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Saúde mental do estudante de medicina/ Mental health of the medicine student

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761

Saúde mental do estudante de medicina

Mental health of the medicine student

DOI:10.34117/bjdv5n11-058

Recebimento dos originais: 10/10/2019 Aceitação para publicação: 06/11/2019

Michelle Figueiredo de Oliveira

Discente do curso de Medicina do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM Instituição: Centro Universitário Patos de Minas

Endereço: R. Maj. Gote, 808 - Caiçaras, Patos de Minas - MG, 38700-207 E-mail: michellefigueiredodeoliveira@hotmail.com

Laís Moreira Borges Araujo

Mestre em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília. Docente do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM

Instituição: Centro Universitário Patos de Minas

Endereço: R. Maj. Gote, 808 - Caiçaras, Patos de Minas - MG, 38700-207 E-mail: laismba@unipam.edu.br

RESUMO

O estresse nos estudantes de medicina afeta as funções fisiológicas e cognitivas comprometendo o aprendizado, a qualidade de vida e o cuidado ao paciente. Embora todos os estudantes estejam expostos às mesmas situações de estresse, alguns parecem lidar com tais situações de forma mais saudável, enquanto outros exibem sinais de dificuldades emocionais. Assim, à exposição a várias fontes de estresse envolvidas nas atividades da formação médica, se constituem potenciais fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais o que propicia ao desenvolvimento de depressão, Síndrome de Burnout e ideação suicida. Os objetivos do estudo foram analisar a produção científica nacional e internacional dos últimos cinco anos a cerca dos temas saúde mental e estudante de medicina. Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio de pesquisa nos bancos de dados: PubMed e Scielo, com os descritores “ saúde mental”, “ depressão”, “ síndrome de burnout”, “mental health”, “students, medical”, “depression”, “burnout syndrome” entre os anos de 2015 a 2019 em língua portuguesa e inglesa. Quanto aos resultados foram identificadas maiores taxas de prejuízo da saúde mental do estudante de medicina se comparado a população em geral, representada principalmente pelo desenvolvimento da Síndrome de Burnout e também depressão e ideação suicida. Mediante essas informações observou-se que as atividades envolvidas na formação medica estão aliadas ao acometimento da saúde mental do estudante.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 ABSTRACT

Stress in medical students affects physiological and cognitive functions, compromising learning, quality of life and patient care. Although all students are exposed to the same stressful situations, some seem to deal with these situations healthily, while others exhibit signs of emotional distress. Thus, exposure to various sources of stress involved in medical training activities are potential risk factors for the development of mental disorders, leading to the development of depression, Burnout Syndrome and suicidal ideation. The objectives of the study were to analyze the national and international scientific production of the last five years about the subjects mental health and medical student. This is a bibliographic review conducted through a search in the databases: PubMed and Scielo, with the descriptors “mental health”, “depression”, “burnout syndrome”, “mental health”, “students, medical”, “Depression”, “burnout syndrome” from 2015 to 2019 in Portuguese and English. As for the results were identified higher rates of mental health impairment of the medical student compared to the general population, represented mainly by the development of Burnout Syndrome and also depression and suicidal ideation. Based on this information, it was observed that the activities involved in medical education are allied to the impairment of the student's mental health.

Keyword: Mental Health. Students, Medical. Depression. Burnout syndrome.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é um conceito amplo que abrange o aspecto do bem estar subjetivo, da autonomia, da competência e do potencial de auto-realização intelectual e emocional. Ela pode ser definida de diversas maneiras de acordo com as diferentes culturas, e em geral concorda-se quanto ao fato de envolver não só a ausência de transtornos mentais, mas também a garantia de qualidade de vida cognitiva e emocional (GIL et al., 2018).

Acredita-se que o desenvolvimento da saúde mental pode ser adquirido por meio da promoção à resiliência, ou seja, a capacidade do indivíduo de lidar com fatores estressantes e mesmo assim conseguir se adaptar, sendo assim, o mesmo torna-se capaz de desenvolver suas responsabilidades e garantir equilíbrio mental (HOUPY et al., 2017).

