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Autoria do estudante na cibercultura: um estudo bibliográfico / Student authorship in cyberculture: a bibliographic study

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Academic year: 2020

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Autoria do estudante na cibercultura: um estudo bibliográfico

Student authorship in cyberculture: a bibliographic study

DOI:10.34117/bjdv6n1-303

Recebimento dos originais: 30/11/2019 Aceitação para publicação: 27/01/2020

Ediléia Ferreira de Assis Pires

Universidade Estadual de Londrina-UEL edileiassis@gmail.com

Graziele Potoski

Universidade Estadual de Londrina-UEL gra_postoski@hotmail.com

Diene Eire de Mello

Universidade Estadual de Londrina-UEL diene.eire.mello@gmail.com

RESUMO

O conceito de autoria no contexto das relações propiciadas pela Cibercultura tem aparecido com certa frequência em textos acadêmicos. Desta forma, o presente estudo buscou investigar como as produções científicas têm tratado as seguintes categorias: autoria e aprendizagem no campo educacional, especificamente em processos mediados por tecnologias digitais no sentido de compreender os significados a eles atribuídos. Para tanto, realizou-se um mapeamento das produções científicas na base de dados do Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal-RCAAP até janeiro de 2020. Os descritores utilizados para coleta dos dados foram “tecnologias digitais” “autoria” e “aprendizagem”. Os resultados apontaram quatro publicações que abordam a temática. A análise das produções apontou que há escassez de estudos teóricos e empíricos no campo, a supremacia da produção brasileira com os descritores elencados e uma necessidade de maior investimento no campo de estudo.

Palavras-Chave: Tecnologias Digitais; Autoria; Coautoria; Aprendizagem. ABSTRACT

The concept of authorship in the context of the relations provided by Cyberculture has appeared with some frequency in academic texts. Thus, the present study sought to investigate how scientific productions have treated the following categories: authorship and learning in the educational field, specifically in processes mediated by digital technologies in order to understand the meanings attributed to them. To this end, a mapping of scientific productions was carried out in the database of the Open Access Scientific Repositories of Portugal-RCAAP until January 2020. The descriptors used for data collection were “digital technologies”, “authorship” and “learning”. The results showed four publications that address the theme. The analysis of the productions pointed out that there is a lack of theoretical and empirical studies in the field, the supremacy of Brazilian production with the listed descriptors and a need for greater investment in the field of study.

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1 INTRODUÇÃO

Se olharmos para a história da educação no Brasil, é possível perceber que as diversas pedagogias que tiveram menor ou maior influência oscilaram entre dar enfoque em um ou outro elemento do processo didático. Ou seja, ao papel do professor, ao papel do aluno, ao conteúdo ou ao método. Cada uma, com suas peculiaridades e fundamentos epistemológicos buscaram alinhar a educação as demandas de uma determinada sociedade. Nas palavras de Gasparin (2008), ao dizer que a escola é a expressão de seu tempo, uma resposta à sociedade e precisa ser analisada a partir de um movimento histórico.

Outros autores, como Saviani (1984), Mizukami (1986), Libâneo (1991), Behrens (2005), Becker (2008), produziram estudos buscando classificar as teorias e pedagogias. Importante ressaltar que independente da forma classificação, todos trataram do papel do aluno, como mais ou menos atuante, como foco ou não do trabalho pedagógico.

Tomando ainda as palavras de Gasparin (2008), acerca da escola como resposta à sociedade, diversos tem sido os trabalhos no cenário da cibercultura que tem se preocupado em tratar do papel do aluno como protagonista do ensino como uma necessidade do atual contexto histórico. O termo Autoria no processo de aprendizagem, tem ganhado espaço nos textos acadêmicos.

Levando em conta a necessidade de uma melhor compreensão do que estes termos significam o como tem se apresentado nos estudos, o presente trabalho busca compreender como as produções científicas têm tratado os temas autoria e aprendizagem mediadas pelo uso das tecnologias digitais. Portanto, o presente estudo foi instigado pela seguinte problemática: Como o conceito de autoria é abordado nas pesquisas que discutem os processos de ensino e aprendizagem em tempos de cibercultura?

