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A Questão da
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAIntegração
dos Mercados de Capitais
no
'âmbito do Mercosul com referencial
na Experiência da União Européia
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI
Banca Examinadora
Prof. (orientador)
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---~--FUNDAÇÃO
GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
CRISTIANA PEREIRA
A QUESTÃO DA INTEGRAÇÃO DOS MERCADOS DE
CAPITAIS NO ÂMBITO DO MERCOSUL COM
REFERENCIAL
NA EXPERIÊNCIA
DA UNIÃO EUROPÉIA
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBADissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV jEAESP.
Área de Concentração: Economia de Empresas, como requisito para obtenção de titulo de mestre em Economia.
Orientador: Prof. Dr. Arthur Barrionuevo Filho
SÃO PAULO 1998
Fundação Getulio Vargas :
Escola de AdminislraçàoEDCBA
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PEREIRA, Cristiana. A Questão da Integração dos Mercados de Capitais no âmbito do !vlercosul com referencial na Experiência da União Européia. São Paulo: EAESP jFGV, 1998. 109 pp. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP jF G \ ,Área de Concentração Economia de Empresas).
Resumo: O objetivo desse trabalho é avaliar o estágio atual da integração financeira e dos mercados de capitais entre os países do Mercosul. Caracteriza-se brevemente o comportamento dos mercados de capitais na década de 90, destacando a influência dos tratados de integração econômica sobre sua estrutura. Detalha-se a experiência européia que está próxima de concluir a integração monetária entre seus países-membros e, onde a influência de um espaço financeiro integrado, principalmente, a partir da introdução da Diretiva de Serviços de Investimento, tem afetado a definição da estrutura do mercado de capitais. No caso do Mercosul, detalha-se as medidas adotadas e seu efetivo alcance, bem como, os limites e entraves ao aprofi.mdamento da integração econômica entre seus países-membros. .
Palavras-Chaves: Economia, Integração Econômica, Mercosul, União Européia, Mercados de Capitais, União Monetária, Diretiva de Serviços de Investimento, Bolsas de Valores.
Agradecimentos
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAEsse trabalho é o marco de mais uma etapa cumprida. Não sei quais e como serão
as próximas, mas essa parece que custou a terminar.
Agora que acabou, tenho alguns minutos (foi tudo o que restou!) para lembrar de todos aqueles que gostaria de agradecer, todos aqueles que contribuíram de alguma
maneira para a realização desse trabalho.
Em primeiro lugar agradeço à minha família. Aos meus pais, Neuza e Gomes e,
ao meu irmão, Humberto, que me apoiaram integralmente, não só nessa etapa de
minha vida, mas em todas as outras que já passei.
Devo agradecimentos ao CNPq que financiou o curso de mestrado.
Também agradeço ao meu orientador, Arthur, que teve paciência e soube esperar,
praticamente até o último instante, pela conclusão desse trabalho. Isso sem mencionar,
as idas e vindas pelas quais passei durante todos o período de elaboração dessa
dissertação.
Um agradecimento muito especial vai para o Sergio Luiz, que não só me cobrou,
durante quase dois anos, a elaboração desse trabalho, como também me ajudou na
definição do tema, discutiu insistentemente diversos dos aspectos abordados, e ainda
leu as versões preliminares, apresentando contribuições significativas.
Outro agradecimento muito especial é para a Gabrie1la, com a qual mantive uma
estratégia de mútuo convencimento, que nos levou à conclusão de nossas dissertações. Agradeço pela paciência em ler as diversas versões, corrigir todas as vírgulas e cobrar,
sem cansaço, o andamento dos trabalhos. Aqui também vai um agradecimento ao
Também na categoria de agradecimentos especta.1s, devo incluir o Sergio
Goldbaum, que apesar de não ter lido as versões preliminares e raramente se lembrar
do meu nome, me acompanhou durante toda essa trajetória, apoiando, incentivando e
emprestando o seu próprio exemplo. Ele disse que eu faria em menos tempo que ele, e
o fiz, mas não sem a mesma dor de cabeça.
Muito do que sei, hoje, sobre os mercados de capitais aprendi na Bolsa de Valores de São Paulo, principalmente com as chefes, Amarilis e Maria Helena e com a Maria
Cecília. Foi também através da Bolsa de Valores que consegui acesso a grande parte da
bibliografia utilizada neste trabalho.
Também gostaria de mencionar os demais colegas da BOVESPA que me
apoiaram e incentivaram ao longo da elaboração desta dissertação, em especial, a
Monique, mas também a Juliana, Adriana, Cida, José Carlos, Tatiana, Cris, Charles,
Alexandra, Eliana, Robinson, Rodrigão e Rodriguinho.
Não poderia deixar de mencionar também os colegas do Mestrado, que agora,
estão trilhando caminhos diferentes, mas que durante dois anos estiveram muito
próximos através dos grupos de estudos, das festas e churrascos: André, Ieda, Cássio,
Dado, Jorge, Alexandre, Marcelo e Lígia.
Também não posso deixar de mencionar o Robertão e a Lu que me emprestaram
o apartamento, esperando que eu tivesse concluído tudo dois anos atrás.
Finalmente, agradeço aqueles amigos de sempre, que mesmo
à
distância(literalmente) continuaram apoiando e torcendo para a conclusão desse episódio, o
Marcus, lá da Alemanha, a Martha, lá de Paris, o Claudinho, lá de Boston, a Ana, lá do Rio, o Manuelito, lá de Brasília, a Juliana, lá de Campinas e região e a Renata, lá de
Marilia.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ÍNDICE
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1
CAPÍTULO 1- OS TRATADOS DE INTEGRAÇÃO E OS MERCADOS DE CAPITAIS 3wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1.1.Característicasdos mercadosde capitaisnos anos 90 3
1.2.Os Tratadosde Integração 8
1.2.1. O Regionalismo Econômico 8
1.2.2. A Integração Financeira e de Serviços 13 CAPÍTUW 2 - A EVOLUÇÃO DA UNIÃO EUROPÉIA E A INTEGRAÇÃO DOS
MERCADOS DE CAPITAIS· 21
2.1.Históricoda IntegraçãoMonetáriae Financeirana UniãoEuropéia 21
2.1.1. Quadro Geral 21
2.1.2. Do Tratado de Roma ao Sistema Monetário Europeu 23
2.1.3. Do SME ao Euro 26
2.2.A Liberalizaçãodos ServiçosFinanceirose a Diretivade Serviçosde Investimento 30
2.2.1. A liberalização dos serviços financeiros 30 2.2.2. A Diretiva de Serviços de Investimento - ISD 32
2.3.A Estruturado Mercadode CapitaisEuropeu 36
2.3.1. Descrição quantitativa do mercado de capitais europeu 36 2.3.2 Discussão sobre a estrutura possível para o mercado de capitais europeu 42
CAPÍTULO 3 - MERCOSUL 52
3.1 -Característicasdo Acordoe BreveHistórico 52
3.1.1. Quadro Geral 52
3.1.2. Estrutura Institucional do MERCOSUL 59 3.1.3. Subgrupo de Trabalho n° 4 - SGT-4 64 3.2 -Principaismedidas que afetam os mercadosde capitais 75
3.2.1. Regulação Mínima para o Mercado de Capitais 75 3.2.2. Investimentos entre os países do MERCOSUL 79
3.2.3. Iniciativas do Setor Privado 85
3.J -Principaisentraves 90
CONCLUSÕES 97
Considerações Iniciais
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo
objetivo desse trabalho é analisar os resultados que têm sido alcançados até omomento, no âmbito do l\1ERCOSUL, em termos da integração dos serviços financeiros e, em especial, dos mercados de capital. dos quatro países membros do Tratado de Assunção.
Levantamos quais os entraves que se colocam diante da integração financeira dos
países do l\1ERCOSUL e quais são as etapas a serem cumpridas a caminho dessa integração, tratando, em especial, do caso brasileiro.
