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Desenvolvimento industrial e rendimento da terra : um estudo de caso

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DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL E

(3)

LillZ GONÇALVES ÁVILA

Doutor em Economia

pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas

DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL E

RENDIMENTO DA TERRA:

UM ESTUDO DE CASO

FGV - Instituto de Documentação Editora da Fundação Getulio Vargas

(4)

Direitos reservados desta edição à Fundação Getulio Vargas . Praia de Botafogo, 190 - 22253

CEP 9.052 - 20.000

Rio de Janeiro - Brasil

~ vedada a reprodução total ou parcial desta obra

Copyright © da Fundação Getulio Vargas 1~ edição - 1985

FGV - Instituto de Documentação Diretor: Benedicto Silva Editora da Fundação Getulio Vargas

Chefia: Mauro Gama

Coordenação geral da edição: Regina Mello Brandão Capa: Leon Algamis

Composição: Paulo Alves

Impressão: Sociedade Gráfioa Vida Doméstica Ltda.

Ávila, Luiz Gonçalves

Desenvolvimento industrial c rendimento da terra: um estudo de caso! Luiz Gonçalves Ávila. - Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getu-lio Vargas, 1985.

ix, 106f.: il. - (Teses I Instituto Brasileiro de Economia, Escola de Pós Graduação em Economia; 10)

Originalmente apresentado como tese de doutorado à Escola de Pós-Graduação em Economia.

Inclui anexos.

Bibliografia: f. 101-106.

l. Renda (agricultura). 2. Agricultura e tecnologia. 3. Milho - Cultu-ra. 4. Alimentação de animais. I. Instituto Brasileiro de Economia. Escola de Pós-Graduação em Economia. 11. Fundação Getulio Vargas. Instituto Brasileiro de Economia. Escola de Pós-Graduação em Eco-nomia. 111. Título. IV. Série

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DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL E

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LUIZ GONÇALVES ÁVILA

Doutor em Economia

pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas

DESENVOLVIMENTO

INDUSTRIAL E

RENDIMENTO DA TERRA:

UM ESTUDO DE CASO

FGV - Instituto de Documentação Editora da Fundação Getulio Vargas

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Direitos reservados desta edição à Fundação Getulio Vargas Praia de Botafogo, 190 - 22253

CEP 9.052 - 20.000

Rio de Janeiro - Brasil

~ vedada a reprodução total ou parcial desta obra

Copyright © da Fundação Getulio Vargas 1~ edição - 1985

FGV - Instituto de Documentação Diretor: Benedicto Silva Editora da Fundação Getulio Vargas

ChefIa: Mauro Gama

Coordenação geral da edição: Regina Mello Brandão Capa: Leon A1gamis

Composição: Paulo Alves

ImpressAo: Sociedade Gráfica Vida Doméstica Ltda.

Ávila, Luiz Gonçalves

Desenvolvimento industrial e rendimento da terra: um estudo de caso! Luiz Gonçalves Ávila. - Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getu-lio Vargas, 1985.

ix, 106f. : il. - (Teses / Instituto Brasileiro de Economia, Escola de Pós Graduação em Economia; 10)

Originalmente apresentado como tese de doutorado à Escola de Pós-Graduação em Economia.

Inclui anexos.

BibliografIa: f. 101-106.

1. Renda (agricultura). 2. Agricultura e tecnologia. 3. Milho - Cultu-ra. 4. Alimentação de animais. I. Instituto Brasileiro de Economia. Escola de Pós-Graduação em Economia. 11. Fundação Getulio Vargas. Instituto Brasileiro de Economia. Escola de Pós-Graduação em Eco-nomia. 111. Título. IV. Série

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. orientador Antônio Salazar Pessoa Brandã'o agradeci-mentos especiais pelo seu incansável apoio e extrema paciência, que tomaram possível a conclusão deste trabalho.

Aos demais membros da banca, Profs. José Luiz Carvalho, Paulo Rabello de Castro e Raul José Ekerman, que generosamente dedica-ram parte de seu tempo na leitura e crítica dos diversos estágios de elaboração deste trabalho.

Ao Eng. José Joaquim Xavier e à Analista de Sistemas Luísa Pinheiro Teixeira, da Fundação IBGE, pela atenção especial que dedi-caram ao processamento de dados.

A Maria das Graças Vargas da Silva e Marina Maria de Jesus que,

à distância e com mpito cuidado, tomaram possível em tempo hábil a datilografia deste trabalho.

À Comissão de Financiamento de Produção que, através dos Srs. Carlos Rios, Mauro Lopes e João do Carmo Lopes, forneceu indispen-sável apoio crítico e fmanceiro.

(11)

SUMÁRIO

Agradecimentos IX

1. Introdução 1

1.1 As novas formas da produção agrícola 1

1.2 A indústria de rações e o agricultor de milho no Brasil 4 1.3 Organização do trabalho 7

2. Integração vertical e difusão de inovações 9 2.1 Integraçã'o vertical - defmição 9

2.2 Difusã'o de inovações - tecnologia e crescimento 15

3. Presença industrial e rendimento da terra: proposta teórica e hipó-tese testada 27

3.1 Integração vertical indústria / lavoura de milho: estímulos e objetivos 27

3.2 Integraçã'o e crescimento 28

3.3 Os custos da integração 30

3.4 A estratégia de ação da firma integradora 30

3.5 Indústria, integração vertical e difusão de inovações no meio agrícola 31

3.6 A hipótese testada 33

4. A população investigada 37

4.1 Critério de escolha 1 - solo e clima 37

4.2 Critério de escolha 2 - presença da indústria 38

4.3 Os agricultores selecionados 39 4.4 Produção agrícola na área de estudo 40

4.5 Observação final - distribuição de estabelecimentos por tama-nh042

4.6 Conclusão 43

5. Tecnologia e rendimento: uma análise tabular 45

5.1 Critérios de agrupamento de produtores 45

5.2 O uso de insumos modernos 45

5.3 Defesa sanitária e conservação do solo 54

5.4 Filiação a cooperativas 56

5.5 Emprego de fmanciamento 56

5.6 Um índice de tecnologia 61 5.7 Rendimento da terra 66

5.8 Conclusão 69

6. Presença da indústria e rendimento da terra 71 6.1 Modelo empírico 71

(12)

7. Resumo e conclusões 81 Anexo A - A fonte de dados 85

A.1 O Censo Agropecuário de 197585 A. 2 O conjunto de dados empregado 85 Anexo B 89

B.1 Municípios da área de estudo 89

8.2 Municípios da área de estudo por microrregião 92 B.3 Distâncias entre municípios 93

B.4 Presença da indústria por municípios ( matriz IND ) 96 Bibliografia 101

(13)

1. INTRODUÇÃO

o

objetivo deste trabalho é investigar a influência da presença crescente da indústria de rações para animais sobre o nível de moder-nização técnica e rendimento da terra alcançados na lavoura de milho. Esta pesquisa será conduzida através de um estudo de caso, represen-tado pelo desenvolvimento do complexo industrial de rações e sua ação sobre regiões específicas produtoras de milho nos estados de Santa Catarina e Paraná.

A hipótese básica testada é a de que a indústria de rações atua como agente modernizador, de forma que um agricultor submetido a um dado nível de presença da indústria obterá um rend.Í!Oento da terra na lavoura de milho superior ao obtido por um outro agricultor 5ub-metido a um nível inferior de presença. Em outras palavras, ·testare·· mos a existência de uma correlação positiva entre o grau de presença na indú5tria para um dado agricultor e o rendimento da terra obtido na cultura de milho.