Em busca de elucidar possíveis respostas e discussões sobre a temática, o texto foi organizado em quatro momentos: o primeiro, de caráter introdutório, buscou situar o tema da pesquisa, relevância e problemática da mesma. O segundo, buscou definir os termos a partir de alguns autores. O terceiro pretendeu demonstrar o percurso metodológico aplicado na seleção das produções científicas publicadas na base de dados do RCAAP - Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal. Pautado pela seleção das pesquisas, o terceiro momento consistiu na análise dos resultados pela ótica dos seguintes objetivos específicos: a) verificar o conceito de autoria apresentado nos estudos b) investigar o tipo de estudo (teóricos ou empíricos) e c) identificar em que medida o conceito de autoria se relaciona aos processos de ensino e aprendizagem. Por fim, o último momento da investigação reuniu as considerações permitidas pelo confronto dos dados obtidos.

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2 A AUTORIA A PARTIR DA CIBERCULTURA

Os avanços tecnológicos na sociedade contemporânea trazem consigo inúmeras possibilidades para a aprendizagem mediada pelos artefatos digitais. De acordo com Moran (2012), a digitalização potencializa a comunicação e veiculação de informações, permite que qualquer informação em qualquer meio e tempo, possa ser registrada, editada, combinada e manipulada. É pela mobilidade oferecida pelos artefatos digitais e a virtualização, que a rigidez espaço-temporal adquire novas potencialidades no campo educacional, do qual “[...] o presencial se virtualiza e a distância se presencializa [...]” (MORAN, 2012, p.89).

Para Moran (2012), o avanço das redes, a comunicação em tempo real e a abertura dos portais de pesquisa a qualquer usuário, têm-se constituído como importantes instrumentos para alterações na educação, especificamente ao que tange ao acesso e utilização dos conteúdos em suas diversas linguagens. Isso porque, alunos e professores podem criar, reelaborar, compartilhar informação diante das ferramentas digitais disponíveis na atualidade, como sites, blogs, fóruns, redes sociais, webquests, podcasts e produção de vídeos. No campo da comunicação e compartilhamento da informação, Silva (2014, p. 14) diz que as novas tecnologias permitem mudanças na relação dos usuários, na medida em que há um rompimento da linearidade e as mensagens ganham um redirecionamento tanto para o emissor quanto para o receptor.

É diante deste cenário que os papéis de professores e alunos podem ser reconfigurados. A exemplo disso, importante destacar a proposta da sala de aula invertida, ou interativa, como uma alternativa didático e pedagógica que vai na contramão de uma organização espaço-temporal de uma sala de aula convencional. Têm-se uma organização didática que visa corresponder com a situação de uma sala de aula baseada nas demandas de uma sociedade em desenvolvimento permeada por tecnologias e com facilidade de acesso a informações. Silva (2014) conceitua a sala de aula interativa como:

[...] O ambiente em que o professor interrompe a tradição do falar/ditar, deixando de identificar-se com o contador de histórias, e adota uma postura semelhante a do designer de software interativo. Ele constrói um conjunto de territórios a serem explorados pelos alunos e disponibiliza coautoria e múltiplas conexões, permitindo que o aluno também faça por si mesmo. Isso significa muito mais do que “ser um conselheiro, uma ponte entre a informação e o entendimento, [...] um estimulador de curiosidade e fonte de dicas para que o aluno viaje sozinho no conhecimento obtido nos livros e nas redes de computador” (SILVA, 2014, p. 29).

O excerto acima ressalta o protagonismo discente, de acordo com Ferretti (2004) isso ocorre quando o professor passa a ser um orientador no desenvolvimento do conhecimento e da

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aprendizagem do aluno. Para o mesmo autor, o termo “protagonismo” não é algo novo. Todavia, passou a ser mais utilizado no campo educacional a partir da década de 1990 com a implementação da Reforma do Ensino Médio trazida com as Diretrizes Nacionais Curriculares e de outros documentos do mesmo período, onde se defende que a instituição escolar, por meio da democratização, deveria propiciar um ambiente pedagógico atraente, desafiador, estabelecendo um elo de confiança entre a escola e a comunidade.

