• Nenhum resultado encontrado

Fatores associados à mortalidade dos idosos com as condições de vida da população do Nordeste do Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Fatores associados à mortalidade dos idosos com as condições de vida da população do Nordeste do Brasil"

Copied!
114
0
0

Texto

(1)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE DOS IDOSOS COM AS CONDIÇÕES

DE VIDA DA POPULAÇÃO DO NORDESTE DO BRASIL

JOZEMAR PEREIRA DOS SANTOS

Natal-RN

(2)

ii

JOZEMAR PEREIRA DOS SANTOS

FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE DOS IDOSOS COM AS CONDIÇÕES

DE VIDA DA POPULAÇÃO DO NORDESTE DO BRASIL

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde

da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito para a

obtenção do título de Doutor em

Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Neir Antunes Paes

Natal-RN

(3)

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Santos, Jozemar Pereira dos.

Fatores associados à mortalidade dos idosos com as condições de vida da população do Nordeste do Brasil / Jozemar Pereira dos Santos. - Natal, 2014.

114f: il.

Orientador: Prof. Dr. Neir Antunes Paes.

Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Doenças cardiovasculares - Tese. 2. Idoso - Tese. 3. Mortalidade - Condições de vida - Tese. I. Paes, Neir Antunes. II. Título.

(4)

iii

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

Prof. Dr. Erivaldo Socrates Tabosa do Egito

Natal-RN

(5)

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

JOZEMAR PEREIRA DOS SANTOS

FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE DOS IDOSOS COM AS CONDIÇÕES

DE VIDA DA POPULAÇÃO DO NORDESTE DO BRASIL

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Neir Antunes Paes

Presidente da Banca/Orientador (UFPB)

Prof. Dr. Mardone Cavalcante França (UFRN) Membro Interno

Profa. Dra. Maria Helena Spyrides (UFRN) Membro Interno

Prof. Dr. Pery Teixeira (UFAM) Membro Externo

Prof. Dr. Francisco José da Costa (UFPB) Membro Externo

(6)

v

DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a toda minha

família, em especial aos meus filhos e

(7)

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus por sempre estar presente em vida, por sua eterna bondade e por me ajudar a

superar todos os obstáculos.

Ao Prof. Dr. Neir Antunes Paes, pela orientação, paciência, amizade, sugestões e pela

grande ajuda na realização deste trabalho.

A todos os colegas de trabalho do DE - CCEN, que contribuíram de alguma forma para

o desenvolvimento desse trabalho.

Ao colega de trabalho e grande amigo Joab de Oliveira Lima, in memoriam, pela

amizade e apoio.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde – UFRN, que

muito contribuíram nas disciplinas cursadas e na minha qualificação no doutorado.

Aos colegas de turma de doutorado pelo convívio salutar e troca de conhecimentos.

Aos componentes da banca examinadora, Prof. Dr. Mardone Cavalcante de França,

Prof. Dr. Francisco José da Costa, Prof. Dr. Pery Teixeira e Profa. Dra. Maria Helena

Spyrides, por aceitarem participar da avaliação deste trabalho.

Aos funcionários do PPGCSa pela atenção a mim dispensada.

De um modo geral, a todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta com

esse trabalho, sempre me dando motivações e estímulos imprescindíveis para

superação de todos os obstáculos por mim enfrentados.

(8)

vii

RESUMO

As condições de vida são usualmente entendidas como importantes fatores

intervenientes das causas básicas de mortalidade e da qualidade de vida da

população. Ao considerar esta questão em uma população idosa e sua influência nas

causas mais relevantes que as levam à morte, teve-se como objetivo principal, estudar

a associação da mortalidade dos idosos por doenças cardiovasculares para ambos os

sexos, com indicadores que expressam as condições de vida da população do

Nordeste, nos anos 2000 e 2010. Para atingir tal propósito foi traçado um desenho de

estudo ecológico com cortes transversais nos anos 2000 e 2010 tendo como unidades

de análises as microrregiões e a mesorregiões do Nordeste. Utilizou-se a Modelagem

de Equações Estruturais (MEE) para explicar essas associações, tomando como base

as estatísticas de óbitos por doenças cardiovasculares (construto endógeno) e

variáveis socioeconômicas e demográficas (construto exógeno) das microrregiões do

Nordeste, para o ano 2000. Utilizou-se o Método dos Componentes Principais como

recurso metodológico na construção de um índice sintético que permitiu classificar as

condições de vida nas mesorregiões do Nordeste, tomadas como unidades de

análises, nos anos 2000 e 2010, de acordo com as condições de vida e as principais

causas de mortalidade por doenças cardiovasculares. A aplicação da MEE sugeriu uma

forte associação do construto exógeno condições de vida, composto pelos indicadores:

anos de estudo dos homens idosos, percentual de idosos em domicílios com

banheiro/água encanada e probabilidade de sobrevivência aos 60 anos, com a variável

desfecho taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens e mulheres

idosos. O índice sintético construído permitiu identificar os diferentes ritmos de

envelhecimento populacional entre as regiões e distintos processos de evolução dos

níveis de mortalidade pelas doenças cardiovasculares, muitas delas compatíveis com

as condições de vida no Nordeste. Os resultados sugerem que o construto condições

de vida está fortemente associado por esta causa de morte entre os idosos para ambos

os sexos no Nordeste do Brasil. Neste sentido, sugere-se que estes resultados sejam

considerados como relevantes para formulação de políticas de saúde regionais

voltadas para este contingente populacional do Nordeste do Brasil.

Descritores:Mortalidade. Doenças cardiovasculares. Idoso. Condições de vida.

(9)

viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

CID-10 – 10ª Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e

Problemas Relacionados à Saúde

DATASUS – Departamento de Informação e Informática do SUS

DCV – Doenças cardiovasculares

DCbV – Doenças cerebrovasculares

DIC – Doenças isquêmicas do coração

DHI – Doenças hipertensivas

FJP – Fundação João Pinheiro

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MEE – Modelagem de Equações Estruturais

ODC - Outras Doenças Cardiovasculares

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RIPSA – Rede Interagencial de Informações para a Saúde

SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade

(10)

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Modelo teórico proposto usando Modelagem de Equações Estruturais e apresentação do Diagrama de Caminhos ... 30

Figura 1.2 - Variação das taxas padronizadas pelas quatro principais causas básicas da mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187

microrregiões do nordeste do Brasil (2000) ... 35

Figura 1.3 - Modelagem de Equações Estruturais – Estimativa padronizada para o Modelo Final ... 36

Figura 2.1 - Modelo teórico proposto testado usando Modelagem de Equações

Estruturais e apresentação do Diagrama de Caminhos ... 59

Figura 2.2 - Variação das taxas padronizadas pelas quatro principais causas básicas da mortalidade por doenças cardiovasculares das mulheres idosas nas 187

microrregiões do nordeste do Brasil (2000) ... 63

(11)

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 - Medidas descritivas das quatro principais causas básicas da taxa de mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares (TMPDC) dos homens idosos nas 187 microrregiões dos Estados do nordeste (2000) ... 34

Tabela 1.2 - Indicadores de ajuste da MEE para modelagem da mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187 microrregiões do nordeste do Brasil (2000) ... 37

Tabela 2.1 - Medidas descritivas da taxa de mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares (TMPDC) e de suas quatro principais causas básicas para as

mulheres idosas das microrregiões dos Estados do nordeste (2000) ... 64

Tabela 2.2 - Estatísticas da análise MEE pelo método da Máxima Verossimilhança (MV) do modelo de mensuração, Mortalidade por DCV para as idosas do Nordeste (2000) ... 65

