CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA EM PESSOAS COM O HIV/AIDS EM NATAL/RIO GRANDE DO NORTE
LUÍS MARCOS DE MEDEIROS GUERRA
NATAL- RN
EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA EM PESSOAS COM O HIV/AIDS EM NATAL / RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para a obtenção do Título de Mestre
em Ciências da Saúde.
EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA EM PESSOAS COM O HIV/AIDS EM NATAL / RIO GRANDE DO NORTE
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para a obtenção do Título de Mestre
em Ciências da Saúde.
Orientadora: Profª Drª Maria Irany Knackfuss
Serviços técnicos
Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Setorial CCS.
6934a
Guerra, Luís Marcos de Medeiros.
Exercício físico, saúde e qualidade de vida em pessoas com HIV/AIDS em Natal/Rio Grande do Norte / Luís Marcos de Medeiros Guerra. – Natal, 2012.
64f.:il.
Orientadora Profª Drª Maria Irany Knackfuss. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
ii
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
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LUÍS MARCOS DE MEDEIROS GUERRA
EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA EM PESSOAS COM O HIV/AIDS EM NATAL / RIO GRANDE DO NORTE
Presidente da banca: Profª Drª Maria Irany Knackfuss - UFRN
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Arnaldo Tenório da Cunha Júnior – UFAL/AL Prof. Dr. João Carlos Alchieri – UFRN
Suplentes
Prof. Dr. – Wogelsanger Oliveira Pereira – UERN/RN Prof. Dr. – Hênio Ferreira de Miranda – UFRN
iv Dedicatória
À Deus Pai todo poderoso, e os que estão ao seu lado
intercedendo por mim (Bianor Medeiros, Therezinha Medeiros, Otto
Guerra e Selda Guerra).
Aos meus pais (Bôsco e Thérbia) e meu irmão (Roderick), pela
ajuda incondicional em todos os momentos de minha vida.
À minha filha, Mariana, por quem e para quem
v
À Prof. Dra. Maria Irany Knackfuss, pelos seus valorosos ensinamentos e por não ter me abandonado nessa trajetória quando fraquejei; Às minhas amigas de trabalho, Themis Cristina e Hunaway Albuquerque pelo acompanhamento do programa de exercícios e pela troca de experiências;
Aos professores Paulo Dantas e Edson Pinto pelas contribuições;
Aos pacientes, por permitir que fizéssemos parte de seu mundo;
Ao Hospital Gizelda Trigueiro e aqueles envolvidos direta ou indiretamente com esse estudo;
À Faculdade de Educação Física da UERN, por ter permitido a conciliação entre o programa e minhas atividades docentes, em especial a Aldo Gondim Fernandes, Humberto Jefferson de Medeiros e Adalberto Veronese;
vi
Dedicatória iv
Agradecimentos V
Resumo Vii
1
2
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
01
04
3 REVISÃO DE LITERATURA 05
4 MATERIAL E MÉTODOS 12
5
6
ANEXAÇÃO DOS ARTIGOS
COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES
21
42
7
8
9
APÊNDICES
ANEXOS
REFERÊNCIAS
50
51
vii
A sobrevida das pessoas com AIDS tem aumentado com o uso das terapias com
antiretrovirais (TARV), esses, entretanto, possuem efeitos colaterais que interferem no
padrão morfofuncional e hematológico, o que pode levar a alterações na qualidade de
vida (QV). Este estudo quase-experimental objetivou avaliar parâmetros
antropométricos, funcionais, hematológicos e de QV em pessoas com HIV/AIDS
submetidas a um programa de exercícios de 16 semanas. Os participantes tinham
idade entre 35 e 51 anos (n=15), eram registrados no Núcleo de atendimento do
Hospital Giselda Trigueiro em Natal/Rio Grande do Norte e apresentaram
CD4350cel/mm3, lipodistrofia e estavam em TARV. Foram avaliados o índice de massa corpórea (IMC), a relação cintura-quadril (RCQ), o percentual de gordura (%G),
a força escapular e manual, a contagem de CD4, carga viral e QV, antes e após a
intervenção. Essa foi realizada com exercícios de aquecimento e utilizou como base os
exercícios resistidos, realizados 3x/semana, com 1h e intensidade de 60 a 75% de
1RM. Observaram-se modificações significativas no %G (p=0,031), força escapular
(p=0,007) e preensão manual (p=0,039). Houve aumento no CD4 e a carga viral
manteve-se indetectável. Nos domínios da QV, houve mudança significativa no do meio
ambiente (p=0,021), espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais (p=0,032) e na
percepção da qualidade de vida e saúde geral (p=0,005). Os resultados sugerem que
os exercícios resistidos para essa população constituem agente terapêutico
coadjuvante no controle dos efeitos colaterais advindos da TARV, promovendo
modificações na composição corporal, aumento da capacidade funcional e dos níveis
de CD4, mantendo estável a carga viral e melhorando a QV. Sugerimos novos estudos
com maior tempo de intervenção e com o acompanhamento de equipes
multidisciplinares, o que poderá promover melhorias mais significativas na qualidade de
vida e efetuar maior controle nas variáveis intervenientes.
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), epidemia mundial, teve seus
primeiros casos relatados na literatura médica no início de 1981 nos Estados Unidos.
Há pelo menos duas décadas já afetava países da Europa, África e também Estados
Unidos. No Brasil, de acordo com o Boletim Epidemiológico Aids/DST do Ministério da
Saúde (ano base 2010), temos 608.230 casos acumulados, com uma epidemia estável
e concentrada em subgrupos populacionais em situação de vulnerabilidade, registrando
uma pequena queda na incidência de infectados - de 18,7 para 17,9 casos (por
1000.000 hab)1.
O HIV/AIDS no Brasil (bem como em países em desenvolvimento) afeta
principalmente os trabalhadores na idade mais produtiva, comprometendo assim a
força de trabalho ativa. A prevenção e o tratamento do HIV e da AIDS precisam ter um
papel central nas estratégias nacionais de redução de pobreza e busca de qualidade
de vida, através de uma intervenções multidisciplinares que almejem respostas
multi-setoriais.
No Rio Grande do Norte, as infecções por HIV ainda apresentam estatística
crescente. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública, em seu boletim
epidemiológico 2011, no estado a epidemia é crescente desde o seu início com
tendência de crescimento para os anos seguintes, com 3708 casos registrados até
dezembro de 2010, com taxa de incidência evoluindo de 9,1 no ano 2000 para 14,3
(por 100.000 hab) em 20102.
Os avanços nas terapias com antirretrovirais (TARV) têm aumentado a
expectativa de vida dos indivíduos, entretanto, o avançar da doença e o uso das TARV
massa muscular, perda do estado funcional, fraqueza e fadiga, levando a complicações
como síndrome metabólica, redistribuição da gordura corporal, distúrbios
cardiovasculares3-9, alterações psicológicas (baixa da auto-estima, depressão e ansiedade) e a fadiga10 que associadas à morbidade e mortalidade da patologia podem levar à diminuição da qualidade de vida3, 10, 11.