Com a disseminação das tecnologias digitais, principalmente entre crianças e jovens como, por exemplo, os dispositivos móveis como celulares e outros, o termo “protagonismo” foi alinhado a defesa da inserção das tecnologias digitais nos espaços educativos, uma vez que as ferramentas tecnológicas permitem a criação, cocriação e até mesmo a autoria dos alunos, pois a maioria das crianças já estão familiarizadas com esses artefatos em seus cotidianos.

Seguindo essa corrente de pensamento, o protagonismo do aluno pressupõe um caminho de produção, de criação ou de cocriação e no desenvolvimento da autoria durante o processo de aprendizagem. Assim, ao buscamos compreender o conceito de autoria, recorremos a Foucault (2002), onde em sua obra intitulada: “O que é um autor?” discorre sobre a autoria como um momento da individualização na história da história das ideias e dos conhecimentos. Em outras palavras, a autoria relaciona-se com a capacidade do sujeito que constrói algo na ação, despertando a participação e o engajamento dos alunos no seu percurso de desenvolvimento intelectual.

Assim, de acordo com Valente (2008) ao pensarmos no processo de autoria mediado por usos de tecnologias digitais em práticas didáticas é preciso conhecer e selecionar as ferramentas que permitam a elaboração de atividades entre (professores e alunos), ou (alunos e alunos), em que possam desenvolver os conteúdos utilizando som, vídeos, textos e imagens. De modo geral, estas ferramentas digitais de autoria proporcionam uma interface interativa e de fácil utilização, pois muitas das ações já estão pré-programadas e cabe ao aluno ou professor escolher e organizar os conteúdos multimídia e a forma em que serão apresentados.

Para tanto, o uso dos artefatos digitais trouxera novos desafios aos membros da escola, que vão desde o uso básico e técnico, como o uso pedagógico desses, uma vez que o uso dos artefatos não se restringem a exploração das ferramentas, nem tão pouco a instrumentalização para navegar na web, pois às tecnologias digitais para o uso pedagógico permitem diversas possibilidades, entre elas “[...] pensar, sentir e agir sozinhos e com outros”. (COLL, MONEREO, p. 76, 2010). Para esses autores, as tecnologias digitais funcionam como ampliadores da capacidade humana, auxiliando no acesso e armazenamento de grande número de informações que estão disponíveis na web, além disso, estas informações e conteúdos podem ser (re)apresentados, processados, transmitidos, compartilhados pelos usuários da rede virtual em diferentes tempos e espaços.

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Um dos elementos basilares destacados por Coll e Monereo (2010) é a capacidade das tecnologias digitais em mediar as relações entre os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem numa relação de interação e colaboração. Os autores definem a aprendizagem colaborativa como aquela que promove o uso pedagógico das tecnologias digitais em grupos ou em pares, que exige vários fatores ou condições para que se tenha efeito significativo e positivo na aprendizagem, assim como

[...] aumentar a frequência dos conflitos cognitivos, fomentar as explicações elaboradas, apoiar a criação, manutenção, e progresso da compreensão mútua, promover a tomada decisões conjuntas sobre as alternativas e ponto de vistas, promover a coordenação de papéis e controle mútuo do trabalho ou garantir a motivação necessária para que os alunos se envolvam em atuações realmente compartilhadas. (ONRUBIA, COLOMINA, ENGEL, p. 208, 2010).

Soma-se os ensinamentos de Torres e Irala (2005) ao defender que a aprendizagem colaborativa pode ativar por meio de estímulos o pensamento crítico, a interação, a negociação e a resolução de problemas, assim, o conhecimento é construído socialmente pela interação entre alunos e professores, reconhecendo e considerando as experiências vivenciadas pelos educandos em seu cotidiano. Ou seja, não só o aluno é protagonista na sua invidualidade, mas o cenário da aprendizagem deve possibilitar a troca e colaboração entre os pares, criando e co-criando em parceria.