1.1 As novas formas da produção agrícola

Uma comparação, mesmo superficial, entre agricultores dos anos 70 e seus antecessores dos anos 30 é capaz de revelar diferenças sensí-veis. Destas, talvez a mais marcante diga respeito ao conjunto de insumos empregados na produção. Estes novos insumos, responsáveis pelos surpreendentes resultados hoje obtidos! , são a base das técnicas modernas de produção, representando uma ruptura com os antigos e tradicionais métodos de produção, não sendo sequer possível com-biná-Ios2• Fertilizantes, sementes híbridas e melhoradas, herbicidas, defensivos e equipamentos mecânicos são os insumos modernos nos quais a agricultura hoje está assentada.

! O rendimento da terra no cultivo dos dois principais cereais dos EUA, milho e

trigo, aumentou em 250% o primeiro e 100% o segundo no curto período de 30 anos (1940 a 1970).

Também na Inglaterra o rendimento dos principais cereais não evoluiu durante todo o séc. XIX até a primeira metade deste. Valores referentes à evolução do rendimento de uma extensa lista de lavouras no período 1940/1970 para os EUA são encontrados em Barrons (1975), p. 21-2.

2 A tentativa de cultivar milho híbrido, inovação recente, com os mesmos

(14)

o

aparecimento de tais insumos no cenário agrícola é resultado dos esforços de pesquisas agronômicas desenvolvidas em laboratórios e campos experimentais ao longo dos anos. Uma quantidade apreciável . de resultados dessas pesquisas estavajá acumulada no fim dos anos 30, constituindo-se a base técnica que permitiu, no imediato pós-guerra, o aparecimento em escala comercial dos primeiros insumos que deram início à grande expansão de rendimentos desde então observada3• A continuidade da pesquisa permitiu desenvolver ainda mais os resulta-dos conheciresulta-dos, multiplicando os avanços técnicos obtiresulta-dos4 •

A transformação de resultados de pesquisa em produtos dispo-níveis para o agricultor em escala comercial não é, entretanto, auto-mática. Um longo trabalho técnico de desenvolvimento do produto é imprescindível. Esta última etapa é executada por um setor industrial específico, que se torna, assim, o responsável pelo aparecimento comercial de novos insumos para o agricultor.

A presença deste setor industrial específico, cuja importância para a agricultura moderna pode dificilmente ser subestimada, consti-tui-se hoje na característica responsável pela distinção clara entre o produzir agrícola do passado e o do presente. Conseqüência impor-tante é o maior grau de interdependência do agricultor moderno com agentes externos à sua fazenda, ou seja, as indústrias produtoras de insumos.

A presença da indústria não se esgota, porém, neste âmbito. Por razões diferentes um segundo elo importante de interdependência entre o agricultor e a indústria como um todo vem crescendo atual-mente.

Para compreensão da natureza deste segundo elo é importante referir-nos ao processo de urbanização característico, embora em momentos e velocidades diversas, de países como Brasil e EUA. A concentração de populações em cidades gera pressões sobre o setor agrícola não apenas no sentido de fornecimento de alimentos, mas também de forma indireta, ao pressionar o desenvolvimento da tecno-logia de alimentos processados. A urbanização se associa com deman-da crescente por alimentos processados, de preparo rápido, qualideman-dade padronizada e exigências sanitárias rígidas. A presença crescente de grandes cadeias de supermercados na intermediação do abastecimento

3Para uma excelente apresentação do desenvolvimento da ciência e da tecnolo-gia agrícola a partir da segunda metade do séc. XIX até os anos 50 nos EUA e no Japão, ver Hayami & Ruttan (1971). p. 136-66.

4Uma interessante apreciação sobre novos possíveis insumos agrícolas que esta-rão em breve à disposição do agricultor, contribuindo para novos ganhos em produtividade, está em Barrons (1975), p. 1274l.

(15)

atua como elemento adicional neste sentido. Supermercados exigem fornecimento estável de quautidades elevadas de produtos com quali-dade garantida e uniformes.

O resultado final das tendências descritas no parágrafo anterior é

o da maior presença da indústria ao longo das diversas etapas de liga-ção lavoura/consumidor final. O produto final agrícola tende a cada vez mais ser comprado pela indústria e por esta transformado em alimentos processados, que atendem as demandas geradas pelas mo-dernas sociedades urbanas. Para o agricultor moderno a conseqüência desta presença mais atuante da indústria é uma maior interdependên-cia, quando comparada a seus antecessores, entre suas atividades e os movimentos e determinações da indústria em seu papel de

compra-dora. .

Em resumo, a indústria como um todo envolve o agricultor. Sua presença torna-se fundamental como fornecedora de insumos e como compradora do produto final agrícola. Este duplo envolvimento é um elemento fortemente diferenciado entre a situação da agricultura de hoje e a chamada agricultura tradicional6Cremos, portanto, que, a

partir dos pontos até aqui levantados, um ponto de pesquisa se apre-senta naturalmente: os efeitos sobre o desenvolvimento da agricultura, notadamente em termos de rendimento e produção, resultantes deste duplo papel desempenhado pela indústria.

Sobre o impacto dos insumos modernos uma ampla literatura já está hoje acumulada, evidenciando a ação positiva em termos de resul-tados obtidos com seu uso 7

. Em relação ao impacto da indústria

en-quanto compradora, o mesmo não se verifica. Um número bastante restrito de trabalhos sobre este tema tem contribuído para a inexis-tência de resultados estáveis, baseados em evidências empíricas estabe-lecidas, e mesmo para a inexistência de propostas a nível teórico, asso-ciando os movimentos da indústria e seus efeitos sobre a produção agrícola associada.

Este trabalho se irá deter exatamente neste segundo ponto e, através de um estudo de caso específico - a ligação entre a cultura de milho e o complexo industrial de rações -, procurar contribuir para

SSobre este ponto específico ver Seagraves & Bishop (1958), p. 1818 e Mueller

& Collins (1957), p. 1474.

6Além deste ponto, Jensen (1977), p. 48, enfatizou uma segunda importante mudança verificada na agricultura do pós-guerra que é o rápido crescimento horizontal da unidade produtora agrícola. Uma conseqüência importante desta segunda mudança seria o grande crescimento das neçessidades de capital na agri-cultura.

(16)

, - - -

-diminuir a lacuna de conhecimentos sobre este ponto, especialmente no caso da agricultura brasileira.

1.2 A indústria de rações e o agricultor de milho no Brasil

1.2.1 A indústria e seu desempenho recente

o

desenvolvimento da indústria de carnes de animais de peque-no porte - suípeque-nos e aves em geral - e da indústria de rações associada, constitui-se em exemplo importante da interligação crescente agricul-tor/indústria. Neste caso se estabelece um complexo de ligações envol-vendo desde a relação agricultor/indústria de rações, até entre esta e o elo final da cadeia, a indústria de carnes.

A indústria de rações tem apresentado elevada taxa de cresci-mento desde, pelo menos, o início dos anos 708. Como conseqüência deste crescimento acelerado, sua participação relativa no consumo nacional de milho é também crescente. A tab. 1.1, que fornece os diferentes destinos dados a produção de milho no Brasil no período 1971/1976, mostra de maneira clara a tendência da crescente interde-pendência do agricultor de milho com a indústria de rações. Que con-seqüências estariam advindo para a produção de milho a partir deste fato? Na busca de resposta para esta questão, objetivo deste trabalho, desenvolvemos uma descrição das características da cultura do milho no Brasil e a posiÇão relativa do país em tennos internacionais.

Tabela 1.1

Consumo de milho pela indústria de rações: 1971/1976

-Anos 1971 1972 1973 1974 1975 1976

Produção (1.000 t)

15.530 14.891 14.109 16.285 16.415 17.895

Consumo 0.000 t)

1.995 2.314 2.893 3.761 4.129 4.776

Participação 12,8 15,5 20,5 23,0 25,2 26,7 Fonte: IPEA (978), p. 80.

80 desenvolvimento da ind~stria brasileira de rações no período 1970/1976 está apresen~ado com detalhe e farta documentação em IPEA (978).

