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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Academic year: 2023

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(1)

Faculdade de Educação da Baixada Fluminense

Marcos Luis Oliveira da Costa

CIEPs: tensões, conflitos e repercussões de uma Política Pública em Duque de Caxias na Baixada Fluminense

Duque de Caxias 2021

(2)

CIEPs: tensões, conflitos e repercussões de uma Política Pública em Duque de Caxias na Baixada Fluminense

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense.

Orientadora: Profª. Dra. Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão

Duque de Caxias 2021

(3)

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/ BIBLIOTECA CEH/C

Bibliotecária: Lucia Andrade CRB 7 /5272

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte.

____________________________________________ ________________________

Assinatura Data C837 Costa, Marcos Luis Oliveira da

Tese CIEPs: tensões, conflitos e repercussões de uma Política Pública em Duque de Caxias na Baixada Fluminense / Marcos Luis Oliveira da Costa - 2021.

223f.

Orientadora: Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

1. Centro Integrado de Educação Pública – Teses. 2. Educação – Duque de Caxias (RJ) - Teses. I. Barão, Gilcilene de Oliveira Damasceno. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. III.

Título.

CDU 37.014

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CIEPs: tensões, conflitos e repercussões de uma Política Pública em Duque de Caxias na Baixada Fluminense

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense.

Aprovada em 15 de julho de 2021.

Banca Examinadora:

____________________________________________________

Profª. Dra. Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão (Orientadora) Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – UERJ

____________________________________________________

Prof. Dr. Lincoln de Araujo Santos

Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – UERJ

____________________________________________________

Profª. Dra. Lia Ciomar Macedo de Faria Faculdade de Educação – UERJ

____________________________________________________

Prof. Dr. André Santos da Rocha

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Duque de Caxias 2021

(5)

Dedico este trabalho a todos profissionais de educação, pesquisadores (as) e cientistas, que conscientes de seu lugar na luta de classes, lutam veementemente por uma educação emancipadora para as classes menos favorecidas na sociedade brasileira.

(6)

À minha mãe, Neuza Oliveira da Costa, que mesmo não tendo sequer o ensino fundamental completo, sempre acreditou que a educação seria uma importante ferramenta para meu crescimento pessoal.

À minha irmã, Carla Oliveira da Silva, pelo incentivo ao longo de toda minha vida acadêmica.

Às minhas amigas e companheiras de leitura, Juna Cruz, Marcia Spadetti e Renata Spadetti, sem o suporte de vocês eu não teria conseguido dar conta das leituras essenciais ao desenvolvimento deste trabalho, não esquecendo do Márcio, Thiago, Pedro Antônio e Órion, que sempre estavam presentes pra garantir a descontração.

Aos amigos, amigas e familiares que compreenderam minhas inúmeras ausências em comemorações e confraternizações ao longo desses últimos anos.

Aos companheiros e companheiras do Grupo de Estudos pelas tantas vezes que discutimos textos, autores, categorias e assim avançamos.

Sou imensamente grato à luta dos profissionais de educação de Duque de Caxias e ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ), núcleo Duque de Caxias, que em luta histórica conquistaram a licença para estudos sem prejuízo financeiro. Infelizmente esse “direito” foi retirado - assim como muitos outros - pela gestão do prefeito Washington Reis (MDB).

À minha orientadora, Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão, pela paciência, pelo tempo dedicado e pelas orientações que me acompanham e me formaram desde os primeiros períodos de minha graduação, e principalmente por me apresentar o marxismo e o materialismo-histórico-dialético.

(7)

Cadernos do Nosso Tempo, ANO I, N° I

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COSTA, M. L. O. da. CIEPs: tensões, conflitos e repercussões de uma Política Pública em Duque de Caxias na Baixada Fluminense. 2021. 110 p. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação) - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2021.

O trabalho aqui apresentado é o resultado de pesquisa com proposta de analisar a política pública implementada durante o primeiro governo de Leonel de Moura Brizola no Estado do Rio de Janeiro (1983 – 1987) por meio do I Programa Especial de Educação, principalmente por meio da implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). O objetivo é identificar os elementos que compunham a política, bem como sua efetividade junto à sociedade fluminense. O trabalho se desenvolveu por meio de análise bibliográfica de referência, bem como de documentos obtidos e que apresentam elementos relevantes sobre o desenvolvimento de diferentes projetos que compunham a política, como o Programa de Alunos Residentes (PAR), Programa de Formação em Serviço, Atendimento Médico e Odontológico Básico, Programa de Alimentação, etc. Ainda foi analisada a repercussão da política em diferentes sujeitos da sociedade como, movimentos sociais organizados, a imprensa e a própria população que dela fazia uso. Concluiu-se que a efetividade da política não encontrou eco na sociedade, em parte pela descontinuidade de sua execução e em parte pelas resistências por parte de grupos estratégicos da sociedade, como representantes sindicais e da mídia impressa e televisiva que, atendendo aos interesses da elite fluminense, produziu no senso comum a ideia de que os CIEPs eram uma escola ineficiente e para poucos e por outro lado produzia uma segregação territorial.

Palavras-chave: CIEP. Políticas Públicas. I PEE. Baixada Fluminense.

(9)

COSTA, M. L. O. da.CIEPs: Tensions, conflicts and repercussions of a public policy in Duque de Caxias in Baixada Fluminense. 2021. 110 p. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação) - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2021.

The work presented here is the result of a research with a proposal to analyze the public policy implemented during the first government of Leonel de Moura Brizola in the State of Rio de Janeiro (1983 -1987) through the I Programa Especial de Educação [Special Education Program], mainly by the implementation of Centros Integrados de Educação Pública (CIEP) [Integrated Centers of Public Education]. The objetive is to identify the elements that compose the policy, as well as its effectiveness with the fluminense society. The work was developed through bibliographic analyses references, as well as documents obtained that present relevants elements about the development of different projects that composed the policy, such as the Programa de Alunos Residentes (PAR) [Resident Student Program], Programa de Formação em serviço [In-Service Training Program], medical and odontological basic treatment, food programs, etc. It was also analysed the repercussion of the policy on different subjects of society, such as organized social movements, thepressandthepopulationthatused it. It was concluded that the effectiveness of the policy did not find na echo in society, partly by the discontinuity of its execution and partly by resistance from strategic groups of society, such as union representatives, the press and televised media that meeting the interests of the fluminense elite, produced in common sense the Idea that the CIEPs were an inefficient school and for for a few people and, on the other hand produced territorial segregation.

Keywords: CIEP. Public Policy. I PEE. Baixada Fluminense.

(10)

Figura 1 - Mapa de localização dos CIEPs na Baixada Fluminense e situação da gestão nas unidades ... 76 Figura 2 - Mapa do município de Duque de Caxias com a distribuição dos CIEPs por distrito

………..77 Figura 3 -Carteira funcional de Waldir Nunes da Silva - Diretor Adjunto do CIEP Lírio do

Laguna………... 116 Figura 4 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao

Educando, encaminhado como Texto para discussão com a Comissão CEC/Grêmio dos E-DECs (p. 1) ... 117 Figura 5 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao

Educando, encaminhado como Texto para discussão com a Comissão CEC/Grêmio dos E-DECs (p. 2)... 118 Figura 6 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao

Educando, encaminhado como Texto para discussão com a Comissão CEC/Grêmio dos E-DECs (p. 3)...119 Figura 7 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao

Educando, encaminhado como "Estratégias para Implantação do Conselho-Escola-Comunidade (CEC) nos CIEPs (Município do Rio de Janeiro -

Etapas já cumpridas (p.