O estudante de medicina está exposto a diversos fatores estressantes que prejudicam a saúde mental. Tais indivíduos já encontram obstáculos desde o momento do processo seletivo, já que o curso de medicina é um dos mais disputados nas universidades (BARBOSA et al., 2018). Diversos fatores institucionais e pessoais podem contribuir para o agravamento da saúde mental dos estudantes de medicina. Dentre eles podemos citar: pressão acadêmica por meio da competitividade entre os alunos, exigência dos professores, elevada grade curricular, dificuldades financeiras, privação de sono, limitação de tempo para estudar, dificuldade em conciliar atividades de lazer e a presença frequente de perfeccionismo e auto-exigência que são traços de personalidade de muitos estudantes. E ainda necessitam desenvolver resistência

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 emocional para lidar com relações interpessoais com os pacientes diante de situações de sofrimento e morte (BARBOSA, 2018; ARAGÃO el al.,2017; MAYER et al., 2016).

O estresse nos estudantes de medicina afeta as funções fisiológicas e cognitivas comprometendo o aprendizado, a qualidade de vida e o cuidado ao paciente. Embora todos os estudantes estejam expostos às mesmas situações de estresse, alguns parecem lidar com tais situações de forma mais saudável, enquanto outros exibem sinais de dificuldades emocionais. Assim, à exposição a várias fontes de estresse envolvidas nas atividades da formação médica, se constituem potenciais fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais o que propicia ao desenvolvimento de depressão, Síndrome de Burnout e ideação suicida (LIMA et al.,2016).

A depressão foi classificada pela OMS como a quarta principal causa de incapacidade em todo o mundo (MOUSA et al., 2016). Suas causas são multifatoriais, está associada à disfunção de neurotransmissores, dentre eles a dopamina, noradrenalina e serotonina, sendo ainda modulada por condições genéticas, ambientais e comportamentais e caracterizada por sintomas como tristeza, avolia, perda de prazer, rebaixamento do humor e alterações no sono e ou apetite (SOUZA, TAVARES, PINTO; 2017). A prevalência de sintomas depressivos em estudantes de medicina possui variação ampla, entre 13,9% e 79% (CYBULSKI; MANSANI, 2017).

A Síndrome de Burnout (SB) é considerada como uma resposta inadequada ao estresse emocional crônico, por lidar excessiva e constantemente com pessoas, se estende ao âmbito profissional e acadêmico (FARIAS et al., 2019; BARBOSA et al.,2018). A palavra inglesa Burnout é traduzida como queima após desgaste, significa algo que deixou de funcionar por exaustão (VIEIRA et al ., 2017). A pessoa acometida apresenta comportamento constantemente irritadiço e cansado, pois ocorre desgaste tanto físico quanto emocional (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018).

Essa síndrome é composta por três fatores multidimensionais: exaustão emocional expressa pelo sentimento de cansaço diante dos estudos, distanciamento afetivo – conhecido também como despersonificação e desumanização – em que ocorre perda do contato social e redução da realização profissional que corresponde à percepção de incompetência diante das responsabilidades (FARIAS et al., 2019). A prevalência em estudantes de medicina é de 14,5% a 71% (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018).

A SB e a depressão compartilham sintomas de exaustão física e baixa energia, contudo estão associados a alterações pontuais. A SB está mais relacionada ao trabalho, ao contato

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 excessivo com pessoas, além de cursar com menos sentimentos de culpa e anedonia quando comparada a depressão. Entretanto, em estágios mais avançados ela pode extrapolar seu contexto se tornando difícil de diferenciar da depressão (FARIAS et al., 2019).

Em paralelo aos transtornos descritos outro fenômeno que tem acometido os estudantes de medicina é o suicídio, o mesmo está associado a morar sozinho, possuir pensamentos de abandonar o curso, sintomas depressivos e obsessivos compulsivos (TORRES et al.,2017). É relatado risco inerente de suicídio associado a indivíduos com depressão grave em cerca de 10% a 15% (CYBULSKI; MANSANI, 2017).