(17)

1.2.2 A importdnda relativa da lavoura no Brasil

A cultura de milho ocupa no Brasil posição de elevada impor-tância relativa. Os dados sobre área colhida s[o suficientes para con- . firmar este destaque perante outras culturas presentes no país. A tab. 1.2 descreve esta posição relativa do milho em confronto com as

prin-ciais culturas em termos de área colhida.

Do ponto de vista internacional o Brasil ocupa a terceira posição como produtor, sendo superado pelos EUA e China Continental, res-pectivamente primeiro e segundo produtor9. A posição importante

ocupada como produtor não se repete ao pesquisarmos a situação do ponto de vista de rendimento por hectare alcançada pela cultura no Brasil. A tab. 1.3 descreve a posição relativa do Brasil em termos de rendimento.

Tabela 1.2

Brasil: área colhida das principais culturas

Cultura Área (ha)

1976

Milho 11.117.570

Soja 6.417.000

Arroz 6.656.480

Feijão 4.059.175

Cana-de-açúcar 2.093.483

Fonte: FIBGE. Anudrio Estatístico, 1979.

Tabela 1.3

Rendimentos por hectare na cultura de milho 1977 (kg/ha)

País Rendimento

Brasil 1.937

EUA 5.700

URSS 3.270

França 5.!94

Média Mundial 2.957

Fonte:FAO.Production Yearbook,1977.

9FAO.Production l'earbook, 1977.

1977 11.797.411

(18)

o

valor do rendimento brasileiro corresponde à média nacional, incorporando, como é comum a médias, situações bastante diversas. Os valores de rendimento dentro do país atingem uma faixa bastante ampla, desde Santa Catarina, o maior, até o Nordeste, região de menor rendimento. Na tab. 1.4 estão descritos os rendimentos médios atin-gidos pela cultura em diversas regiões do país.

Da descrição resumida de aspectos da cultura de milho alguns fatos emergem. Verificamos um grande hiato entre os valores de ren-dimento alcançados por importantes produtores mundiais, e mesmo entre a média munffial, e o alcançado pelo Brasil. Da mesma forma, verificamos distribuição bastante desigual de rendimento entre as di-versas regiões produtoras dentro do Brasil. Temos aqui duas questões distintas.

Concentrando-nos no segundo ponto, desigualdade intranacio-nal de rendimentos, cabem considerações sobre aspectos relacionados à cultura do milho em Santa Catarina, o produtor de maior rendi-mento médio nacional.

A cultura do milho em Santa Catarina apresenta características especiais que a tornam um exemplo importante da ligação entre agri-cultura e indústria. A maior taxa de expansão da indústria avícola entre os principais estados produtores - São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina - foi observadà neste último, sendo de 56,2% anual no período 1971/197510

. Também Santa Catarina apresentou a mais

veloz expansão da produtividade da terra na cultura de milho entre os

Tabela 1.4

Rendimento por hectare na cultura de milho: Estados brasileiros (kg/ha)

Estado Santa Catarina São Paulo Paraná

Rio Grande do Sul Minas Gerais Goiás Pernambuco Ceará Fonte: FIBGE. AnwJrió'Estat~tiéo,1978:

10 Agroa1Ullysis, 1977. p. 163.

6

1976 2.439 2.179 2.207 1.546 1.391 1.860 550 425

(19)

estados produtores. A tab .. 1.5 apresenta um panorama geral destes resultados, realçando a posição de destaque apresentada por este estado.

Tabela 1.5

Taxas de crescimento da produtividade da terra na cultura de milho - ( % ) *

Período

1947/56 1957/66 1967/76

Brasil R.G. Sul S. Catarina Paraná

Fonte: Para São Paulo, IEA: para os demais estados, IBGE. "Taxas anuais

a - significante a 1 % b - significante a 5% c - não significante

1.3 Organização do trabalho

São Paulo

-oé

, c

1,1 b 2,6

Analisaremos as conseqüências para a agricultura, no que diz respeito à modernização técnica e ao rendimento da terra, da ptesença crescente da indústria enquanto compradora do produto final gerado pelo setor agrícola. Nossa pesquisa será conduzida através de um estudo de caso representado pelo desenvolvimento do complexo industrial de ração e pela modernização da cultura do milho em Santa Catarina e no Paraná.

Ao longo do trabalho enfatizaremos a idéia de que a ligação objetiva entre a indústria de rações e o agricultor de milho conduz a uma crescente interdependência no processo decisório dos dois seto-res, o que caracteriza a existência de uma coordenação das atividades comuns a ambos.

(20)

no cultivo de milho. Nesse mesmo capítulo detalhamos a hipótese básica já apresentada e que é testada através de um modelo empírico desenvolvido no capo 6.

Finalmente, a população investigada e o perfIl tecnológico na área de estudo são os objetos, respectivamente, dos caps. 4 e 5, res-tando o capo 7 para conclusão e resumo final.

(21)

2. INTEGRAÇÃO VERTICAL E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES

2.1 Integração vertical - definição

A preocupação com o fenômeno de integração vertical tem estado presente na literatura econômica desde o final do século pas-sadol I . Apesar desta longa presença, ainda não temos hoje uma tra-dição consolidada sobre o tema e o próprio conceito de integração não se logrou estabelecer com precisão, dividido em múltiplas opções. É possível, entretanto, agrupar em duas tradições fundamentais todo o complexo de definições já apresentadas.

A primeira, presente em larga escala na literatura relativa à orga-nização industrial, associa integração vertical com integração de ativi-dades sob uma única propriedade. A definição de Needham pode ser considerada representativa desta tradição. Nela, grau de integração vertical é entendido como

"(. .. ) the extent to which successive stages involved in

the production of a particular product or service are performed by different firms, or the converse, the extent to which a firm performs differenl successive stages in lhe production of a particular product . .. I 2

o

segundo conceito, usado praticamente apenas na literatura relacionada com desenvolvimento agrícola, é mais abrangente. Neste integração é definida como

"(. .. ) lhe combination under the control of a single firm

of two or more links in the chain of production that exlends from the primary producer to lhe final con-sumer ... 13

A palavra-chave é controle, que não é entendido aqui como sinônimo de propriedade. Esta definição entende, portanto, como verticalmente integradas firmas que abandonam sua autonomia

admi-IIVer , por exemplo, Trifon (1959), p. 734-5, para uma descrição das primeiras abordagens à questão.

12Needhan (1969), p. 113.

(22)

nistrativa na tomada de decisões, aceitando que as mesmas sejam tomadas em conjunto com outras firmas, sem entretanto que tal trans-ferência de autonomia administrativa esteja associada à transferência de propriedade.

O cuidado no emprego da expressão integração vertical leva à

presença na literatura relativa a economia agrícola de termos distintos que, na verdade, definem situações perfeitamente cobertas pela defi-nição aqui apresentada. É o caso, por exemplo, de integração de deci-sões!4 ou contratação! 5.

Apesar das diferenças, os dois conceitos encerram um elemento comum básico. A integração vertical é vista em ambos como um fenômeno que retira do mercado (sistema de preços) uma série de atividades, substituindo-o por uma autoridade central que passa a exercer as atividades coordenadoras antes entregues ao sistema de preços! '. A diferença entre ambos resume-se na exigência de que esta autoridade central coordenadora seja a proprietária dos diversos seg-mentos envolvidos ou n[o.

2.1.1 Causas da integração

A percepção de que o fenômeno de integração vertical - quer visto pelo ângulo da organização industrial, quer pelo de desenvolvi-mento agrícola - possui um elo comum que aproxima de forma fun-damental as duas abordagens, permite que a questão seja tratada de forma única. Em qualquer dos casOs, a questão relevante fundamental

é: que razões levariam à substituição do mercado como agente coor-denador e alocador de recursos? A verificação de que este fenômeno ocorre em setores tão diversos como agricultura e indústria reforça a indicação de que temos uma motivação básica comum, que deve ser analisada por um único corpo teórico.