Neste contexto, a associação de distribuição inadequada de gordura, as
alterações no sistema imunológico e o sedentarismo coexistem nos pacientes
portadores do HIV.
Os exercícios físicos promovem a prevenção de doenças secundárias em
diversos distúrbios12, aparentando ser benéficos também para essa população, levando a melhora na sensibilidade insulínica13, na qualidade de vida10, 11, 14, 15, podendo levar a melhorias na saúde desses indivíduos16, 17 sendo bons coadjuvantes na TARV18 podendo representar um efetivo método de tratamento não farmacológico7.
Apesar dos conhecidos benefícios da atividade física em geral, encontra-se
ainda certa resistência à prática por esta população em especial, onde a baixa taxa de
informação pela população infectada sobre os efeitos, associada às dificuldades na
realização dos estudos devido a não adesão aos programas, leva a um ciclo que
culmina com a baixa existência de programas de exercícios para este grupo, em
especial no Nordeste Brasileiro.
Diversas revisões têm sido realizadas analisando os experimentos de diferentes
formas de exercício e seus efeitos nos diversos sistemas, na composição corporal e na
qualidade de vida, dentre outros para essa população7, 17, 19-25. Entretanto, ainda não estão completamente esclarecidos os efeitos dos exercícios físicos nessa população
analisado os aspectos psicológicos nas relações entre a prática de atividades físicas e
a infecção pelo HIV26.
Diante do exposto, questiona-se qual o impacto de um programa de exercícios
de 16 semanas nas características morfofuncionais, hematológicas e da qualidade de
2. OBJETIVOS
2.1- Objetivo Geral
Analisar o impacto de um programa supervisionado de exercícios de 16
semanas no padrão morfofuncional, em características imunológicas e na qualidade de
vida em pessoas infectadas pelo HIV.
2.2- Objetivos Específicos
- Determinar os indicadores morfológicos (massa corporal, estatura e circunferência)
em pessoas infectadas pelo HIV submetidas ao programa supervisionado de
exercícios.
- Avaliar os indicadores da redistribuição de gordura (IMC e RCQ) em pessoas
infectadas pelo HIV submetidas ao programa de programa supervisionado de
exercícios.
- Avaliar os indicadores hematológicos da imunidade (CD4 e carga viral) em pessoas
infectadas pelo HIV submetidas ao programa supervisionado de exercícios.
- Avaliar a percepção da qualidade de vida (WHOQOL-HIV BREF) em pessoas
infectadas pelo HIV submetidas ao programa supervisionado de exercícios.
- Comparar as alterações morfofuncionais, hematológicas e as repercussões na
qualidade de vida em pessoas infectadas pelo HIV submetidas ao programa
3- REVISÃO DA LITERATURA
A obesidade é um achado comum entre indivíduos com o HIV27, tal fato pode ser agravado pelo uso das TARV que, apesar dos seus avanços, seu uso associado ao
HIV pode trazer diversos efeitos colaterais. Os infectados com HIV sob tratamento
farmacológico normalmente apresentam toxidade mitocondrial8, 28, hiperlactacidemia e esteatose hepática, o que pode levar a náuseas, fadiga, vômito, perda de peso,
lipodistrofia6, hiperlipidemia, resistência a insulina e intolerância à glicose29-32 que, em conjunto, podem concorrer para lipoatrofia e obesidade central30, aumentando a prevalência de diabetes mellitus nesta população31 favorecendo distúrbios cardiovasculares.
A lipodistrofia por sua vez associa-se à lipólise, prejudica a oxidação das
gorduras, aumenta a síntese e secreção de VLDL e compromete os triglicerídeos30, 33. Nos casos aonde os pacientes apresentem dietas com aumento do consumo total de
proteínas, de proteína animal, de gordura trans e a diminuição do consumo de fibras,
as dislipidemias podem se agravar34.
Casos de hepatopatia associados à dispnéia crônica em pacientes com HIV
devem incluir a síndrome hepatopulmonar como diagnóstico diferencial,
considerando-se, inclusive, o transplante hepático como opção terapêutica35.
A perda de massa muscular e limitações das atividades também são relatadas,
podendo estar associadas ou não a ativações centrais reduzidas, as quais são mais
presentes em indivíduos com alta carga viral36. Há diferenças no metabolismo do lactato entre indivíduos saudáveis e portadores do HIV, onde o HIV pode induzir a
hiperlactacidemia, associado também ao tratamento farmacológico, levando a um
Outro aspecto importante a ser considerado em pacientes com HIV tratados com
a TARV é a diferença arteriovenosa de oxigênio durante o exercício, bem como
alterações no consumo máximo de oxigênio8, 39-41, as quais, entretanto, normalmente permitem a execução das atividades de vida diária42. As taxas de recuperação da frequência cardíaca também se apresentam diminuídas em pessoas com HIV,
submetidas ou não à TARV, podendo refletir disfunções na autonomia cardíaca
concorrendo para eventos cardíacos4. Ocorrem ainda alterações no balanço oxidativo, com uma tendência de uso precoce dos carboidratos43.
Estes fatores, associados ao enfrentamento pessoal e social da doença,
interferem nos aspectos psicológicos, podendo levar a quadros de diminuição da
qualidade de vida. Diante destes achados, é necessária uma modificação no estilo de
vida dos pacientes envolvendo dieta, exercícios e controle do álcool e fumo33, pois os pacientes em TARV normalmente estão menos associados a atividades vigorosas44. Portanto os exercícios, e o incentivo à prática destes, podem ser aliados na
minimização destes efeitos secundários à patologia e à TARV.
Os exercícios em geral levam a melhorias na composição corporal7, normalmente melhorando também a imagem corporal45. Exercícios de resistência progressiva e aeróbicos aumentam a massa magra46, diminuem a massa corporal total e de tronco5, 47. Quando encontramos aumento de peso, das circunferências do braço e da coxa19, estes normalmente estão associados ao ganho de massa magra.
Quando associados ao uso da metformina, os exercícios aeróbicos ou de força
realizados em 12 semanas apresentaram melhoria na relação cintura-quadril48. Programas domiciliares, sem supervisão direta, de 16 semanas não apresentaram
utilizados em 12 semanas com crianças melhoraram a adiposidade visceral e
subcutânea44.
A associação dos exercícios à dieta leva à diminuição do peso corporal, massa
gorda e relação cintura-quadril49, levando à diminuição da adiposidade subcutânea e visceral27, de maneira que o suporte nutricional resulta em significantes mudanças, podendo ser usado como intervenções complementares50. Estudos com 6 meses de intervenção mostraram redução significativa na relação cintura quadril, massa corporal
total, dobras cutâneas e percentual de gordura3.