Portanto, devido à importância desse tema, o presente estudo teve como objetivo analisar a produção científica nacional e internacional dos últimos cinco anos a cerca do tema saúde mental e estudante de medicina.

2 MATERIAL E METÓDOS

Trata-se de uma revisão de literatura sobre saúde mental e estudantes de medicina. Os artigos foram selecionados dos bancos de dados da Pubmed e SCIELO. A busca foi realizada entre os meses de janeiro a julho de 2019, com os seguintes descritores: “Saúde Mental”, “Depressão”, “Síndrome de Burnout”, “mental health”, “students, medical”, “depression”, “burnout syndrome”. Foram considerados estudos na língua portuguesa e inglesa, publicados no período compreendido entre janeiro de 2015 e julho de 2019.

A estratégia de seleção dos artigos seguiu as seguintes etapas: busca nas bases de dados selecionados; leitura dos títulos de todos os artigos encontrados e exclusão daqueles que não abordavam o assunto; leitura crítica dos resumos dos artigos e leitura na íntegra dos artigos selecionados nas etapas anteriores.

Foram encontrados 65 artigos dos quais foram lidos os títulos e resumos publicados. Como critérios de inclusão, foram considerados artigos de revisões de literatura, relatos de casos e pesquisas originais que abordassem o tema pesquisado e permitissem acesso integral ao conteúdo do estudo, sendo excluídos aqueles estudos que não obedeceram aos critérios de inclusão supracitados.

Após leitura criteriosa das publicações, 49 artigos não foram utilizados devido aos critérios de exclusão. Dessa forma, 16 artigos foram utilizados e analisados no presente estudo.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 3 RESULTADOS

Foram encontradas 16 publicações que se enquadravam aos critérios de inclusão estabelecidos. As evidências expressas nos artigos incluídos na revisão encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 – Síntese dos estudos referentes à Saúde Mental e Estudante de Medicina

Estudo Método Objetivo Principais Achados

-FARIAS et al. (2019) -Estudo de campo, observaciona l, quantitativo analítico e transversal.

-Identificar nos acadêmicos de Medicina da Universidade de Vassouras – RJ a existência da SB.

-A SB foi diagnosticada em 12,5% da amostra, com prevalência no sexo feminino, faixa etária entre 22-30 anos, cursando o 6º e 8º períodos. Entretanto, não houve correlações significativas entre presença da síndrome com as variáveis: sexo, faixa etária, período de graduação, atividade física, qualidade do sono. -Dos estudantes com SB a maioria realiza atividades de lazer em 1 a 2 dias na semana e 29,7% destes afirmam se sentir culpado após momentos de distração. -BARBOSA et al. (2018) -Estudo transversal. -Identificar a prevalência da SB e fatores associados em estu dantes de medicina brasileiros.

-A pesquisa revelou uma frequência de 12,0% de burnout na amostra analisada.

- Os estudantes do quinto período apresentaram a maior taxa de burnout e também a maior proporção de índice de exaustão emocional positiva.

-As mulheres tiveram uma maior taxa de burnout do que os homens, entretanto isso não foi estatisticamente significativo.

-AGUIAR; AGUIAR; MERCES (2018) -Estudo Descritivo Transversa. -Descrever a prevalência da SB em estudantes de medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e identificar se há variáveis sociodemográficas, acadêmicas e psicossociais a ela associadas.

-A SB foi diagnosticada em 19,6% da amostra. -Foi descrito maior prevalência de exaustão emocional e descrença, porém índices baixos de redução da eficácia do desempenho. Além de maior prevalência da SB no sexo feminino. -O burnout foi diagnosticado em 21,8% dos estudantes que estão entre o 5º e 8º período; 8,9% que referiam não estar satisfeitos com o curso e 40,7% que pensam em desistir do curso;

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 17,2% moravam sozinhos; 19,8% que não recebiam ajuda financeira.