A busca à resposta para esta questão essencial gerou uma lista de razões, apontadas como as mais importantes, tão extensa como a lista de pesquisadores envolvidos em buscá-la. É possível, entretanto, reduzir-se este· complexo a um corpo restrito, constituído por duas linhas gerais dominantes, não necessariamente conflitantes entre si: integração vista como um fenômeno associado a custos e poder de

!4Seagraves & Bishop (1958), p. 1815.

!5Trifon (1959), p. 738, reserva o termo integração para o caso em que existe

um único proprietário. .

!60 fenômeno de integração vertical, visto por este ângulo abstrato e geral, con-funde-se com a própria defmição de flIma (Coase, 1952, p. 343-4).

(23)

mercado, e como um fenômeno a~~ociado a custos de transação e incertezas presentes na operação normal do mercado. 7.

As duas linhas, individualmente, admitem em seu interior um feixe de situações diversas que procuraremos desenvolver abaixo.

Detendo-nos inicialmente na integração enquanto fenômeno relacionado a custos e poder de mercado, observamos que sob esta cobertura abrigam-se dois grupos fundamentais de argumentos: inte-gração vertical associada a poder de monopólio e a complementari-dades tecnológicas.

Relativamente ao primeiro grupo, a integração vertical é vista como capaz de criar ou reforçar o poder de mercado da finna integra-dora em relação a competidores não integrados. Este objetivo seria alcançado com o concurso de diversos expedientes tornados possíveis com a integração. Destes, os três seguintes estão tradicionalmente presentes na literatura: a chamada compressão de preços price

squee-ze; a restrição de oferta a concorrentes; e a elevação de barreiràs à

entrada.

A compressão de preço~é entendida como a diminuição da mar-' gem entre o preço da matéria-prima e o do produto final. Esta margem menor é alcançada pela finna integrada, que consegue, assim, um

preço menor para o produto fmal com preços estáveis de matéria-pri-ma. Através deste mecanismo a finna integrada será colocada em posi-ção supenor no mercado, capaz de deslocar competidores não inte-grados!! .

Considerando agora o segundo dos argumentos, a restriç.ão .de oferta a concorrentes, vemos que este é entendido como a capacidade da finna verticalmente integrada, que possua controle sobre fontes de matérias-primas, em atuar no sentido de eliminar concorrência poten-cial ou efetiva no mercado do produto fmal vinda de concorrentes não integrados. Estes últimos, usuários dos insumos sob controle, são dependentes da integrada, estando sujeitas a cortes de fornecimento ou queda de qualidade dos insumos fornecidos. Em períodos de demanda elevada pelo produto fmal, a fmna integrada aumentaria seu próprio consumo de matéria-prima, restringindo a oferta do mesmo para seus concorrentes e, conseqüentemente, colocando a posição de mercado destes em perigo! 9.

!1Estes não esgotam o total eneontrável na liter~tura, e nem a isso ~os propo-mos. O objetivo é listar as razões consideradas por nós como de maior represen-tatividade.

(24)

Finalmente, ternos o terceiro ponto: a elevação das barreiras à

entrada. Esta seria decorrente do crescimento da necessidade mínima de capital para entrada no setor20. Caso urna furna verticalmente inte-grada monopolize dois estágios de produção então competidores potenciais, serão obrigados a entrar em ambos simultaneamente. Isto elevará a necessidade de capital que estes terão de dispor para entrada no setor.

Considerando agora integração vertical associada à complemen-taridade tecnológica, temos que esta é caracterizada como forma organizacional superior que permite economÍa substancial em custos no caso de processos técnicos que exigem continuidade de opera-çã021•

Voltando à segunda linha de argumentos - integração como um problema associado a custos de transação e incerteza -, ternos que esta é composta basicamente de duas visões: integração corno reação a mercados não competitivos, e como reação à incerteza.

Vista como reação a mercados não competitivos, a integração atuaria no sentido de superar as restrições im~ostas por um mercado incapaz de gerar preços de livre competiçã02 • Como representativo desta situaçãO, temos o caso do monopólio bilateral. É sabido que o mercado não é· capaz de gerar soluçãO estável neste caso e que um longo e custoso processo de negociação poderá ser necessário para a defmição de qualquer solução factível aos dois lados envolvidos. Aqui, a integração vertical dos dois oponentes eliminará estes custos de negociação, pois a solução de mercado será substituída por uma solu-ção administrativa interna2

3 •

Fmalmente, a integração vertical vista como reação à incerteza domina largas áreas da literatura. As operações entre firmas através do mercado são conduzidas pelo sistema de preços. A incapacidade de previsão perfeita sobre o comportamento de variáveis decisivas para a vida da empresa atua como incentivo decisivo para que esta aja no

sen-20Stigler (1968), p. 138; Williamson (1971). p. 119.

21 Bain (1963), p. 177-81; Mueller & Collins (1953), p. 1473; e Trifon (1957), p.740.

22Stigler (1968), p. 136.

23para um estudo detalhado sobro este ponto, ver Machlup & Taber (1973) que enfatizam os aspectos positivos da integração vis a vis o monopólio bilateral. Ver especialmente p. 272-3.

(25)

tido de obter maior controle sobre tudo que possa influenciar de forma relevante a evolução destas variáveis24.

Diversos autores colocam diferentes ênfases, entretanto, a res-peito do que gera esta incerteza. Assim, é vista como dúvidas sobre disponibilidades de fornecimento contínuo de matérias-primas e flu-tuações futuras de preços de insumos25

; dúvidas sobre comporta-mento futuro de oferta e demanda de fatores e produtos26; dúvidas sobre as vendas futuras de um estágio superior, não integrado, de produção, de forma que as próprias vendas estariam comprometidas no caso de um possível mau desempenho desse estági02 7 ; e dúvidas a respeito da renda ao longo do temp028 .

O movimento em direção à integração vertical seria, portanto, uma tentativa de reduzir esta incerteza. Isto poderia ser obtido através de controle de fornecimento de insumos (integração com níveis infe-riores - backward); ou pelo controle de vendas do produto final, de forma a garantir demanda para o insumo intermediário (integração com níveis superiores - forward); ou, finalmente, controle sobre preços, tanto de insumos como de produtos29. A integração, ainda, representaria a constituição de uma estrutura organizacional com capacidade superior de processar informações relativamente ao mer-cado. Esta atuaria, da mesma forma, no sentido de redução da incer-teza30.

Assim, a integração teria um efeito prático fmal de substituir o mercado por uma estrutura alternativa capaz de coordenar atividades, antes. entregues ao mercado, com custo inferior.

2.1.2 As tendências futuras

As forças básicas conduzindo à integração de atividades em es-cala crescente podem, portanto, ser vistas como sendo, por um lado, a possibilidade de substituir o sistema de preços por um complexo

24Este ponto é enfatizado por um grande número de autores. Como representa-tivos, ver Oi & Hurter (1973), p. 244; Mueller & Collins (1957), p. 1472-3; Williamson (1971),p. 115-18; Jensen et alii (1962), p. 380; Roy (1958), p. 1790.

25Qi & Hurter (1973), p. 244.

26Jensen et alii (1962), p. 378; Henry & Raukinar (1960), p. 1267. 27Seaver (1957), p. 1491.

28Trifon (1959), p. 739.

(26)

administrativo, de propriedade única ou não, capaz de substituí-lo a menores custos e, por outro lado, como forma de consolidar posição de mercado, restringindo competidores efetivos e potenciais. Em qualquer dos dois casos, entretanto, a integração vertical substitui o mercado e assim, independentemente do que a motiva, seu avanço gerará as próprias forças que o deterão. A crescente complexidade das atividades integradas aumenta o custo de coordenação relativamente o de atuação do mercado, o que irá impor os limites ao processo de integração. A ampliação do número e diversidade das tarefas a serem realizadas no âmbito interno requer uma especificação crescente3 1 .