Parte dessa análise será baseada na evolução da experiência européia de integração
financeira. A União Européia é o tratado de integração que mais avançou no sentido de
propiciar uma integração efetiva entre seus países membros. Em especial, a integração
financeira da União Européia, como detalhamos, está aproximando-se de seu ponto
máximo, 1° de janeiro de 1999, data prevista para a implementação, da moeda comum
européia, o "Euro".
No primeiro capítulo apresentamos brevemente as principais características dos
mercados de capitais nos anos 90, o crescimento de sua importância no período recente
e a mudança de perfil dos investidores que atuam nesse mercado. Em especial,
discutimos a influência que começam a ter os tratados de integração sobre o
desenvolvimento desses mercados.
Apresentamos também nesse capítulo as motivações que conduzem à formação
de blocos econômicos, levando
à
regionalização da economia e, como os tratados de integração evoluem até estágios mais avançados, como a integração monetária, previstapara acontecer na União Européia.
Finalmente, destacamos uma pesquisa que demonstra a percepção das bolsas de
valores sobre a influência dos tratados de integração na estrutura e competitividade dos mercados de capitais domésticos.
No segundo capítulo descrevemos as principais características do Tratado que deu
origem à União Européia, destacando a evolução das discussões sobre a integração financeira e monetária. Também analisamos a principal medida em termos de
integração de serviços financeiros, awvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAIntestment Senices Dirce/à/e, que estabelece as regras
para o funcionamento de um mercado de capitais europeu integrado.
Discutimos ainda, a evolução da estrutura dos mercados de capitais europeus
desde meados da década de 80 e a intensificação das mudanças de diversos desses mercados a partir da implantação da Diretiva sobre serviços de investimentos e a
aproximação da data de implantação da moeda única européia o ''Euro''.
N o terceiro capítulo avaliamos o caso do MERcosuL. Quais são as principais características do Tratado de Assunção, que deu origem ao :MERCOSUL e a evolução do tratado durante o período de transição, que deveria terminar com o início do Mercado
Comum entre Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai.
Descrevemos a estrutura institucional estabelecida para coordenar os trabalhos e
discussões relativas ao processo de integração e, destacamos as atividades do Subgrupo
de Trabalho n04, foro específico para negociação dos aspectos relacionados
à
integração financeira e dos mercados de capital no âmbito do tratado. Detalhamos, então, as principais medidas adotadas com vistas
à
integração financeira da região e oalcance efetivo dessas medidas em promover essa integração.
Finalizamos o capítulo, apresentando os principais entraves que se colocam ao
aprofundamento da integração econômica e
à
própria integração financeira no âmbitodo MERCOSUL e quais são as perspectivas para os próximos anos.
Por fim, nas conclusões sintetizamos os principais resultados obtidos ao longo do
trabalho e procurando estabelecer uma comparação crítica entre os resultados obtidos
no âmbito do MERCOSUL com aqueles obtidos pela União Européia identificando os limites para se avançar em direção da efetiva integração financeira entre Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai.
Capítulo 1 - Os Tratados de Integração
e os Mercados
de
Capitais
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAN esse primeiro capítulo descrevemos algumas das principais características dos
mercados de capitais nos anos 90 e, em especial, destacamos que os Tratados de
Integração começam a ter papel determinante sobre a estrutura desses mercados em
algumas regiões.EDCBA
1 . 1 . C a r a c t e r í s t i c a s d o s m e r c a d o s d e c a p i t a i s n o s a n o s 9 0
Durante a década de 90 os mercados de capitais têm passado por grandes transformações. Verificou-se uma significatiya mudança no perfil dos flu....sos de capital
internacionais, com o crescimento do volume dos investimento emwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAportfolio em
detrimento dos empréstimos, conforme TABELA L
Para os chamados Mercados Emergentes', essa mudança tem tido particular
importância. O movimento de liberalização e aperfeiçoamento da legislação que trata de
investimentos estrangeiros emporifolio permitiu um importante elevação da participação
dos investidores estrangeiros nesses mercados. Por exemplo, no Brasil, a primeira
regulamentação sobre investimentos estrangeiros em porifolio foi editada no final dos
anos
8ü2.
IA IntemationalFinana Corporation- IFC define Mercados Emergentes a partir do critério de economia emergente utilizado pelo Banco Mundial para concessão de financiamentos. O critério refere-se às faixas de PIB per capita que classificam os países pela renda: baixa, média e alta. Dessa forma, são considerados Mercados Emergentes, os mercados de capitais que encontram-se em países que apresentam o PIB per capita nas faixas de renda baixa e média - em 1995 a faixa de renda alta começava a partir de US$ 9.386. A IFC estuda a inclusão de critérios adicionais para classificação de Mercados Emergentes, que não estejam relacionados apenas ao grau de desenvolvimento do país, mas também do próprio mercado, permitindo incluir na categoria países que estão na faixa de renda alta, mas que não apresentem mercados de capitais desenvolvidos. (IFC, 1997;2)
2Foi a Resolução do Conselho Monetário Nacional- CMN n" 1.289 de 1987, que estabeleceu os instrumentos -../
de acesso do investimento estrangeiro no mercado de capitais brasileiro, conhecidos por Anexos I, II e III. ..•.•, Posterionnente, em 1991 foi introduzido o Anexo IV à essa Resolução, que hoje é um dos principais
instrumentos de entrada de investimentos de portfOlio no país.
Na TABELA I apresentamos a composição dos fluxos de investimentos
destinados aos Mercados Emergentes desde 1984 até 1996. Podemos observar em
primeiro lugar, um elevado crescimento do volume de recursos destinados a esses
mercados, que no início do período em 84 somavam US$ 69 bilhões, ultrapassaram
US$ 280 bilhões em 1996, representando um crescimento anual de 12,5%.
Também podemos observar a mudança na composição desses recursos,
enquanto em 1984, quase metade dos recursos eram provenientes de linhas de
financiamento oficiais, no final desse período, em 1996, apenas 14% dos recursos
tinham origem em fontes oficiais.
Entre os fluxos privados, que em 1996 representaram mais de 85% dos recursos
destinados aos Mercados Emergentes, também nota-se uma mudança na participação
relativa dos diferentes tipos de investimentos. Em 1984, os investimentos emwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAportfolio
eram praticamente insignificantes, representando menos de 1%ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAdo total de recursos, em 1996 eles já somavam US$ 45,7 bilhões ou, mais de 15% dos fluxos de financiamentos
para os Mercados Emergentes.
U IzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
TABELA I
Fluxos Agregados Líquidos de Recursos de Longo Prazo para os Mercados Emergentes
1984 - 1996
Volume de Recursos
US$ bilhões
Tipo de Financiamento 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Financiamentos Oficiais 33.4 37.8 42.9 43.4 42.4 42.6 56.3 65.6 55.4 55.0 45.7 53.0 40.8
Dívida Privada 26.0 21.8 10.9 9.8 12.7 12.8 16.6 16.2 35.9 44.9 44.9 56.7 88.6
Investimentos emwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAPortfolio 0.2 0.1 0.6 0.8 1.1 3.5 3.2 7.2 11.0 45.0 32.7 32.1 45.7
Investimentos Diretos 9.4 11.3 10.3 14.6 21.2 25,7 24.2 33.5 43.6 67.2 83.7 95.5 109.5
Recursos Privados 35.6 33.2 21.8 25.2 35.0 42.0 44.0 56.9 90.5 157.1 161.3 184.3 243.8
Total de Recursos 69.0 71.0 64.7 68.6 77.4 84.6 100.3 122.5 145.9 212.1 207.0 237.3 284.6
Participação Relativa
%
Tipo de Financiamento 1 9 8 4 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Financiamentos Oficiais 48.4 53.2 66.3 63.3 54.8 50.4 56.1 53.6 38.0 25.9 22.1 22.3 14.3
Dívida Privada 37.7 30.7 16.8 14.3 16.4 15.1 16.6 13.2 24.6 21.2 21.7 23.9 31.1
Investimentos em Portjolio 0.3 0.1 0.9 1.2 1.4 4.1 3.2 5.9 7.5 21.2 15.8 13.5 16.1
Investimentos Diretos 13.6 15.9 15.9 21.3 27.4 30.4 24.1 27.3 29.9 31.7 40.4 40.2 38.5
Recursos Privados 51.6 46.8 33.7 36.7 45.2 49.6 43.9 46.4 62.0 74.1 77.9 77.7 85.7
Cabe destacar ainda que, em 1993 os investimentos emwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAportfolio, chegaram a ter a
mesma participação relativa dos instrumentos de dívida pública, e o volume semelhante
ao de 1996, US$ 45 bilhões. Nesse ano observou-se um boom de investimentos nos
mercados de capitais emergentes, interrompido pela turbulência internacional causada
pela crise mexicana, no final de 1994.(IFC,1997;8)
o
crescimento dos investimentos em porifolio foi acompanhado por diversasmudanças qualitativas no mercado de capitais internacional. FERREIRA e FREITAS
(1995) analisando as principais tendências dos mercados internacionais de capitais,
apontam quatro fenômenos principais: a securitização, ou utilização de títulos de
emissão privada como forma predominante de financiamento, o aumento da
participação dos investidores institucionais e a conseqüente institucionalização da
poupança, o aumento da oferta de produtos derivativos e a importância crescente da
disseminação de informação e das agências de rating, que padronizam e classificam as
informações existentes.
Os autores apontam que o endividamento excessivo dos anos 70 associado
à
elevação das taxas de juros norte-americanas no final dessa década, foram os principaisdeterminantes do que chamam de " ...transição para um padrão de predomínio do
mercado de capitais em detrimento do mercado de crédito... " (FERREIRA e FREITAS, 1995;
11). Assim, é crescente a utilização de títulos negociáveis, tanto de renda fixa, bônus,
como de renda variável, ações e certificados de depósito de ações, como forma de
financiamento principal nos anos 80 e 90, em contraposição ao endividamento
bancário, que prevaleceu na década de 70.
Em contrapartida a esse aumento na oferta de títulos, verificou-se, pelo lado da
demanda, uma crescente institucionalização da poupança. Ou seja, é cada vez maior a
parcela das poupanças domésticas que é administrada pelos chamados investidores
institucionais, entre eles, fundos de pensão, fundos mútuos de investimento eZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
seguradoras. Os autores destacam a importância dessa categoria de investidores pelo
volume de recursos que administram- e pelo tipo de investimento que realizam, pelo
fato de possuírem passivos de longo prazo, contribuem em grande medida ao processo
de acumulação de capital.
Os autores destacam também que, como parte da estratégia de diversificação
desses investidores, principalmente os americanos, grandes fluxos de recursos" têm sido
destinados ao exterior, à Europa e também aos mercados emergentes, contribuindo
para dinamizar esses mercados.
Além do crescimento da importância dos mercados de capitais como forma de
financiamento e da mudança de perfil do principal investidor desse mercado,
acrescentamos mais um fator determinante sobre a estrutura dos mercados de capitais,
os tratados de integração.
A influência dos tratados de integração tem sido mais intensa em algumas regiões
que em outras, notadamente na Europa essa influência é mais visível, as Diretrizes
sobre Serviços Bancários, Serviços de Investimento e outras regulamentações
comunitárias e, principalmente, a introdução de uma moeda única estão moldando o
mercado de capitais europeu nos anosZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA9 0 .
Na próxima seção discutimos as motivações dos Tratados de Integração e a
percepção das bolsas de valores sobre o seu impacto na estrutura dos mercados de
capitars.
3 As estatísticas levantadas pelos autores indicam que em 1991 os ativos sob controle dos cem maiores
administradores de fundos nos EUA e dos cem maiores na Europa, chegavam a US$ 8,1 trilhões (FERREIRA e FREITAS, 1995;15).
4 Segundo os autores, em 1993, o total de ativos dos investidores institucionais americanos junto a
não-residentes somava US$ 260 bilhões e algumas estimativas indicavam, naquela época, que esse valor poderia atingir US$ 700 bilhões em 1998. (FERREIRA e FREITAS, 1995;15)
1.2. Os Tratados de Integração
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA regionalização da economia com a formação de blocos econômicos não e
recente, nem tampouco, a discussão sobre uma união monetária e integração de
serviços financeiros. Como veremos no próximo capítulo, na Europa, o Tratado de
Roma, que ratificou a criação da Comunidade Econômica Européia, foi assinado em
1957 e as discussões sobre o aprofundamento da integração para as áreas monetária e
financeira têm início ainda na década de 60.
Contudo, o aprofundamento do regionalismo econômico e aumento da
importância dos blocos econômicos na economia mundial, é um fenômeno recente.
Ainda, a inclusão dos serviços, em especial os financeiros, no âmbito dos Tratados de
Integração Econômica, também é recente.
Assim nessa seção, buscamos identificar os determinantes da integração
econômica e as especificidades do processo de integração dos serviços financeiros neste
processo.
1.2.1.O Regionalismo Econômico
Segundo BOUZAS (1996), o regionalismo tem sido um tema de interesse na
década de 90, por três motivos, pela proliferação de acordos preferenciais de comércio,
pela revalorização dos mesmos como política comercial pelos EUA. E, mais
importante, pelo crescimento dos fluxos de comércio e de investimento mais intenso
no âmbito regional o que, tem influenciado as estratégias de organização da produção
que vêm se orientando crescentemente para uma divisão regional da produção.
Para esse autor o fenômeno da regionalização pode ser analisado tanto como uma conseqüência natural da expansão da atividade econômica além das fronteiras nacionais,
ou como uma resposta defensiva de um grupo de nações
à
crescente perda deautonomia nas decisões de política econômica.
A expansão das atividades econômicas para além das fronteiras nacionais e
facilitada por dois motivos. O primeiro deles, é o progresso técnico que leva à redução
dos custos de movimentação de bens, serviços, pessoas, capital e informação,
permitindo que as atividades econômicas não fiquem restritas ao espaço doméstico. O
segundo, a liberalização e abertura das economias domésticas, com eliminação das
restrições legaisZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà movimentação de bens, serviços, pessoas e capital
A conseqüência do crescimento da atividade econômica internacional é a perda de
autonomia das autoridades locais para a condução das políticas fiscal e monetária, uma
vez que as economias se tomam cada vez mais interdependentes. De tal forma que,
quanto menor a inserção de um determinado país na economia mundial, mais graus de
liberdade terão oswvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBApoliry-makers desse país para a condução das economias domésticas.
Da mesma forma, o autor entende que a regionalização tem avançado em
conseqüência de dois tipos de dinâmica. A primeira é a dinâmica do mercado, que pode
ser explicada pelos novos padrões tecnológicos da produção flexível que colocam a geografia e a proximidade fisica como fatores importantes; nesse novo padrão
privilegia-se mais a proximidade entre produtores/fornecedores/clientes do que os
diferenciais de salário.
A segunda dinâmica é a política, explicada pelo fato dos governos de alguns países
buscarem no regionalismo uma forma de defesa que fortaleça as políticas nacionais
frente a crescente perda de autonomia.
O autor aponta então um paralelismo entre os dois fenômenos que coloca a
dúvida sobre qual é a relação entre eles, complementaridade .ou conflito. Se
entendermos que os dois fenômenos atendem lógicas de mercado, não existe conflito;
mas como ambos podem ser impulsionados por decisões políticas, existe entre eles um
conflito latente.