-GIL el al. (2018) -Estudo Transversal Descritivo.

-Avaliar a saúde mental dos estudantes de medicina de uma universidade em Curitiba-PR, matriculados no primeiro ano do curso em 2018 e correlacionar os dados sociodemográficos com a presença de sintomas depressivos. E ainda conhecer a frequencia desses sintomas e a probabilidade de depressão no primeiro ano de graduação.

-De acordo com a amostra 19% dos estudantes apresentaram depressão leve, 5% depressão moderada e 2% depressão grave. Portanto, a grande maioria de 74% há ausência de depressão ou depressão mínima.

-A intensidade da depressão é maior no sexo feminino apesar da prevalência da doença ser semelhante nos gêneros.

-Ao se analisar depressão: 76% não apresentam tristeza, porém houve incidência de 43% de sentimento de fracasso e de culpa; autoacusação e fatigabilidade em 72%; insônia em 52%; irritabilidade e mudança da imagem corporal em 51%.

-São comportamentos de risco para desenvolvimento de depressão: reduzidas atividades de lazer e horas de sono.

-A prática de atividade física foi identificada como fator protetor a doença, já que esses indivíduos têm ausência de sintomas depressivos ou apresentam depressão mínima.

-TORRES et al. (2017) -Estudo transversal

-Investigar a prevalência da ideação suicida entre estudantes de medicina no Brasil. E identificar preditores

incluindo características sociodemográficas, aspectos acadêmicos, apoio social, sintomas psicopatológicos e transtornos psiquiátricos.

-A prevalência de Ideação Suicida foi de 7,2%. Com relação ao período ocorreu maior frequência em alunos do 3º ano.

-Não houve correção estatisticamente significativa entre a ideação suicida e ano letivo ou gênero.

-As variáveis associadas à ideação suicida foram morar sozinho, ser mal adaptado à cidade, possuir pensamentos de abandonar o curso, ter pouco suporte social, sentimentos de rejeição e sintomas depressivos moderados ou graves. - ARAGÃO et al. (2017) -Estudo quantitativo -Realizar levantamento em um curso de medicina sobre o risco

-Houve uma prevalência de TMC de 58,8%, esses são caracterizados por sintomas

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 epidemiológi co, censitário e descritivo. desenvolvimento de Transtornos Mentais Comuns (TMC).

psiquiátricos como irritabilidade, dificuldade de concentração e fadiga, que comprometem o desempenho de atividades diárias. A maior prevalência ocorre no terceiro ano.

-HOUPY et al. (2017) -Estudo transversal

-Caracterizar a resiliência do estudante de medicina e as respostas a eventos clínicos difíceis durante o treinamento clínico.

-A resiliência média do estudante de medicina foi menor do que em uma amostra da população geral.

-A resiliência é maior em homens, em indivíduos sem sintomas de burnout e em estudantes que se sentiram capazes de lidar com eventos clínicos difíceis.

-CYBULSKI; MANSANI (2017) -Estudo Descritivo do tipo transversal.

-Detectar, entre estudantes de Medicina, a prevalência de sintomas depressivos e os fatores correlacionados, assim como a prevalência e adesão ao uso de medicamentos antidepressivos.

-Houve uma prevalência de depressão de 44,22%, ou seja, menos da metade do total dos estudantes apresentavam sintomas depressivos. -Foi descrito que todas as séries apresentavam nível alto de estresse, sendo que o nível mais alto predominou na 3º série, com 75% dos estudantes. Não foi estatisticamente relevante a associação dos sintomas depressivos com as séries do curso.

-Os fatores de risco para depressão são: a satisfação com o desempenho acadêmico e com a escolha do curso, a presença de estresse, poucas horas de lazer.

-Não houve correlação estatisticamente significativa em relação ao gênero.

- VIEIRA et al. (2017) -Estudo Transversal.

-Descrever a prevalência da SB em acadêmicos do curso de graduação em Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros–FIP-Moc, associando a dados demográficos.