Com relação à contagem dos CD4 e carga viral, estudos revisados por O’Brien
(2004)45 demonstraram alterações não significantes nos níveis de CD4, o mesmo ocorrendo com os estudos de Terry et al (2006)49. Também ocorrem alterações nas
células ‘Natural Killer’ - NK51. A administração de estatinas não demonstrou efeito sobre as células mediadoras da imunidade52.
Os exercícios aeróbicos normalmente estão associados à melhoria da
capacidade cardiorrespiratória, melhorando o consumo máximo de oxigênio9, 45, 49, 53, 54 e freqüências cardíacas submáximas19. Exercícios aeróbicos ou de força associados ao uso da metformina realizados em 12 semanas apresentaram diminuição da pressão
arterial48, não sendo encontrados os mesmos resultados em programas de exercícios domiciliares46.
Exercícios de resistência progressiva e aeróbicos em programas domiciliares
sem supervisão direta aumentam a aptidão cardiorrespiratória46. A administração de hormônio do crescimento humano recombinante, melhora a diferença arteriovenosa de
oxigênio e o consumo máximo de oxigênio durante exercícios submáximos39.
Quando realizados em programas com duração de 6 meses, os exercícios
com aumento do consumo máximo de oxigênio3. Também foi observado melhora na complacência arterial e sensibilidade do baroreflexo, resultando em melhorias
cardiovasculares e autonômicas em portadores do HIV praticantes de atividade física56. A capacidade funcional, a força e a resistência melhoram com exercícios de
resistência e aeróbicos, em portadores ou não do HIV. A modificação destes
parâmetros, associados às mudanças da composição corporal são os benefícios mais
facilmente encontrados nos diversos estudos.
Dentre as diferentes modalidades, os exercícios de resistência progressiva
aumentam a força dos indivíduos com HIV/AIDS19; a prática de exercícios aeróbicos e/ou de Tai Chi Chuan leva a significantes mudanças físicas positivas na capacidade
funcional57; exercícios de 12 semanas associados a controle dietético melhoram a capacidade funcional49; exercícios de resistência progressiva e aeróbicos em programas domiciliares, sem supervisão direta, aumentam a força e resistência46, o que também pode ser observado em programas não domiciliares5. Os exercícios hospitalares também se mostraram efetivos no ganho de força em crianças em
programas de 12 semanas47.
Aspectos como a suplementação de creatina também foram testados, onde os
praticantes de exercícios resistidos com ou sem uso de creatina associado obtiveram
ganho de força e de massa muscular, não apresentando diferenças significativas entre
os grupos que justificasse o seu uso58.
Os aspectos psicológicos normalmente evoluem com a prática de exercícios
regulares, bem como a qualidade de vida, o mesmo ocorre em portadores do HIV.
Exercícios aeróbicos e de resistência tem demonstrado melhorias nos aspectos
Diversos tipos de programas de exercício têm sido utilizados para a melhoria
dos aspectos psicológicos e/ou da qualidade de vida, programas de diminuição de peso
associados à dieta com 12 semanas demonstraram a melhoria da qualidade de vida
em 11 dos 13 domínios avaliados na qualidade de vida de mulheres obesas com HIV27. Programas com duração de seis meses, com frequência de duas vezes por semana,
demonstraram melhoria na auto-eficácia, melhoraram dois dos 11 domínios avaliados
na qualidade de vida, além de melhorarem a saúde geral e as funções cognitivas55. Estudos com duração de seis meses que avaliaram a qualidade de vida através
do WHOQOL-HIV BREF encontraram diferenças significativas nos aspectos
psicológicos, independência, relações sociais, na faceta específica das TARVs,
auto-estima, imagem corporal e estresse emocional, com resultados melhores para as
mulheres3, enquanto programas supervisionados de 24 semanas encontraram melhoria em oito dos dez domínios avaliados21.
Aspectos como imagem corporal e aspectos psicológicos também evoluem com
a prática regular de exercícios45, 53. A prática do tai chi chuan também mostrou alterações significativas em aspectos como confusão mental, tensão e ansiedade, alem
do aspecto saúde na qualidade de vida, podendo, a sua prática, favorecer interações
sociais57.
A prática de exercícios regulares normalmente está associada a melhorias na
fadiga, o mesmo ocorre em portadores do HIV. Estudos revisados por Ciccolo e
colaboradores10 apontam esta diminuição com exercícios cardiovasculares e de resistência progressiva.
Diversas facetas devem ser consideradas quando da utilização dos exercícios
como terapia coadjuvante para esta população. O comprometimento de marcadores
alterações na oxidação, além das diferenças no metabolismo do lactato, com a
hiperlactacidemia e o comprometimento de sua remoção pós exercício6. O comprometimento de parâmetros cardiorespiratórios, como recuperação da freqüência
cardíaca pós-exercício e alterações do consumo máximo de oxigênio também devem
ser analisados.
Os exercícios físicos, aeróbicos ou de força, são bem tolerados por portadores
de HIV48, 60. As recomendações quando da prescrição da atividade oscilam pela utilização de 3-5 sessões semanais, de 20-60 minutos, com intensidade de 45-85% do
VO2máx ou 50-85% da FCmáx, para o treino de força, intensidade moderada (8-12 repetições), aumentando estes parâmetros de acordo com a progressão individual do
paciente10.
Os exercícios aeróbicos ou de resistência, praticados por pelo menos 20
minutos, 3 vezes por semana por 4 semanas podem ser benéficos e aparentam ser
saudáveis para adultos convivendo com HIV/AIDS45, 53, com o sistema imunológico permanecendo estável em portadores de HIV praticantes e não praticante de exercícios
físico com duração de 16 semanas46, bem como a pacientes submetidos à dieta e exercício por 12 semanas49. Entretanto, novas pesquisas devem ser realizadas para determinar os melhores parâmetros para as atividades17.
Com relação à duração dos programas, exercícios com intervalos de até 12
semanas não parecem ter efeito sobre os lipídeos plasmáticos48, 49, enquanto que a partir de 16 semanas começam a aparecer resultados mais satisfatórios46. Portanto podemos observar que os programas a partir de 16 semanas já demonstram alguma
alteração nos lipídios plasmáticos, com os programas de seis meses demonstrando
Portanto, a prescrição dos exercícios em pessoas convivendo com o HIV/AIDS
deve ser parte de um programa de reabilitação destas pessoas, inserido em programas
multidisciplinares os quais podem ter maior impacto nas mudanças de comportamento
necessárias para um melhor estilo de vida31, 61. A prática de exercícios para esse grupo populacional aparenta ser segura, de baixo custo, prática e efetiva no tratamento
envolvendo síndromes metabólicas e cardiovasculares associadas à TARV, podendo
4- MATERIAL E MÉTODOS
4.1- Caracterização da pesquisa
O estudo caracteriza-se metodologicamente como uma pesquisa
quase-experimental, em que as variáveis independentes foram manipuladas para medir seus
efeitos sobre as variáveis dependentes, com o propósito maior de determinar o grau de
mudança produzido pelo tratamento, estabelecendo uma relação de causa e efeito.