1)... 120 Figura 8 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao

Educando, encaminhado como "Estratégias para Implantação do Conselho-Escola-Comunidade (CEC) nos CIEPs (Município do Rio de Janeiro -

Etapas já cumpridas (p. 2)

... 121 Figura 9 -Documento da Secretaria Municipal de Educação, Coordenadoria de Apoio ao Educando, encaminhado como "Estratégias para Implantação do Conselho-Escola-Comunidade (CEC) nos CIEPs (Município do Rio de Janeiro -

Etapas já cumpridas (p. 1)

... 122

(11)

Figura 11 - Documento com a "Proposta de Implantação do CEC - Conselho Escola Comunidade nos CIEPs (p. 2) ... 124 Figura 12 - Documento com a "Proposta de Implantação do CEC - Conselho Escola

Comunidade nos CIEPs (p. 3) ... 125 Figura 13 - Documento do Programa Especial de Educação para Estudo Social das

Famílias/Crianças para o Programa Alunos residentes (PAR) contendo os plantões comunitários (p. 1)... 126 Figura 14 - Documento do Programa Especial de Educação para Estudo Social das

Famílias/Crianças para o Programa Alunos residentes (PAR) contendo os plantões comunitários (p. 2)...127 Figura 15 - Documento do Programa Especial de Educação para Estudo Social das

Famílias/Crianças para o Programa Alunos residentes (PAR) contendo os plantões comunitários (p. 3)... 128 Figura 16 - Documento da Secretaria Municipal de Educação, Departamento Geral da

Educação, contendo o quadro de pessoal Técnico-administrativo, Técnico-pedagógico e de Apoio para os CIEPs (p. 1)

...129

Figura 17 - Documento da Secretaria Municipal de Educação, Departamento Geral da Educação, contendo o quadro de pessoal Técnico-administrativo,

Técnico-pedagógico e de Apoio para os CIEPs (p.

2)... 130

Figura 18 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de Treinamento, programa para o I Seminário de Direção dos CIEPs realizado na UERJ, de 16 a 19 de setembro de 1986 (p. 1)... 131 Figura 19 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, programa para o I Seminário de Direção dos CIEPs realizado na UERJ, de 16 a 19 de setembro de 1986 (p. 2)... 132 Figura 20 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, programa para o I Seminário de Direção dos CIEPs realizado na UERJ, de 16 a 19 de setembro de 1986 (p. 3)... 133

(12)

UERJ, de 16 a 19 de setembro de 1986 (anotações no verso da p. 3)... 134 Figura 22 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para treinamento intensivo de direções, Equipes de Apoio-técnico, Professores Orientadores e Professores Regentes (p. 1)... 135 Figura 23 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para treinamento intensivo de direções, Equipes de Apoio-técnico, Professores Orientadores e Professores Regentes (p. 2)... 136 Figura 24 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para treinamento intensivo de direções, Equipes de Apoio-técnico, Professores Orientadores e Professores Regentes (p. 3)...137 Figura 25 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para treinamento intensivo de direções, Equipes de Apoio-técnico, Professores Orientadores e Professores Regentes (p. 4)... 138 Figura 26 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para Treinamento Intensivo de 10 a 19 de junho de 1985 (p. 1)... 139 Figura 27 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para Treinamento Intensivo de 10 a 19 de junho de 1985 (p. 2)... 140 Figura 28 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento para Treinamento Intensivo de 10 a 19 de junho de 1985 (p. 3)... 141 Figura 29 - Documento para Debate Ciências, Consultoria Pedagógica de Treinamento (p. 1)

142

Figura 30 - Documento para Debate Ciências, Consultoria Pedagógica de Treinamento (p. 2) ... 143 Figura 31 - Documento para Debate Ciências, Consultoria Pedagógica de Treinamento

(p. 3) ... 144 Figura 32 - Documento para Debate Ciências, Consultoria Pedagógica de Treinamento

(p. 4) ...145 Figura 33 - Documento para Formação, Educação Artística na Alfabetização (p. 1) ... 146 Figura 34 - Documento para Formação, Educação Artística na Alfabetização (p. 2) ... 147 Figura 35 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 1) ...148

(13)

Figura 37 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 3)... 150 Figura 38 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 4) ... 151 Figura 39 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 5)... 152 Figura 40 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 6) ... 153 Figura 41 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 7)... 154 Figura 42 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 8) ... 155 Figura 43 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 9) ... 156 Figura 44 - Documento do Programa Especial de Educação, Consultoria Pedagógica de

Treinamento, Treinamento Intensivo de 08 a 12 de julho/85 UERJ (p. 10)... 157 Figura 45 - Documento da Comissão de Matrícula com proposta a ser discutida no

Seminário de diretores de CIEP (p. 1)... 158 Figura 46 - Documento da Comissão de Matrícula com proposta a ser discutida no

Seminário de diretores de CIEP (p. 2)... 159 Figura 47 - Documento da Comissão de Matrícula com proposta a ser discutida no

Seminário de diretores de CIEP (p. 3)... 160 Figura 48 - Documento da Comissão de Matrícula com proposta a ser discutida no

Seminário de diretores de CIEP (p. 4)... 161 Figura 49 - Documento da Comissão de Matrícula com proposta a ser discutida no

Seminário de diretores de CIEP (p. 5)... 162 Figura 50 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 1). ...163 Figura 51 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil (p. 2)...164 Figura 52 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil (p. 3)... 165

(14)

Figura 54 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil (p. 5)...167 Figura 55 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 6)...168 Figura 56 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 7)... 169 Figura 57 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 8)... 170 Figura 58 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 9)... 171 Figura 59 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 10)... 172 Figura 60 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 11)... 173 Figura 61 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 12)... 174 Figura 62 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 13)... 175 Figura 63 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 14)... 176 Figura 64 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 15)... 177 Figura 65 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 16)... 178 Figura 66 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 17)... 179 Figura 67 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 18)... 180 Figura 68 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 19)...181 Figura 69 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 20)...182

(15)

Figura 71 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil (p. 22)... 184 Figura 72 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 23)...185 Figura 73 - Documento do Programa Especial de Educação para Educação Juvenil

(p. 24)...186 Figura 74 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 1)... 187 Figura 75 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 2)...188 Figura 76 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 3)... 189 Figura 77 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 4)... 190 Figura 78 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 5)... 191 Figura 79 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 6)...192 Figura 80 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 7)... 193 Figura 81 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 8)...194 Figura 82 - Documento de Proposta para implantação das "Casas X" nas dependências dos CIEPs (p. 9) ... 195 Figura 83 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (Capa)... 196 Figura 84 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (Sumário)... 197 Figura 85 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 1)... 198 Figura 86 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 2)...199

(16)

Figura 88 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos Residentes (p. 4)... 201 Figura 89 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 5)... 202 Figura 90 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 6)... 203 Figura 91 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 7)... 204 Figura 92 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 8)... 205 Figura 93 - Documento do PEE com a Proposta para implantação das Casas dos Alunos

Residentes (p. 9)... 206 Figura 94 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (Capa)... 207 Figura 95 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (p. 1)... 208 Figura 96 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (p. 2)... 209 Figura 97 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (p. 3)... 210 Figura 98 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (p. 4)... 211 Figura 99 - Documento do PEE, Alunos Residentes, Esquema de seleção - Treinamento da

