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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Academic year: 2023

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Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. Inicialmente, foram feitos contatos com organizações de direitos humanos para encontrar parentes do sexo feminino dos desaparecidos.

Conceito de Desaparecimento

Segundo a mãe de um desaparecido: “O problema dele é que ele só bebia, bebia muito” (Entrevistado 6 - Mãe de desaparecido habitual desde 2010, Barra da Tijuca). Se não fossem os filhos eu poderia dizer que ele não existia (Entrevistado 10 - Esposa do mal desaparecida desde 1979, sem local do desaparecimento).

Construção de Categorias para o Desaparecimento: Desaparecimentos

27Para a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados, de 2006, “desaparecimento forçado” seria um termo adotado para os desaparecidos (políticos) produzidos pelos Estados. Embora ela tenha assinado o tratado, o crime de desaparecimento forçado ainda não foi incluído na legislação brasileira.

Motivações dos Desaparecimentos

Assim, a violência ainda pode ser um fator que influencia a decisão de uma pessoa desaparecer. Ameaças repetidas também são um fator externo que pode levar à escolha de desaparecer.

Breve Histórico sobre a Prática do Desaparecimento como Política de

A Noite de Hitler e o Decreto do Nevoeiro" (Nacht und Nebel), 7 de dezembro de 1941, reconstruído pelo Tribunal de Nuremberg40. 58 “Segundo o General Ramón Genaro Díaz Bessone, a concessão de anistia a ativistas políticos pelo presidente civil Héctor Cámpora quando assumiu o poder em 1973 foi decisiva para que ‘tudo recomeçasse’.

Definições Legais e Internacionais

O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários, criado em 1980, referiu-se aos desaparecimentos forçados como involuntários. 75 O artigo 1º da declaração afirma que “qualquer acto de desaparecimento forçado constitui uma violação da dignidade humana. A definição da convenção internacional é muito semelhante à definição da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, na qual a participação do Estado é fundamental para a concretização do desaparecimento.

De acordo com a definição de desaparecimento que trabalhamos na tese, não é necessário que o Estado esteja envolvido na causa do desaparecimento forçado ou involuntário. 79 Na Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado, o termo vítima refere-se a uma pessoa desaparecida e a qualquer indivíduo que tenha sofrido danos como resultado direto do desaparecimento forçado (artigo 24).

Desaparecimento e Produção de Dados

A hora do desaparecimento e os meios necessários para o provar são mencionados na maior parte da legislação encontrada85 juntamente com o grau de probabilidade de morte da pessoa desaparecida, uma vez que a incerteza da vida/morte é central para o desaparecimento. A insubstancialidade do desaparecimento impõe restrições, que incluem também a impossibilidade de resolução de questões relacionadas com documentos, seguros e direitos. As leis encontradas destacam a imprecisão do fenômeno do desaparecimento e a maior urgência para aqueles que permanecem: encontrar pessoas desaparecidas.

Esta rede é constituída por esquadras de polícia, organizações não governamentais, conselhos curadores e outras instituições parceiras que tratam da questão das crianças e jovens desaparecidos e contribuem para a gestão do site, quer através da manutenção das suas bases de dados, quer através do aconselhamento e encaminhamento de casos. . O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) criou o PIV – Programa de Identificação de Vítimas (Anexo C) e dentro desta área o Programa de Localização e Identificação de Pessoas Desaparecidas (Plid).

Tabela 1 - Dados do Plid
Tabela 1 - Dados do Plid

Pesquisa de Desaparecidos do Instituto de Segurança Pública

Em 2009, a ONG Rio de Paz questionou os números de desaparecimentos divulgados pelo ISP. Nesse cenário, o ISP propôs a realização de um levantamento sobre desaparecimentos no Rio de Janeiro. O objetivo da busca de desaparecidos do ISP era mostrar a ocorrência de pessoas desaparecidas no estado do Rio de Janeiro em 2007.

100 Em setembro de 2010, o Rio de Paz enviou uma carta ao ISP solicitando pesquisas que estimassem tentativas de homicídio que resultaram em morte e não foram registradas como homicídios dolosos. Para complementar a pesquisa e em paralelo ao banco, o ISP buscou informações em outras duas fontes além dos registros de ocorrências: bancos de dados do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro - Detran - RJ e do Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, vinculado ao Total Sistema de saúde.

Tabela 2  -  Registros de mortes das vítimas 104 ,   segundo dados do SIM/SUS Estado do Rio de Janeiro (2007)
Tabela 2 - Registros de mortes das vítimas 104 , segundo dados do SIM/SUS Estado do Rio de Janeiro (2007)

Novos Dados sobre Desaparecimento

  • Os registros dos desaparecimentos
  • Testemunhas

Argumenta-se que o aumento do número de desaparecidos está relacionado com a diminuição do número de homicídios, o que expõe o aumento do número de corpos. Os dados obtidos nos registros de ocorrências de 2006 a 2010 e nas estatísticas do ISP reiteram a hipótese de que o maior número de desaparecidos é composto por pessoas do sexo masculino, solteiras, negras, com baixa escolaridade e possivelmente de classes sociais mais baixas. O maior número de corpos encontrados concentra-se na capital, mas a descoberta de ossadas é mais comum no interior do estado, o que pode indicar que os corpos estavam escondidos.