Tendo como foco comparações de pessoas portadoras de HIV submetidas a um
programa supervisionado de exercícios, procurando obter informações acerca do perfil
morfofuncional, hematológico e da qualidade de vida desses indivíduos no município de
Natal, Rio Grande do Norte.
4.2- Identificação das variáveis
O presente estudo apresenta três tipos de variáveis distintas:
Variável Independente – programa de exercícios resistidos.
Variáveis Dependentes – massa corporal, IMC, RCQ, %G, força
escapular e manual, carga viral, CD4, e qualidade de vida.
Variáveis Intervenientes – experiência motora prévia, o status de saúde, algum tipo de enfermidade associada não identificada e/ou não controlada
4.3- População e Amostra
A população foi composta pelos indivíduos vivendo com o vírus HIV/AIDS, do
sexo masculino e feminino, na faixa etária de 20 a 60 anos, registrados no Núcleo de
atendimento do Hospital Giselda Trigueiro, da Secretaria de Saúde, na cidade de
Natal/RN.
A amostra foi composta pelos indivíduos que participaram voluntariamente do
Programa pró-saúde e atividade física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), contendo 15 sujeitos de ambos os sexos (11 homens e 04 mulheres), com
por
mm3, com quadro de lipodistrofia e recebiam atendimento clínico regular no Núcleo de atendimento do Hospital Giselda Trigueiro, da Secretaria de Saúde, na cidade de
Natal/RN.
Os critérios de inclusão e de exclusão foram identificados através de anamnese
inicial, apresentação de exames laboratoriais (CD4, carga viral) e avaliação
cardiológica.
Foram excluídos os indivíduos que apresentaram qualquer tipo de condição
aguda ou crônica que fosse impedimento para a participação no programa de exercício
físico.
4.4- Instrumentos de medida
4.4.1- Para avaliação dos indicadores antropométricos
Foram coletados dados referentes à massa corporal, estatura, cálculo do índice
cutâneas, de acordo com os protocolos descritos a seguir.
a) Massa corporal
Para coleta de dados da massa corporal foi utilizada uma balança digital marca
Soehnle com precisão de 100 gramas. O avaliado trajando o mínimo possível de roupa,
descalço, posicionava-se no centro da balança com peso corporal igualmente
distribuído nos dois pés. A cabeça descontraída e olhos voltados à frente, braços com
palmas voltadas para a coxa, sendo realizadas pelo menos 2 medições com o registro
da média aritmética.
b) Estatura corporal
Estatura é a distância que vai do vértex à região plantar, estando a cabeça
posicionada de acordo com o plano de Frankfort. Devido à variação diurna na estatura,
os indivíduos são maiores pela manhã com uma perda de aproximadamente de 0,01 de
estatura, sendo recomendado que a coleta seja realizada sempre na mesma hora. No
estudo em tela, as avaliações foram realizadas pela manhã.
Para coleta de dados da estatura foi utilizada a balança digital marca Soehnle
com toesa afixada à própria balança, com variação de 0,1 centímetros. O avaliado
usando pouca roupa e mostrando todo seu corpo posicionava-se de costas e sem
sapato para o instrumento, estabelecendo uma linha vertical e imaginária que tange os
calcanhares unidos fazendo um ângulo de aproximadamente 70 graus entre si, parte
posterior da panturrilha, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital no plano de
para a coxa. Realizava uma inspiração profunda e mantinha-se ereto nesta posição até
o registro da estatura. O avaliador realizava pressão suficiente para comprimir o
cabelo. Duas medidas foram realizadas, sendo registrada a média aritmética nos casos
de diferença inferior a 1 centímetro. O zero da escala coincidia com o nível da planta
dos pés.
c) Índice de massa corporal
O índice de massa corporal (IMC), também chamado de índice Quetelet, é um
cálculo realizado com base na massa corporal (MC) e na estatura, com o intuito de
avaliar se determinada massa corporal é excessiva ou não para determinada estatura.
O IMC é estabelecido através da fórmula: IMC= [MC(kg)] / [estatura (m)]2. Indivíduos com IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são classificados como indivíduos com sobrepeso; aqueles com IMC de 30 kg/m2 ou mais são classificados como obesos.
d) Relação cintura/quadril
Para determinação da RCQ utilizou-se uma fita antropométrica inelástica de
metal da marca Starret. Para medição da cintura a fita foi posicionada entre a porção
inferior das costelas e a crista ilíaca por duas medições e registrando uma média entre
elas. A circunferência do quadril foi realizada na maior protuberância glútea e
e) Percentual de gordura
O cálculo do percentual de gordura foi realizado baseado no protocolo de três
dobras (tricipital, suprailíaca e quadriciptal). Para a coleta da espessura de dobras foi
utilizado o Adipômetro Lange, com os parâmetros de aferição seguindo a convenção da
sociedade para o avanço da cineantropometria – The International Society for
Advancement of Kanianthropometry (ISAK).
4.4.2- Para avaliar os indicadores funcionais
Foram utilizados testes de preensão manual e de força escapular. Para
mensurar a força de preensão manual foi utilizado o dinamômetro JAMAR, com
precisão de 1 Kgf (quilograma-força). Antes de iniciar a avaliação explicou-se de forma
objetiva a finalidade do teste, mostrando ao indivíduo como segurar o aparelho, com o
objetivo de familiarização e adaptação ao esquema de teste.
Durante a avaliação da força de preensão manual, os sujeitos foram orientados
a permanecer sentados seguindo a posição padronizada pela SATM, na qual os
quadris e joelhos encontram-se fletidos a 90º, ombro aduzido em posição neutra,
cotovelo fletido a 90º e antebraço em semi-pronação, sem que haja desvio radial ou
ulnar. Foi orientado para que realizassem o movimento de preensão palmar para cada
tentativa após o comando verbal do avaliador. Foram realizadas 3 (três) tentativas para
cada mão, iniciando pela direita e intercalando com a esquerda, respeitando intervalo
de pelo menos um minuto para a mesma mão, com a intenção de evitar fadiga durante
referentes à preensão manual foi realizada pelo avaliador com o dinamômetro ajustado
na posição 2 (preconizada pela SATM).
Para aferir a força escapular foi utilizado o dinamômetro Crow, com capacidade
da 50 kgf, representando a capacidade estática de tração da força de membros
superiores.
Antes de iniciar a avaliação referente à dinamometria escapular foi explicada de
forma objetiva a finalidade do teste, mostrando ao indivíduo o posicionamento em
relação ao aparelho, com o objetivo de familiarização e adaptação ao esquema de
teste.
O teste consistia em ficar posicionados em posição bípede, com as pernas
afastadas a largura dos ombros, pernas estendidas e abdômen contraído, segurando o
aparelho através das duas manoplas. Ao sinal deveria exercer tração dos membros
superiores, mantendo os cotovelos alinhados na altura do peito, para evitar que fossem
puxados para baixo.