Programação "Alunos Residentes" (p. 5)... 212 Figura 100 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (Capa) 213 Figura 101 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes

(Contracapa)... 214 Figura 102 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 1) 215 Figura 103 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 2) 216 Figura 104 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 3) 217 Figura 105 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 4) 218 Figura 106 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 5) 219

(17)

Figura 109 - Documento PEE, Escola Viva - Viva a Escola, Alunos Residentes (p. 8) 222

(18)

Tabela 1 - CIEPs na Baixada Fluminense... 75 Tabela 2 - Comparação entre os documentos do PAR... 97

Tabela 3 - Comparação entre as atribuições dos zeladores do PAR nos diferentes

documentos... 101

(19)

CIEPs - Centros Integrados de Educação Pública PAR - Programa Alunos Residentes

PEE - Plano Especial de Educação

PPGE - Programa de Pós Graduação em Educação UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro MUB - Movimento Unificado de Bairros OMS - Organização Mundial de Saúde

CEPEMHEd - Centro de Pesquisa, História e Memória da Educação da Cidade de Duque de Caxias

PTB - Partido Trabalhista Brasileiro

Cepal - Comissão Econômica para a América Latina Iseb - Instituto Superior de Estudos Brasileiros REDUC - Refinaria Duque de Caxias

Sindipetro - Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro

Sindiquimica -Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica de Duque de Caxias FEUB - Fórum de Educação Básica e Universidade Pública da Baixada Fluminense FNM - Fábrica Nacional de Motores

PCB - Partido Comunista Brasileiro

FCOF - Federação dos Círculos Operários Fluminenses PSD - Partido Social Democrático

UDN - União Democrática Nacional PST - Partido Social Trabalhista FMP - Fundo de Mobilização Popular CGT - Comando Geral dos Trabalhadores PUA - Pacto Unidade e Ação

UNE - União Nacional dos Estudantes

UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas FPN - Frente Parlamentar Nacionalista

CEP - Centro Estadual de Professores

SEPE - Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação FNT - Frente Nacional do Trabalho

(20)

PET - Pastoral Econômica da Terra PDT - Partido Democrático Trabalhista MDB - Movimento Democrático Brasileiro PDS - Partido Democrático Social

ABC - Região de São Paulo composta pelos Municípios de Santo André, São Bernardo e São Caetano

CEC - Conselho Escola Comunidade SEP - Sociedade Estadual dos Professores UPRJ - União dos Professores do Rio de Janeiro

APERJ - Associação dos Professores do Estado do Rio de Janeiro Cepe - Centro Estadual dos Profissionais de Educação

MAB - Movimento de Associações de Bairros UBM - União de Bairros de Meriti

FAMERJ - Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro PT - Partido dos Trabalhadores

ALERJ - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro PiG - Partido da imprensa Golpista

JB – Jornal do Brasil

TRE - Tribunal Regional Eleitoral

Sedep - Serviço de Expansão Descentralizada do Ensino Primário SEC - Secretaria de Educação e Cultura

RGS - Rio Grande do Sul

SPI - Serviço de Proteção aos Índios

OIT - Organização Internacional do Trabalho CBPE - Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais UnB - Universidade de Brasília

FNE - Fundo Nacional de Ensino FUNDAR - Fundação Darcy Ribeiro

SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(21)

EMOP - Empresa Municipal de Obras Públicas UFF - Universidade Federal Fluminense

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro SEEDUC - Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro DO - Diário Oficial

HENFIL - Henrique de Souza Filho

SECC - Secretaria de Estado da Casa Civil

FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas

AS - Assistentes Sociais CA - Classe de Alfabetização

SEE - Secretaria de Estado de Educação SME - Secretaria Municipal de Educação FMI - Fundo Monetário Internacional ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente FEEM - Fundação Estadual de Educação do Menor Amaleblon – Associação de moradores e amigos do Leblon Cepe – Comissão Estadual de Prédios Escolares

(22)

INTRODUÇÃO... 22 1 O CONTEXTO HISTÓRICO DOS ANOS 1980... 27 1.1 Antecedentes da eclosão dos Movimentos dos anos 1980... 27 1.2 A eleição de 1982 – A vitória de Brizola e os CIEPs... 38 2 POLÍTICA E EDUCAÇÃO: BRIZOLA, DARCY E NIEMEYER... 46 2.1 A eleição de 1982 – mudanças no jogo do poder... 47 2.2 Quando a Educação proporciona o Encontro de Brizola, Darcy e Niemeyer... 53 3 CIEPS NA BAIXADA FLUMINENSE – DUQUE DE CAXIAS... 73 3.1 CIEPs em Duque de Caxias ... 74 3.2 Programa Alunos Residentes (PAR) – A construção de uma política de educação e

assistência à infância... 92 CONSIDERAÇÕES... 103 REFERÊNCIAS... 109 APÊNDICE A –Questionário de Pesquisa ... 114 ANEXO A– Carteirinha Funcional ... 116 ANEXO B –Texto para discussão com o CEC ... 117 ANEXO C– Estratégias para implantação do CEC nos CIEPs ... 120 ANEXO D – Proposta de Implantação do CEC – Conselho Escola Comunidade nos

CIEPs ... 123 ANEXO E –Alunos Residentes Divulgação ... 126 ANEXO F –Quadro de Pessoal ... 129 ANEXO G– I Seminário de Direção dos CIEPs ... 131 ANEXO H –PEE Treinamento Intensivo…… ...135

(23)

ANEXO K –Educação Artística na Alfabetização ... 146 ANEXO L –Treinamento Intensivo jul/85 ... 148 ANEXO M –Comissão de Matrícula ... 158 ANEXO N –PEE Educação Juvenil ... 163 ANEXO O –PAR nov/84 ... 187 ANEXO P –PAR jan/85 ... 196 ANEXO Q –PAR jun/85 ... 207 ANEXO R –PAR Final ... 213

(24)

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais identificamos como essencial a tarefa de analisar os movimentos do Estado em torno da construção e também da desconstrução de Políticas Públicas.

Compreendendo que a história não é linear e que esta se faz em movimentos de avanço e retrocesso, que negar a história é correr o risco de repetir os erros do passado, fez-se a opção por analisar a construção de um projeto específico e a forma como o Estado e os Movimentos Sociais se comportaram nesse processo, bem como os resultados apresentados à sociedade em diferentes momentos históricos de nosso país e estabelecer aspectos de um inventário político de Leonel Brizola como governador do Estado do Rio de Janeiro (1983-1987).

Com vistas a identificar convergências, divergências, intencionalidades e possíveis contradições no planejamento e execução de uma Política Pública, tomaremos como referência o período em que Brizola governou o Estado do Rio Grande do Sul (1959-1963) para observar os projetos, sobretudo educacionais, desenvolvidos em ambas as gestões, identificando continuidades, descontinuidades, evoluções, avaliações e como se deram esses processos e principalmente as concepções políticas, implícitas e explícitas, manifestas pelos diferentes sujeitos sociais envolvidos nos processos. É importante registrar que não se trata de um estudo comparado entre as distintas Políticas Públicas e sim a observação de ambos os projetos no sentido de compreender até que ponto houve o compromisso de desenvolvimento e aprimoramento de uma Política Pública Educacional que, sobretudo, atendesse os interesses da população mais empobrecida.