O número de corpos encontrados, embora superior ao de ossos, é muito menor se comparado ao número de assassinatos. Quanto ao universo de testemunhas de desaparecimentos entre os anos analisados, o número de mulheres apresenta tendência crescente, enquanto o número de homens permanece estável.

Gráfico 1 - Desaparecimento nas Águas
Gráfico 1 - Desaparecimento nas Águas

Análise complementar: a amostra de 456 casos

  • Reaparecimento

O vínculo matrimonial é menos significativo do que as relações consanguíneas no que diz respeito ao grau de parentesco das testemunhas. Da amostra de 456 casos, constatou-se que na maioria dos casos as pessoas que desaparecem reaparecem: 71,3% dos casos, um número muito significativo. No reaparecimento, as mulheres reaparecem mais que os homens, com uma diferença de 20%, e os homens reaparecem mais mortos.

Tabela 13 - Sobre o Reaparecimento
Tabela 13 - Sobre o Reaparecimento

Atuação dos Policiais Civis nos Desaparecimentos - Seção de Descoberta de

Investigação policial do desaparecimento

Ele tinha matado ela, ficou com o corpo, matou, desmembrou, jogou lá, conseqüentemente, viu as coisas, não sabia o que fazer com as coisas dela, levou para o armário (..) na verdade só encontramos isso saco com os pedaços de seu corpo enquanto ele falava. Quando questionados sobre possíveis diferenças entre a investigação do desaparecimento e outros fatos, destacam principalmente o que a separa do homicídio. Esta é uma investigação muito específica porque estamos conduzindo uma investigação que inicialmente pode ser um homicídio. O tema está sendo trabalhado no Departamento de Homicídios, o que fortalece a relação entre desaparecimentos e assassinatos, além da existência/ausência do corpo, aspecto crucial que separa os dois fenômenos. Vai e pesquisa no sistema de dados para ver se foi encontrado algum corpo com determinadas características, se você foi, você faz uma triagem, você liga para um parente no telefone direto e manda a pessoa para o laboratório de exames... pesquisa genética para fazer uma comparação, para ver se tem, né, se essa pessoa realmente... seria um parente dela que tinha desaparecido e foi vítima de assassinato... e às vezes acontece que tem esse confronto genético, e esse confronto é. ..a gente costuma dizer que é 99,9% de certeza né, que acaba sendo o parente que foi assassinado e a pessoa, o familiar, achou que estava desaparecido, que não tinha voltado para casa.

A suspensão da investigação pode ocorrer pelo próprio reaparecimento:. É uma questão de psicologia, ser professor, sabe... estamos lidando com pessoas muito humildes, que às vezes não tem dinheiro nem para a passagem vir aqui, sabe, então eu não peço também muita formalidade. encerrar as investigações, porque uma das etapas da investigação é entrar em contato com o comunicador para saber se a pessoa voltou, sabe, o início da investigação, para a gente não pular etapas e... às vezes o comunicador relatórios. a aparência da pessoa, eu não peço para ela vir aqui, porque a nossa realidade é de gente humilde, sabe. Você pode informar] pelo telefone, claro que a gente faz perguntas, uma série de perguntas para dar credibilidade à informação, não é uma só... a gente pergunta como, quando, por que você saiu, como você voltou, onde, você saber. ...mas eu não peço para você vir aqui porque a realidade é outra, sabe, é longe, aqui é o contrário de tudo e as pessoas não vêm.

Desaparecimentos Políticos

Ditadura militar brasileira

Em 1º de abril de 1964, o golpe se consolidou, não como um levante de um determinado setor da sociedade brasileira, mas representando o triunfo de um movimento histórico que vinha se delineando desde a década de 1950. A ditadura militar brasileira construiu seu aparato repressivo por meio de uma série de instrumentos legais141 que apoiaram suas práticas de violência e violação de direitos. Na ilusão de um náufrago à espera de um barco salva-vidas, entendo que alguém – talvez o comandante do quartel – esteja vindo em minha defesa e chamando de “irresponsável” o que estão fazendo comigo.

A identidade compartilhada construída pela institucionalização e burocratização da violência fomenta a ideia de responsabilidade coletiva que mascara a possibilidade individual de dissociação das ações violentas. E não podemos escapar a esta questão incómoda, exceto através de uma espécie de má-fé.

O desaparecimento político como um projeto de Estado

Teles (2001) afirma que cerca de metade dos políticos desaparecidos relatados foram sequestrados e desapareceram no sul do Pará durante a Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1974. Muito mais tarde, há uma foto dela na caravana do Araguaia, em Brasília, em 80, aí ele começou a ficar confuso, descobriu o que realmente aconteceu, que deve ter sido morto no dia 25 de setembro de 73, como é dito oficialmente. Na verdade, vejo que ele tinha uma capacidade incrível, um potencial maravilhoso, um potencial para uma guerra sem fim, não estou dizendo guerra armada nem nada, mas para uma guerra real, para dizer que era errado, que ele não queria, ele queria mudar, ele tinha que mudar e decidiu mudar.