GRETSCHMAN (1994) por sua vez, entende a integração econômica como um instrumento para atingir o aumento do bem-estar da economia. Como tal, apresenta
duas dimensões que são destacadas pelo autor. aquela denominada "autônoma" ou
determinada pelas forças do mercado e aquela de decisão politica deliberada.
Segundo o autor, a intensificação da atividade econômica além das fronteiras
nacionais conduz a uma situação de perda de autonomia que retira das autoridades
nacionais margem de manobra para formular politicas econômicas domésticas. Assim,
mesmo sem uma decisão deliberada, as economias entram em um processo de
integração dito autônomo.
Por outro lado, o autor destaca que as autoridades nacionais podem tomar a
decisão de harmonizar suas politicas domésticas e engajar-se num processo de
integração para a busca de aumento do bem-estar de suas respectivas economias. Uma
forma de comprovar esse argumento é através da Teoria dos Jogos. A partir do
conhecido "dilema do prisioneiro", pode-se demonstrar que em qualquer situação em
que existam múltiplos jogadores, decisões não cooperativas podem levar a resultados
não ótimos, além do aumento da incerteza dos agentes em relação ao comportamento e
reação dos demais agentes.
Contudo, vale ressaltar que as autoridades políticas só decidirão em favor da
integração se, e somente se, os beneficios esperados pela cessão da autonomia politica
compensarem os custos gerados por esta perda de autonomia e os custos de transição e
de adaptação ao novo regime politico integrado.
o
autor destaca ainda que a expansão da atividade econômica internacional não éum fenômeno puramente influenciado pelo mercado, mas que também pode ser impulsionado pelas políticas de liberalização. Muitas vezes, a remoção de barreiras ou a
harmonização de legislações locais são respostas às pressões do mercado. Mas, em várias ocasiões, são as decisões políticas que promovem e aceleram a adoção dessas
medidas. ·1
•
o
aumento da mobilidade de capitais, com maior integração dos mercadosfinanceiros e a tendência
à
convergência das políticas monetárias podem ser entendidoscomo reflexos mais evidentes desse processo nos sistemas financeiros. A
regionalização, por sua vez, propiciou uma intensificação dos fluxos comerciais e de investimentos, assim como a assinatura de acordos preferenciais de comércio.
:MELLO (1996) afirma que a formação de blocos econômicos tem sido um dos
aspectos mais importantes da evolução da economia internacional nos últimos tempos.
Verifica-se por um lado, a intensificação da formação de blocos comerciais regionais e
bilaterais e movimentos com diferentes graus de integração econômica. Por outro lado,
difunde-se a desregulamentação e liberalização em nivel das economias nacionais.
A autora, discutindo o caso do .MERCOSUL, aponta que a formação de blocos econômicos aumenta o poder de negociação internacional dos países-membros nos
acordos mais amplos de liberalização de comércio e de serviços. Além disso, pode ser
vista como uma resposta defensiva, para garantir melhor inserção internacional, na
medida em que o comércio e os investimentos intra-blocos tendem a crescer e os países
que não estiverem organizados em blocos estarão fora desses fluxos.
Estatísticas apresentadas pela autora indicam que, em 1993, a União Européia foi
o principal bloco exportador, respondendo por 35,3% das exportações mundiais, e
também o principal bloco importador, atingindo 34,5% das importações mundiais.
Mais importante, a autora destaca que as exportações intra-regionais foram
responsáveis por 55,9% do total das exportações da União Européia, e as importações
provenientes de países do próprio bloco responderam por 35,7% do total. (MELLO,
1996; 76 e 98).
Portanto, a integração regional busca uma melhoria da eficiência das economias
envolvidas com uma melhor inserção internacional das mesmas.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ fruto da decisão política das autoridades nacionais que escolhem a integração como resposta à crescente
dependência de suas economias aos fluxos internacionais de mercadorias e capitais e
à
perda de autonomia que essa dependência acarreta.
A intensidade da integração econômica vai depender do quanto às autoridades
nacionais estão dispostas a ceder de sua autonomia na condução das políticas
domésticas. Segundo FARlA (1993), a literatura sobre integração econômica classifica
três modelos de integração: zona de livre comércio - quando se estabelece entre os
países membros livre de circulação de mercadorias na região do acordo; união aduaneira
- quando além da livre circulação de mercadorias entre os países, estes aplicam uma
mesma tarifa externa e política comercial para países de fora do acordo; e mercado
comum - quando há liberdade de circulação também de fatores produtivos.wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Além desses, pode-se também incluir na classificação, a zona de preferências, uma
fase anterior à zona de livre comércio e a união monetária e a integração total como
fases posteriores e conclusivas do processo de integração econômica.
Passamos a analisar em seguida, a integração financeira e de serviços, com livre
mobilidade dos fluxos de capitais, que de acordo com a classificação apresentada acima,
faz parte do estágio mais avançado de integração econômica.
1.2.2.
rqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA Integração Financeira e deServiços
A hberalização dos serviços e, em especial, dos serviços financeiros, vem
acontecendo de maneira gradual e pode ser considerada como um fenômeno recente.
Podemos apontar duas razões para esse comportamento: a crescente importância do
setor serviços nas economias dos países industrializados no período recente e a
complexidade da liberalização desse setor em relação àquela do comércio de
mercadorias.
Segundo HOEKJ\1AN e SAUVÉ (1994) a decisão de incluir o setor serviços na
pauta de negociações deriva da crescente importância desse setor no âmbito dos
acordos regionais entre os países da OECD e também pela sua crescente importância
em termos de produção, emprego e investimentos nas principais economias
industrializadas. Os autores indicam nos últimos anos, o setor serviços representou
entre 60 e 75% do PIB e do emprego nos países da OECD (HOEKlvlAN e
SAUVE,1994;284).
Como resultado da crescente importância desse setor a regulamentação sobre a
prestação ou comércio de serviços foi incluída, na pauta das negociações internacionais
sobre comércio da Organização Mundial do Comércio - OMC, em 1993, com o
estabelecimento do GATS -wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAGenerafAgreement on Trade in Sernces.
Esses autores apontam que os produtos oferecidos por esse setor, bem como a
forma como esses produtos são oferecidos aos seus usuários finais, conferem um certo
grau de complexidade na regulamentação sobre a prestação de serviços além das
fronteiras nacionais.
O GATS define, basicamente, três modalidades de prestação de serviços
(HOEKMAN e SAUVÉ,1994;284 e 285):
1) o fornecedor distribui seu serviço por intermédio de algum meio de
comunicação a consumidores localizados em outros países;
2) o consumidor se desloca ao país onde está o fornecedor de serviços;
3) o fornecedor dos serviços se desloca para o país do consumidor, por instalação
definitiva ou deslocamento temporário.
Dessa forma, podem existir dois principais obstáculos
à
prestação de serviços emnível internacional, que elevam a distância econômica entre consumidores e
fornecedores, os custos de comunicação e transporte e as regulamentações restritivas
ou discriminatórias com relação
à
prestação de serviços por fornecedores estrangeiros.Quando analisamos os serviços financeiros especificamente, algumas dificuldades
adicionais podem ser identificadas. Segundo LOYOLA (1996) a liberalização dos
mercados financeiros, passa necessariamente pela regulamentação desses mercados
financeiros. Teoricamente, se explica a necessidade de regulamentação para: evitar
riscos sistêmicos; proteger o consumidor; evitar riscos dewvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAmoral hazard, atingir objetivos
considerados socialmente desejáveis, por exemplo, alocar crédito para setores
específicos da economia, prevenir concentração indevida de poder política ou inibir
atividades ilícitas, entre elas a lavagem de dinheiro.
Por outro lado, esse mesmo autor aponta que qualquer das justificativas que se
utiliza para explicar a regulamentação, podem ser também utilizadas para proteger o
mercado financeiro da competição externa. Daí a importância da harmonização dos
regulamentos nacionais.