Assinalamos como objetivos gerais deste trabalho:

1. Analisar o I Plano Especial de Educação(I PEE) implementado durante a gestão de Leonel Brizola à frente do Governo do Estado do Rio de Janeiro (1983-1987), responsável direto pelo projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs);

2. Identificar o comportamento dos Movimentos Sociais em Duque de Caxias durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, sobretudo no período do primeiro governo de Brizola;

3. Compreender o projeto educacional desenvolvido a partir do I PEE, seus avanços, limites e contradições.

Optamos por utilizar como ferramenta metodológica para este trabalho o levantamento e análise de bibliografia já existente sobre o tema por meio da composição de um Estado da Arte com vistas a identificar o que se vem pesquisando com respeito aos

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Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Esta etapa foi desenvolvida a partir da plataforma virtual Capes de Teses e Dissertações e nos permitiu identificar 143 pesquisas com o tema “CIEP”. Para servir como parâmetro de referência pesquisamos ainda os termos “Mais Educação” (423 trabalhos) por ser um programa similar, porém que atua apenas com a extensão de carga horária e ainda o termo “Educação Integral” (957 trabalhos), ambos sendo reconhecidos aqui como elementos de Políticas Públicas e que vêm se consolidando como temas significativos para a educação, principalmente em países de economia subdesenvolvida.

Ambos os termos alcançaram maiores resultados, o que demonstra ainda haver muito espaço para pesquisas neste tema específico.

Esta pesquisa nos levou a temas diretamente ligados aos personagens principais da Política Pública que nos propomos a analisar, no caso, os CIEPs. Três personagens se colocam como os pivôs deste projeto: 1. Leonel Brizola, figura política de grande envergadura nacional tendo sido deputado estadual do Rio Grande do Sul (1947-1955), deputado federal pelo Rio Grande do Sul (1955-1956), prefeito de Porto Alegre (1956-1958), governador do Rio Grande do Sul (1959-1963), deputado federal pela Guanabara (1963-1964) e posteriormente governador do Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991-1994); 2. Darcy Ribeiro, antropólogo, idealizador do I PEE e articulador político do programa e 3. Oscar Niemeyer, arquiteto que concebeu a estrutura física dos CIEPs, porém nosso foco principal será o chefe do poder executivo e consequentemente seu principal responsável. Sendo assim, fizemos um outro levantamento preliminar com base nos temas específicos do período em que Brizola foi governador no Estado do Rio Grande do Sul.

Para além do levantamento realizado na plataforma Capes, analisamos documentos da Fundação Darcy Ribeiro (Fundar) disponibilizados pela doutora Luiza Moreira, orientanda do Professor Dr. Antonio Jorge Gonçalves Soares do PPGE UFRJ. A Fundar é um espaço dedicado a guardar documentos e a memória ligada à Darcy Ribeiro, personagem central no desenvolvimento doI Plano Especial de Educação e consequentemente aos CIEPs e que foi vice-governador de Brizola em sua primeira gestão e nesse período acumulou o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Analisamos ainda uma série de documentos “originais” que nos foram cedidos pelo professor Waldir Nunes da Silva, que atuou como diretor adjunto no CIEP 031 - Lírio do Laguna, primeiro CIEP a ser inaugurado em Duque de Caxias, ainda no ano de 1985.

Atendendo o objetivo de identificar a atuação dos Movimentos Sociais de trabalhadores da Baixada Fluminense, entendidos nesta pesquisa como sujeitos no processo de luta por direitos em uma sociedade dividida em classes antagônicas e sua interlocução

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junto ao Estado no objetivo de garantir a ampliação e melhoria de acesso à educação pública na Baixada Fluminense, principalmente em Duque de Caxias, realizamos entrevistas semiestruturadas com o professor Aníbal de Gouveia Júnior, ex-diretor do CIEP 001 - Presidente Tancredo Neves; professor Waldir Nunes da Silva, ex-vice-diretor do CIEP 031 - Lírio do Laguna; Sr. Luiz Alfredo Salomão, ex-secretário de Obras e Meio-ambiente durante a primeira gestão de Brizola no Rio de Janeiro; professora Heloiza Pessanha, ex-diretora do CIEP 031 - Lírio do Laguna, professora Marlúcia Santos, pesquisadora e ex-diretora do Movimento Unificado de Bairros (MUB) e José Zumba Clemente da Silva, ex-presidente do MUB e ex-vereador em Duque de Caxias.

No início do ano de 2020 o Brasil e o mundo foram surpreendidos por uma pandemia de dimensões globais por conta do vírus Sars-CoV causador da Covid-19. Essa pandemia gerou verdadeiro caos social por conta da necessidade de mudanças no modo de vida e nas relações sociais a partir de então. Seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) foram adotadas medidas de distanciamento e isolamento social. Essas medidas geraram a necessidade de mudança na proposta inicial da pesquisa, que ocorreria por meio de entrevista presencial. Algumas entrevistas foram encaminhadas por via remota utilizando-se de aplicativos de vídeo chamadas como Google Meet, Skype ou Whatsapp, porém dadas as limitações das ferramentas das quais dispúnhamos no momento e o extenuante uso das mesmas, parte do material foi perdido. Outra técnica utilizada foi o encaminhamento de um formulário on-line, via Google Form para resposta por parte de alguns integrantes da equipe pedagógica e administrativa dos CIEPs 031 - Lírio do Laguna e 032 - Cora Coralina, porém as pessoas contactadas não se adaptaram à ferramenta, o que inviabilizou a obtenção de respostas de modo satisfatório.

As entrevistas que conseguimos realizar e o material coletado, sejam áudios, transcrições e outros materiais gráficos, serão disponibilizados e organizados com a parceria do Centro de Pesquisa, Memória e História da Educação da Cidade de Duque de Caxias (CEPEMHEd), o que nos permitirá construir um acervo não apenas para essa pesquisa, mas que será futuramente disponibilizado para outros pesquisadores, tanto no que se refere à história da educação quanto à história da Baixada Fluminense. As entrevistas serviram de suporte à análise e compreensão das concepções políticas dos anos 1980. Por outro lado, serviram ainda para compreensão do projeto dos CIEPs em suas múltiplas dimensões, política, pedagógica, social, etc..

Deste modo, partimos da análise materialista-histórico-dialética e compreendemos que não basta apenas analisar o que foi apresentado no projeto, pois isto não permite perceber as

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concepções políticas nele contidas. É preciso analisar concretamente como essas políticas atingem a população e como o Estado se articula na intenção de torná-las exequíveis.

Essa pesquisa se justifica pela urgência na compreensão de como a sociedade brasileira, ainda mergulhada em desigualdades sociais, com constantes desvios de interesses e de finalidade na prestação de serviços públicos, e diante das ainda presentes reivindicações de diferentes representações de movimentos sociais pela defesa da educação pública e direitos básicos. Enfim, como se manifestaram as concepções políticas em torno de um projeto que apresentou à sociedade um modelo com propostas de ampliação de rede e universalização do ensino? Entendemos que os resultados desta pesquisa podem servir a uma avaliação e possível reorganização para efetivação de políticas públicas, sobretudo educacionais no período histórico atual.