Tabela 2.3 - Modelos finais segundo os indicadores de ajuste pelo método de MV para modelagem MEE da mortalidade por doenças cardiovasculares das idosas do Nordeste (2000) ... 66

Tabela 3.1 - Taxa de mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares e suas três principais causas básicas para os homens idosos das mesorregiões do Nordeste em 2000 e 2010 ... 82

Tabela 3.2 - Classificação das mesorregiões do Nordeste segundo os escores das condições de vida em 2000 e 2010 ... 84

(12)

xi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 12

2. JUSTIFICATIVA... 17

3. OBJETIVOS... 18

3.1 Objetivo geral... 18

3.2 Objetivos específicos... 18

4. MÉTODOS... 19

4.1. Base e Fontes dos dados... 19

4.2. A qualidade dos registros de óbitos 19 4.3. Indicadores da estrutura da mortalidade por idade e causas básicas de morte... 20

4.4. Estudo descritivo sobre o Perfil da mortalidade dos idosos e dos indicadores socioeconômicos e de saúde... 20

4.5. Modelagem de Equações Estruturais... 20

4.6 Construção de um indicador sintético... 21

5. ARTIGO PRODUZIDO... 22

5.1. Declaração de aceite na Revista Brasileira de Epidemiologia–RBE... 22

5.2. Artigo 1 - Associação entre condições de vida e vulnerabilidade com a mortalidade por doenças cardiovasculares de homens idosos do Nordeste 23 6. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES... 44

7. REFERÊNCIAS... 48

8. APÊNDICES... 51

8.1. Artigos Submetidos em Fase de Avaliação... 52

8.1.1. Artigo 2 - Modelagem de equações estruturais: Contribuição metodológica para a mortalidade no Brasil... 52

8.1.2. Artigo 3 - Mortalidade por doenças cardiovasculares e Condições de vida dos homens idosos do Nordeste do Brasil... 72

8.2. Bases de Dados utilizadas... 91

9. ANEXOS ... 105

9.1. Anexo I - Certificado do Comitê de Ética em Pesquisa... 105

9.2. Anexo II - Comprovantes de submissão dos artigos 2 e 3... 106

(13)

1. INTRODUÇÃO

A temática desta investigação trata do estudo da associação da mortalidade dos

idosos com indicadores das condições de vida da população do Nordeste do Brasil. O

interesse por este estudo surgiu da participação deste autor, como pesquisador

colaborador em alguns projetos de pesquisas, na linha de mortalidade, desenvolvidos

no Laboratório de Estudos Demográficos – LED do Departamento de Estatística do

Centro de Ciências Exatas - CCEN/UFPB, sob a coordenação do Prof. Dr. Neir

Antunes Paes, orientador deste trabalho e pesquisador do CNPq, na área de estudos

dos componentes demográficos. Tais projetos contaram com o financiamento do CNPq

durante toda a execução deste trabalho, através das pesquisas do orientador, com

ênfase no uso das estatísticas vitais na construção de indicadores e nos estudos de

suas relações com as condições de vida.

Os resultados obtidos nestas pesquisas corroboram achados de estudos os

quais apontam que, o estado de saúde das populações encontra-se

inquestionavelmente relacionado com as condições socioeconômicas, demográficas e

culturais das comunidades. Remontando a história, um trabalho clássico, surgido nas

primeiras décadas do século XIX, e tido como um dos pioneiros nessa área (Rosen,

apud Paim, 1997)27, é atribuído a Villermé (1828), o qual mostrou que as taxas de

mortalidade na França estavam associadas às condições de vida das diferentes

classes sociais e dos diferentes bairros de Paris. Rosen observou que embora se

encontre desde a antiguidade clássica referências às associações entre saúde,

condições de vida e classes sociais, foi apenas com o surgimento da Medicina Social,

nos séculos XVIII e XIX, que surgiram, de forma mais sistemática e articulada,

investigações sobre o tema voltado para a intervenção.

Dada a sua natureza multidisciplinar, a avaliação das condições de vida e saúde

das populações revela-se como uma questão de relativa complexidade. Para dar conta

dessa complexidade, pelo menos desde os anos oitenta, autores como Jarman (1983),

Townsend (1988) e Carstairs e Morris (1989), apud Akerman (1997)1já propunham a

utilização de metodologias que fizessem uso de indicadores construídos numa base de

intersetorialidade capazes de aglutinar diálogos propositivos entre os vários ramos da

(14)

sucedido no passado, é capaz de, isoladamente, fornecer todas as respostas para a

questão.

Um indicador composto que busque medir as condições de vida de um dado

grupo populacional, inserido numa determinada área geográfica, como, por exemplo, o

município, deveria ser, na visão de autores como os acima referidos, uma medida que

associasse diferentes variáveis socioeconômicas e de ambiente em um indicador

sintético, capaz de refletir as referidas condições. Desse modo, tal indicador estaria

revelando a interação dos vários fatores que pudessem contribuir para a determinação

da qualidade de vida da área sob estudo.

No diálogo entre as áreas que buscam capturar ou expressar as condições de

vida e de saúde de determinada população, situam-se os indicadores

demográfico-epidemiológicos, os quais fazem uso das estatísticas de mortalidade. Essas guardam

um potencial explicativo que auxiliam na tomada de decisões que visam ao bem-estar

da própria população.

Grandes mudanças foram verificadas no Brasil, ao longo do século XX, que

incluem a transição demográfica e epidemiológica desencadeada nos anos 1960 e

impulsionada a partir dos anos 1980. Um dos importantes componentes dessas

transições é constituído pela mortalidade, a qual desempenhou um papel fundamental

particularmente entre 1980 e 1995. Foi neste período que a contabilização oficial

sistemática da declaração dos óbitos no país foi uniformizada para todas as unidades

da federação, coincidindo com um momento em que se processaram profundas

modificações na mortalidade, marcadas pela consolidação de uma etapa de transição

demográfica e epidemiológica ainda em curso no Paísa.

Atrelado a estas transições, instalou-se um processo de envelhecimento da

população brasileira. Inicialmente, este processo foi influenciado, sobretudo pela

redução nos níveis de fecundidade, mas na medida em que esta tendência vem se

consolidando, a longevidade da população também passou a exercer papel importante

e, consequentemente, ganhos de esperança de vida em idades avançadas.

a

(15)

A velocidade do processo de envelhecimento populacional pode ser evidenciada

pelos diversos indicadores demográficos. Em termos de volume, nos anos 1970, no

Brasil, a população de idosos a partir dos 60 anos era cerca de 4,8 milhões

representando 5,1% da população total. Em 2000, esse contingente se aproximou de

14,5 milhões, representando cerca de 9% do total. Em 2010, a população idosa

avançou para cerca de 17 milhões, representando cerca de 10% do seu contingente no

País, quase que dobrando o percentual observado nos anos 1970.

Paralelamente ao envelhecimento da população brasileira, há que se considerar

o aumento na proporção de óbitos de idosos em relação aos óbitos totais. De acordo

com os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da

Saúde, em 1980, cerca de 38% de todas as mortes que ocorreram no país foram de

pessoas com 60 anos e mais. Em 1991 e 2000, elas passaram a representar 50% e

55% do total de óbitos, respectivamente. No ano de 2010, houve um total na

população de 1.057.325 óbitos, sendo que 651.038 deles foram de idosos a partir de

60 anos, ou seja, 62% dos óbitos ocorridos de acordo com o Censo do IBGE (2010).

A elevação na proporção de óbitos de idosos, entretanto, não implica o aumento

das taxas de mortalidade deste grupo etário. É possível observar, em estudos como os

de Camarano (2002)4 e Oliveira e Albuquerque (2003),17 que de 1980 a 2000 a

esperança de vida da população brasileira aos 60 anos aumentou e que tais ganhos

em termos relativos foram maiores do que os ganhos obtidos pela população total.