Como tendência geral, portanto, seria difícil afirmar a predomi-nância de integração crescente ao longo do temp032 . A medida empí-rica do movimento de integração no setor industrial para o período 1929/1965, realizada por Laffer33 confirmou este raciocínio. Se alguma evidência para a indústria pode ser apresentada, esta seria de· leve decréscimo do grau de integraçã034 .

Entretanto, o mesmo resultado não é confirmado para a agricul-tura. Embora nenhum estudo abrangendo esta área como um todo tenha sido realizado, evidências dispersas tendem a indicar que o impulso para a integração não está esgotado em muitos ramos.

Em um estudo específico ao Canadá, Veeman & Veeman (1978), encontraram um crescimento da integração em três setores: produção de vegetais, carne de suínos e carne de frangos.

Discutindo tendências futuras da estrutura e organização da agricultura norte americana, Mindem (1970), e Goodwin & J ones (1971)35 concordam que as forças dinárnicas serão externas ao setor, vindas do setor industrial produtor de insumos. A conseqüência ine-vitável seria, então, o crescimento das ligações verticais, ou integra-ção36. Entretanto, apesar da concordância razoável sobre estas ten-dências, é observável uma grande escassez de trabalhos empíricos que as confirmem ou não.

31 Stigler (1968), p. 135; enfatiza este ponto, sustentando que, em conseqüên-cia, a integraçãô vertical deve ser característica de indústrias em declínio, en-quanto desintegração caracterizaria indústrias em expansão.

32Blair (1972), p. 3940. 33Laffer (1969), p. 91-3.

34/bid, p. 93.

3SVer também, por exemplo, Renborg (1969), Carter & Johnston (1978) e Baalberg (1978).

36Minden (1970), p. 684 e Goodwin & Jones (1971), p. 807.

(27)

.~.~--~ . . ~--~----~~--~---~

1.1

Difuslo de inovaçftes - tecnologia e crescimento

Abandonando a forma tradicional de crescimento, aumento dos recursos disponíveis para uso, as sociedades modernas encaminham-se com velocidade crescente para maior dependência da manutenção de um avanço tecnológico contínuo, caso queiram manter ou melhorar seu desempenho econômic03

7. A tecnologia, aqui entendida como

"( ... ) bodies of skills, knowledge, and procedures for making, using,

and doing use

fui

things,,311, tomou-se o elemento central no estudo

do fenômeno de crescimento econômico. Tentativas foram realizadas com o intuito de quantificar a contribuição do avanço tecnológico ao crescimento econômico. Apesar dos resultados pouco encorajadores, foi reforçada a certeza de que esta contribuição, mesmo desconhecida, é importante39. Aliada a esta certeza sobre o papel da tecnologia no

crescimento passado, uma certeza maior foi estabelecida: a de que qualquer que tenha sido esta contribuição, ela deverá aumentar no' futuro, como exigência básica para a manutenção, pelo menos, dos padrões alcançados nas sociedades avançadas, sem considerações a respeito do diferencial desenvolvidos/subdesenvolvidos, que tende a ampliar-se de forma permanente e irreversível.

A manutenção do dinamismo tecnológico, por sua vez, está fun-damentalmente ligada à geração de invenções, sendo invenção enten-dida como "( ... ) a prescription for a producible product or operable process so new as not to have been obvious to one skilled in the art at the time lhe idea was put forward,,40. O aparecimento de um fluxo

contínuo de invenções não é, entretanto, condição suficiente. A com-preensão deste fato leva-nos à distinção importante, do ponto de vista

37 As fontes de crescimento são divididas em dois grupos amplos: mudanças nos recursos disponíveis para gerar o produto nacional e mudanças que afetam a quantidade de produto obtido por unidade de insumo (Denison, 1967; p. 7). O avanço tecnológico está contido neste último (/bid., p. 9).

38Merril (1968), p. 576.

39 A forma padrão empregada para mensuração foi a de comparar o crescimento do produto com uma média ponderada do crescimento dos insumos. A diferen-ça, ou resíduo, foi atribuída à mudança tecnológica. Desta' forma Denison' (1962, 1967), e Solow (1957) traballiaram, sendo criticados por Jorgenson &

Griliches (1967), que enfatizaram a importância dos erros sempre presentes de agregação e medida que contribuíram para superestimar o' resultado. Como re-sultado geral permanece a dúvida sobre a qualidade das estimativas até hoje oferecidas (Nordhaus, 1969, p. 9).

(28)

econômico, entre invenção e inovaçã041 • Esta última é definida como

a invenção aplicada e levada ao mercado pela primeira vez4 2 . A partir

destas defmições torna-se claro que o avanço tecnológico efetivo irá refletir a intensidade de inovações que ocorrem nesta economia.

Nesta altura, parece claro que temos dois fenômenos distintos em ação. Um referente ao processo de geração de invenções, sua dinâmica e direção, e o outro· referente ao processo de inovação, isto é, todo complexo de motivos referentes à transformação de uma invenção em inovação. Nosso trabalho restringir-se-á ao segund04 3 .

2.2.1 Invenção e inovações

A questão inicial e fundamental é saber o que determina a trans-formação de uma invenção em inovação. De início, levando em conta apenas considerações estritamente técnicas, o produto ou process044 pode requerer um longo e custoso programa adicional de desenvolvi-mento até alcançar um estágio que permita sua colocação no mercado final de venda. Além do possível custo elevado, este desenvolvimento adicional está imerso em incertezas de origem técnica, pois não é sa-bigo a priori se serão alcançados resultados positivos em termos de produto fmal a partir da invenção. Mesmo após superada esta fase, ainda permanecem incertezas quanto à possibilidade de colocação com sucesso do produto no mercado, ou ainda, relativamente ao momento mais adequado em fazê-I045 . Como conseqüência, a existência de uma

41 A distinção entre inovação e invenção e a conseqüente independência entre o inventor e o inovador é enfatizada por Ruttan (1961).

42 Nelson, Peck & Kalachek (1967), p. 95. Uma defmição fonnal pode ser encontrada em Nelson (1968), p. 339.

43Sobre o primeiro, ver Nordhaus (1969), Schmookler (1966), Rosemberg (969) e, especialmente relacionado à agricultura, Hayami & Ruttan (971).

44 A distinção entre os conceitos é de certa fonna artificial. Processo inovador é definido como "( . . . ) any adopted improvement in technique which reduces average costs per unit of output despite the fact that input prices remllin un-change" (Blaug, 1963, p. 13). Entretanto, a introdução de novos processos em geral é acompanhada por mudanças na composição do produto e, ao mesmo tempo, novos produtos costumam gerar necessidade de novos processos de pro-dução (/bid.).

Em nosso trabalho referir-nos-emos à inovação em um sentido amplo, incluindo os dois gêneros.

45Este conjunto de argumentos é desenvolvido com detalhe em Nelson, Peck &

Kalachek (1967), p. 95-7 e Mansfield (19680), p. 1004.