4.4.3- Para determinação dos níveis de CD4 e Carga viral
Para o acompanhamento clínico referentes à carga viral e à imunidade,
notadamente às células CD4, foram utilizados os testes Polymerase Chain Reaction
(PCR - para a carga viral) e a citometria de fluxo com anticorpos monoclonais (para as
células CD4), realizados no Laboratório central (LACEM) da Secretaria de Saúde
4.4.4- Para avaliar a qualidade de vida
Foi aplicada a versão abreviada em português do questionário de Qualidade de
Vida específico para pessoa com HIV (WHOQOL-HIV BREF) da Organização Mundial
de Saúde – OMS. (Anexo 3). Baseia-se nos pressupostos de que a qualidade de vida
é pautada em aspectos subjetivos, multidimensionais e composta por dimensões
positivas (mobilidade) e negativas (dor).
O WHOQOL–HIV BREF é constituído de 31 questões, sendo duas questões gerais
sobre o tema de qualidade de vida e as demais 29 representando as 24 facetas que
compõe o instrumento original.
4.5- Intervenção
Levando em consideração o objetivo deste trabalho e mudanças
comportamentais relacionadas a exercícios físicos, foram contatados os portadores de
HIV/AIDS que participam do programa de tratamento clínico do Hospital Gizelda
Trigueiro, com o objetivo de informá-los sobre o programa de atividades físicas e
convidá-los a participar do mesmo.
Após esse primeiro contato, os mesmos foram esclarecidos sobre a necessidade
de preencher o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido caso tivessem interesse
em participar do estudo (Anexo 1). Em seguida foram submetidos a uma anamnese
(Anexo 2) e avaliação médica.
A intervenção foi realizada três dias/semana, com duração de uma hora,
contendo exercícios de aquecimento (caminhada de 20’ a 50% da frequência cardíaca
alongamento. O treinamento principal teve intensidade variando entre 65 e 80% de
uma repetição máxima (1RM), sendo iniciada com 3 séries de 15 repetições (4
semanas) e 3 série de 12 repetições (12 semanas), com 1’ de intervalo entre as séries.
As séries foram compostas por 7 exercícios, alternados por segmentos, envolvendo os
seguintes grupos musculares: peito, dorsal, quadríceps, bíceps braquial, tríceps
braquial, panturrilha e abdômen.
4.6- Análise Estatística
Os procedimentos estatísticos utilizados na análise dos dados visam caracterizar
a amostra e comparar a magnitude de mudança nas variáveis estudadas.
4.6.1- Estatística Descritiva
Inicialmente foi feito o teste de Shapiro-Wilk para análise da normalidade dos
dados, sendo encontrada uma distribuição paramétrica em todas as variáveis.
Face ao encontrado, a estatística descritiva visou caracterizar o universo
amostral pesquisado, utilizando as medidas de localização e de dispersão, com a
média (tendência central) e o desvio-padrão (s).
Para as variáveis de cunho discreto utilizou-se a análise de frequência através
do número absoluto e valores percentuais.
4.6.2- Estatística Inferencial
A segunda parte do tratamento estatístico correspondeu à análise inferencial do
síntese analítica do produto, constituindo a avaliação quantitativa da significância das
variações observadas nas dimensões experimentais analisadas, utilizando, para tanto,
o teste t de Student pareado.
Com o propósito de manter a cientificidade da pesquisa, o presente estudo
utilizou como nível de significância p < 0,05, isto é, 95% de probabilidade de que
estejam certas as afirmativas e/ou negativas denotadas durante as investigações,
admitindo-se, portanto, a probabilidade de 5% para resultados obtidos por acaso.
4.7- Comitê de Ética
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre
Lopes (CEP-HUOL) e aprovado em seus aspectos éticos e metodológicos, incluindo o Termo de
consentimento livre e esclarecido de acordo com as diretrizes da Resolução 196/96 e
complementares do Conselho Nacional de Saúde, registrado sob o número CAAE
5- ANEXAÇÃO DOS ARTIGOS 5.1- Artigo publicado
O artigo Morphology and biochemical markers of people living with HIV/AIDS
undergoing a resistence exercise program: clinical series foi publicado na revista The
Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, a qual possui um fator de impacto de
0,923 com um qualis B2 para medicina II. O referido artigo encontra-se na página
5.2 Artigo em fase de submissão
Exercício físico, saúde e qualidade de vida em pessoas vivendo com o HIV/AIDS Exercise program, health and quality of life in people living with HIV/AIDS
Luís Marcos de Medeiros Guerra1,2, luisguerra@uern.br
Hunnaway Albuquerque Galvão de Souza1, hunnawaygalvao@uern.br Themis Cristina Mesquita Soares1, themiscris@hotmail.com
Humberto Jefferson de Medeiros1, hjmbeto@bol.com.br Adalberto Veronese da Costa1, adalbertoveronese@uern.br Maria Irany Knackfuss1,2, kmariairany@yahoo.com.br
Autor responsável pela correspondência
Prof. Luís Marcos de Medeiros Guerra, 55(84)99848363
Rua Severiano Melo, 2327, Ap. 405 – Nova Betânia - CEP. 59.603-450 – Mossoró –
Rio Grande do Norte – Brasil
luisguerra@uern.br
1 – Professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Faculdade de Educação Física
Introdução
No Brasil, de acordo com o Boletim Epidemiológico Aids/DST do Ministério da
Saúde (ano base 2010), temos 608.230 casos acumulados, com uma epidemia estável
e concentrada em subgrupos populacionais em situação de vulnerabilidade, registrando
uma pequena queda na incidência de infectados - de 18,7 para 17,9 casos (por
1000.000 hab)1.
No Rio Grande do Norte, as infecções por HIV ainda apresentam estatística
crescente. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública, em seu boletim
epidemiológico 2011, no estado a epidemia é crescente desde o seu início com uma
tendência de crescimento para os próximos anos, com 3708 casos registrados até
dezembro de 2010, com taxa de incidência evoluindo de 9,1 no ano 2000 para 14,3
(por 100.000 hab) em 20102.
Os avanços nas terapias com antirretrovirais (TARV) tem aumentado a
expectativa de vida dos indivíduos, entretanto, levam a alterações antropométricas e
metabólicas, que associadas à morbidade e mortalidade da patologia podem levar à
diminuição da qualidade de vida3-5.
Os exercícios físicos aparentam ser benéficos para essa população, levando a
melhora na sensibilidade insulínica6, na qualidade de vida4, 5, 7, 8, podendo levar a melhorias na saúde desses indivíduos9, 10 sendo bons coadjuvantes na TARV11.