- A SB não foi detectada em nenhum estudante, isso provavelmente relacionado ao fator protetor exercido pela atividade física que foi relatada por aproximadamente 66% da amostra.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 -SOUZA; TAVARES; PINTO (2017) -Revisão Sistemática de Literatura.

-Avaliar perfil dos estudantes de Medicina que apresentam sintomas depressivos e/ou depressão.

-Houve uma prevalência maior de depressão em estudantes de medicina do que na população em geral.

-A prevalência da depressão foi no sexo feminino.

-O maior nível de estresse ocorreu no meio do curso devido aos estudantes se depararem com situações como a morte e vida.

-Os fatores estressantes relatados foram: preparação intensa para ingressar na faculdade, pesada carga horária, ambiente competitivo, percepção ruim sobre o desempenho acadêmico e reduzido suporte social. Como fatores protetores a essas condições associaram-se o desenvolvimento de atividades de lazer e religiosidade.

-SANTA;

CANTILINO (2016)

-Busca bibliográfica

-Objetivo construir uma revisão integrativa de literatura sobre o suicídio em médicos e estudantes de Medicina com base em uma análise de artigos científicos sobre o tema.

-Foi observado que as taxas de suicídio e de depressão em estudantes de medicina e médicos são mais elevadas que na população em geral e em outros cursos.

-Foram descritos fatores que podem influenciar a ideação suicida: depressão, pressão psicológica e elevada carga de tarefas.

-LIMA et al. (2016) -Estudo transversal.

-O presente estudo objetivou verificar a prevalência do estresse entre estudantes de Medicina, a relação entre morar ou não com a família e sua repercussão sobre o rendimento acadêmico.

-Foi demonstrada prevalência de 60,09% de estresse na população pesquisada. Com maior taxa de estresse no 1º período.

-Foram relatadas fontes geradoras de estresse: grande carga de matérias, limitação de tempo para estudar e conciliar com atividades de lazer, ambiente competitivo.

-MAYER et al. (2016) -Estudo multicêntric o.

-Avaliar fatores pessoais e institucionais relacionados à prevalência

de depressão e ansiedade em est udantes de

22 escolas médicas brasileiras

-A prevalência de sintomas depressivos foi de 41%.

-Estudantes do sexo feminino e de faculdades localizadas nas capitais apresentaram mais sintomas depressivos.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 -MOUSA et al. (2016) -Estudo

transversal.

-Rastrear estudantes de medicina, residentes e bolsistas para transtorno depressivo maior e transtorno de ansiedade generalizada.

-Houve correlação da depressão com prejuízo no desempenho acadêmico em 32% dos estudantes.

-O exercício físico e o convívio social representam fatores protetores ao estresse. -As maiores taxas de erros médicos e estresse foram perceptíveis em estudantes diagnosticados com depressão.

-LEME et al. (2016) -Desenho transversal.

-Determinar a prevalência da Síndrome de Burnout nos acadêmicos de Medicina da Facimed.

-A presença da SB ocorreu em 9,1% dos estudantes. Com maior prevalência no 2º, 4º e 6º período.

-Foi associado como fator protetor ao desenvolvimento do burnout praticar atividades culturais durante o período letivo e possuir apoio social.

-ROTENSTEIN et al. (2016) -Pesquisa sistemática. -Estimar a prevalência de depressão e idealização suicida em estudantes de medicina.

-Houve prevalência de depressão em 27,2% dos estudantes e ideação suicida em 11,1%. -O desenvolvimento de depressão está associado ao aumento do risco de suicídio e a maiores episódios depressivos futuros.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

4 DISCUSSÃO

Perante o exposto, é imprescindível dizer que existe correlações entre algumas variáveis. A correlação com maior força é entre as variáveis estudantes de medicina e Síndrome de Burnout. Nesse caso a correlação é significativa, ou seja, existe um indício de que o desenvolvimento da SB está correlacionado a problemáticas envolvidas nas atividades da formação médica. Portanto, tem-se destacado o aumento da taxa de burnout em estudantes de medicina, conhecida por tem-ser mais elevada do que a da população em geral e se comparada a outros cursos.