(29)

~----~~-~-~-

--~---separação no tempo entre a geração da invenção e o aparecimento da inovação é fato previsível e naturaI4 6 •

Uma vez realizado o desenvolvimento necessário, a invenção atingiu o ponto exato para ser transformada em inovação, isto é, ser aplicada e levada ao mercado pela primeira vez. Esta última etapa, entretanto, não é automática. Será necessária a existência de um estí-mulo específico que leve a fmna,· afmaI, a inovar. Este será dado pela lucratividade por ela esperada ao inovar. Em termos mais precisos:

"If the expected retums from the introduction of the innovation do not exceed those obtainable from other investments by an amount that is large enough to justify the extra risks, the innovation shou/d be rejected. If they do exceed those obtainable elsewhere by this amount, the profitability and risks envolved in introducing the inno-vation at present must be compared with the profitability and risks involved. in introducing it at various jUture dates,>47

A partir das dificuldades e incertezas que envolvem a transfor-maçã'o de uma invençã'o em inovação, tem sido afirmado a predomi-nância das fmnas grandes na geração de inovações. Os argumentos básicos apresentados neste sentido são resumidos como:

a) os custos em inovar são elevados o suficiente para tornarem--se proibitivos para pequenas firmas;

b) os projetos devem ser desenvolvidos em escala suficientemen-te elevada, de forma a permitir as possibilidades de sucesso ou fracasso compensarem-se mutuamente; e

c) os lucros derivados da inovação só serão absorvidos pela fir-ma inovadora caso esta tenha suficiente poder de mercado para fazê-I04 8 •

Esta posição foi criticada49, porém como Mansfield (1968) observou5 o, nenhum dos lados em debate apresentou resultados

em-46Para dados sobre a defasagem entre inovação e invenção· referentes a uma exte~sa lista de produtos e processos, ver Enos (1962), p. 304-10.

47Mansfield (196&), p. 105.

48 Argumentos de Galbraith (1956), p. 100-2. A posição de Galbraith é compar-tilhada com Schumpeter (1961), p. 103-9. Estes dois autores são representativos deste ponto de vista.

49Ver Mason (1951), p. 140.

(30)

píricos suficientes para consolidar a própria posição. Este trabalho foi desenvolvido pelo próprio Mansfield, que examinou 150 produtos e processos inovadores. A existência de uma relação estável entre inova-ção e tamanho de firma não foi encontrada como regra geral s I .

Entre-tanto uma tendência crescente neste sentido foi observada no caso de:

a) inovações que requerem investimentos elevados em relação ao tamanho das firmas potencialmente utilizadoras;

b) situações em que o tamanho mínimo necessário para uso da inovação é elevado;

c) situações em que o tamanho médio das quatro maiores firmas do mercado é muito maior do que o tamanho médio de todos usuários potenciais da inovação s 2 .

2.2.2 A difusão de illovações illterfirmas

Uma vez adotada, a inovação passará por um processo de apren-dizagem, requerido para um domínio maior sobre ela. O decorrer do tempo permite que a inovação seja conhecida e dominada por um número crescente de adotantes potenciais. As incertezas acerca da inovação são também diluídas. Desta fornla, simultaneamente, a ino-vação difunde-se, internamente na firma inovadora (difusão intrafir-ma). e ao longo da indústria. com um número crescente de adotantes (difusão interfirmas). Temos. portanto. dois processos distintos de difusão de inovações.

Relativanlente à difusão interfirmas. um número sensível de diferentes inovações teve seu processo de difusão analisado, com resul-tados bastante semelhantes entre si. Em todos os casos o processo de difusão foi descrito com bastante acuidade pela curva de crescimento logística. com formato em S. O processo de difusão, per si. é caracte-rizado por três variáveis:

a) velocidade de adoção. definida como o tempo necessário para que uma dada percentagem do produto total da indús-tria seja obtido com o uso da inovação, ou que uma dada percentagem de firmas a use;

h) taxa de crescimento de adoção indicando o aumento por período no percentual de uso de inovação;

c) uso de equilíbrio de longo prazo. indicando o valor máximo percentual de uso da inovação na indústria.

S Ilbid, p. 84-90.

521bid, p. 107.

(31)

A logística é definida, por sua vez, matematicamente como

y= E

1

+

e - (a

+

bt)

onde a, b, e E correspondem, respectivamente, aos três parâmetros descritos no parágrafo anterior, enquanto t é o tempo.

Griliches (1957) empregou a curva logística para estudar a difu-são das sementes híbridas de milho entre agricultores de 31 estados norte-americanos. Os diferentes valores interestados obtidos para os três parâmetros foram explicados pelas diferentes lucratividades ao adotar a inovação. Griliches enfatizou, assim, o papel da lucratividade esperada em adotar no processo de difusão de inovações.

Mansfield. (1961

Y

pesquisou a difusão de 12 inovações na indús-tria. O processo de difusão em todos os casos foi descrito com grande precisão por curvas logísticas. Concentrando-se nos determinantes da velocidade de difusão, ou taxa de imitação, como chamou, Mansfield concluiu que esta seria crescente com a maior lucratividade esperada em adotar, e menor o investimento inicial necessário para fazê-loS 3 .

De forma mais genérica, a velocidade de difusão de inovações interfirmas estará basicamente determinada por:

a) lucratividade;

b) incerteza associada ao uso da inovação;

c) grau de comprometimento da firma, como um todo, com a inovação;

d) velocidade de determinação da incerteza associada ao uso da inovaçãos 4 .

O grau de incerteza associado ao uso da inovação é fator deci-sivo na definição da velocidade de difusão. Supondo empresários aves-sos ao risco, a incerteza é vista como barreira, atuando, desta forma, como obstáculo à difusão. O grau de aversão ao risco estará negativa-mente associado com a rapidez de difusãos S . A velocidade com que esta incerteza diminuir, irá pelas mesmas razões, estar positivamente correlacionada à adoção.

A última afirmativa propõe correlação negativa entre adoção e comprometimento da firma. A razão básica é novamente a incerteza

53Mansfield (961), p. 754.

s4Mansfield (1968), p. 119. Para grupos de razões bastante próximos a este, ver Nelson,Peek & Kalaehek (1967),p. 100;e Kennedy & Thirnall (l972),p. 60.

(32)

inerente ao processo de adoção. Na medida em que a adoção coloque em risco a sobrevivência da firma como um todo, os empresários não ef>tarão dispostos a adotar. Quanto menor o porte dos recursos relati-vamente ao tamanho da firma, menor será o risco a que sua sobrevi-vência como um todo estará exposta e, portanto, maior a possibilidade de adoção.

Os fatores básicos determinantes da adoção podem agora ser resumidos como a lucratividade esperada e o conjunto de incertezas trazidas com a inovação. O processo de adoção é, por vezes, compa-rado com leis psicológicas relacionando intensidade de estímulo e tempo de respostaS 6 . O estímulo é personificado pela lucratividade,

enquanto o tempo de resposta estará determinado pelo conjunto de incertezas presentes no processo. A diminuição deste tempo será ob-tida com a diminuição das incertezas, o que coloca em destaque o papel decisivo da aprendizagem. Esta é vista como capaz de reduzir as incertezas graças à sua maior capacidade de absorção de conhecimen-tos e informaçõess 7 .

Em resumo, a difusão de inovações interfirmas é vista como um processo lento, com estímulo básico dado pela lucratividade esperada pela firma individual, enfrentando como barreira fundamental o con-junto de incertezas que está associado ao emprego de uma inovação.

2.2.3 A difusão de inovações intrafirmas

Relativamente à difusão intrafirmas, Mansfield (1968b) analisou o emprego da locomotiva diesel em companhias ferroviárias. A taxa de difusão interna foi associada com o retorno esperado, o tamanho rela-tivo do investimento para a companhia, a liqüidez e o tempo decor-rido entre o aparecimento no setor da primeira locomotiva e o uso da mesma pela firma em questão. Os resultados obtidos. como o próprio Mansfield enfatiza. sugerem que o mesmo modelo empregado para explicar a difusão interfirma é adequado para explicar difusão intra-fimlaS 8 . Como conseqüência as razões básicas que explicam a

primei-ra, explicam também a segunda.

2.2.4 A difusão de inovações na agricultura

O fenômeno de difusão de inovações na agricultura não possui características próprias em grau suficiente para que tenhamos uma

S6Ycr Mansficld li 968b), p. 190.

S7Ycr Arrow (1962), p. 155. s8Mansficld (l968b),p. 190.

20

FUNDAÇÃO GETULIO VARGA~

(33)

teoria própria, específica, para a agricultura. O corpo teórico que procuramos resumir nas seções anteriores é abrangente o bastante para englobar o fenômeno como ocorre na agricultura. Entretanto, dadas as características especiais da organização do mercado agrícola e da tecnologia de produção típica do setor, alguns pontos próprios podem ser desenvolvidos.