O objetivo da dissertação foi analisar uma das principais políticas públicas de educação desenvolvidas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente em sua implementação durante nos anos 1980, durante a primeira gestão de Leonel Brizola, por meio do I Plano Especial de Educação (I PEE). Esta escolha é embasada no projeto de pesquisa coordenado pela profª. Drª. Gilcilene Barão em que se estudam as políticas públicas de Educação Federal de regulação na Baixada Fluminense, o que nos permitiu eleger dentro do I PEE o projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), um projeto que desenvolvia seu trabalho na perspectiva da Educação Integral, inclusive com a extensão de carga horária. O projeto, em princípio, aponta uma atenção diferenciada à criança que passa pelo cuidado à saúde (atendimento médico ambulatorial preventivo e dentário), alimentação, atividades físicas e culturais e acolhimento, quando necessário.

Ela [a escola tradicional] é, pois, uma escola para os 20%, não é uma escola para os 80% da população. Uma escola desvairada que vê como desempenho normal, desejável e até exigível de toda criança, o rendimento “anormal” da minoria de alunos, que têm quem estude com eles em casa mais algumas horas, e que vivem com famílias em que alguns membros já têm curso primário completo. Como na imensa maioria das famílias brasileiras não há esta pessoa, desocupada e pronta para tomar conta das crianças e estudar com elas, a escola não tem o direito de esperar isto. Funcionando na base dessa falsa expectativa, ela é uma escola hostil à sua clientela verdadeira, por que, sendo uma escola pública, a sua tarefa é educar as crianças brasileiras, a partir da condição em que elas se encontrem (RIBEIRO, 1986, p. 14).

Portanto, divulgava-se a proposta de uma escola que compreendia a realidade das famílias brasileiras mais pobres e se propunha a desenvolver seu trabalho a partir dessa realidade. Esse trabalho teve ainda como desafio analisar os objetivos apresentados noI PEE e verificar sua implementação. Um elemento importante nesse processo foi identificar nas bibliografias analisadas a representação da sociedade, a atuação do próprio Brizola, entre

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outros atores, buscando assim entender o projeto enquanto uma política pública analisando seus efeitos na sociedade, as concepções e percepções produzidas a partir dele, seja no público alvo a quem ele se direcionava ou mesmo aos demais integrantes da sociedade.

Diferentes representações, com diferentes interesses, professores que já atuaram em CIEPs, alguns durante o processo de implantação em Duque de Caxias, lideranças da Federação Municipal das Associações de Moradores de Duque de Caxias (MUB), importante movimento urbano por moradia em Duque de Caxias, entre outros, demonstram que há diferentes concepções sobre o mesmo projeto. Visto dessa forma, buscamos identificar essas diferentes concepções buscando analisar as marcas que interferiram na consolidação ou não dessa política e avaliar as possibilidades e mediações.

O acesso ao “Livro dos CIEPs” (RIBEIRO, 1986) deu a visão governamental/institucional do projeto. Esse material apresenta a visão do governo e servirá para compreender como o projeto foi apresentado à sociedade, enquanto proposta institucional.

O histórico político e econômico brasileiro de dependência do capitalismo central (FERNANDES, 1981) demonstra a necessidade de compreender até que ponto essa política externa influenciou as políticas públicas, sobretudo as educacionais no período que nos propomos analisar, anterior a 1990, ano em que ocorreu a Conferência Mundial de Educação para Todos (Jontiem) em que os países de capitalismo central traçaram metas e propostas para a educação nos países subdesenvolvidos, entre eles o Brasil. Uma referência inicial para apontar a análise dessas interferências políticas é a obra “Marcos históricos na reforma da educação”, de Nigel Brooke. Nesta obra há uma análise das principais políticas públicas implementadas em toda a América Latina desde o início do século XX, com ênfase em políticas educacionais por um estudo em educação comparada, bem como a transferência de políticas de um contexto para outros (BROOKE et al, 2012). Desde as concepções de educação para defesa nacional até as reformas curriculares para os países latino americanos, entre outros, demonstrando que o contexto brasileiro não se fazia isolado de outros semelhantes na periferia do capital. Nossa referência principal para a análise política, econômica e social são as obras de Florestan Fernandes (1976, 1976b, 1979 e 2018) que servirão de suporte à compreensão da situação de economia periférica e dependente ao capitalismo central, imperialista, das relações subalternizadas da burguesia nacional, do modelo de desenvolvimento desigual e combinado e principalmente para a compreensão de que vivemos períodos de temporário avanço social e econômico, característica de momentos históricos de “circuito aberto”.

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1 O CONTEXTO HISTÓRICO DOS ANOS 1980

Embora este trabalho não se proponha a um aprofundamento histórico, uma vez que se trata de uma pesquisa em educação com foco em políticas públicas, todavia faz-se necessário um apanhado sobre o período que antecedeu a ascensão de Leonel de Moura Brizola ao governo do Estado do Rio de Janeiro. É essencial compreender as forças políticas e sociais que atuavam no Brasil nos períodos que antecederam sua eleição e também o formaram politicamente. O período da ditadura civil-militar e a forte repressão sofrida pelos movimentos sociais organizados são essenciais para compreender os resultados da eleição de 1982 no Estado do Rio de Janeiro. Os principais eixos norteadores deste levantamento histórico são os movimentos sociais, aqui daremos ênfase aos movimentos de bairro, movimentos sindicais e também a própria história de Brizola, inclusive as principais figuras políticas que de alguma forma contribuíram para sua formação enquanto personagem (ora central, ora secundário) na história política brasileira desde seu surgimento no Rio Grande do Sul.

1.1 Antecedentes da eclosão dos Movimentos dos anos 1980

Iniciaremos então por compreender o período de ruptura institucional de 1964. O golpe civil-militar que resultou no Ato Institucional nº 1 era a coalizão civil-militar com apoio popular que se “justificou” pela busca da segurança interna ao eliminar o “inimigo interno”

(ALVES, 1984).

[...] O Ato institucional que é hoje editado pelos comandantes em Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação em sua quase totalidade, se destina a assegurar, ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira política e moral do Brasil [...]. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar (ALVES, 1984, p.53).

Um golpe arquitetado pelo comando militar e com a participação ativa de grupos da burguesia nacional, mas sobretudo com forte influência de forças do capital externo causou a mais recente ruptura na já frágil democracia brasileira. A justificativa dos arquitetos do golpe seria eliminar um “inimigo interno", identificado como “comunismo”. O que eles

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denominavam como um levante comunista seriam as organizações populares em torno de um projeto popular de governo, com reforma agrária, distribuição de renda, acesso universal à educação e pleno emprego, como veremos mais à frente. Porém nos cabe recuperar o que diz Florestan Fernandes:

[...] a democracia típica da sociedade capitalista é uma democracia burguesa, ou seja, uma democracia na qual a representação se faz tendo como base o regime eleitoral, os partidos, o parlamentarismo e o Estado constitucional. A ela é inerente forte desigualdade econômica, social e cultural com alta monopolização do poder pelas classes possuidoras-dominantes e por suas elites (FERNANDES, 1979, p. 7).

Quando esse poder se vê sob ameaça por um projeto que não represente seus interesses diretos, as forças burguesas e as elites se reorganizam de forma a garantir seus privilégios. Não há nas sociedades da periferia do capital espaço para revoluções, sobretudo oriundas do proletariado, das classes mais pobres. Como descreve Florestan:

A época das revoluções burguesas já passou; os países capitalistas da periferia assistem a uma falsa repetição da história: as revoluções burguesas em atraso constituem processos estritamente estruturais, alimentados pela energia dos países capitalistas centrais e pelo egoísmo autodefensivo das burguesias periféricas (FERNANDES, 2018, p. 16).