Apesar dos conhecidos benefícios da atividade física, encontra-se ainda certa
resistência à prática por esta população em especial, onde a baixa taxa de informação
pela população infectada sobre os efeitos, associada às dificuldades na realização dos
estudos devido a não adesão aos programas, leva a um ciclo que culmina com a baixa
Diversas revisões têm sido realizadas analisando os experimentos de diferentes
formas de exercício e seus efeitos nos diversos sistemas, na composição corporal e na
qualidade de vida, dentre outros para essa população10, 12-19. Entretanto, ainda não estão completamente esclarecidos os efeitos dos exercícios físicos nessa população,
bem como qual a melhor forma de prescrição. Porém, poucos estudos têm analisado
os aspectos psicológicos nas relações entre a prática de atividades físicas e a infecção
pelo HIV20.
Assim, o objetivo deste estudo é analisar os efeitos de um programa
supervisionado de exercícios na composição corporal, nível de força, níveis de CD4,
carga viral e qualidade de vida em pessoas vivendo com HIV/AIDS submetidos a um
programa de exercícios.
Materiais e Métodos
O presente estudo caracterizou-se como sendo do tipo quase-experimental,
buscando observar os efeitos de um programa de exercícios resistidos nos padrões
morfofuncionais, hematológicos e de qualidade de vida, tendo sido aprovado pelo
Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL) de acordo com as
diretrizes da Resolução 196/96 e complementares do Conselho Nacional de Saúde,
registrado sob o número CAAE 0014.0.294.000-06.
Participaram do estudo 15 indivíduos (11 homens e 04 mulheres), com faixa
etária de 35 a 51 anos (43,7 ± 5,7), participantes do Programa Pró-Saúde e Atividade
Física da Universidade Federal do rio Grande do Norte - UFRN.
Os indivíduos vivendo com o vírus HIV/AIDS com faixa etária entre 20 e 60 anos,
Saúde, na cidade de Natal/RN, foram convidados a participar voluntariamente do
estudo, dev 3, quadro de lipodistrofia e receber
atendimento clínico com uso de terapia antirretroviral, sendo excluídos os indivíduos
que apresentaram quadros que impediam ou limitavam a participação no programa de
exercício físico.
Para coleta da massa corporal e estatura, foi utilizada uma balança digital marca
Soehnle com precisão de 100 gramas e toesa com precisão de 0,1cm. Para a medida
da circunferência do quadril foi utilizada fita antropométrica inelástica de metal da
marca Starret. Para a estimativa do percentual de gordura optou-se pelo método de
dobras cutâneas utilizando o adipômetro da marca Lange
Industries, Cambridge, MD – USA e a equação de Jackson & Pollock de três dobras
(tricipital, supraíliaca e coxa). Para a força de preensão manual foi utilizado o
dinamômetro JAMAR e para a força escapular o dinamômetro Crow , ambos com
precisão de 1 kgf (quilograma/força). Para identificar os níveis de CD4 foi utilizado a
Técnica de Citometria de Fluxo – Facscalibur – Multitest e para a carga viral b - DNA
(Kit HIV 3.0 RNA), realizados pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde do Rio
Grande do Norte vinculado ao Programa Nacional DST/AIDS. As coletas foram
realizadas após pelo menos 48h após a pratica dos exercícios e foram orientados a
evitar cafeína e álcool nas 24h antes do exame.
Para a avaliação da qualidade de vida foi utilizado o WHOQOL-HIV BREF,
contendo perguntas gerais sobre o avaliado e 31 questões, permitindo a classificação
em seis domínios (físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio
ambiente e espiritualidade) além de permitir análise de qualidade de vida e saúde
Com relação à intervenção, foram contatados os portadores de HIV/AIDS que
participam do programa de tratamento clínico do Hospital Gizelda Trigueiro,
convidando-os a participar do programa de atividades físicas, com a consequente
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e sendo submetidos à
anamnese e avaliação médica.
Os exercícios foram realizados em três dias/semana, com duração de uma hora,
utilizando o ginásio e a sala de musculação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, sob supervisão direta de profissional habilitado. As sessões foram iniciadas com
aquecimento (caminhada de 20’ entre 50% a 60% da frequência cardíaca máxima –
FCmáx), treinamento principal com série de sete exercícios de musculação e exercícios finais de alongamento envolvendo os músculos das grandes articulações (tronco,
quadril, joelho, ombro e cotovelo). A musculação teve início com 3 séries de 15
repetições nas primeiras 4 semanas, e 3 séries de 12 repetições nas 12 semanas
seguintes, com 1’ de intervalo entre as séries, com intensidade variando entre 65 e
80% de uma repetição máxima (1RM), reajustadas a cada duas semanas. A série foi
composta por exercícios alternados por segmentos, envolvendo os grandes e
pequenos grupos musculares (peitoral, dorsal, quadríceps, bíceps, tríceps, panturrilha e
abdômen).
Como análise estatística, inicialmente foi feito o teste de normalidade de Shapiro
Wilk, observando-se a distribuição normal dos dados. A estatística descritiva foi utilizou
os valores médios e de desvio padrão. Para as variáveis de cunho discreto utilizou-se
a análise de frequência através de valores percentuais. Como comparação entre os
Resultados
A caracterização da amostra foi analisada em valores absolutos e percentuais
quanto às variáveis de gênero, idade, grau de instrução e estado civil (Tabela 1).
Também pode ser observado na referida tabela a percepção de saúde dos avaliados,
como se consideravam quanto à doença no momento e qual a forma com que acham
foram infectados.
Com relação aos parâmetros antropométricos, funcionais e hematológicos,
foram avaliados a massa corpórea, o índice de massa corpórea (IMC), a relação cintura
quadril (RCQ), o percentual de gordura (% de gordura), a força (escapular e manual), o
CD4 e a carga viral, encontradas diferenças significantes entre o pré e pós teste para o
percentual de gordura (p=0,031), a força escapular (p=0,007) e a força manual
(p=0,039), com aumento do CD4 (645,53 ± 63,38 x 692,87 ± 74,96, p=0,179) e a carga
viral mantendo-se dentro do limite mínimo (Tabela 2).
Com relação à qualidade de vida, todos os seis domínios avaliados obtiveram
aumento em seus valores médios, como o meio ambiente e a espiritualidade /
religiosidade / crenças pessoais, apresentando aumentos significativos, bem como a
percepção geral da qualidade de vida geral e da saúde (Tabela 3).
Discussão
Com relação ao gênero, a maioria dos participantes do estudo era do sexo
masculino, na proporção de 2,75 homens para cada mulher. O que se aproxima da
diminuição da diferença entre homens e mulheres infectadas no Brasil, que era de 1:26
Quanto à idade, 60% dos indivíduos encontravam-se entre a faixa etária de 40 a
49 anos, sendo a faixa etária com maior incidência no estado2. Os solteiros são os mais infectados e o contágio sexual foi a única forma suposta de contágio, o que
sugere a falta de condutas preventivas para essa forma de contágio.
Todos os entrevistados apontaram sua saúde como boa ou muito boa, o que
pode indicar uma satisfação com o estado geral de saúde, provavelmente proveniente
da adesão à TARV, com 80% dos entrevistados não se considerando doentes.
Aparentemente, esses dados podem ressaltar a percepção inicial de saúde dos
indivíduos que tem boa aderência às TARV, permitindo-os destacar boa percepção de
saúde.