Claro que ele não buscou a morte, nem a imaginou, mas ela aconteceu (de forma triste e violenta). E essa eleição não foi pela morte, foi pela vida dos brasileiros que ele queria ajudar a ter uma vida melhor (Entrevista GECEM 13 - Irmã de um político desaparecido de 1972).

Clandestinos, presos, banidos e exilados políticos: potenciais desaparecidos

  • Clandestinidade
  • Prisão, exílio e banimento
  • A “Reparação” do Estado brasileiro como parte da memória pública do
  • O legado da ditadura militar

Acho que tive muito mais capacidade (Entrevistado 17 – Filha, irmã e esposa de desaparecido em 1973). A menina disse: vem rápido porque amanhã ele vai para a Nicarágua (..) eu já o conhecia, da televisão, ele não saiu nos jornais, aquele bigode (..) Quando entrei [na sala], me disse: Eu sou V. Porque minha mãe tinha medo de tudo.. eu falei, pega esse lixo de mobília, era tudo uma porcaria, dá para todo mundo e vamos voltar para o Rio.. mas eu tinha que voltar por um caminho assim . Aí o cara falou: você tem essa idade, você nunca teve título de eleitor, eu disse que não, ele perguntou: qual é a sua profissão.

A cidade do Rio de Janeiro era estranha, meus amigos da universidade... meus amigos não eram os mesmos, eu morava nessa casa que não tinha nada a ver comigo. Comecei a ter uma vida, naquela época a praia do Flamengo não era tão suja e eu ficava sentado lendo jornal, limpando a casa toda, isso começou a me desesperar, até que um dia quando minha amiga Maisa estava passeando, eu disse para ela: vamos fazer o exame recepcionista da Justiça. A interrupção incluiu também a interrupção dos processos positivos construídos ao longo do período clandestino: (..) eu tinha meu carro, era independente, gostava de dirigir, tive que vender o carro, a maior besteira que fiz (Entrevistado 17 - Filha, irmã e esposa dos desaparecidos em 1973). Muitos deles contribuíram para intensificar as denúncias de violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar.

Espero que nunca se esqueça que temos acesso à verdade de todos estes factos, e se for possível descobrir onde estão os restos mortais, acho que é muito difícil, mas pode ser, sabe, o trabalho é muito lento né, identificar os corpos que estão no Araguaia e agilizar e abrir os arquivos é muito lento, muito lento... Fui numa reunião, fui o último a ir no CEJIL, depois combinamos que essas viagens para lá terão grandes vantagens, nada, falam coisas inconsistentes, as pessoas pagam para ter informação, então conversam sobre tudo e chegam a dez filhos.

Desaparecimentos Comuns

Esses atores podem incluir: representantes da força policial, traficantes de drogas, membros da milícia, membros da segurança privada, grupos paramilitares ou de extermínio, ou outros agentes. Os dados do ISP somam-se ao argumento sobre o papel das milícias no aumento do número de desaparecimentos no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa “Sem sapato”: a evolução das milícias no Rio de Janeiro mostrou que a incidência relativa de desaparecimentos é maior nas áreas de milícias.

Os membros da milícia, embora muitos deles sejam ex-policiais ou mesmo policiais da ativa, não podem ser identificados como representantes do Estado porque não usam uniformes. 252 A investigação levantou dois pontos interessantes: a evolução das milícias foi acompanhada por uma maior discrição e sigilo nas suas actividades.

Diferenças entre Desaparecimentos Comuns e Políticos

Breve Histórico da Luta pelos Desaparecidos e pelos Direitos Humanos: o

Mães da Praça de Maio

Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

Mães de Acari

O Lugar Atribuído à Mulher

A Inserção das Mulheres no Espaço Público: Trajetórias, Possibilidades,

Da rotina ao desaparecimento

A perspectiva individual

A passagem à luta

  • Hierarquização entre as mulheres? Ou da dor?

Memória: Definição e Possibilidade de (Re)interpretação

Especificidades de Construção da Memória do Desaparecimento

Imagem

Tabela 1 - Dados do Plid
Tabela 3 - Registros de óbito das vítimas por causa externa,   segundo dados do SIM/SUS Estado do Rio de Janeiro (2007)
Tabela 2  -  Registros de mortes das vítimas 104 ,   segundo dados do SIM/SUS Estado do Rio de Janeiro (2007)
Tabela 4 - Classificações dos desaparecimentos  Motivações  NºAbsoluto  Percentual
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Referências

Documentos relacionados

Meu histórico eu fui muito bem assim, há uns quatro semestres atrás assim, eu corria de todas essas disciplinas, eu não aguento mais esse negócio de discutir, de sentar