Segundo MACHADO (1996;228), " ... o processo de integração financeira pode
ser caracterizado pela liberdade de captação de recursos nos países a serem integrados,
sem quaisquer constrangimentos ou barreiras". Mas podemos acrescentar a essa
definição à liberdade de prestar serviços financeiros sem constrangimentos ou barreiras,
seja através de instalação do fornecedor desses serviços no país que deseja atender, seja
através do desenvolvimento de redes de comunicação que garantam o acesso do
fornecedor ao mercado a ser atendido.
GIOV ANNINI e 11AYER (1992) ao analisarem o caso da União Européia,
destacam que o processo de integração financeira pode ser visto como uma extensão natural da integração econômica estabelecida pelos tratados de integração. Ainda,
apesar das especificidades do setor financeiro este pode se beneficiar, como qualquer
outro das vantagens da eliminação das barreiras de entrada e, nesse sentido, a
integração financeira pode ser vista como uma condição necessária para melhorar a
eficiência dos mercados financeiros.
ARZBACH (1996) ao discutir a integração dos serviços bancários na União
Européia, aponta que os serviços financeiros apresentam muitas especificidades e por
isso a formação de um Mercado Bancário Único entre os países da região demorou
tanto tempo, em relação ao estabelecimento de livre circulação de mercadorias.
Segundo o autor o " ...fato de que o mercado comum no setor serviços se concretizou
em uma etapa relativamente avançada do processo de integração européia põe de
manifesto as exigências que planteia a integração nesse setor altamente sensível e
importante para a economia."(ARZBACH, 1996;18).
Assim, podemos concluir que os determinantes da integração financeira são
basicamente os mesmos que destacamos como determinantes da integração econômica,
a saber, a intensificação dos fluxos de comércio e de investimentos em capital, além da
crescente interdependência internacional das economias.
Contudo, esse processo apresenta algumas especificidades em relação ao processo
de integração comercial, que geralmente constitui-se na primeira fase da integração
econômica. Essas especificidades derivam-se tanto da natureza do setor serviços, do qual os serviços financeiros são parte integrante, quanto da natureza do próprio setor
financeiro, normalmente muito mais regulado que os demais setores da economia.
A preocupação com a integração econômica e seus impactos sobre os mercados
financeiros já ocupa a agenda de discussões das bolsas de valores, não só do
MERCOSUL,mas de diversas regiões afetadas por tratados de integração.
Um estudo preparado pela Bolsa de Valores de São Paulo para a Federação
Ibero-americana de Bolsas de Valores - FlABV5 em setembro de 1996, relata as diversas
experiências de integração econômica sob a perspectiva das bolsas de valores. Em
outras palavras, esse estudo procurava identificar, entre outras coisas, em que medida os
Acordos de Integração assinados em nível dos países estavam afetando o mercado de
capitais e as bolsas de valores desses países. Essa pesquisa envolveu todas as bolsas de
valores membros dessa Federação, 25 no total. A todas elas foi enviado um
questionário dividido em três partes. (BOVESP A, 1996).
A primeira parte cobria o tema Tratados de Integração, levantando perguntas
sobre a participação do país em algum acordo de integração, qual era esse acordo, qual
era a sua abrangência e em que medida afetava o mercado de capitais.
A segunda parte tratava de iniciativas de convênios bilaterais entre as bolsas de
valores, tentando averiguar quanto convênios existiam, com que objetivo esses
convênios eram firmados e quais eram seus resultados.
A última parte tentava montar um quadro das restrições legais e tributárias
existentes em cada país para o livre fluxo de serviços e de capitais.
Foram obtidas respostas de 18 bolsas de valores que correspondiam a 12 países.
Esses países participavam de 9 acordos de integração, assinados em sua maioria a partir
da década de 80, sendo que 4 deles haviam sido assinados nos anos 90. A lista desses
acordos, a data da assinatura e as bolsas que os indicaram encontram-se na QUADRO
I.
5A Federação Ibero-americana de Bolsas de Valores é uma associação das bolsas e mercados de valores, com
um total de 25 membros e que tem por objetivo fomentar a colaboração entre seus membros a fim de promover o desenvolvimento e aprimoramento dos mercados de capitais da região; cooperar com as entidades nacionais e internacionais que atuam no âmbito dos mercados financeiros e de valores; promover a integração dos mercados de valores ibero-americanos e o estabelecimento de normas e procedimentos que assegurem a solvência, idoneidade, legitimidade e transparência a todos aqueles que investem através de Bolsas de Valores.
Esse resultado mostra a proliferação de acordos que buscam alguma forma de
integração econômica, ainda que com objetivo e alcance diferentes, a partir da década
de 80. Não faremos aqui uma análise detalhada de cada um dos acordos, mas
apresentamos os principais resultados alcançados por essa pesquisa, tentando
identificar, a partir da perspectiva das bolsas de valores, os principais impactos dos
tratados de integração para os mercados de capitais.
QUADRO I
Lista de Tratados de Integração
TRATADO DE PAÍSES INfEGRANfES BOLSAS MEMBRO DAZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
, ' INTEGRAÇÃO . '
~ '. '- ~ .
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n. ~ .;.;: ... .. ,·v. , .., ... " .. , .
... ~.-~-.'~ ; . : :~
.,-'.' " .. ,. .
União Européia Alemanha, Austria, Bélgica, Dinamarca, Bolsa de Valores de Lisboa
(1957) Espanha, Finlândia, França, Grécia, Bolsa de Valores de Madri
Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia
- - ,...~ ~..•:~. •• -...,.,..•.•."""! "...."'"""~ ""'" ~ .. "A •.•••wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA. -;-""t~ __ •••.~_ ..:''''-tt,,''i:
-
~ . "-,
HGFEDCBA=O'ú:MERCOMUM Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Bolsa Nacional de Valores
(1962) Honduras e Nicarágua
-
a.'L =Comunidade Andina Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Bolsa de Valores de Guayaquil Bolsa
(1%9) Venezuela de Valores de Quito
Bolsa de Valores de Lima
I < f f ,
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. . s a ""U'Io
.-
.. ",.!~O;OX ••.•••••.•~ _ax •••....,...• •...•.•..c:ii'.•. . ••.••""',.~U':o...-~ •• ~ ....,.,_.••••Ill<..-" ~. ~ ~... -ALADI Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Bolsa de Valores de São Paulo Bolsa(1980) Chile, Equador, México, Paraguai, Peru, de Comércio de Santiago Bolsa de
Uruguai e Venezuela Valores de Guayaquil Bolsa de
Valores de Quito
Bolsa de Valores de Lima
: '- : ~ ~ ; : ~ . ~ r _ - " " _. • . .~ ~
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"~.>i.'j .. : ~~~,,, •...*,,,,,,,,,,,,,",'-::-,:;:' ~~~!-~ .•••.••,,~..;t" ""':,,;í<"-~.:r:~,i..~;,:,~;:.:<::,.~....•1.APEC Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Bolsa de Comércio de Santiago
(1989) Cingapura, Coréia do Sul, Darussalam,
EUA, Filipinas, Hong-Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Tailândia e Taiwan.
"".O!~_ ...•_ . . .
....•.,...,..-... ."",...,..~
- ..~ .., . •.., " , - ...•..--:"'.." " ', ~ .
MERCOSUL Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai Bolsa de Comércio de Buenos Aires (1991) Bolsa de Valores de São Paulo Bolsa
de Valores de Montevidéu
- ~ .
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...,., .•.•..•.•._.~
ALCA Todos os países das Américas exceto Bolsa de Valores de São Paulo Bolsa
(1994) Cuba. de Valores de QuitoJIHGFEDCBA • . . .~ 1 C . ;"I-"•. " : t ~ ': '~ ~
-.:...~ ••..~ . ,
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_.