Quanto ao grau de instrução, aparentemente não foi a falta de instrução que
favoreceu o contágio, tendo em vista que as categorias de analfabetos e que
concluíram o ensino fundamental apresentou igual proporção às categorias de ensino
superior e médio, respectivamente. Portanto, os programas de conscientização das
formas de contágio e prevenção devem contemplar todas as classes sociais e tentar
atingir todos os níveis de escolaridade.
Analisando a massa corpórea, essa teve ligeiro aumento, o que, associado à
diminuição do percentual de gordura sugere aumento da massa magra. Indivíduos
sedentários possuem maior prevalência de lipodistrofia21, e a adoção de um estilo de vida ativo podendo minimizar esse efeito colateral associado TARVs21. Diversos estudos apontam mudanças significativas nos parâmetros da composição corporal
após exercícios7, 10, 13, 16-20, 22-25.
A força muscular (escapular e manual) teve aumento significativo nos seus
A contagem de CD4 aumentou em média de 47,34 (cél/mm3), outros estudos com uso de exercícios, experimentais ou de revisão, também encontraram aumentos
na contagem dos CD4. Tal incremento não significativo foi encontrado na maioria dos
estudos8, 13, 20, 22, 25-27, aonde podemos destacar um aumento significativo com exercícios em 24 semanas7. Assim podemos observar que houve tendência ao aumento dos CD4 em nosso estudo e em outros realizados, sugerindo ser esse um
fator de segurança na realização dos exercícios. Com relação à carga viral, essa
manteve-se estável durante o programa, fato também encontrado em outros estudos.
Estudo de caso realizado com intervenção de 16 semanas também obteve carga viral
estável dentro dos valores mínimos24, sendo encontrada também estabilidade em exercícios realizados em 1222, 26 e 24 semanas7.
Com relação aos domínios da qualidade de vida, encontramos aumento nos
escores de todos os domínios, com aumento significativo para os domínios meio
ambiente, espiritualidade, qualidade de vida e saúde geral.
Para o domínio físico, que aparentemente seria o que sofreria mais impacto com
o programa de atividades, não houve mudança significativa. Aspectos como limitação
das atividades por dor, incômodos físicos relacionados ao HIV, energia para as tarefas
do dia-dia e qualidade do sono aparentemente não eram fatores impactados pelo HIV
na população estudada, tendo em vista estarem com CD4>350 cél/mm3 e em TARV. Além disso, questões de maior energia para as atividades diárias podem ser auxiliadas
por uma dieta adequada, fator não acompanhado nos estudos.
Encontramos valores do domínio relações sociais superior ao domínio físico,
nível de independência e meio ambiente. Apesar do aumento médio entre o pré e pós
teste (0,73), tal aumento não significativo sugere que as relações sociais, domínio
social não foram afetadas por programas de exercícios. No domínio das relações
sociais, as pessoas com HIV/AIDS têm menores escores que outros pacientes,
sugerindo estigmatização e descriminação para com esses pacientes28.
O domínio meio ambiente também teve aumento significativo. Considerando que
aspectos avaliados nesse domínio como finanças e transporte não são afetados pelo
estudo, aspectos como ambiente físico, disponibilidade de informação e acesso a
serviços de saúde são bastante valorizados pelo grupo estudado, podendo estar
associado ao melhor suporte psicológico e maiores interações com profissionais de
saúde25.
Apesar de não termos obtido diferença significativa no domínio psicológico, a
qualidade de vida e percepção geral de saúde apresentou maior aumento em valores
médios, o que sugere uma percepção de status de saúde e qualidade de vida
significante no grupo estudado.
Estudo realizado com seis meses de exercícios, tendo a qualidade de vida
também avaliada pelo WHOQOL, obteve diferença significativa em todos os domínios
estudados entre o grupo experimental e o controle, excetuando-se no domínio físico
(p=0,57)25. Comparando os valores médios de mudança dos domínios, do referido estudo em Ruanda com o nosso, obtivemos valores maiores no domínio físico (0,7 x
0,2), independência (1,1 x 0,6), relações sociais (0,7 x 0,6) e saúde e qualidade de vida
geral (1,8 x 0,5).
Outros estudos corroboram nossos achados, com melhorias em domínios da
Estudo de meta-análise aponta melhoria nos aspectos psicológicos de pacientes
submetidos a exercícios aeróbicos ou combinados com exercícios resistidos10.
No estudo realizado podemos apontar como fator limitante o “n” amostral, tal fato
dá-se pela dificuldade de formar grandes grupos amostrais para programas de
intervenção com essa população20.
Também apontamos como limitações do estudo o não controle do tipo de
medicação utilizada pelos pacientes, bem como o não acompanhamento das dietas
utilizadas pelos mesmos, de maneira que não podemos atribuir, com exatidão, ao
exercício físico as modificações antropométricas.
Conclusão
Os resultados sugerem que a utilização de um programa de exercícios resistidos
para essa população é um agente terapêutico coadjuvante no controle dos efeitos
colaterais advindos do uso da TARV, sendo seguros por manter a carga viral estável e
apontar melhoras nos números de CD4. Apresentam ainda a vantagem de ser de baixo
custo.
Os exercícios, como coadjuvantes das TARV, promoveram modificações na
composição corporal, aumento da força e dos níveis de CD4, além de promover
melhorias na qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Sugerimos novos estudos, com o aumento do tempo de intervenção e
participação de equipes multidisciplinares (psicólogos, nutricionistas, dentre outros) no
acompanhamento do programa de exercícios, o que poderá promover melhorias mais
Agradecimentos
Ao Hospital de referência Giselda Trigueiro, pelo acesso e apoio na realização
desse trabalho.
Resumo
Fundamento: A sobrevida das pessoas com AIDS tem aumentado com o uso das terapias com antiretrovirais (TARV), esses, entretanto, possuem efeitos colaterais que
levam a alterações na qualidade de vida (QV). Este estudo quase-experimental
objetivou avaliar parâmetros antropométricos, funcionais, hematológicos e de
qualidade de vida em pessoas com HIV/AIDS submetidas a um programa de
exercícios.
Material e métodos: Participaram 15 indivíduos (idade entre 35 e 51 anos) registrados
n 3,
lipodistrofia e em TARV. Foram avaliados IMC, RCQ, %G, força escapular e manual,
CD4, carga viral e QV, antes e após 4 meses de intervenção. Essa teve como base
exercícios resistidos, realizados três dias/semana, com duração de 1h, intensidade de
60 a 75% de 1RM.
Resultados: Observaram-se modificações significativas no %G (p=0,031), força escapular (p=0,007) e de preensão manual (p=0,039). Houve aumento no CD4 e a
carga viral manteve-se indetectável. Nos domínios da QV, observou-se mudança
significativa no do meio ambiente (p=0,021), espiritualidade, religiosidade e crenças
pessoais (p=0,032) e na percepção da qualidade de vida e saúde geral (p=0,005*).