Essa constatação corrobora com os estudos que abordam fontes geradoras de estresse presentes no curso de medicina representados pela grande carga horária, ambiente competitivo, dificuldade de conciliar tempo para estudar e possuir atividades de lazer. Aliado ao

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 desenvolvimento de sentimentos de irritabilidade, dificuldade de concentração e fadiga (ARAGÃO et al.,2017; LIMA et al.,2016).

Nessa conjuntura, foram identificados também fatores protetores ao desenvolvimento de transtornos mentais. Logo, a atividade física como atividade de lazer pode ser fator protetor para o desenvolvimento de SB e depressão por ser uma oportunidade de convívio social agregando interações afetivas. Foi identificado também que estudantes com maior resiliência possuem a capacidade de lidar com eventos difíceis de forma mais saudável (GIL et al.,2018; LEME et al.,2016; VIEIRA et al.,2017;HOUPY et al.,2017).

Além disso, houve estudos que abordaram variáveis diferentes como a relação entre o burnout e estudantes que não estão satisfeitos com o curso e possuir pensamento de desistir do curso (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018). E ainda correlação entre a SB e se culpar ao realizar atividade de lazer (FARIAS et al.,2019 ).

As taxas de depressão nos estudantes de medicina também se revelaram maiores do que na população em geral e se comparada a outros cursos. Entretanto, ao se avaliar as taxas de SB e depressão, o burnout apresentou maiores índices. Os estudos se basearam relativamente nas mesmas variáveis relacionadas ao desenvolvimento dessas enfermidades que são atividades de lazer, horas de sono, satisfação com o desempenho acadêmico e contato com fatores estressantes (CYBULSKI; MANSANI, 2017; SOUZA; TAVARES; PINTO, 2017; MOUSA et al.,2016).

Em contrapartida existem estudos que compararam a depressão a variáveis diferentes. Como por exemplo, a relação entre depressão e estudantes que realizam faculdade localizada em capitais (MAYER et al.,2016). E até mesmo, a classificação da depressão conforme a intensidade: ausente/mínima, moderada ou grave (GIL et al.,2018).

Ainda dentro do mesmo contexto, houve associação entre o desenvolvimento de depressão e aumento do risco de suicídio e maiores episódios depressivos futuros (ROTENSTEIN et al.,2016). Com base nisso, foram identificados influenciadores da ideação suicida como pressão psicológica, elevada carga de tarefas, sintomas depressivos moderados a graves, pouco suporte social e sentimentos de rejeição (TORRES et al.,2017; SANTA;CANTILINO, 2016)

Assim, pode-se confirmar a hipótese de que estudantes de medicina apresentam maior prevalência de transtornos mentais se comparada à população em geral. É considerada imprescindível, a realização de mais trabalhos nessa área para que o conhecimento sobre os

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p.23440-23452 nov. 2019 ISSN 2525-8761 fatores que influenciam no prejuízo mental dos estudantes de medicina possam auxiliar os futuros profissionais de saúde a obter uma saúde mental mais equilibrada.

5 CONCLUSÕES

O presente estudo buscou fazer uma revisão bibliográfica sobre saúde mental e estudante de medicina. De forma geral, as pesquisas indicam que as taxas de prejuízo da saúde mental nessa população são maiores do que as da população em geral. São enumerados diversos fatores que justificam esses dados como pressão acadêmica por meio da competitividade entre os alunos, elevada grade curricular, dificuldades financeiras, privação de sono, limitação de tempo para estudar e conciliar com atividades de lazer, além da presença frequente de perfeccionismo e auto-exigência que são traços de personalidade de muitos estudantes. Dessa forma, o estudo buscou fornecer dados para maior compreensão do acometimento da saúde mental que ocorre nos estudantes de medicina.

REFERÊNCIAS

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Tabela 1 – Síntese dos estudos referentes à Saúde Mental e Estudante de Medicina

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