NAFfA Canadá, EUA, México Bolsa Mexicana de Valores (1992)
~ " " ..•.""''''~
-
"'""'--,.,.,.BOLCEN-BID Costa Rica, Guatemala, El Salvador, Mercado de Valores de El Salvador (1994) Honduras, Nicarágua, Panamá.
-
, .Nota: Essa lista foi baseada nas informações prestadas pelas propnas bolsas de forma espontanea, ou sela, contém apenas as bolsas que responderam ao questionário e seu respectivo país, sendo que em alguns casos o questionário foi respondido por mais de uma instituição do mesmo país.
Fonte: Elaboração própria a partir de BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO (1996).
Dentre estas iniciativas, apenas a União Européia, MERCOSUL, Comunidade
Andina e MERCOI\1UM são acordos que não se restringem às questões de comércio,
possuindo entre seus objetivos metas de aprofundamento da integração econômica.
A pesquisa constatou que, mesmo no âmbito desses acordos, os avanços na
integração dos serviços financeiros têm sido tímidos, ainda que em cada um deles
existam fóruns governamentais ativos e organizados com o fim específico de discutir a
questão do mercado financeiro e de capitais.
Com exceção da União Européia que, como detalharemos no próximo capítulo, já
implementou diversas medidas de integração do mercado de capitais europeus e parte,
agora, para a introdução da moeda única, os demais acordos têm nenhuma ou poucas
medidas concretas em vigor nessa matéria. A despeito dessa avaliação, as bolsas
consultadas acreditam que " ... os resultados alcançados têm sido satisfatórios, tendo em
vista a abrangência e complexidade das metas estabelecidas nesses acordos ..."
(BOVESPA,1996;172)
o
:MERCOSUL,assim com a União Européia, prevê o avanço até uma integraçãomais ampla e não restrita ao âmbito comercial. Daí a importância de se avaliar quais as
condições efetivas e quais os passos a serem adotados para se atingir uma integração
dos mercados financeiros de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Consideramos que as implicações da integração dos serviços financeiros e dos
mercados de capital, são de dois tipos: macroeconômicas, quando se analisa a perda de
graus de liberdade na condução das políticas domésticas monetária, financeira, cambial e tributária, além de indiretamente a própria política fiscal; microeconômicas, quando
analisamos as conseqüências para o funcionamento dos mercados e das instituições
diante do novo cenário imposto pela integração.
N esse trabalho, nos concentramos no segundo aspecto, procurando mostrar até
que ponto os mercados domésticos de capitais foram e ainda podem ser afetados pelas
medidas adotadas no sentido de promover a integração dos mercados de capital, tanto
no âmbito da União Européia, quanto do MERcosuL.
Nos capítulos seguintes detalharemos como está ocorrendo o aprofundamento
da integração econômica na União Européia e no MERCOSULe, em especial, como está sendo tratada a integração financeira e dos mercados de capitais nessas duas regiões.HGFEDCBA
Capítulo. 2 - A
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAEvolução
da União.
Européia
e a Integração.
dos
Mercados
de Capitais
Nesse capítulo apresentamos brevemente a evolução da União Européia, desde a
assinatura do Tratado de Roma até os dias de hoje, quando se discute o cronograma de
implantação do Euro, a moeda única dos países europeus que deve entrar em circulação
em 2002, mas já passará a ser usada como unidade de conta a partir de janeiro de 1999.
Destacamos o tratamento conferido
à
integração dos mercados de capitais e adiscussão' sobre qual estrutura mais adequada para os mercados de capitais da região,
um mercado único, ou diversos mercados nacionais diferenciados competindo entre si.EDCBA
2 . 1 . H i s t ó r i c o d a I n t e g r a ç ã o M o n e t á r i a eF i n a n c e i r a n a U n i ã o E u r o p é i a
2.1.1. Quadro Geral
A decisão pacifica e voluntária de integrar as economias européias e se formar
uma unidade político-econômica entre os países da Europa consolidou-se com a
assinatura do Tratado de Roma em 1957.
o
Tratado de Roma foi a evolução de vários tratados" específicos e menosabrangentes que foram assinados após o final da Segunda Guerra Mundial, período no qual os países europeus empreendiam esforços para a reconstrução de suas cidades e
reorganização de suas economias eZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAjá começavam a se preocupar com a crescente
6THORSTENSEN (1992) destaca esses tratados: 1) Comunidade Européia do Carvão e do Aço - CECA,
criado em 1951 com a assinatura do Tratado de Paris entre França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo (esses três últimos integrantes do BENELux, uma bem-sucedida experiência de integração) tinha por objetivo estabelecer bases comuns para o desenvolvimento do setor siderúrgico; 2) Comunidade Européia de Defesa - CED, criada em 1952 entre os mesmos países signatários da CECA com o objetivo de estabelecer a integração da defesa européia, foi substituída em 1954 pela União Européia Ocidental - UEO, que também incluía o Reino Unido e ao invés de integração, estabelecia a cooperação entre os países europeus sobre os temas de defesa européia; 3) Comunidade Européia de Energia Atômica - CEEA, criada em 1957, juntamente com a CEE, tinha por objetivo promover o desenvolvimento da indústria nuclear.
dependência em relação aos Estados Unidos, que se consolidavam como superpotência
mundial ao lado da União Soviética.
Este tratado estabeleceu a criação da Comunidade Econômica Européia - CEE
entre França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Desde então, esse
arranjo de integração evoluiu bastante, a começar pela incorporação de novos sócios ao
longo de sua trajetória: Reino Unido, Dinamarca, Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha,
Suécia, Finlândia e Áustria, que constituem a União Européia.
Esse alargamento da Comunidade foi acompanhado, por um lado, pelo
fortalecimento econômico da região que hoje é uma das maiores economias do mundo,
apresentava em 1996 um PIB de US$ 8,5 trilhões e uma população de mais de 370
milhões (OECD, 1997;24), mas, por outro, pelo crescimento da disparidade entre seus
países integrantes, a falada Europa dos ricos e dos pobres, ou, mais recentemente, com
o estabelecimento do cronograma de implantação da moeda única a divisão entre os
países que poderão aderir e aqueles que não podem ou não desejam fazer parte da
união monetária.
Em julho de 1997, o Presidente da Comissão Européia, Jacques Santer apresentou
ao Parlamento Europeu o documentowvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAgenda 2000: For a Stronger and Wider Union, onde
discutia o triplo desafio que se coloca atualmente diante da União Européia, que precisa
reconhecer a necessidade: de fortalecer as políticas comunitárias de forma a consolidar
um padrão de crescimento sustentável para a região, de negociar o alargamento da
União, com a incorporação de novos Estados-membros e, finalmente, de financiar
esses dois movimentos.
o
fortalecimento das políticas comunitárias e, conseqüente, aprofundamento daintegração tem acontecido de forma gradual e contínua. Podemos destacar o
estabelecimento do cronograma oficial para a introdução do Euro e a intensificação das
medidas práticas para adaptação
à
nova moeda. Mas a Comissão Européia tambémHGFEDCBAdestaca a necessidade de reforçar as políticas sociais, em especial, para equaaonar o
problema do desemprego e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos europeus.
Sobre o alargamento do acordo para inclusão de novos membros, a discussão é
mais cautelosa. Apesar das vantagens econômicas e políticas desse alargamento, o custo
para equacionar o desequilíbrio econômico entre os membros é bastante alto. Diversas
reuniões têm sido organizadas para propor critériosZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA7 para a adesão de novos sócios. A
lista atual de candidatos inclui a Hungria, Polônia e República Checa, entre os mais bem
qualificados. (Agenda 2000, 1997;6).
