico em outra instituição.

Em relação à procedência da medicação

psicofarmacológica anterior ao tratamento na ESF, observamos que 28 usuários receberam prescrição da neurologia e outros 28 usuários receberam prescrição da psiquiatria, 3 foram medicados pelo clínico geral e 1 pelo nefrologista. Da população de medicados na ESF, em praticamente todos os casos, o próprio clínico geral da ESF reproduz as receitas de medicamentos que outras especialidades médicas haviam prescrito anteriormente. Nossos dados mostram que daquela população de usuários medicada, a maioria recebeu prescrição de ansiolíticos, principalmente, do medicamento de nome comercial Diazepam que foi prescrito para 40% dos usuários. Praticamente todos os usuários continuaram sob o tratamento medicamentoso e apenas nove usuários abandonaram o tratamento. Chama atenção o fato de nenhum usuário ter recebido alta do tratamento psicofarmacológico.

Conclusões

Apesar da ESF ter a proposta de ser um serviço que também atenda a população com demanda em Saúde Mental conforme as especificidades dos sujeitos em sofrimento psíquico e que vise à superação do modelo médico centrado somente na prescrição psicofarmacológica, percebemos que as mais diversas queixas são traduzidas em sintomas de uma suposta doença mental. Fato que leva os profissionais da equipe da ESF a determinarem como único tratamento, salvo raras exceções, a prescrição de psicofármacos sem qualquer perspectiva de alta do tratamento.

Referências bibliográficas

Arce, V.A.R. et. al. A práxis da Saúde Mental no âmbito da Estratégia Saúde da Família: contribuições para a construção de um cuidado integrado. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.21,n. 2, p. 541-560, 2011.

Cavalcanti, C.M., et. al. Desafios do cuidado em saúde mental na ESF.RBPS, Fortaleza, v.24,n.2,102-108, 2011.

Ferrazza, D.A. et. al. A banalização da prescrição de psicofármacos em um ambulatório de saúde mental. Paidéia, v.20, n. 47, 2010.

Franco, T.; Merhy, E. PSF: contradições e novos desafios.

[online]. http://www.datasus.gov.br/cns/temas/tribuna.htm.

Acesso em 13/07/12.

Rabelo, I.V.M. “Nunca pensei nisso como problema”: estudo sobre gênero e uso de benzodiazepínicos na estratégia saúde da família. Tese de Doutorado, 2011. Universidade Estadual Paulista, Assis.

Tesser, C. Medicalização social e atenção à saúde no SUS. São Paulo: Hucitec, 2010.

Agradecimentos

Ao CNPq pelas bolsas de iniciação científica e à CAPES pela bolsa de doutorado.

Referências

Documentos relacionados

Com a iniciativa de elaborar um trabalho que abordasse as questões relacionadas à saúde do idoso, este estudo teve como objetivo geral apresentar questões importantes para