Uma série não muito longa de traballios concentrou-se no pro-blema de difusão de inovações de produtos e processos agrícolas. Os resultados destes traballios serão básicos para fundamentar nosso ra-ciocínios 9 .

O primeiro traballio importante sobre difusão de inovações na agricultura, onde os aspectos econômicos da questão foram os enfati-zados, foi o de Griliches (1957), sobre difusão do uso de sementes de milho híbrido entre agricultores dos EUA, já apresentado na seção 2.2.2. A conclusão básica de Griliches - considerar lucratividade como o elemento explicador fundamental do processo - levantou uma série de contra-argumentos partidos de sociólogos, exatamente os pioneiros nesta área de pesquisa.

As objeções principais foram levantadas por Brander e Straus (1959), que objetaram afirmando ser a congruência com técnicas semelhantes o elemento determinante básico, e Havens e Rogers (1961), que enfatizaram ser a interação entre adotantes e não adotan-tes o fator fundamental, com papel secundário para os fatores ligados à lucratividade.

Griliches (1960, 1962) objetou ao primeiro argumento afmnan-do o caráter suplementar de congruência e lucratividade e, ao segunafmnan-do, lembrando que interação era uma medida da taxa de adoção, não podendo. pois, servir de explicador.

A lucratividade como o estímulo básico do processo de difusão estabeleceu-se também na literatura sobre difusão de inovações na agricultura, sendo, portanto, o elemento explicativo fundamental. Tal resultado não poderia deixar de ser, dada a unicidade do corpo teórico explicador. O desenvolvimento de uma literatura específica sobre este· tópico acrescentou à lucratividade uma série de elementos considera-dos importantes também para a rapidez do processo de difusão. Uma leitura atenta, entretanto, mostra-nos que a influência deste conjunto de novos elementos se exercerá na medida em que atue sobre os de-terminantes, em última análise, da velocidade de difusão: a lucrativi-dade esperada e as incertezas associadas ao novo processo.

59Para um resumo compacto da literatura sobre difusão de inovaçi5es na

(34)

A difusão de inovações, vista como um processo envolvendo aprendizagem, dá à educação um papel importante na defInição de sua velocidade. Sua importância será tanto maior quanto maior for o dinamismo tecnológico em que a agricultura estiver imersa6

o . É resul-tado já tradicional a constatação de que os chamados agricultores tradicionais, com tecnologia agrícola estagnada durante longo perío-do, atingem nível de efIciência extremamente elevada no uso de recur-sos, com erros alocativos desprezíveis6 I • Nesta agricultura, a educação terá contribuição pouco relevante a dar62 .

Profundamente interligado com aprendizagem e educação, o nível de informação é apresentado como variável também importante para a difusão. Definida como atividade de ganhar informação a res-peito da distribuição de probabilidade de obtenção de produto a partir do uso de certo conjunto de insumos ou técnicas, a aprendizagem foi correlacionada positivamente por Hiebert (I 974) com a probabilidade de adoção de sementes hibridas6 3 • As incertezas associadas ao uso do novo insumo serão máximas no momento da inovação, isto é, o uso pela primeira vez do novo insumo. O nível de educação, ou skills, será

fundamental para defmir a capacidade de decodificação das novas informações trazidas corporificadas no novo insumo e, como conse-qüência, para reduzir tais incertezas. .

Uma análise bastante semelhante, enfatizando a acumulação de experiência com o uso da inovação e o nível de educação dos

agricul-60 A variável educação não está presente nos estudos sobre difusão de inovações industriais. A diferença profunda entre o gerenciamento de uma indústria e o de um estabelecimento agrícola seria o responsável básico por esta ausência. En-quanto todo o complexo de decisões relativas ao processo produtivo está, em uma fazenda, concentrado nas mãos do produtor, o mesmo decididamente nio acontece na indústria. Nela temos um complexo administrativo envolvendo níveis diversos de decisão e pessoas, de forma que toma-se virtualmente impos-sível defmir nível de educação para uma fIrma industrial. Para uma excelente discussão do processo de decisão interno e defInição de fIrma ver Coase (1952). 61 Schultz (1965), p. 46-57.

62Este resultado é visto com clareza a partir de Welch (1970), que distingue dois efeitos distintos e independentes da educação sobre a produção: o efeito aloca-tivo e o efeito trabalhador. O primeiro' é defInido como o aumento de produto derivado de aumentos unitários de nível de educação, o segundo como derivado do aumento da capacidade do trabalhador em adquirir e decodifIcar informações sobre custos e características técnicas de produção de insumos. Ver Welch (1970), p. 42.

63Hiebert apresenta como evidência empírica a adoção de sementes híbridas de alto rendimento de arroz nas Filipinas. Hiebert (1974), p. 766-7.

(35)

tores como fatores determinantes da maior velocidade de dlfusã'o é

apresentada por Kislev & Shchori-Bachrach, e Nelson & Phelps64. Este grupo de trabalho evidencia com clareza razões teóricas para educação, informação e aprendizado - com toda interdependên-cia existente entre estes fatores - atuarem em uma mesma direção positiva na difusão de inovações em geral, e na agricultura em especí-fico. Sob qualquer ângulo que se considere o fenômeno, a atuação destes elementos se dá na medida que contribuem para diminuir o conjunto de incertezas associado ao uso do novo insumo. Trabalhos de caráter mais empírico,como o de Singh (I 976) e Tollini (I 976), con-firmaram esta ligação positiva entre educação (ou informação, ou aprendizado) e adoção.

Singh, utilizando o modelo do impacto urbano/industrial pes-quisou a adoção de variedades de grãos de alto rendimento e concluiu que com o aumento da distância do centro urbano/industrial, o nível de educação dos agricultores tendia a cair e esta queda atuaria como barreira à difusão de inovações técnicas. Desta forma áreas mais afas-tadas apresentaram menores índices de adoção65 •

Tollini (1976) encontrou, da mesma forma, correlação positiva entre educação, por ele definida como capacidade de leitura de textos simples, e adoção de qualquer dos tipos de técnicas consideradas66 . Seu estudo foi restrito a pequenos agricultores6 7 • < ' ,

A existência de uma barreira à 'difusão tecnológica constituída pela resistência do agricultor em adotar novas técnicas ou insumos, simplesmente porque esta adoção implica em uma mudança de sua rotina de produção é lembrada por diversos autores68 . Esta resistência

64Kislev & Shchori-Bachrach (1973), p. 28-33 e Nelson & Phelps (l966), p. 70.

O primeiro trabalho apresenta, como evidência empírica, a difusão da técnica de cultivo de vegetais de verão com proteção por capas de plástico. Kislev & Schori--Bachrach (1973), p. 33-6.

6S Singh (1976), p. 10.

66Tollini pesquisou a adoção de dois tipos de técnicas, mecânicas e químiCas. Cada tipo foi quebrado em duas classificações, poupador de terra e poupador de trabalho, de forma que no conjunto foram deCmidos quatro tipos de técnicas (Tollini (1976), p. 17).

A ligação entre adoção e educação foi verificada pOr Tollini ser bastante mais forte no caso de técnicas químicas do que no de mecânicas. A complexidade das informações associadas ao uso da primeira é maior, de forma que nela o papel da educação como agente decodificador seria mais acentuado (Tollini (1976), p. 28).

67Não foi deCIDido o que se entende como pequenos agricultores.

(36)

à mudança expressa o grau de aversão ao risco apresentado pelo agri-cultor. Novas técnicas ou procedimentos na produção são desconhe-cidos e imersos em incertezas, enquanto a forma tradicional de cul-tivo, ao contrário, é vista pelo agricultor como fonte de estabilidade. e segurança, das quais ele só estará disposto a abrir mão caso vislumbre compensação suficiente a ser recebida com o uso da nova técnica.