Finalmente, o financiamento das políticas comunitárias e absorção de novos
membros não necessita de um aumento no limite de gastos, de 1,27% do PIB dos
Estados-membros, segundo a Comissão Européia. Com o crescimento do PIB
estimado em 2,5% para os países da
União
Européia e 4% para os novos enttantes, aComissão Européia espera contar com 20 bilhões de ECUs, equivalente hoje a US$
18,5 bilhões, em recursos adicionais até o ano 2006.rqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2.1.2. Do Tratado de Roma ao Sistema Monetário Europeu
o
texto original do Tratado de Roma, assinado em 1957, não previa, como nocaso da União Aduaneira, um cronograma de caráter vinculante para o estabelecimento
de políticas cambial e monetária comuns, ainda que diversos artigos do Tratado
destacassem a necessidade de coordenação de políticas macroeconômicas e monetárias
entre os países signatários.
Por outro lado, os fundamentos para a liberalização dos movimentos de capitais e
prestação de serviços já estavam colocados no Tratado de Roma. " ...De acordo com o
7Na reunião do Conselho Europeu, em Copenhagen, em 1993, fixou-se critérios para aceitação de membros da
Europa Central e Oriental: presença de instituições estáveis, que garantam a democracia, a existência de urna economia de mercado, capaz de lidar com as pressões competitivas da União e, capacidade de cumprir as obrigações de membro, aderindo aos objetivos da União política, econômica e monetária.
Tratado [de Roma], a liberdade de estabelecimento e livre prestação de serviços
deveriam estar implantadas no final do período de doze anos de transição, isto é, até
1969." (IBORSTENSEN, 1992;182).
Apesar dos objetivos estabelecidos no Tratado de Roma, foi somente no final da
década de 70 que começou a se desenvolver a idéia de integração monetária e
liberalização dos movimentos de capitaiswvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe serviços.
Segundo 1BORSTENSEN (1992) em 1970, o informe Werner apresentou
propostas para a integração monetária dos países europeus e o progresso paralelo de
convergência de políticas econômicas, tentando reduzir o conflito entre os países que defendiam uma ação imediata no domínio monetário e aqueles que acreditavam que a
união monetária deveria ser o último passo de integração econômica.
Nesse informe, também se propunha o estreitamento das margens de flutuação
entre as moedas até chegar, eventualmente, a uma relação cambial fixa, com plena
liberdade de movimentação de capitais; a harmonização de políticas fiscais e financeiras;
e centralização das decisões de aspectos monetários em nível comunitário.
A década de 70, contudo, foi marcada por um longo período de instabilidade nos
sistemas cambial e monetário mundiais, ocasionado pelo anúncio, em agosto de 1971, do fim da conversibilidade da moeda norte-americana ao ouro, que vigorava desde o
Acordo de Bretton-Tf/oods. A instabilidade foi agravada ainda pelas duas crises do
petróleo e obrigou todos os países europeus a buscarem alguma maneira de
salvaguardarem seus sistemas domésticos e suas economias e, com isso, inviabilizando
o movimento de liberalização ensaiado na década anterior.
Com o objetivo de minimizar os efeitos da instabilidade cambial e monetária
sobre as economias européias, foi implantado, no ínicio da década de 70, o mecanismo
cambial que ficou conhecido como a "Serpente no Túnel". Esse mecanismo estabelecia
o limite de 2,25% para a variação das paridades entre as moedas européias, dentro de
uma faixa que tinha o limite de 4,5% para variar em relação ao dólar norte-americano.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Em 1973, esse mecanismo foi flexibilizado com a introdução da "Serpente fora
do Túnel", que tinha intervalo maior de flutuação das paridades para permitir a entrada
de novas moedas, a libra inglesa e a lira italiana, naquele momento.
Ao final da década de 70, na busca pelo fortalecimento das moedas européias e
redução da dependência em relação às flutuações do dólar foi estabelecido, no início de
1978, o Sistema Monetário Europeu - SME. Segundo THORSTENSEN (1992):
"O SME tem como objetivo estabelecer uma maior estabilidade monetária na Comunidade [Européia] e é considerado como elemento fundamental de uma vasta estratégia de crescimento contínuo, regresso do pleno emprego, harmonização dos nrvers de vida e redução das disparidades
regionais"(IBORSTENSEN, 1992;176)
Os principais elementos do SME eram: o mecanismo de flutuação das taxas de
câmbio,wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAExrhallge Rale A1erbanism - ERM. e o compromisso de manter as taxas nos
intervalos de flutuação acordados; a paridade entre as moedas e a unidade de conta da
Comunidade, a EuropeanJIHGFEDCBAC u m llÇ ] Unit - ECU; o Fundo Europeu de Cooperação
Monetária - FECOM e regras de intervenção, que possibilitavam a concessão de
empréstimos quando as taxas de câmbio atingissem alguns limites fixados.
O Fundo Europeu de Cooperação Monetária - PECOM, estava estabelecido
desde 1972, e tinha o objetivo de garantir apoio monetário de curto prazo e financeiro
de médio prazo para os países da Comunidade Européia, além de atuar na gestão das
reservas externas comunitárias. Com o SME, passou a ser responsável pela emissão de
ECU contra depósitos dos Estados-membros em ouro e em dólares.
2.1.3. Do SME ao Euro
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA A partir da introdução doZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAS M E os países da, então Comunidade Européia começam a avançar no sentido de estabelecer o livre fluxo de capitais e serviços numespaço econômico único, além de aprofundar a coordenação de suas políticas cambial e
monetária.
A Comissão Européia sob a presidência de Jacques Delors, a partir de 1985,
iniciou um período com grandes avanços em direção
à
União Monetária Européia. Oprincipal argumento de Delors era de que o desenvolvimento do mercado europeu
único dependia de alterações no Tratado de Roma.
O Livro Branco da Comissão Européia, publicado nesse mesmo ano, apontou as
barreiras
à
liberalização do setor de capitais. Propunha ainda a adoção de novoscritérios, mais rígidos, para a aplicação das cláusulas de proteção, uma melhor
verificação dos controles de divisas, a atualização de várias diretivas relativas
à
liberalização do movimento de capitais, com uma nova política para a prestação dos
serviços financeiros e a circulação dos produtos financeiros.
A partir dos princípios e objetivos apontados no Livro Branco, entrou em vigor,
em 1987, o Ato Único Europeu, que estabelecia o dia 31 de dezembro de 1992 como
prazo final para a constituição de um espaço europeu sem fronteiras internas e no qual
fosse garantida a livre circulação de pessoas, de mercadorias, de serviços e de capitais. O
objetivo era eliminar não somente as restrições aos movimentos de capitais, mas
também
à
livre circulação dos serviços financeiros.Em 1988, foi criado um Comitê, também presidido por Delors, com o objetivo de preparar um relatório sobre a união monetária, o qual ficou conhecido por Relatório
Delors. Esse relatório serviu de base para a proposta da União Econômica e Monetária
_ EMU, apresentada pela Comissão Européia em agosto de 1990 e ratificada pela
assinatura do Tratado dewvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAMaastricht, em dezembro de 1991.HGFEDCBA
o
Tratado dewvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAMaastricht definiu as condições para o estabelecimento de umamoeda única entre os países europeus, os cinco critérios de convergência, que uma vez
atendidos conferem ao país a qualificação para ingressar na União Monetária
(BETBEZE, 1997;4):
1) O déficit fiscal não pode ser superior a 3% do PIB;
2) A dívida pública não pode ser superior a 60% do PIB;
3) A taxa de inflação deve se manter por um ano, no máximo 1,5% acima da
média de inflação dos três países com menor ta.xa de inflação dentro da União
Européia;
4) A taxa de juros de longo prazo pode estar no máximo 2% acima da ta.xa de
juros média entre os três países de menor taxa de juros dentro da União
Européia;
5) A taxa de câmbio deve se manter estável dentro da faixa de flutuação
estabelecida pelo SME por pelo menos dois anos.