Entre vários autores, Paes (2001)21 aponta que as estatísticas de mortalidade

por causa básica de óbito têm papel fundamental na avaliação do processo

saúde-doença que contribuem de maneira decisiva para o conhecimento dos perfis de saúde

de uma população e para as questões ligadas às políticas e programas de saúde.

De fato, a transição epidemiológica está por trás da dinâmica das causas de

morte. Pioneiro neste tema, Omran (1971)18 propôs uma teoria com algumas

proposições desenvolvidas no sentido de se construir um escopo teórico-explicativo

para as transformações observadas no nível e no padrão da mortalidade. Horiuchi

(1999)14 avançou nas ideias de Omran, definindo cinco etapas da transição

epidemiológica. Apesar do otimismo quanto aos avanços da medicina e nos prováveis

impactos na queda nas taxas de mortalidade, alerta-se para os obstáculos a este

(16)

Segundo os formuladores da teoria da transição epidemiológica (Omran, 1971 e

Bobadilha, 1991)18,10 na quarta etapa boa parte das mortes por doenças transmissíveis

infecciosas e parasitárias são substituídas pelas doenças crônicas degenerativas,

notadamente as doenças do aparelho circulatório, neoplasias e falhas do aparelho

respiratório.

A análise da mortalidade entre os idosos no Brasil evidencia a mudança no perfil

da mortalidade por causas. Apesar do forte impacto que essas causas têm no cenário

nacional, estudos de mortalidade, e principalmente referente aos idosos, que fazem

uso da variável “causa básica de óbito” têm uma produção insuficiente para o Brasil, e

particularmente para o Nordeste brasileiro.

Essa observação já havia sido feita desde os anos 90, por Chackiel (1990)6 ao

chamar atenção para a existência de poucos estudos de mortalidade por causas na

América Latina e no terceiro mundo. Este autor alertou ainda que tal fato podia estar

associado a questões ligadas à qualidade dos dados. Argumenta-se que a limitação

das estatísticas de mortalidade pode ser responsável pelo escasso número de estudos

regionalizados da mortalidade idosa brasileira, o qual se acentua ao se buscar associar

esta mortalidade com fatores de natureza social e econômica, cuja discussão é

necessária para uma melhor compreensão dos processos envolvidos na morte dos

indivíduos.

Reconhecendo que as mudanças no padrão de mortalidade apontam para um

processo de transição epidemiológica e que existem claras diferenças regionais, e

entre os sexos, alguns estudos trataram de entender a associação entre a mortalidade

e variáveis socioeconômicas. Para tanto, foram feitas abordagens como o emprego da

análise de regressão e análise multivariada. Entre eles, destaca-se o de Sichieri et al

(1992)32, abrangendo capitais brasileiras, cujo foco centrou-se na relação entre a

mortalidade adulta por doenças crônico-degenerativas e um conjunto de variáveis

sociais e econômicas no Brasil e, um pouco depois, o de Gruska (1995)12, para a

mortalidade adulta na Argentina. Mais recentemente, destaca-se um estudo

regionalizado, o qual foi conduzido por Santos (2006)31, para os municípios do Estado

do Rio Grande do Norte no Brasil. Nenhuma dessas abordagens, no entanto, fez uso

da modelagem de equações estruturais, uma das modalidades da análise multivariada

- com o uso das estatísticas de mortalidade.

(17)

regularidade, universalização e melhoria dos registros de óbitos no Nordeste brasileiro,

o processo de envelhecimento populacional e as mudanças do padrão de mortalidade,

notadamente o aumento das mortes por doenças cardiovasculares.

Agrega-se a esses elementos a necessidade do conhecimento dos diferenciais

regionais da mortalidade no Nordeste brasileiro, para a apreensão das desigualdades

em saúde, bem como a notória escassez desses estudos. Assim, foram estabelecidas

as bases que motivaram este estudo, ou seja, entender que fatores das condições de

vida da população idosa nordestina brasileira estariam relacionados com a mortalidade

(18)

2. JUSTIFICATIVA

Apesar dos avanços recentes, a falta de uma cobertura regional confiável dos

registros de óbitos, junto com as imprecisões das declarações das causas de morte,

são ainda assuntos preocupantes e pendentes, os quais se constituem nos maiores

entraves pelo escasso número de estudos regionalizados da mortalidade idosa

brasileira, conforme enfatizado por autores como Lessa (1998)16 e Paes (2005)25.

Essas preocupações ficam evidentes, pela ausência ou escassez de estudos

que usem os registros vitais para unidades espaciais menores na região Nordeste,

como as microrregiões. Exacerbam-se ainda mais essas preocupações devido à

ausência de estudos que buscam associar a mortalidade dos idosos com indicadores

das condições de vida para unidades espaciais menores, os quais podem propiciar

melhor planejamento, avaliação de políticas públicas e a elaboração de diagnósticos

setoriais regionais.

Ao ineditismo do uso das estatísticas de óbitos para as microrregiões do

Nordeste, o qual é corrigido e relacionado com as condições de vida através de

indicadores de mortalidade, pode ser adicionado o uso da metodologia de equações

estruturais. Esta última trata-se de uma abordagem estatística multivariada, passível de

aplicação, ao tratar da relação entre os diferentes indicadores das condições de vida

com os da mortalidade dos idosos, a qual pode ser observada diretamente ou

indiretamente. Destaca-se, nesta abordagem, a mortalidade por doenças

cardiovasculares, que são aquelas mais observadas entre os idosos.

Desta forma, reúnem-se, neste estudo, elementos originais e desafiadores, que

procura dar contribuições para a aplicação do conhecimento nesta temática para o

entendimento dos fatores intervenientes na mortalidade dos idosos, pelas doenças

(19)

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral:

• Avaliar a associação dos fatores que expressem as condições de vida com a mortalidade por doenças cardiovasculares dos idosos da população

do Nordeste do Brasil, nos anos 2000 e 2010.

3.2. Objetivos específicos:

• Identificar fatores de condições de vida determinantes das principais causas da mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos,

em 2000, por meio da modelagem de equações estruturais.

• Avaliar o potencial da modelagem de equações estruturais, como método de análise relacional, para modelar a mortalidade por doenças cardiovasculares

das mulheres idosas, em 2000.

• Analisar a associação das principais causas de mortalidade por doenças cardiovasculares de homens idosos, com as condições de vida, a partir da

construção de um indicador sintético para classificação das mesorregiões

(20)

4. MÉTODOS

4.1 Base e Fontes dos dados

Os dados sobre os indicadores socioeconômicos-demográficos em 2000, para

cada uma das 187 microrregiões do Nordeste, foram extraídos do Atlas de

Desenvolvimento Humano do Brasil (PNUD/IPEA/FJP, 2003). Foi excluída a

microrregião de Fernando de Noronha-PE, devido à inconsistência das informações

sobre os óbitos. Alguns indicadores adicionais foram extraídos diretamente do Censo

Demográfico de 2000, posteriormente, foram agregados a este estudo os dados do

Censo Demográfico de 2010, os quais encontram-se armazenados em banco de dados,

em formato de microdados desagregados em níveis espaciais de municípios, que

permitem cruzamentos entre as variáveis de interesse, bem como agregá-los em

unidades regionais maiores. Os registros de óbitos, por causas básicas, sexo e grupos

etários, foram extraídos do Sistema de Informação de Mortalidade (disponível até a

realização deste trabalho, de 1974 a 2010) e disponível no site www.datasus.gov.br.