A aprendizagem colaborativa, por suas características próprias, representa um desdobramento teórico e metodológico dessas pedagogias e teorias, propiciando uma forma de ensinar e aprender que supera o paradigma tradicional de ensino. Devido às inovações científicas e tecnológicas do mundo atual, ela apresenta-se como uma abordagem diferenciada para que os aprendizes possam ter condições de manusear a avalanche de informações às quais estão expostos, interpretando-as e transformando-as em conhecimentos socialmente relevantes (TORRES; IRALA, 2005).

Assim, destacamos que a aprendizagem colaborativa requer uma reconfiguração das metodologias e didáticas de ensino presentes nas escolas. Nesse sentido, as tecnologias digitais podem atuar como facilitadoras no processo de ensinar e aprender juntos, na interação, na criação e na cocriação a fim de despertar o protagonismo nas crianças no ambiente escolar

A partir desse exemplo, concordamos com Behrens (2013) ao pontuar que todo esse processo de integração dos artefatos digitais na prática pedagógica desafia os professores a buscarem novas metodologias. A autora salienta ainda que a preocupação não deve estar centrada na transmissão do conhecimento, mas no aprender colaborativo, de forma que o professor passa a ser o articulador e

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parceiro dos seus alunos, para que juntos construam o conhecimento. Logo, Behrens (2013) e Silva (2014) defendem a necessidade de o professor reorganizar a sua prática, buscando caminhos significativos para o ensino e aprendizagem a considerar o uso intencional dessas ferramentas.

Segundo Behrens (2013), a aprendizagem colaborativa corresponde a todo um processo que vivenciamos. Este processo é datado a partir da globalização e a chegada dos artefatos digitais, à medida em que houve uma mudança em relação ao tempo e o espaço: hoje aprender não está apenas relacionado com ambiente escolar, a internet trouxe a possibilidade do que é conceituado como ubiquidade (Lévy, 2010), que pressupõe aprender em qualquer tempo em qualquer lugar.

Todo este contexto, nos leva a discutir acerca das potencialidades dos artefatos digitais. Para Coll, Mauri e Orunbia (2010) é essencial compreender as potencialidades didático-pedagógicas das ferramentas digitais para os autores estes artefatos digitais apresentam-se como ferramentas de pensamento uma vez que podem permitir, aprender, conhecer, representar, transmitir todo conhecimento produzido e acumulado historicamente, mostrando-se relevantes para o desenvolvimento humano.

Assim, partimos do pressuposto de que imersos em uma realidade onde os artefatos digitais se tornam cada vez mais acessíveis a todos, torna-se urgente repensar, problematizar e desenvolver experiências que possibilitem acesso aos artefatos tecnológicos de maneira didática. Não se trata de abolir os antigos artefatos (quadro de giz, materiais físicos, etc), mas incorporá-los a uma organização didática que permita a professores e alunos que estes sejam ferramentas de pensamento, de autoria, cocriação, participação, compartilhamento, abolindo algumas práticas cotidianas que fazem “uso pelo uso”. Faz-se necessário, processos mediadores entre aluno-professor, aluno-artefatos, aluno-aluno, que permitam que os artefatos não sejam meros recursos visuais calcadas no individualismo, competição, repetição e aluno como um mero receptor passivo de informações.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo, de caráter bibliográfico foi realizado a partir de um levantamento e seleção das produções científicas disponíveis banco de dados do Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal-RCAAP até janeiro de 2020. Buscou por publicações que tratassem do processo de autoria e aprendizagem a partir do uso das tecnologias digitais, utilizou-se como descritores “tecnologias digitais”, “autoria” e “aprendizagem”, como critério somente artigos de investigação, em língua portuguesa e em educação.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na primeira busca, foram selecionados 8 artigos, após uma leitura mais detalhada apenas 4 artigos estabeleciam relação com os temas pesquisados, dos textos apenas um de caráter empírico. Na etapa seguinte realizou-se a leitura minuciosa de cada publicação. Nesse processo foi possível identificar aspectos mais objetivos acerca das produções, como: objetivos, a metodologia, os resultados e campo de experiência. A partir das informações obtidas, constatou-se 4 produções científicas que se aproximam dos conceitos de autoria, coautoria e processos colaborativos no âmbito das potencialidades didático-pedagógicas das tecnologias digitais. Segue a relação de textos selecionados para este estudo:

Quadro 01: artigos selecionados

Autor (es): Ano: Título: Link para acesso:

1-Marcia Izabel Fugisawa Souza;

Luciana Oliveira Silva; Izabel Cristina Araújo.