A Comissão Européia ainda estabelece que, quando o patS não obedecer aos
critérios de déficit fiscal e dívida pública, é possível avaliar o comportamento recente
dessas variáveis, ou seja, se o déficit e a dívida pública vêm sendo reduzidos de maneira
substancial e os seus valores se aproximam do valor de referência, ou se o excesso de déficit em relação ao parâmetro estabelecido é excepcional, o país avaliado também
pode se qualificar para ingressar a União Monetária.
Foram também estabelecidas duas instituições responsáveis pela condução da
política monetária no âmbito da União Européia, o Sistema Europeu de Bancos
Centrais - SEBC e o Banco Central Europeu - BCE. O SEBC tem por objetivo manter
a estabilidade dos preços. Suas funções básicas são: definir e implementar a Política Monetária da Comunidade; conduzir operações de trocas internacionais; administrar e
guardar as reservas oficiais externas dos Estados-membros; promover a continuidade das operações do sistema de pagamento. O SEBC
é
uma instituição comunitáriaindependente e, portanto, as legislações sobre os bancos centrais nacionais, bem como,
seus estatutos devem adaptar-se ao novo Tratado e ao estatuto do SEBe.
o
BCE pode aconselhar e ser consultado pelo Conselho, Comissão eEstados-membros sobre a implementação da legislação comunitária relacionada com a
supervisão prudencial das instituições de crédito e a estabilidade do sistema financeiro.
Os Estados-membros também devem assegurar que os procedimentos na área
orçamentária permitam que eles cumpram as obrigações derivadas do novo Tratado,
que proíbe saques a descoberto, qualquer outra facilidade de crédito, compra de débitos com o BCE ou com os Bancos centrais nacionais para as instituições comunitárias,
governos centrais, regionais ou locais, ou autoridades públicas ou outro órgão público.
O Tratado dewvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAMaastricbt prevê ainda, a sucessão de três etapas para a implantação
daZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAU M E , sendo que no estágio final deverá ter início em janeiro de 1999, com a introdução da moeda única.
Na primeira etapa, que começou em julho de 1990, todas as moedas do
SI\1E
formariam um espaço financeiro integrado com maior coordenação de política
econômica e monetária. Também começariam a ser preparadas e aprovadas mudanças
no Tratado de Roma, para a inclusão de novas instituições e funções da União
Econômica e Monetária.
A segunda fase começou em janeiro de 1994. Nela, as bandas do sistema de
flutuação do SME foram estreitadas, entrando em vigor as mudanças no Tratado de
Roma, com o estabelecimento do Sistema Europeu de Bancos Centrais - SEBe. Também foram adotados procedimentos e regras mais precisas para a coordenação das
políticas macroeconômicas, em especial para controle do déficit fiscal e das alternativas
para seu financiamento, e das políticas estruturais e regionais.HGFEDCBA
Em 1998, no final dessa fase, devem ser definidos os países que se enquadram
nos critérios de convergência e que, portanto, deverão estar na área da moeda única
europeta.
Na fase conclusiva, que deve ter início até janeiro de 1999, serão fixadas as
paridades cambiais entre as moedas, e o Euro passa a ter existência oficial com as
moedas locais sendo suas subdivisões. O SEBC e o Banco Central Europeu assumem
plenamente suas funções, e passam a tomar decisões de caráter vinculante a todos os
Estados-membros. Também deve entrar em funcionamento o sistema de pagamentos
europeu, TARGET, preparado para processar apenas pagamentos na nova moeda.
Nessa mesma data, os países que atenderem aos critérios de convergência,
deverão estabelecer a cotação de suas moedas nacionais ao Euro de maneira
irrevogável. As únicas exceções são a Dinamarca e o Reino Unido, que têm a opção de
não integrar a União Monetária. A Dinamarca já optou através de plebiscito, por ficar
fora da União, mas o Reino Unido ainda está por definir sua opção e permanece como
a grande dúvida para o período de transição para o Euro. (FESE, 1996;34).
Essa última fase deve se completar em janeiro de 2002, quando cédulas e moedas
de Euro devem começar a circular em substituição às cédulas e moedas nacionais.HGFEDCBA
2.2. A Liberalização dos Serviços Financeiros e a Diretiva de Serviços de
In vestimen
tu
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAN essa seção discutimos especificamente a liberalização dos fluxos de capital e dos serviços de investimento, descrevendo as principais medidas e detalhando a Diretiva de
Serviços de Investimento - ISD.
2.2.1. A liberalização
dos serviços financeiros
A década de 80 trouxe uma série de eventos que contribuíram para acelerar o
processo de liberalização entre os países europeus. O maior impulso veio do S:ME, mas
também " ...a criação e desenvolvimento do euro-mercado (reciclagem dos capitais do
petróleo), o fluxo crescente dos mercados financeiros internacionais e o impacto das
tecnologias de informação ..." (fHOR1HENSEN, 1992:182) deixaram claro que os
controles nacionais não eram mais suficientes para garantir a estabilidade monetária e
cambial. Mudanças estruturais estavam ocorrendo, obrigando a modernização do
sistema financeiro europeu e a globalização desses mercados.
Como discutimos no item anterior, em 1985, foi publicado o Livro Branco da
Comissão Européia, apontando as barreiras
à
liberalização do setor de capitais. Emseguida entrou em vigor o Ato Único Europeu de 1987, que estabeleceu as bases jurídicas para a criação do Espaço Financeiro Europeu, que deveria alcançar a
harmonização do controle bancário, proteção aos poupadores e consumidores de
serviços, aproximação dos impostos sobre rendimentos de capital e das sociedades, supressão de discriminações nacionais e movimentos de capital com países terceiros.
Quanto aos serviços de investimento, o Espaço Financeiro Europeu inclui um
mercado único de valores mobiliários onde os investidores possam negociar livremente
8 Nos interessa discutir nesse item, as principais medidas de liberalização dos movimentos de capitais e dos
serviços de investimentos, contudo é importante ressaltar que também nos setores bancário e de seguros houve
evolução semelhante. Para uma discussão mais detalhada ver THORSTENSEN (1992).ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
através das fronteiras. Segundo 1HORSTENSEN (1992), os principais passos para a
concretização desse mercado, durante a década de 80, foram:
" ...- harmonização das legislações sobre a admissão de valores mobiliários à
cotação em bolsa, obrigação de informações aos investidores e medidas de proteção ...; - obrigatoriedade de publicação periódica das contas das sociedades com ações cotadas em bolsa ...;
- liberdade de venda de participações de fundos de investimento com princípio de reconhecimento mútuo das legislações dos Estados Membros e aplicação do controle por parte do país de origem ou da sede do fundo ...;
- reconhecimento mútuo do projeto a ser publicado para a admissão à cotação em bolsa de projeto já aprovado por outro Estado Membro ...;
- obrigatoriedade de publicação de informações quando da aquisição ou alienação de uma participação importante em uma sociedade cotada em bolsa ... e de casos de oferta pública de ações ...;
- regulamentação das ofertas públicas de compra, permitindo a igualdade de oportunidades ...;
- harmonização de impostos indiretos sobre operações com valores mobiliários ...;
- coordenação das regulamentações sobre as operações dewvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAinsiders (privilegiados com informações) ...;
- cooperação 00 sistema de conexão de bolsas na Comunidade Européia, através
do IDIS - lnterbourse Data Informatíon Sy/stem,e de um sistema de compensações das transações de valores mobiliários ..." (IlIORSTENSEN,1992;186 e 187)
Um outro aspecto importante que se considerou durante a criação do Espaço
Financeiro Europeu foi a harmonização fiscal. Considerou-se que a existência de taxas e
políticas de tributação díspares podem distorcer o sistema e, assim a " ...Comissão, em 1989, estabeleceu as medidas mínimas necessárias à harmonização fiscal quanto às
tributações de poupança, imposto sobre sociedades ..." (IBORSTENSEN,1992;187).