Para a classificação das causas de morte, tomou-se por base a CID-10 (Classificação

Internacional Estatística de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).

4.2 A qualidade dos registros de óbitos

Avaliou-se a qualidade dos registros de óbitos por meio de dois procedimentos:

1) Cobertura dos óbitos: utilizaram-se as técnicas desenvolvidas por Brass

(1975)3 e Preston et al. (1984)29. Através de critérios seletivos, selecionou-se a

estimativa mais plausível, ou a média delas, nas situações em que estas técnicas

foram factíveis de uso.

2) Causas mal definidas: calculou-se o percentual das causas mal definidas de

acordo com o Capítulo XVIII da CID-10, denominado “Sinais, sintomas e achados

anormais de exames clínicos e laboratoriais”. Os percentuais dos óbitos com causas

mal-definidas foram redistribuídos em causas de morte definidas por meio do método

(21)

simples. Este é um procedimento que permite recuperar as causas de morte definidas

“esperadas”, cujas causas básicas de interesse foram as doenças cardiovasculares.

4.3 Indicadores da estrutura da mortalidade por idade e causas básicas de

morte

Para as microrregiões do Nordeste, a mensuração dos níveis, tendências e

padrões de mortalidade por sexo e faixas etárias dos idosos (60 anos ou mais) foi

realizada através da construção de uma série de indicadores como: taxas de

mortalidade gerais padronizadas, taxas específicas, participação percentual das causas

de óbitos na mortalidade geral e índices de mortalidade por causas básicas líderes.

4.4 Estudo descritivo sobre o Perfil da mortalidade dos idosos e dos indicadores socioeconômicos e de saúde

Uma análise exploratória dos indicadores de mortalidade e dos indicadores

socioeconômicos e de saúde foi realizada através de medidas resumo de posição e de

variabilidade. Confeccionaram-se mapas para as principais causas de morte do grupo

das cardiovasculares através do software do DATASUS – TabWin, versão 3.6.

4.5 Modelagem de Equações Estruturais

A análise estatística foi conduzida pela técnica multivariada denominada

Modelagem de Equações Estruturais (MEE), a qual é usada para testar a validade de

modelos teóricos que definem relações lineares, hipotéticas, entre variáveis. Essa

modelagem consiste na estimação simultânea de uma série de equações de regressão

linear múltipla e possui algumas vantagens sobre regressão linear clássica.

Utilizaram-se técnicas multivariadas de interdependência – análise fatorial

(exploratória e confirmatória) - na redução do número de variáveis, na busca de fatores

ou variáveis latentes que expressassem indicadores compostos ou sintéticos das

(22)

A MEE utilizada neste trabalho consistiu de dois sub-modelos: 1) Modelo

estrutural (equações estruturais) que representa a associação entre as variáveis

latentes exógenas e endógenas e 2) Modelo de mensuração (equações de medida)

que estabelece como as variáveis latentes ou construtos hipotéticos são medidos por

indicadores observáveis. A significância do modelo de mensuração foi verificada pela

confiabilidade individual ou validade convergente dos coeficientes de regressão

padronizados.

4.6 Construção de um indicador sintético

Utilizou-se a análise estatística multivariada de Componentes Principais (HAIR et

al, 2005)13 e a partir dos escores ordenados da 1ª componente obteve-se a distribuição

dos quartis para classificar as mesorregiões nos anos 2000 e 2010, segundo a

associação de indicadores referentes às condições de vida (renda, educação, moradia)

com as principais causas básicas das DCV selecionadas para estudo.

A classificação das mesorregiões resultou em quatro estratos assim rotulados: 1-

condições de vida alta, 2-condições de vida média, 3-condições de vida baixa e

4-condições de vida muito baixa. Verificou-se que essa classificação foi compatível com

(23)

5 ARTIGO PRODUZIDO

5.1 . Declaração de aceite da Revista Brasileira de Epidemiologia – RBE para

Publicação de Artigo

O artigo “Associação entre condições de vida e vulnerabilidade com a mortalidade

por doenças cardiovasculares de homens idosos do nordeste do Brasil” foi aceito

para publicação na Revista Brasileira de Epidemiologia – RBE, que possui fator de

(24)

ASSOCIAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES DE VIDA E VULNERABILIDADE COM A

MORTALIDADE POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES DE HOMENS IDOSOS DO

NORDESTE

Association between life conditions and vulnerability with mortality from cardiovascular

diseases in elderly men of Northeast Brazil

5.2 . Revista Brasileira de Epidemiologia – RBE

Autores:

1. Jozemar Pereira dos Santos, MSc; Doutorando do Programa de Pós-graduação

em Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal,

Brasil, e-mail: jozemar_ufpb@ibest.com.br

2. Neir Antunes Paes, PhD; Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão

e Saúde - Departamento de Estatística da Universidade Federal da Paraíba - UFPB e

Orientador Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte. Natal, Brasil, e-mail: antunes@de.ufpb.br

Conflito de interesse: Não existe conflito de interesse

Endereço do autor para correspondência:

Jozemar Pereira dos Santos

Rua Professora Maria Sales, 833, Apto 202, Tambaú, CEP: 58039-130

João Pessoa, PB, Brasil

E-mail: jozemar_ufbp@ibest.com.br

OBS: Artigo publicado na RBE: volume Abril/Junho de 2014, pags 407-420.

(25)

RESUMO

O estudo objetivou identificar fatores explicativos da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187 microrregiões do Nordeste do Brasil em 2000, a partir de indicadores das condições de vida e de vulnerabilidade dessa população, com o uso da Modelagem de Equações Estruturais. Foram traçadas as seguintes etapas metodológicas: 1) através dos microdados do Censo 2000 foram selecionados 10 indicadores para o construto exógeno condições de vida e de vulnerabilidade. Do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde foram obtidos os óbitos das quatro principais causas básicas por doenças cardiovasculares, as quais compuseram o construto endógeno como variável desfecho; 2) análise da qualidade dos dados de mortalidade; 3) análise estatística via Modelagem de Equações Estruturais em duas etapas: ajuste do modelo de mensuração das variáveis latentes e ajuste do modelo estrutural obtido. Em virtude da multicolinearidade verificada, três indicadores foram significativos para o modelo de mensuração: anos de estudo, percentual de idosos em domicílios com banheiro/água encanada e probabilidade de sobrevivência aos 60 anos. O modelo estrutural indicou adequação de ajuste do modelo hipotetizado, o qual apresentou medida de coeficiente padronizado considerada de forte efeito e significativa (CP = 0,81, p-valor < 0,01) e coeficiente de determinação R2 = 66%. Conclui-se que o construto condições de vida e de vulnerabilidade foi fortemente associado com a mortalidade por doenças cardiovasculares de homens idosos do Nordeste do Brasil em 2000.

Palavras-chave: Mortalidade. Causalidade. Doenças cardiovasculares. Idoso. Condições sociais.

ABSTRACT

The study aimed at identifying explanatory factors of the mortality rate of elderly men due to cardiovascular diseases in the 187 micro regions of Northeast Brazil, in 2000, based on indicators of life conditions and vulnerability of that population, using the Structural Equations Modeling. The following methodological steps were taken: 1) using Censo 2000’s microdata, 10 indicators were selected to the latent exogenous construct ‘life conditions and vulnerability’. Using the Information System of Mortality from the Brazilian Ministry of Health, data about deaths from the four major basic causes of cardiovascular diseases were collected, which composed the endogenous latent construct as the outcome variable; 2) qualitative analysis of mortality data; 3) statistical analysis using the Structural Equation Modeling through two phases: adjustment of the outcome variables’ measurement model and adjustment of the obtained structural model. Due to the multicollinearity observed, three indicators showed significance for the measurement model: years of study, percentage of elderly men in households with bathroom/plumbing and survival probability at 60 years of age. The structural model indicated adjustment adequacy of the model, which the measurement of standardized coefficient was considered of strong effect (SC = 0.81, p-value < 0.01) and coefficient of determination R2 = 66%. It was concluded that indicators of life conditions and vulnerability were highly associated with the mortality rate from cardiovascular diseases in elderly men from Northeast Brazil in 2000.