2010 Autoria na web 2.0 no contexto da educação e a

ética dos hackers

https://periodicos.sbu.unic amp.br/ojs/index.php/etd/a

rticle/view/1208

2-Rosemary Santos Santos,

Edméa Oliveira Santos.

2012 Cibercultura, Redes Educativas e Práticas Cotidianas http://periodicos.unisantos. br/index.php/pesquiseduca /article/view/226 3-Patrícia Scherer Bassani;

Emanuele Biolo Magnus; Berta Wilbert.

2017 A Curadoria Digital On-line e o processo de Formação do Professor do Professor - Autor experiências de Autoria Em/Na Rede https://periodicos.set.edu.b r/index.php/educacao/artic le/view/4437 4- Daniel de Queiroz Lopes;

Luis Henrique Sommer; Saraí Schmidt.

2014 Professor-propositor: a curadoria como estratégia

para a docência on-line

https://lume.ufrgs.br/handl e/10183/142559

Fonte: as autoras (2019)

A partir das produções científicas encontrada na base de dados do Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal-RCAAP, mencionado anteriormente foi possível inferir as seguintes análises:

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No texto 1 “ Autoria na web 2.0 no contexto da educação e a ética dos hackers” Souza et. al., 2011, traz Lemos (2010), Primo (2008) para analisar o termo autoria desde suas primeiras definições, que surge inicialmente como apropriação penal em seguida na modernidade como autoria relativa a lógica de mercado, e posteriormente ao autor da obra, do texto enfim. Enfatiza que é a partir do século XIX com a chegada dos meios de comunicação de massa e a internet 1.0, que o conceito de autoria passa a ser difundido. O texto aponta as transformações ocorridas da modernidade para a era pós-moderna, ou seja, da cibercultura, que diferente da modernidade em que o individualismo se sobre saia, na contemporaneidade com a chegada da internet 2.0, o coletivo, a colaboração e o compartilhamento estão presentes no cotidiano das pessoas.

O texto apresenta ainda que com a chegada da internet 2.0, as ferramentas digitais e os ambientes virtuais de aprendizagem, professores e alunos têm a oportunidade de autoria, seja individual, coletiva, colaborativa, aparecem como estratégias pedagógicas e contribuem para o ensino e a aprendizagem.

Souza et. al. (2011) cita Pretto (2010) para discutir a necessidade de mudanças na prática pedagógica do professor, utiliza o termo hacker em Pretto (2010), Demo (2009) para dizer que este termo está relacionado com a capacidade de compartilhar, de colaborar, com autonomia, liberdade e conhecimento, em que a figura do professor se faz fundamental enquanto descentralizador do conhecimento e estimulador de novas produções pelos estudantes.

O mesmo texto ainda sugere ferramentas de acesso público para o desenvolvimento de autoria em ambientes virtuais, assim como blogs, wiki, rede social, e-portfólio, e-books, mashups, vídeo, para os autores estas ferramentas têm a capacidade de potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento de autorias.

O texto aponta com base em Moran (2013) e Demo (2010) que a escola de hoje não está preparada para lidar com as mudanças advindas das transformações tecnológicas, fala em superação do modelo tradicional de ensino para integração das tecnologias digitais, em reconfiguração do papel do professor e do aluno. Faz uma crítica a alfabetização desenvolvidas nas escolas atualmente em que estão pautados no desenvolvimento do ato de ler e escrever, para a defesa do que chama de “novas alfabetizações” (Demo, 2010) a partir do uso de novas tecnologias.

No texto 2 Cibercultura: Redes Educativas e Práticas Cotidianas Santos e Santos (2012) traz autores como Lemos (2004), Santos (2012), Lévy (1999) e Castells (1999) para conceituar o termo cibercultura, relacionando o termo com a capacidade potencializadora de interação coletiva, como novos espaços de comunicação e autoria.