Sendo assim, para manter a ilusão da democracia burguesa precisou se construir o fantasma comunista, algo que não foi difícil diante dos avanços da organização de massas que ocorria por meio das mobilizações de Jango e Brizola em torno das Reformas de Base, isso no cenário nacional, e no cenário internacional o mundo capitalista lidava com a bem sucedida Revolução Cubana.

O cenário político e social no Brasil era de instabilidade, movimentos sociais em organização, mobilizações no campo e na cidade, acirramento das tensões entre as classes foram fatores que geraram um aparente desequilíbrio na balança social. A possibilidade de um governo que não atendesse aos interesses da burguesia interna e sobretudo externa gerou a urgência de um golpe.

A extrema concentração social da riqueza e do poder não conferia à burguesia nativa espaço político dentro do qual pudesse movimentar-se e articular-se com os interesses sociais mais ou menos divergentes. Ela só podia, memo, mostrar-se

“democrática”, “reformista” e “nacionalista” desde que as “pressões dentro da ordem” fossem meros símbolos de identificação moral e política, esvaziando-se de efetividade prática no vir a ser histórico. Em suma, as classes e os estratos de classe burgueses não tinham como servir-se do radicalismo burguês para captar a simpatia e o apoio das massas populares, sem ao mesmo tempo aprofundar seus conflitos entre si e, o que era mais importante, sem arriscar os fundamentos materiais e políticos da ordem social competitiva sob o capitalismo dependente e subdesenvolvido. A esse fato acrescentaram-se a emergência e a difusão de movimentos de massa antiburgueses, nas cidades e até em algumas áreas do campo.

Tais movimentos estavam longe de representar um “perigo imediato”, pelo menos em si e por si mesmos. Todavia, eles encontravam uma ressonância intimidadora, e continham uma força de irradiação inesperada. Por isso, eles acabaram repercutindo e fermentando, de modo quase incontrolável, no princípio, de modo quase

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incontrolável, no próprio radicalismo burguês: “contaminaram” estudantes, intelectuais, sacerdotes, militares, vários setores da pequena-burguesia, etc. Além disso, infiltraram influências especificamente antiburguesas e revolucionárias nas massas populares, despertadas, mas refreadas pela “demagogia populista”, o que estabelecia um perigoso elo entre miséria e pobreza, “pressão dentro da ordem” e convulsão social (FERNANDES, 1976, p. 324)

O Brasil foi marcado historicamente por períodos de significativas mudanças em seu cenário político, social e econômico. Rupturas institucionais dentro da ordem, porém neste trabalho nos ateremos ao período histórico a partir dos anos 1960, ainda que em alguns momentos seja necessário recorrer e fazer referência a períodos anteriores.

Um ponto importante é compreender a atuação e ideário do PTB e do trabalhismo no Brasil. Sento-sé (Apud FERREIRA, 2008), reconhece a dificuldade em apresentar uma definição para o trabalhismo, mas se reporta como sendo necessário “reconhecê-lo como um conjunto pouco difuso de orientações políticas normativas e pragmáticas que nortearam intervenções públicas de alguns atores organizados em partidos políticos que tinham como foco principal o apelo às classes trabalhadoras urbanas”.

Na Baixada Fluminense, mais precisamente em Nova Iguaçu, o Governo Provisório de Getúlio Vargas marcou presença com obras estruturais (prédios públicos, estradas, igrejas, etc.) e a presença de Vargas nas inaugurações (SOUZA, 2014). Nesse período a Baixada Fluminense ainda está construindo seus contornos demográficos a partir de um grande crescimento populacional com forte influência da migração, ainda que advinda - em parte - pela “evasão dos pobres do centro carioca”, entre outros fatores que impulsionaram o desenvolvimento e “valorização das áreas centrais da cidade do Rio” (ALVES, 2003, p. 63).

Todo esse processo durou até a década de 1950. Loteamentos baratos margeando as ferrovias e rodovias, isso devido à falta de infra-estrutura. A relação moradia trabalho com a região central gerava lucro às empresas de transporte. Grande parte da população residente na Baixada trabalhava fora dos municípios em que moravam, comerciários (61,45%) e industriários (75,73%) que se utilizavam principalmente dos trens (Ibidem, 2003). A emancipação de Duque de Caxias em 1943 parte do projeto de reforma administrativa do Estado Novo para a reorganização do quadro territorial e cooptação da simpatia e apoio popular das frações da classe dominante local por Amaral Peixoto. Duque de Caxias nasce

“imbricada a um projeto de identidade nacional com base no discurso de integração da cidade [...] ao mundo do trabalho” (SOUZA, 2014, p.140). Em 1953 o município tem 133 fábricas, sete anos depois 206 indústrias e em 1961 o funcionamento da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) inicia a formação de um complexo petroquímico que transforma o município.

Apesar de tudo isso, a vida dos habitantes permanecia deteriorada, com precárias condições

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de transporte e falta de abastecimento de água. Embora fosse um dos maiores orçamentos da Baixada Fluminense já na década de 1950, era também um dos municípios com piores índices de rede geral de esgoto (Ibidem, 2014).

A criação da REDUC também trouxe elementos de fortalecimento das lutas operárias em Duque de Caxias com a instalação do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro) e a criação em 1963 do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica de Duque de Caxias (Sindiquímica), segundo Souza (Apud FEUB, 2020). Aliado ao já existente movimento de operários da Fábrica Nacional de Motores (FNM), movimentos de camponeses e os círculos operários dos trabalhadores urbanos e rurais.

Esse caldeirão de situações torna a Baixada Fluminense um cenário diverso em que convivem o urbano e o agrário e com um “movimento de resistência por parte dos pequenos produtores (ocupantes), auto-denominados posseiros” (ALVES, 2003, p. 69) que no final dos anos 1950 conta com a participação de lideranças camponesas ligadas ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Mudanças no cenário político nacional e na conjuntura trazem à tona o debate sobre a reforma agrária. Mas na organização urbana também há movimentação por meio de associações de moradores, conforme relato de Dilcéia Nahon

[...] na Baixada já existiam associações de moradores desde a década de 1950...Quero dizer que já existia anteriormente um trabalho de associações de moradores naquela região, centros comunitários, centros pró-melhoramentos, em Caxias também já havia associações. Havia uma associação da década de 1950, chamada de Vinte e Um de Abril, em São João de Meriti (DILCÉIA in, MACEDO;

MAIA; MONTEIRO, 2007, p. 15).

A Baixada torna-se uma região de conflitos crescentes com momentos de violência policial e resistência armada do movimento dos posseiros. O movimento camponês avança conseguindo algumas desapropriações de terras. O silêncio da imprensa é quebrado com as notícias dos conflitos e da violência no campo, porém apenas após o golpe militar de 1964,

“quando o responsável pelo Plano de Ação Agrária acusava proprietários e grileiros de estarem se apropriando de terras e plantações de lavradores através da violência” (ALVES, 2003, p. 72). A justificativa vem em forma do discurso comum ao período, “os lavradores eram comunistas e subversivos” (Ibidem, p. 73). A organização social e mobilização dos camponeses gerou o desprezo das elites locais e a segregação espacial, sendo duramente castigados com a perda da terra e de seu modo de vida e sobrevivência. Para além disso ainda haveria a disputa pela representação desse grupo, indo desde os comunistas, federações e a

“Federação dos Círculos Operários Fluminenses (FCOF), numa perspectiva legalista”

(Ibidem, p. 73) deixando claro interesses relacionados às “potencialidades eleitorais desse

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movimento” (Ibidem, p. 73). A mobilização camponesa gera uma resistência violenta com contornos claros de luta entre segmentos sociais distintos e antagônicos.