(26)

INTRODUÇÃO

A transição epidemiológica refere-se às modificações em longo prazo dos

padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e

que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais

e econômicas e engloba a substituição, entre as primeiras causas de morte, das

doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas; o

deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos

mais idosos; e ainda a transformação de uma situação em que predomina a

mortalidade para outra cuja morbidade é dominante1. Existe uma estreita relação entre

os processos de transição demográfica e epidemiológica. Observa-se que a queda

inicial da mortalidade concentra-se seletivamente entre as doenças infecciosas e tende

a favorecer os segmentos jovens da população. Desse modo, modifica-se o perfil de

saúde da população, que ao invés de processos agudos que apresentam evolução

rápida através da cura ou do óbito, tornam-se predominantes as doenças

crônico-degenerativas e suas complicações.

A população composta pelo segmento de idosos é a que mais vem crescendo a

partir da transição demográfica desencadeada nos anos 1960, em toda a extensão do

país. Esse fenômeno tem sido apontado como um dos fatos demográficos mais

relevantes das últimas décadas, que, por sua vez, implica novas demandas para as

políticas sociais, de seguridade e de saúde. Têm sido apontados, como fatores

associados à menor sobrevida do idoso e consequente maior mortalidade, os de

natureza demográfica, socioeconômica, de suporte social, antecedentes de morbidade,

estilo de vida e hábitos, entre outros2-4.

Concomitantemente, têm ocorrido mudanças no quadro das causas de

mortalidade decorrentes da transição epidemiológica e, paralelamente ao

envelhecimento da população brasileira, há o aumento na proporção de óbitos de

idosos em relação aos óbitos totais. De acordo com os dados do Sistema de

Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde do Brasil5, em 1980, cerca

de 38% de todas as mortes que ocorreram no país foram de pessoas acima de 60

anos. Em 1991 e 2000, estas passaram a representar 50 e 55% do total de óbitos,

respectivamente. Entretanto, a elevação na proporção de óbitos de idosos não implica

(27)

Alguns estudos6,7 têm apontado que, de 1980 a 2000, a expectativa de vida da

população brasileira, aos 60 anos, aumentou, e que tais ganhos em termos relativos

foram maiores do que os ganhos obtidos pela população total.

As doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de morte e

de incapacidade. No mundo desenvolvido, 49% dos óbitos são devidos às DCV. Nos

países em desenvolvimento, estima-se que, em 2020, um terço (34%) de todos os

óbitos serão devidos às DCV6. No Nordeste brasileiro, a relevância dessas causas

também é notória, uma vez que cerca de 45% dos óbitos de idosos são decorrentes de

causas associadas às DCV7.

Diversos estudos têm mostrado uma estreita relação entre a mortalidade de

adultos e as condições de vida expressas através de indicadores como renda,

educação, ocupação, condições de moradia, entre outros8-10. Nesta linha de

abordagem, outros estudiosos enfocaram a relação entre a mortalidade adulta por DCV

e indicadores econômicos, como o índice de Gini e o Produto Interno Bruto per capita,

educacionais como anos de estudo ou escolaridade e sociais, como atenção médica,

serviços de saúde11-14, entre outros. A análise dessas relações tem sido explorada

através de diversos modelos explicativos em que, comumente, são aplicadas análises

de regressão, modelos multivariados e metanálise. No entanto, poucos têm aplicado a

Modelagem de Equações Estruturais (MEE), visto que, as condições de vida e a

mortalidade são usualmente expressas por variáveis latentes. Esta técnica permite o

estudo da modelagem entre construtos latentes exógenos ou independentes

explicando a associação para construtos endógenos (ou dependentes).

Essas relações têm sido enfocadas usualmente considerando-se unidades

espaciais globais como o país, regiões, estados e, por vezes, localidades. Se a

produção nesta linha de investigação é insuficiente para o Brasil, para as microrregiões

nordestinas, esta é possivelmente inexistente. Ao vácuo destas explorações, soma-se

a ausência de estudos sobre a qualidade dos eventos vitais para estas unidades

geográficas. É preciso resgatar o potencial explicativo, tanto dos registros de óbitos

como de suas causas básicas, como as DCV, bem como investigar suas relações com

as condições de vida. Apesar das deficiências, essas estatísticas são extremamente

úteis para entender as mudanças populacionais e orientar políticas de redução da

incidência de certas doenças e suas consequências na população, particularmente em

(28)

Neste contexto, o presente estudo teve como principal objetivo identificar,

através da Modelagem de Equações Estruturais, se a mortalidade por doenças

cardiovasculares em homens idosos na região Nordeste do Brasil está associada às

condições de vida relacionadas aos aspectos: social, econômico, demográfico ou de

saúde. Considerando-se que, na literatura existente, não foram observados estudos

relacionando a mortalidade com fatores explicativos por meio de construtos latentes, tal

lacuna justifica essa abordagem.

MÉTODO

Desenho de estudo e bases de dados

Trata-se de um desenho de estudo ecológico com corte transversal para o ano

2000 cuja unidade de análise foi a microrregião. A base que compôs os dados da

população de estudo e os indicadores de condições de vida foi montada a partir dos

registros censitários e dos microdados (resultados amostrais) do Censo 2000 do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)15. Os dados de óbitos por DCV

foram extraídos do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde-

SIM/MS5 de acordo com quatro principais causas básicas: doenças cerebrovasculares,

doenças isquêmicas do coração, doenças hipertensivas e outras doenças

cardiovasculares, tomando por base a Classificação Internacional Estatística de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), informada no SIM. As

informações foram coletadas de unidades de análises formadas pelas 187

microrregiões que compõem os nove estados do Nordeste brasileiro.

Essas bases de dados foram desagregadas pelas variáveis sexo e faixas etárias

quinquenais até 85 anos, e acima disso. Calculou-se a média aritmética simples dos

óbitos para o triênio 1999/2000/2001, para evitar eventuais flutuações aleatórias dos

dados. As populações foram retroprojetadas para o meio do ano de 2000, utilizando o

Método Geométrico de Crescimento16.

Os sub-registros de óbitos foram estimados, utilizando-se o método da Equação

de Balanço do Crescimento desenvolvido por Brass17, para posterior correção dos

(29)

CID-10 foram redistribuídas nas correspondentes causas bem definidas, ou seja, as

DCV, através do método de Lederman, segundo Vallin19.

Após os ajustes realizados nos óbitos originais, calculou-se a Taxa de

Mortalidade Padronizada por Doenças Cardiovasculares para a população de homens

idosos (x 100 mil habitantes), considerando-se as quatro principais categorias de

causas agrupadas pelo CID-10 para cada uma das microrregiões do Nordeste.

As variáveis ou indicadores utilizados como fatores explicativos e associados à

mortalidade por DCV, nesses idosos masculinos, referentes à educação, renda e

vulnerabilidade foram: A_EST (anos de estudos), ANALF (percentual de idosos não

alfabetizados), LE_ESC (percentual de idosos que lê/escreve), RdTot (renda total

média dos idosos), A_PRV (percentual de aposentados pela previdência oficial),

A_PEN (percentual de idosos aposentados ou pensionistas) e ainda, indicadores

sintéticos demográficos e de vulnerabilidade: RPC_med (renda per capita média das

microrregiões), B_AGUA (percentual de idosos vivendo em domicílios com banheiro e

água encanada), PRB40 (probabilidade de sobrevivência até 40 anos, em 2000) e

PRB60 (probabilidade de sobrevivência até 60 anos, em 2000). Esses quatro últimos

indicadores foram selecionados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

(ADHB)20.