Santos e Santos (2012) trazem a discussão com base em Lemos, Lévy (2010) em que as tecnologias digitais carregam a possibilidade de novas relações com o tempo e com espaço, permitindo a seus

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usuários criar, cocriar, colaborar, produzir e compartilhar, por meio de seus smartphones, câmeras fotográficas, softwares livres, mensagens de texto, fotos, vídeos etc…

O texto defende a ideia dos ambientes virtuais como potencializadores da aprendizagem, principalmente quando se faz uso de telas interativas, mídias digitais e redes sociais, em que é possível aprender com o outro, aprender juntos, de forma colaborativa e compartilhada.

De acordo com Santos e Santos (2012) a educação passa pelo desafio de compreender que professores e alunos estão envoltos pelas tecnologias digitais. Segundo o texto professores compartilham textos, músicas, vídeos, livros, criam e recriam por meio da autoria e coautoria suas informações. As autoras ao analisar algumas falas de professoras em um determinado estudo apontam que não há como pensar a sociedade sem as tecnologias digitais, e o quanto essas têm trazido novas formas de pensar, refletir e criar para professores e alunos, com a necessidade de se pensar nas potencialidades comunicacionais e pedagógicas das mídias digitais e redes sociais, podendo proporcionar experiências significativas diante da cibercultura.

O Texto 3 -“A curadoria digital on-line o processo de formação do professor-autor: experiências de autoria em/na rede”, trata-se de um estudo empírico, em que Bassani, Wilbert e Magnus (2017) apontam a importância da formação de professores para o uso das ferramentas disponíveis na web, enfatiza principalmente a formação inicial, em que os estudantes possam vivenciar o processo de autoria e experiências com a rede, na perspectiva do PLE.

O texto traz o termo curador ou curadoria, apoiado em Amaral (2012), Lopes et. al. (1971), assinala que o termo está relacionado com as artes visuais, e relaciona com educação no sentido em que o papel do curador é o de escolher e dar visibilidade a um determinado conhecimento, selecionar e compartilhar informação, não a função de criar o novo, mas de ressignificar o que já existe, entendida como prática de socialização e mediação do saber.

A partir da experiência realizada com alunos matriculados na disciplina Novas Tecnologias aplicadas ao Ensino de Línguas da Universidade Feevale, no primeiro semestre do ano de 2017, realizou-se a proposta de curadoria online, com o de diferentes ferramentas em que os estudantes deveriam selecionar conteúdos, produzir, colaborar, compartilhar. Como resultado a pesquisa mostrou que há uma necessidade constante de formação de professores desde da formação inicial para o uso das ferramentas online, percebeu-se a dificuldade em trabalhar com a proposta de curadoria.

O trabalho contribuiu para seleção e organização dos conteúdos, em relação a autoria a partir de um conjunto de obras, textos, vídeos ou links selecionados os estudantes deveriam escolher um artefato para registrar suas reflexões, e na questão do compartilhamento verificou que os alunos não compreendem como parte da construção do conhecimento. Portanto o texto traz a importância dos

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estudantes dos cursos de licenciaturas e professores vivenciarem experiências de práticas pedagógicas em rede.

O Texto 4 “Professor-propositor: a curadoria como estratégia para a docência online” Lopes, Sommer & Schmidt (2014) apresentam uma discussão sobre o processo de curadoria como um conceito e uma estratégia de aprendizagem para docência online com objetivo de favorecer a práticas de ensino que contribuam para autoria e disseminação dos saberes.

Os autores conceituam curadoria como termo que vem das artes e que sofreu alterações ao longo da história, deixando de estar relacionado apenas o ato de cuidar, curar as obras das suas responsabilidades, para seleção das obras, dos autores, da criação, da constituição ou da historiografia das obras, ou seja, está relacionado a produzir sentidos sobre o que foi relacionado.

Assim os autores fazem uma relação com o surgimento da web em que as pessoas têm selecionado conteúdos para tornar públicos por meio das mídias sociais, pontua a curadoria como uma estratégia de aprendizagem diante das tecnologias para a socialização dos saberes.