Conclusões: Os resultados sugerem que os exercícios resistidos para essa população constituem agente terapêutico coadjuvante no controle dos efeitos colaterais advindos
da TARV, promovendo modificações na composição corporal, aumento da capacidade
funcional e dos níveis de CD4, mantendo estável a carga viral e melhorando a QV.
Sugerimos novos estudos com o maior tempo de intervenção e com equipes
multidisciplinares, o que poderá promover melhorias mais significativas na qualidade de
vida.
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28. Santos ECM, França Júnior I, Lopes F. Quality of life of people living with
Tabela 1. Caracterização geral dos avaliados pelo WHOQOL-HIV BREF
Variável Classificação n %
Gênero Masculino
Feminino 11 04 73,3 26,7 Idade 30-39 40-49 >=50 04 09 02 26,7 60,0 13,3
Grau de instrução
Analfabeto Fundamental Médio Superior 01 06 07 01 6,7 40,0 46,7 6,7 Estado Civil Solteiro Casado Separado Divorciado Viúvo 06 04 02 03 - 40,0 26,7 13,3 20,0 -
Saúde Boa
Muito boa
10
05
66,7
33,3
Considera-se doente Sim
Não
03
12
20
80
Forma de infecção
Tabela 2 - Valores médios do pré-teste, pós-teste e significância para as variáveis
antropométricas, funcionais e hematológicas avaliadas
Variável Pré-teste Pós-teste p
Massa corpórea (Kg) 67,19 ± 1,39 67,74 ± 1,27 0,448
IMC (Kg/m2) 24,53 ± 0,51 24,58 ± 0,45 0,841
RCQ 0,94 ± 0,02 0,91 ± 0,03 0,125
% de gordura 17,01 ± 2,66 15,12 ± 2,25 0,031*
Força Escapular (Kgf) 26,16 ± 2,73 29,00 ± 2,76 0,007*
Força Manual (Kgf) 35,45 ± 9,69 37,88 ± 10,84 0,039*
CD4 (céls/mm3) 645,53 ± 63,38 692,87 ± 74,96 0,179 Carga viral < Lim Mínimo < Lim Mínimo -
Tabela 3. Valores médios do pré-teste, pós-teste e significância para os domínios da
qualidade de vida e saúde geral avaliados pelo WHOQOL-HIV BREF.
Domínios Pré-teste Pós-teste p
Físico 14,73 ± 0,82 15,40 ± 0,62 0,199
Psicológico 15,84 ± 0,55 16,48 ± 0,39 0,243
Nível de Independência 14,87 ± 0,93 16,00 ± 0,64 0,112
Relações sociais 15,20 ± 0,95 15,93 ± 0,81 0,215
Meio Ambiente 12,90 ± 0,52 14,10 ± 0,22 0,021*
Espiritualidade 15,60 ± 0,88 17,07 ± 0,60 0,032*
Qualidade de vida e saúde geral 15,33 ± 0,46 17,20 ± 0,47 0,005*
6. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES
A caracterização da amostra foi analisada em valores absolutos e percentuais
quanto às variáveis de gênero, idade, grau de instrução e estado civil (Tabela 1).
Também pode ser observado na referida tabela a percepção de saúde dos avaliados,
como se consideravam quanto à doença no momento e qual a forma com que acham
foram infectados.
Tabela 1. Caracterização geral dos avaliados
Variável Classificação n %
Gênero Masculino
Feminino 11 04 73,3 26,7 Idade 30-39 40-49 >=50 04 09 02 26,7 60,0 13,3
Grau de instrução
Cont.
Variável Classificação n %
Saúde Boa
Muito boa
10
05
66,7
33,3
Considera-se doente Sim
Não
03
12
20
80
Forma de infecção
Sexo com homem
Sexo com mulher
Droga injetável Outros 13 02 - - 86,7 13,3 - -
Com relação ao gênero, a maioria dos participantes do estudo era do sexo
masculino, na proporção de 2,75 homens para cada mulher. O que se aproxima da
diminuição da diferença entre homens e mulheres infectadas no Brasil, que era de 1:26
em 1985 e 1:1,7 em 20101. Tal fato também é acompanhado pelo Rio Grande do Norte, com uma modificação de 1:6 na década de 80 para 1:1,9 em 20102.
Quanto à idade, 60% dos indivíduos encontravam-se entre a faixa etária de 40 a
49 anos, sendo a faixa etária com maior incidência no estado2. Os solteiros são os mais infectados e o contágio sexual foi a única forma suposta de contágio, o que
sugere a falta de condutas preventivas para essa forma de contágio.
Todos os entrevistados apontaram sua saúde como boa ou muito boa, o que
pode indicar uma satisfação com o estado geral de saúde, provavelmente proveniente
da adesão à TARV, com 80% dos entrevistados não se considerando doentes.
Aparentemente, esses dados podem ressaltar a percepção inicial de saúde dos
indivíduos que tem boa aderência às TARV, permitindo-os destacar boa percepção de
Quanto ao grau de instrução, aparentemente não foi a falta de instrução que
favoreceu o contágio, tendo em vista que as categorias de analfabetos e que
concluíram o ensino fundamental apresentou igual proporção às categorias de ensino
superior e médio, respectivamente. Portanto, os programas de conscientização das
formas de contágio e prevenção devem contemplar todas as classes sociais e tentar
atingir todos os níveis de escolaridade.
Com relação aos parâmetros antropométricos, funcionais e hematológicos,
foram avaliados a massa corpórea, o índice de massa corpórea (IMC), a relação cintura
quadril (RCQ), o percentual de gordura (% de gordura), a força (escapular e manual), o
CD4 e a carga viral, encontradas diferenças significantes entre o pré e pós teste para o
percentual de gordura (p=0,031), a força escapular (p=0,007) e a força manual
(p=0,039), com aumento do CD4 (645,53 ± 63,38 x 692,87 ± 74,96, p=0,179) e a carga
viral mantendo-se dentro do limite mínimo (Tabela 2).
Tabela 2 - Valores médios do pré-teste, pós-teste e significância para as variáveis
antropométricas, funcionais e hematológicas avaliadas
Variável Pré-teste Pós-teste p
Massa corpórea (Kg) 67,19 ± 1,39 67,74 ± 1,27 0,448
IMC (Kg/m2) 24,53 ± 0,51 24,58 ± 0,45 0,841
RCQ 0,94 ± 0,02 0,91 ± 0,03 0,125
% de gordura 17,01 ± 2,66 15,12 ± 2,25 0,031*
Força Escapular (Kgf) 26,16 ± 2,73 29,00 ± 2,76 0,007*
Força Manual (Kgf) 35,45 ± 9,69 37,88 ± 10,84 0,039*
CD4 (céls/mm3) 645,53 ± 63,38 692,87 ± 74,96 0,179 Carga viral (<50cópis/ml) < Lim Mínimo < Lim Mínimo -