Para a montagem dos bancos de dados utilizou-se o pacote estatístico PASW

Statistics 18 (SPSS Inc., Chicago, IL).

Apesar de não se tratar de estudo primário em seres humanos, o presente

trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro

Wanderley-HULW, da Universidade Federal da Paraíba.

Análise estatística

Nesse estudo, utilizou-se a técnica de Modelagem de Equações Estruturais

(MEE), a qual é usada para testar a validade de modelos teóricos que definem relações

causais, hipotéticas, entre variáveis21. Essa modelagem consiste na estimação

simultânea de uma série de equações de regressão linear múltipla e possui algumas

(30)

A MEE utilizada neste trabalho consistiu de dois sub-modelos: 1) Modelo

estrutural (equações estruturais) que representa a relação casual entre as variáveis

exógenas e endógenas; e 2) Modelo de mensuração (equações de medida) que

estabelece como as variáveis latentes ou construtos hipotéticos são medidos por

indicadores observáveis. A significância do modelo de mensuração foi verificada pela

confiabilidade individual ou validade convergente dos coeficientes de regressão

padronizados, sendo verificada a confiabilidade para coeficientes com significância

inferior a 1% (p-valor < 0,01) e carga considerada forte (> 0,50)22-24.

Modelo teórico proposto e diagrama de caminhos

O modelo teórico a ser testado pela MEE está representado na Figura 1.1,

envolvendo a relação entre o construto ou variável latente exógena CONDVS -

Condições de vida e de vulnerabilidade (causa), estimada indiretamente pelos 10

indicadores anteriormente citados, e o construto latente endógeno TMPDC - Taxa de

mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares por 100 mil habitantes (efeito

ou desfecho) - estimada, também, indiretamente por suas quatro principais causas

básicas.

O modelo proposto especifica a trajetória de causa unidirecional, denominado

modelo recursivo (representada na caixa do lado direito superior da Figura 1.1), estima

o efeito direto do construto latente exógeno CONDVS sobre a variável endógena

(31)

Figura 1.1 - Modelo teórico proposto usando Modelagem de Equações Estruturais e apresentação do Diagrama de Caminhos

Nota: Diagrama de Caminhos elaborado no software AMOS, versão 18.

(32)

Método de estimação

A análise da MEE foi conduzida pelo método da Máxima Verossimilhança (MV)

utilizando-se o software AMOS - Analisys of Moment Structures (v.18, SPSS Inc.,

Chicago, IL). Esta análise consistiu de duas etapas: a primeira forneceu o ajuste para o

modelo de mensuração das variáveis exógena (CONDVS) e endógena (TMPDC),

através das estimativas padronizadas ou coeficientes de regressão linear para cada um

dos construtos; e na segunda etapa, o ajuste do modelo estrutural, por meio de vários

indicadores de ajuste absoluto, relativo e parcimonioso considerados para ajuste dos

dados ao modelo proposto21-24.

Para evitar a violação dos pressupostos de normalidade multivariada, exigida na

condução do método de MV, para as variáveis ou indicadores presentes, foram

conduzidas, como auxílio ao método, 200 reamostragens (bootstraping) dos

indicadores do modelo de mensuração nas 187 microrregiões, tendo em vista que a

introdução de transformações matemáticas para as variáveis de estudo não

satisfizeram a esses pressupostos. Obtiveram-se assim, ajustes satisfatórios do

modelo final com esse procedimento22. Os resultados da modelagem, ou seja, os

coeficientes padronizados (CP) foram interpretados de acordo com Kline24, cuja

classificação requer: CP de cerca de 0,10 indicando um pequeno efeito, um CP de

cerca de 0,30 indicando um efeito médio e CP > 0,50 indicando um forte efeito.

Para um bom ajuste do modelo estrutural, foram consideradas as seguintes

Estatísticas e Índices de Qualidade de Ajuste, com respectivos valores de referência

utilizados com maior frequência em aplicações de MEE21,24:

- índices absolutos: avaliam a qualidade do modelo, porém, sem comparação com outros modelos - função de discrepância (χ2

quanto menor melhor; p> 0,05); Qui-quadrado normado (χ2

/gl) – valores acima de 1 até 2; erro quadrático médio de

aproximação (RMSEA), valores acima de 0,05 até 0,10; índice de qualidade de ajuste

(GFI): valores entre 0,90 e 0,95;

- índices relativos ou comparativos - avaliam a qualidade do modelo sob teste

comparando-o ao modelo de independência ( não associação entre quaisquer variáveis

manifestas) - índice de ajuste comparativo (CFI): valores acima de 0,90 até 0,95; índice

(33)

- índices de parcimônia - obtidos pela correção dos índices relativos com um fator de

penalização associado à complexidade do modelo - parcimônia GFI (PGFI): valores

entre 0,60 e 0,80 e parcimônia CFI (PCFI): valores entre 0,60 e 0,80.

“Mapas” apresentando comportamento hierárquico para as taxas padronizadas

da mortalidade por doenças cardiovasculares pelas quatro principais causas básicas

em homens idosos do Nordeste foram construídos pelo software do DATASUS,

TabWin_versão 3.6.

RESULTADOS

A Tabela 1.1 apresenta as medidas descritivas, média e desvio padrão, para a

variável resposta ou desfecho Taxa de Mortalidade Padronizada por Doenças

Cardiovasculares-TMPDC (x 100 mil habitantes) através das quatro principais causas

básicas de morte: DCbV, DIC, DHI e ODC.

Em relação às taxas de mortalidade padronizada, observou-se uma maior taxa

média por DCbV em todas as microrregiões de oito dos nove estados nordestinos,

exceto para o Estado do Rio Grande do Norte, onde prevaleceram em média as DIC.

Em seguida, em ordem decrescente, apareceram como predominantes para os

Estados as taxas padronizadas de mortalidade por: ODC, DIC e DHI.

A Figura 1.2 permite uma visão espacial por microrregiões das taxas de

mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares pelas suas quatro principais

causas básicas.

A Figura 1.3 apresenta a análise do diagrama para o modelo teórico proposto

reespecificado, no qual constam 3 dos 10 indicadores que forneceram significância ao

ajustamento do modelo – os demais indicadores por apresentarem multicolinearidades

foram retirados - fornecendo a solução padronizada da MEE para o modelo final. Na

Figura 1.3, os resultados foram significativos para os seguintes indicadores: A_EST

(0,70), B_AGUA (0,63) e PRB60 (0,50), atendendo aos critérios da validade

convergente para o modelo de mensuração do construto exógeno CONDVS. A variável

(34)

através das quatro principais causas básicas consideradas: DCbV (0,52), DIC (0,52),

ODC (0,49) e DHI (0,44).

Observa-se ainda na Figura 1.3, que o modelo final para a mortalidade dos

idosos apresentou indicadores de ajuste no geral, com medida considerada de forte

efeito, proporcionado pelo construto latente CONDVS (CP = 0,81) e fornecendo

coeficiente de determinação do modelo explicando R2=66% da variação total do

desfecho, TMPDC.

A análise da qualidade do ajuste geral do modelo foi feita avaliando-se a

estimação da variável resposta TMPDC, através da MEE, para o modelo final

apresentado (Tabela 1.2). Os critérios para um bom ajuste do modelo, segundo Kline

(2005)24 e Marôco (2010)21, foram satisfeitos para todos os indicadores de ajustes

(35)

Tabela 1.1 - Medidas descritivas das quatro principais causas básicas da taxa de mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187 microrregiões dos Estados do nordeste (2000)

Estados Medidas TMPDC (x 100.000 hab.)