Nos movimentos urbanos não é muito diferente o que se refere à violência e à repressão durante a década de 1960. Dilcéia assim descreve sua participação nos movimentos de bairro nesse período

Nós, já nessa época, final da década de 1960, começamos a fazer algumas atividades no bairro, mas sem chamar de associação de moradores, pois nessa época havia uma repressão muito grande. As associações que surgiram na década de 1950 estavam desativadas, as lideranças estavam sendo perseguidas (DILCÉIA in, MACEDO;

MAIA; MONTEIRO, 2007, p. 16).

Isso revela que mesmo diante da repressão os movimentos permaneciam organizados em torno de uma resistência que passa a ser, inclusive, apoiada pela Igreja Católica na Baixada. O espaço da igreja tornou-se “um lugar que você encontrava as pessoas e fazia as coisas” (Ibidem, p. 16).

Nesse mesmo período, anos 1960, Brizola já se consolidava como destaque no PTB e na cena política nacional, qualificando-se como uma liderança emergente (FERREIRA, 2008, p. 18). Em 1961, a partir da “cadeia da legalidade”, cadeia de rádios que integrou 104 emissoras do estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná em defesa da posse de Jango como legítimo presidente do Brasil em substituição a Jânio Quadros que havia renunciado. Após intensa mobilização popular, adesão dos governadores do Paraná (Ney Braga) e de Goiás (Mauro Borges) e ainda do comandante do III Exército, com sede no Rio Grande do Sul (general Machado Lopes), todos dispostos a usar armas contra as forças que se opunham à posse do vice-presidente João Goulart (Jango). Além destes ainda havia a adesão de estudantes, intelectuais e sindicatos de trabalhadores (Ibidem, p. 20).

O cenário político da Baixada, desde a década de 1930, era marcado por disputas políticas oriundas da ruptura com a estrutura oligárquica do poder local, porém ainda fortemente marcada pelo coronelismo. Nesse período, Duque de Caxias vai sendo associada à figura polêmica e controversa de Tenório Cavalcanti, pela assimilação do código vigente na região, a violência (ALVES, 2003). O “mito do corpo fechado” lhe confere fama e seu círculo de relações o poder e prestígio necessários para estabelecer-se como figura política proeminente. Em 1936 entra para a política como vereador pela União Progressista Fluminense - representando o distrito de Duque de Caxias - na Câmara de Nova Iguaçu, como oposição ao governo Vargas. A atuação do Partido Social Democrático (PSD) na Baixada Fluminense, inicialmente em Nova Iguaçu e posteriormente nos demais municípios que dele se originaram, porém em Duque de Caxias “Tenório responsabiliza-se pela manutenção do

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diretório da União Democrática Nacional (UDN)” (ALVES, 2003, p. 87). Apesar de sua emancipação, segundo Souza (2014), não foi garantida a autonomia, pois ainda sofria o domínio amaralista e getulista.

O perfil de Tenório é identificado por Alves como “popular, uma espécie de fusão entre o populismo e o coronelismo” (Ibidem, p. 87) é o que lhe permite estar em um partido elitista como a UDN. Porém é um personagem político controverso

Se por um lado comportava-se como um parlamentar udenista , combatendo o getulismo, denunciando a corrupção administrativa, opondo-se à ação estatal na economia, detendo-se nos aspectos “subversivos” de uma política de massas (greves, politização dos sindicatos, aumento do salário mínimo) e desqualificando os comunistas, chamados de “hidra vermelha” ou “imperialismo moscovita” nos editoriais da Luta Democrática1;por outro lado, Tenório era suficientemente personalista para romper em vários momentos com deliberações do seu partido (ALVES, 2003, p. 89).

Pensou em entrar para o PTB, chegando a negociar a ida de outros deputados da UDN, em troca queria a promessa de água para Caxias (ALVES, 2003). Sua personalidade unia “o elemento antipopulista-conservador nas questões nacionais e o clientelismo populista da sua ação junto às massas pobres da periferia” (Ibidem, p. 90). Sua resistência à migração partidária ao PTB se devia ao receio de perder suas bases eleitorais. Surpreendentemente, converte-se em aliado dos comunistas adotando “as palavras de ordem...reforma agrária, combate ao imperialismo e apoio às manifestações de movimentos reivindicatórios dos operários e camponeses” (Ibidem, p. 91) e em 1961 candidata-se ao governo fluminense pelo Partido Social Trabalhista (PST).

As mudanças partidárias e os acordos firmados ao longo de sua carreira demonstram um total desalinhamento ideológico-partidário e que sua organização partidária partia do princípio de manutenção de seus interesses pessoais. Da mesma forma, fica expresso que os partidos políticos radicados na Baixada também não gozavam de profunda ideologia e comprometimento. A política revela-se assim um campo de acertos e arranjos de interesses.

Em 1961, Jango buscava implantar a reforma agrária, porém sem sucesso, devido a dificuldades de articulação no congresso nacional. Já em 1962 Brizola, ainda governador do Rio Grande do Sul, articula a Frente de Mobilização Popular (FMP) com o objetivo de congregar forças políticas anti-imperialistas e pró-reformas (de base) (FERREIRA, 2008, p.

22). Essa movimentação que alcançou projeção nacional e mobilizou movimentos sociais durante o início dos anos 1960, embora prejudicada pelo golpe militar de 1964, não foi interrompida. A articulação iniciada em 1962 e que reuniu representantes de diversas

1Luta Democrática foi o jornal criado por Tenório Cavalcante em fevereiro de 1954 como estratégia eleitoral (ALVES, 2003, p. 89).

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organizações, entre elas o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), Pacto Unidade e Ação (PUA), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), parlamentares da Frente Parlamentar Nacionalista (FPN), além de lideranças de entidades camponesas e feministas. Segundo Ferreira (2008, p. 22), o povo desejava

“libertar-se dos seus espoliadores, da miséria e do atraso, do latifúndio e da exploração”.

Outro elemento importante para se compreender o cenário político e social que se desenhava nesse período foi o restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética (Ibidem, p. 23). Ainda em 1962, na Conferência de Punta del Este, o chanceler brasileiro defendeu a neutralidade do Brasil em relação a Cuba - que realizou a Revolução Socialista em 1959 - enfrentando assim a oposição dos Estados Unidos (Ibidem, p. 23), embora essa posição tenha sido alterada na visita da Jango aos Estados Unidos em abril de 1962. É preciso, porém, levar em conta que para que tal ambição fosse levada ao fim e ao cabo, com a garantia de autonomia e desenvolvimento dentro do sistema capitalista, seria necessária a ruptura da dominação externa (FERNANDES, 1976).

O período do qual tratamos até agora, fins dos anos 1940 até o início dos anos 1960, período posterior à II Guerra Mundial, correspondem ao período que Florestan Fernandes (1976) identificou como de luta do capitalismo para sobrevivência contra os regimes socialistas e que para tal dependia das burguesias nacionalistas para a consolidação do capitalismo nos países de capitalismo dependente, caso do Brasil.