O texto faz uma breve referência em relação a autoria, apoiado em Lemos (2007) dirige-se a autoria ligado a ideia de liberação de polo de emissão, aponta que diante da cibercultura o termo autoria ainda não tem seu significado definido. Afirma que o conceito de autoria individual vem perdendo espaço, para a produção coletiva e compartilhada.

Lopes, Sommer & Schmidt (2014) baseiam-se em Martins (2006) para apontar que a curadoria educativa é um resgate a autoria do professor, uma vez que o mesmo seleciona e prepara as aulas que pretende disponibilizar a seus alunos, na educação online a noção de aula é ampliada, e o professor precisa prever a socialização, a interação, a comunicação e a participação dos envolvidos.

Importante destacar que apesar da busca ter sido realizada em um portal português, com a finalidade de identificarmos estudos oriundos de outros países, os estudos localizados são todos de periódicos e autores brasileiros. Tal aspecto se faz relevante e carregam em si algumas questões que merecem ser discutidas, pois acredita-se as pesquisas sejam frutos de reflexões e de dados empíricos que são transformados pelo pesquisador em um certo tipo de comunicação (texto científico). Desta forma, levantamos as seguintes questões: a temática em torno de novas metodologias que possuem potencial para potencializar o aprendizado ativo, por meio prático autorais e colaborativas possuem relevância social e científica na pesquisa em educação? O fato de termos ainda uma pequena produção acadêmica no campo significa simetricamente que poucas são as experiências didáticas no campo? Sem a intenção de responder a tais questões neste texto, faz-se necessário o questionamento a fim de refletirmos acerca das produções acadêmicas.

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Destaca-se ainda no bojo das discussões de maneira expressiva na totalidade dos textos, o fato de que as tecnologias apesar de não serem condição para o desenvolvimento da autoria, coautoria e colaboração são essenciais e contribuem de maneira efetiva para a construção dos conceitos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente texto teve o objetivo de investigar como as produções científicas têm tratado as seguintes categorias: autoria e aprendizagem no processo de ensino, especificamente em processos mediados por tecnologias digitais no sentido de compreender os significados a eles atribuídos.Com base na análises dos textos é possível afirmar que as produções defendem os potenciais das tecnologias digitais, no processo educativo, apontam que a integração destas ferramentas digitais neste contexto depende da formação continuada do professor.

As produções de maneira geral, trataram dos ambientes virtuais de aprendizagem como espaços que favorecem e estimulam a autoria de alunos e de professores, ligado ao conceito de cibercultura, e da ubiquidade que possibilita novos tempos e espaços para aprender. Desta forma, o cenário de aprendizagem da escola básica ou mesmo ensino superior com espaços físicos definidos não foram abordados. Com base neste dado, pode-se inferir que há certa escassez de pesquisas que tratam do conceito de autoria mediada pelas tecnologias digitais em outros ambientes que não sejam o online. Entendemos que a autoria enquanto categoria a ser trabalhada objetivamente em todos os níveis de ensino ainda carece de estudos teóricos e empíricos. Ou seja, temos ainda uma lacuna no campo de conhecimento, pois vivemos em sociedade permeada por artefatos digitais que não são exclusivos dos modelos de ensino mediado pelas tecnologias digitais, mas fazem parte do cotidiano de milhares de estudantes.

Importante apontar que a categoria “autoria”, não se trata de um modismo de tendências, mas uma necessidade a partir de processos didáticos que possibilitem ao aluno não ser mero repetidor, mas criador, protagonista e participante ativo no processo de ensino e aprendizagem. Ainda no atual cenário em que as tecnologias nos impõem aprender a criar é uma necessidade premente da escola e da sociedade.

Necessário se faz apontar a limitação do presente estudo, em decorrência dos descritores aqui empregados. Entretanto, nosso foco se deu na integração destes a partir do cenário atual e da cultura digital, que evoca a necessidade de reconfigurarmos práticas educativas capazes de contribuir para o desenvolvimento da autoria dos estudantes.

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REFERÊNCIAS

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