(No. de microrregiões) resumo DCbV1 DIC2 ODC3 DHI4

Maranhão (21) Média 532,32 305,68 423,38 124,59

D. Padrão 217,56 111,27 199,74 65,68

Piauí (15) Média 617,86 376,17 386,98 189,24

D. Padrão 122,32 131,76 125,10 99,10

Ceará (33) Média 580,20 339,85 430,07 227,57

D. Padrão 141,58 123,75 124,08 101,31

Rio Grande do Norte (19) Média 473,29 548,86 356,53 179,89

D. Padrão 116,14 136,06 105,00 80,26

Paraíba (23) Média 551,06 376,74 525,48 127,72

D. Padrão 152,89 113,10 146,10 84,12

Pernambuco (18) Média 763,82 584,74 525,08 232,23

D. Padrão 151,90 134,02 116,33 69,80

Alagoas (13) Média 797,34 359,16 494,57 165,22

D. Padrão 180,83 106,03 143,37 76,64

Sergipe (13) Média 590,58 300,84 390,87 140,40

D. Padrão 119,91 117,33 131,00 70,65

Bahia (32) Média 528,98 316,16 421,36 150,56

D. Padrão 131,85 76,08 128,20 71,22

Fonte: Sistema de Informações Sobre Mortalidade do Ministério da Saúde - SIM/MS, Departamento de Informática do SUS (DATASUS; http://www.datasus.gov.br, ano 2000).

(1) DCbV - doenças cerebrovasculares; (2) DIC - doenças isquêmicas do coração;

(36)

Figura 1.2 - Variação das taxas padronizadas pelas quatro principais causas básicas da mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187

microrregiões do nordeste do Brasil (2000)

(37)

Figura 1.3 - Modelagem de Equações Estruturais – Estimativa padronizada para o Modelo Final

(38)

Tabela 1.2 - Indicadores de ajuste da MEE para modelagem da mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos nas 187 microrregiões do nordeste do Brasil (2000)

Indicador de ajuste

Critérios para bom

ajuste do modelo

(Marôco21 e Kline24)

Modelo final

TMPDC

Ajuste absoluto:

Função de discrepância: χχχχ2 (valor p) - 25,982 (0,026*)

Qui-quadrado normado (χ2/gl) valor entre 1 e 2 25,982/14=1,856

GFI (índice de qualidade de ajuste) acima de 0,90 0,962

RMSEA (raiz média quadrática dos

erros de aproximação)

entre (0,05; 0,10]

p(Ho: rmsea≤0,05)

0,068

p-valor = 0,212

Ajuste relativo:

CFI (índice de ajuste comparativo) acima de 0,90 0,936

TLI (índice de Tukey-Lewis) acima de 0,90 0,903

Ajuste parcimonioso:

PGFI (parcimônia do GFI) entre: (0,60; 0,80] 0,641

PCFI (parcimônia do CFI) entre: (0,60; 0,80] 0,624

TMPDC - taxa de mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares (x100.000 hab);

(39)

DISCUSSÃO

As doenças cardiovasculares no Nordeste, como nas populações em geral,

constituem-se na maior causa da mortalidade dos idosos, colocando em destaque a

importância da averiguação de sua associação com indicadores de condições de vida e

de saúde. Os níveis para os Estados do Nordeste ficaram abaixo, quando comparados

com os do Brasil26. Dentre as DCV, destacaram-se as DCbV e as DIC. No Brasil, a

mortalidade por DCV foi maior nos homens no ano 20006. Nestes, o risco de morte por

DIC e DCbV foi próximo. Para os idosos, as DCbV mataram mais que as DIC26,27. As

microrregiões dos Estados com valores mais acentuados, no geral, ficaram com

Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará, em ordem decrescente. Os mais baixos

ficaram com o Maranhão.

Sabe-se que a qualidade dos registros dos óbitos do Nordeste apresenta

problemas26. É preciso levar em conta que, embora não seja uma tarefa fácil,

procuraram-se corrigir os níveis de mortalidade por DCV das microrregiões por meio de

estimativas dos sub-registros de óbitos e, ainda, redistribuindo-se as causas mal

definidas pelas definidas. Este esforço seguiu os passos metodológicos traçados por

Paes e Gouveia28. Embora possam persistir erros nas estimativas, admite-se que as

correções realizadas produziram níveis bastante plausíveis de mortalidade para as

causas investigadas.

No Brasil, em 2000, mais da metade dos óbitos de idosos foi causada por

doenças relacionadas ao aparelho circulatório, corroborando os achados de que

indivíduos com mais de 60 anos apresentam óbitos predominantemente relacionados

com as doenças crônicas degenerativas6.

A modelagem final pela MEE para a taxa de mortalidade dos idosos por DCV

apresentou índices de bom ajuste do modelo. Os resultados do modelo sugerem uma

forte associação do construto exógeno condições de vida - composto pelos indicadores

anos de estudo dos homens idosos, percentual de idosos em domicílios com

banheiro/água encanada e probabilidade de sobrevivência aos 60 anos, com a taxa de

mortalidade por doenças cardiovasculares dos homens idosos da região Nordeste em

(40)

ressaltam a importância expressa pela educação, condições econômicas e

envelhecimento com ganhos em anos de vida11.

A discussão sobre a questão da relação entre o status de saúde de uma

sociedade e indicadores que expressam as condições de vida tem-se mostrado

recorrente e atual, haja vista a diversidade de abordagem dos trabalhos encontrados

na literatura internacional10,14,29-32. No Brasil, esse tema também tem despertado a

atenção de estudiosos, principalmente a partir do final dos anos 1990, quando os

sistemas de informações sobre mortalidade melhoraram a qualidade dos seus dados

permitindo investigações mais acuradas das relações entre mortalidade e indicadores

socioeconômicos11-13,33-35.

Nas duas últimas décadas, tem crescido a produção de estudos que passaram a

incluir, nos modelos explicativos, variáveis de cunho mais social, como as condições de

vida e em particular a educação. A atenção dos estudiosos desta temática tem-se

voltado para o papel das desigualdades sociais, principalmente da desigualdade

educacional, gerada pelas distorções na distribuição do capital humano, especialmente

nos países pobres ou em desenvolvimento, cujos sistemas educacionais são

ineficientes e dificultam o acesso da população mais desprovida de recursos materiais

à educação de qualidade, como as microrregiões do Nordeste brasileiro. Alguns

estudos realizados no Brasil e em outros países comprovam que a desigualdade

educacional é mais perniciosa porque tem efeito direto sobre a adoção de hábitos de

vida saudável que minimizam os efeitos dos fatores de risco das doenças

cardiovasculares13,30,34-35.

Um estudo realizado com o uso da metanálise sobre trabalhos publicados na

literatura9 chegou a conclusões que corroboram as hipóteses de que a educação e as

condições econômicas - que propiciam a aquisição de bens de serviços como o

saneamento básico - têm importante papel na determinação do padrão de saúde das

pessoas, identificando fatores comuns que potencializam os benefícios da educação e

dos recursos econômicos sobre a saúde. Os autores, baseados em suas análises,

concluem que pessoas com melhor aporte educacional, além de outras implicações,

são mais capazes de recorrer aos avanços tecnológicos da medicina e tendem a levar

uma vida mais saudável, repercutindo favoravelmente na saúde individual e coletiva.