O fim da Segunda Grande Guerra delimita o início de uma nova era na qual a luta do capitalismo por sua sobrevivência desenrola-se em todos os continentes, pois onde não existem revoluções socialistas vitoriosas, existem fortes movimentos socialistas ascendentes. Os fatos cruciais, nessa evolução, são a revolução iugoslava, o advento das democracias populares, a revolução chinesa e a revolução cubana. Nessa situação, o controle da periferia passa a ser vital para o “mundo capitalista”, não só porque as economias centrais precisam de suas matérias-primas e dos seus dinamismos econômicos, para continuarem a crescer, mas também porque nela se achava o último espaço histórico disponível para a expansão do capitalismo (FERNANDES, 1976, p. 253).

Não se pode negligenciar que esse período é essencial para recuperação econômica, política e social dos países capitalistas devastados pela guerra e sua necessária reorganização.

Nesse contexto os Estados Unidos se colocam como “guardiões do chamado mundo livre contra o avanço do comunismo”, mas não apenas isso

A América Latina e o Caribe passam a sofrer crescentes interferências sob o argumento do combate ao expansionismo soviético, que encontraria terreno favorável nas fragilidades do desenvolvimento da região, especialmente as que decorrem das fortes desigualdades sociais. O exemplo emblemático que sustenta esse tipo de preocupação é A Revolução Cubana, considerada fator catalisador de novos movimentos similares (AYERBE, 2004, p. 45).

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Encontra-se expresso nesse projeto uma intenção de caráter anticomunista/antissocialista a partir de um bloqueio à ação soviética. Porém, também está implícito o reconhecimento de que há “fortes desigualdades sociais” na América Latina que podem ser usadas para gerar dependência econômica e política, para ambos os lados. Outro ponto importante é o fato de reconhecer a Revolução Cubana como um processo que pode se estender por outros países e daí se instaura uma contra-revolução “preventiva”, uma vez que na tentativa de realização de uma revolução burguesa tardia em países de capitalismo dependente, para as classes dominadas, torna-se um processo de intervenção que expõe as contradições das classes dominantes internas e externas (FERNANDES, 1976, p. 295).

Embora tenha havido um acirramento dessa estratégia política estadunidense durante os anos 1950, ela é resultado de um movimento anterior.

No final da década de 1940, o capitalismo inicia uma fase de crescimento inédita.

Entre 1948 e 1971, a indústria e o comércio mundiais se expandem a taxas médias de 5,6% e 7,3% respectivamente. Com a recuperação das economias europeias, diminuem as compras de produtos primários, bastante elevadas no decorrer da guerra e nos anos de reconstrução, que representavam para os países latino-americanos uma importante fonte de divisas. Ao mesmo tempo, estabelece-se uma forte competição internacional por mercados para as exportações. As periferias capitalistas tornam-se alvo de crescente interesse, seja como consumidores de produtos seja como receptores de investimentos para a instalação de filiais de empresas multinacionais (AYERBE, 2004, p. 15).

Assim, os países da América Latina, entre eles o Brasil, que até então ainda se encontravam sob um modelo econômico agrário, de economia primária, perdem mercado para sua principal produção, paralelamente há um crescimento industrial com a inserção e participação estrangeira (SOUZA, 2014, p. 125). Na Baixada Fluminense isso pode ser verificado também a partir dos anos 1950, conforme Souza (2014, p. 88), que descreve que tornava-se mais lucrativo o retalhamento das propriedades agrárias do que a aplicação de recursos para revigorar a citricultura, no caso do município de Nova Iguaçu. Em período anterior, anos 1940, o município de Nova Iguaçu já passava por um processo de fragmentação com a emancipação de Duque de Caxias (1943) e de São João de Meriti e Nilópolis (1947), porém isso não significa que o desenvolvimento econômico, político, social e cultural será partilhado por todos, reproduzindo-se um modelo de desenvolvimento “desigual e combinado”, em que a produção de excedentes financeiros são direcionados aos países de capitalismo central e a economia dos países de capitalismo dependente são empurradas a um aprofundamento de sua dependência econômica uma vez que perde o mercado de consumo de seus produtos não industrializados e precisa consumir a partir da aquisição, principalmente de maquinário, e se modernizar adequando-se ao novo modelo de produção industrial (FERNANDES, 1976, p. 297).

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Compreender a situação política, social e econômica brasileira até aqui nos apresenta um panorama, mas serve apenas de pano de fundo para uma análise essencial ao projeto que se desenvolveu após os primeiros anos do governo militar. Entre 1964 e 1975, ano que alcançou seu auge, o governo militar empregou um modelo de desenvolvimento atrelado aos interesses externos. Embora a repressão aos movimentos sociais organizados e à luta organizada de resistência da classe trabalhadora fosse grande, isso não impediu movimentos como o dos trabalhadores do ABC Paulista e mesmo movimentos mais “pulverizados”. Essas reações populares acabaram por minar as forças conservadoras e repressoras do governo.

Um outro ponto essencial é analisar o quadro específico da educação nacional e como esta vinha sendo organizada durante o período do governo militar. As reformas do ensino superior e básico, a organização curricular e as medidas de controle adotadas demonstram o caráter do governo com relação à educação formal. Por outro lado, os parcos investimentos nesse campo, no mesmo período, deixam clara a diferença existente entre o que se propunha na aparência e o que era efetivamente executado, desmascarando a essência do projeto.

Os sindicatos organizados no período não englobam a categoria de professores, até então, em sua maioria públicos. Por conta dessa especificidade não pode se organizar em sindicatos, mas apenas em associações. Nesse período, no Rio de Janeiro contava com a atividade do Centro Estadual de Professores (CEP), entidade classista que organizava os professores no período e que futuramente viria a dar origem ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE). O SEPE surge em um cenário social e político que contribuirá para o declínio do regime em curso e já estruturado no modelo do “novo sindicalismo”. Segundo Mendonça e Fontes (1996)

A estrutura sindical brasileira atravessou um efetivo processo de amadurecimento na última década. Em primeiro lugar, apesar da longa crise econômica, iniciada em 1975 e ainda em curso, não havia mais dúvidas quanto ao caráter capitalista e industrial da sociedade brasileira. O movimento sindical instalava-se, assim, como um - temido - aval da modernidade. Devendo chocar-se contra um dos traços mais marcantes da nossa história - o corporativismo estatal adotado desde a década de 1930 - e incorporando, agora, crescentes massas de população urbana - pólo do maior crescimento numérico do período -, deveria, por outro lado, enfrentar o processo de complexificação existente tanto no interior das empresas quanto a nível da estrutura produtiva nacional (MENDONÇA; FONTES, 1996, p. 93).

Esse forte processo de urbanização gerado pela industrialização, o aprimoramento da expropriação capitalista no Brasil, a crise no regime e o fim do “milagre econômico”, tudo isso aliado à organização das massas de trabalhadores, inclusive com a “sindicalização das classes médias”, algo que pode ser entendido como

A origem do “novo sindicalismo” esteve ligada aos polos industriais de ponta - em especial o ABC paulista -, constituindo-se sobre bases efetivamente operárias. Um dos traços mais marcantes dos primeiros anos da década de 80 foi, no entanto, a

Referências

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