Perrin e Winkelman, resenhando um grupo de trabalhos - reali-zados sob o patrocínio do Centro Internacional de Mejoramento de Maiz e Trigo (CIMMYT), sobre adoção de variedades hlbidas de milho e trigo e de fertilizantes - apresentaram uma lista de fatores que in-fluenciam a difusão de inovações bastante representativa do total de elementos a ser considerado. Este grupo de fatores foi dividido em dois tipos fundamentais: os chamados fatores de produtividade - zo-nas agroclimáticas e topografia -e os fatores econômicos. Este último grupo compreendeu uma extensa gama de elementos: diferenciais no custo de aquisição e processamento de informações; incentivos dife-rentes devido a tamanhos difedife-rentes de propriedade; diferenças entre custos de insumos; diferenças entre preços recebidos pelos agriculto-res; diferenças entre agricultores no que diz respeito ao comportamen-to perante risco; e diferenças geradas por variadas formas de posse da terra6 9. Esta lista de elementos na realidade encobre o mesmo ponto

básico anterior: lucratividade. Todos estes fatores influenciam a ado-ção e, conseqüentemente a difusão, na medida que influenciam a lu-cratividade esperada.

Especial atenção foi dada a possíveis diferenças entre pequenos e grandes agricultores na velocidade de adoção. As tecnologias estu-dadas não apresentavam características de não divisibilidade que' atuassem no sentido de dificultar a adoção por pequenos agriculto-res 7 o. Entretanto, custos de transação e processamento de informa-ções são menores para grandes estabelecimentos, o que poderia levar o pequeno agricultor a um atraso na adoção. Somente após um período no qual a experiência com a inovação fosse difundida, pequenos e grandes então se igualariam no seu uso. Os riscos da adoção seriam também mais tratáveis pelo grande agricultor que possuísse maior capacidade de assumir riscos. Finalmente, grandes proprietários pode-riam obter insumos a menores custos, seja porque compram em maior quantidade, ou porque têm posição privilegiada na obtenção de favo-res governamentais, como crédito subsidiado.

69Perrin & Wilkelman (1976), p. 888.

70Como visto na seção 2.2.2, é esperada uma relação negativa entre o porte do investimento inicial c a adoção.

(37)

Os resultados encontrados nos diversos estudos resenhados não confirmaram estaS previsões no caso de adoção de sementes de alto rendimento. Entretanto, a correlação entre adoção e tamanho foi sig-nificativa na adoção de fertilizantes que representam maior investi-mento que a adoção de sementes 71 • A relação entre tamanho eado- .

ção foi também pesquisada por Singh (1976) que, diferentemente de Perrin & Winkelman, observou cOJI'elação positiva e significante entre o tamanho do estabelecimento e a adoção 72.

No conjunto geral Perrin & Winkelman encontraram pouca evi-dência nos trabalhos pesquisados entre os chamados fatores econô-micos e adoção. A única exceção foi a disponibilidade e uso de cré-dito, correlacionado de forma significativa com adoção, resultado também encontrado por Tollini (1976). Esta associação positiva entre crédito e adoção é previsível73 , uma vez que a disponibilidade de

cré-dito toma possível ao agricultor superar a barreira à adoção represen-tada pelo investimento inicial necessário. No caso deste crédito ser subsidiado, sua disponibilidade pode tomar lucrativo, ou mais lucra-tivo, o uso de novos insumos.

Enquanto visto como forma de superar as restrições advindas de necessidades mínimas de capital para adotar novas técnicas, a disponi-bilidade de crédito terá importância crescente com o porte do inves-timento inicial necessário. Desta forma, é esperado que a adoção de tecnologias mecânicas seja mais dllpendente desta disponbilidade do que as biológicas ou químicas 74 •

A pouca importância apresentada pelos fatores econômicos na adoção e difusão das tecnologias estudadas, resultado básico do con-junto de trabalhos resenhados por Perrin & Winkelman, não contradiz o pensamento dominante sobre a lucratividade esperada com a adoção como o estímulo básico à adoção. Os mesmos trabalhos concluíram pela importância superior dos chamados fatores de produtividade, indicando a grande sensibilidade dos agricultores à adequação de tec-nologia nova oferecida às condições ecológicas em que operam. O pro-blema da difusão de tecnologia na agricultura estaria, assim, basica-mente relacionado com a especificidade dos resúltados tecnológicos obtidos pelos pesquisadores. Ao contrário de outro~ setores, a transfe-rência de invenções na agricultura é um processo complexo, não sendo realizável de forma direta. A absorção em dada região de um resultado

71Perrin & Winkelman (1976), p. 893. 72Singh (1976), p. 18-9.

73yer, por exem'plo, Adams (1971), p. 166-7.

(38)

de pesquisas não implica que regiões diferentes, mesmo prox1Inas, sejam capazes de absorver a mesma inovação. Um trabalho bastante longo de adaptação pode ser necessário. Esta característica específica da difusão de inovações na agricultura transforma o problema básico

de difusão em um problema de geração de inovações local específico. A difusão generalizada de inovações na agricultura como um todo estará dependente em larga escala da existência de variedades e proces-sos especia,lmente desenvolvidos.

Tais conclusões nio negam em nada o papel anterior dado. à

lucratividade e incerteza, poi~ a existência de tecnologias nio apro-priadas é sinônimo de inexistência de tecnologias IUCTativas, adequadas ao agricultor individualmente considerado .

(39)

3. PRESENÇA INDUSTRIAL E RENDIMENTO DA TERRA: PROPOSTA TEÓRICA E HIPÓTESE TESTADA

A presença de um setor industrial interligado com a agricultura em uma dada região irá exercer efeitos diversos sobre os resultados ob-tidos e os procedimentos agrícolas adotados. Neste capítulo é desen-volvido um conjunto de argumentos que conclui pela capacidade deste setor industrial em acelerar a difusão de inovações e, em conseqüência, aumentar o rendimento da terra em regiões próximas à sua presença.

Esta capacidade é explicada fundamentalmente pelo poder de sistemas integrados em difundir inovações, sendo desenvolvido um conjunto de razões em apoio a esta hipótese. O capo 2 constitui-se no fundamento da construção desta ligação objetiva entre integração ver-tical e rendimento da terra a ser desenvolvida aqui.

3.1 Integração vertical indústria/lavoura de milho: estímulos e objetivos

A revisão teórica desenvolvida no capo 2 enfatizou o papel deci-sivo da incerteza como estímulo à integração vertical. O ganho advin-do com qualquer diminuição desta incerteza atua como incentivo natural à integração por parte dos grupos envolvidos. Uma incerteza especial, relativa ao fornecimento contínuo de matériaS-primas e a flutuações futuras de preços das mesmas foi citada explicitamente. A força do estímulo a aumentar o controle sobre o fornecimento de uma certa matéria-prima ou insumo em geral será dada pelos fatores que definem a importância do insumo para a existência da firma 75 :

seu grau de substitutibilidade e o percentual do custo total do produto a ele atribuívcl7ó.

O milho. enquanto insumo para a indústria de rações, enqua-dra-se perfeitamente nas características de insumo vital descritas anteriormente. Participa com cerca de 60% do peso, possuindo ainda características especiais que fazem com que Seu grau de substituição na formulação da composição de rações 77 seja bastante restrito.

E

gra-ve, pois. para a indústria, a ocorrência de uma interrupção em seu pro-duto final (rações). Adicionalmente. a participação do milho nos

75 0i & Hurter (1973). p. 244.

7Óhtes dois fatores podem. por sua wz. ser sintetizados em um único elemento: a elasticidade pre~'o da demanda derivada.

77 Para uma di-il'ussão cuidadosa sobre a importância de cada componente da

Imagem

Tabela 5.4  Uso de  Sementes Próprias

Referências

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