(41)

idosos, tenha se revelado um importante fator potencializador para expressar as

condições de vida, associado com a mortalidade por DCV. No entanto, é esclarecedor

que este indicador se tenha revelado como um importante fator com esta mortalidade,

para uma região marcada por desigualdades regionais de desenvolvimento,

evidenciando, desta maneira, a qualidade satisfatória dos registros de óbitos

trabalhados aqui. Por sua vez, o envelhecimento, expresso pelo indicador

probabilidade de sobrevivência, revelou-se como uma variável explicativa com

potencial de regular as variações da mortalidade dos idosos das microrregiões do

Nordeste.

Desta forma, os estudos realizados no Brasil que relacionam a mortalidade por

DCV com variáveis socioeconômicas revelam uma concordância com os resultados

deste trabalho, no que tange ao papel destes indicadores latentes das condições de

vida, como determinante da mortalidade por DCV. É preciso, pois, levar em conta estas

variáveis como potenciais variáveis explicativas na elaboração de propostas de

intervenção ao idoso no Brasil, em particular no nordeste.

CONCLUSÃO

O presente estudo pode ser considerado como pioneiro nas análises sobre a

MEE, para fatores de condições de vida e de vulnerabilidade explicativos da

mortalidade por DCV de homens idosos no país. Neste estudo, foram apontadas

distintas realidades através dos microdados do Censo 2000, fonte esta que

disponibiliza o menor nível de desagregação possível nas estatísticas brasileiras, o que

permitiu traçar um panorama regional das principais causas da mortalidade por DCV

nos idosos. A proximidade da obtenção dos novos microdados do Censo 2010

possibilitará a atualização e comparação com os resultados obtidos neste estudo,

usando-se o mesmo procedimento metodológico. Isto permitirá analisar o impacto dos

fatores de condições de vida nessa população nordestina, uma vez que foram

intensificadas as ações de atenção à saúde do idoso, ampliados pelos benefícios

sociais para os demais membros da família que se utilizavam da renda do idoso,

concedido o benefício assistencial da previdência social para o segundo idoso da casa,

- o que era antes permitido para apenas um dos idosos, e ampliada a cobertura da

(42)

as condições de vida do idoso, de maneira geral, e desta forma, novos aportes poderão

ser revelados, agregando um olhar mais amplo da realidade nacional e regional.

REFERÊNCIAS

1. Frenk J, Frejka T, Bobadilla JL, Stern C, Lozano R, Sepúlveda J, et al. La transición epidemiológica en America Latina. Bol Oficina Sanit Panam 1991; 111(6): 485-96.

2. Psaty BM, Furberg CD, Kuller LH, Cushman M, Savage PJ, Levine D, et al. Association between blood pressure level and the risk of myocardial infarction, stroke and total mortality: the cardiovascular health study. Arch Intern Med 2001; 161(9): 1183-92.

3. Black D, Morris JN, Smith C, Townsend P, Whitehead M. Inequalities in health: the black report; the health divide. London: Penguin; 1988.

4. Martelin T. Mortality by indicators of socioeconomic status among the Finnish elderly. Soc Sci Med 1994; 38(9): 1257-78.

5. Ministério da Saúde. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2008/matriz.htm#mort (Acessado em 15 de fevereiro de 2008).

6. Ministério da Saúde. IDB 2003 BRASIL, Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA). Disponível em

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?idb2003/c08.def (Acessado em 08 de maio de 2011).

7. Lima-Costa MF, Peixoto SV, Giatti L. Tendências da mortalidade entre idosos brasileiros (1980 - 2000). Epidemiol Serv Saúde 2004; 13(4): 217-28.

8. Wagstaff A, van Doorslaer E. Income inequality and health: what does the literature tell us? Annu Rev Public Health 2002; 21: 543-67.

9. Groot W, van den Brink HM. The health effects of education. Economics of Education Review 26 (2007) 186-200. Disponível em

http://www.sciencedirect.com/science (Acessado em 29 de janeiro de 2008).

10. Braveman P, Tarimo E. Social inequalities in health within countries: not only an issue for affluent nations. Soc Sci Med 2002; 54(11): 1621-35.

11. França MC, Paes NA. Income, income inequality and mortality in metropolitan regions of Brazil: an exploratory approach. Pap Poblac 2007; 13(53): 225-239.

(43)

população de São José do Rio Preto, estado de São Paulo, Brasil. Arq Bras Cardiol 2007; 88(2): 200-6.

13. Bassanesi SL, Azambuja MI, Achutti A. Mortalidade precoce por doenças

cardiovasculares e desigualdades sociais em Porto Alegre: da evidencia à ação. Arq Bras Cardiol 2008; 90(6): 403-12.

14. Raphael D, Farrel S. Income inequality and cardiovascular disease in North-America: shifiting the paradigm. HHPR 2000; 3(2): 1-2.

15. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Dados Básicos do Censo Demográfico 2000. Disponível em

ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2000/Dados_do_Universo/Unid ades_da_Federacao/ (Acessado em 14 de fevereiro de 2008).

16. Shryock HS, Siegel JS and associates. The methods and materials of

demography. In: Stockwell EG. Studies in population. Condensed Edition. San Diego (CA): Academic Press; 1975. p. 439-43.

17. Brass W. Methods for estimating fertility and mortality from limited and defective data. Occasional Publication. Chapel Hill (NC): University of North Carolina, International Program of Laboratories for Population Statistics; 1975.

18. Paes NA. Os eventos vitais do Nordeste brasileiro: cenários regionais, qualidade dos dados, relacionamentos e brechas redutíveis da mortalidade. João Pessoa (PB): Relatório Técnico de Atividades para o CNPq. Edital MCT/CNPq(BR); novembro de 2010. 15 p. Processo No 479514/2008.2.

19. Vallin J. Seminário sobre causas de muerte: Aplicación al caso de Francia. Santiago (Chile): INED - Instituto Nacional de Estudos Demográficos e CELADE; 1987. Série E, n. 31.

20. ADHB. Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil. Dados básicos oriundos do Censo 2000. PNUD/IPEA/FJP; 2003. Software disponível em

http://www.pnud.org.br/atlas/instalacao/index.php (Acessado em 16 de fevereiro de 2008).

21. Marôco J. Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software & aplicações. Pêro Pinheiro: Report Number; 2010.

22. Byrne BM. Structural equation modeling with AMOS: basic concepts, applications and programming. Mahwah: Lawrence Erlbaum; 2001.

23. Hair JF, Anderson RE, Tatham RL, Black WC. Análise multivariada de dados. 5ª ed. São Paulo: Bookman Editora; 2005.

24. Kline RB. Principles and Practice of Structural Equation Modeling. 2ª ed. New York: The Guilford Press; 2005.

Referências

Documentos relacionados

A USP se destaca por possuir produção significativamente maior que as dos demais programas (quase 70 artigos). O segundo grupo, composto por Unicamp, UnB, UFRGS

Receita de Produtos (Quantidade) Margem de Produtos (Qualidade) Alavancadores de Produtividade Investimento Investimento Processo Processo Mercado Mercado

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

As decisões tomadas pelo Brasil estiveram balizadas argumentativamente de forma pragmática em razões de médio e longo prazo ao evocarem o necessário sacrifício

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e

Assim o objetivo dessa monografia foi compreender os motivos que levam a evasão escolar e sua (s) dificuldades (s) no existencial pedagógico educacional, empregando

Ainda nas palavras de Mattoso Câmara que nos esclarece sobre a importância de Franz Boas para a linguística, em um artigo que escreveu Um Século de Estudos Lingüísticos nos

Para avaliar o desempenho do sistema de geração automática e semiautomática de cariótipo de peixe foram selecionadas 100 imagens obtidas a partir de células de peixes no