Psico-USF, Bragança Paulista, v. 17, n. 3, p. 397-406, set./ dez. 2012 397
Adaptação do Inventário de Ciúme Romântico (ICR) para a População Portuguesa
José Maurício Haas Bueno – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil L ucas de Francisco Carvalho – Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo, Brasil
A na Júlia Fernandes Moreira – Universidade do Minho, Braga, Portugal A na Margarida A lmeida Brandão Capelo – Universidade do Minho, Braga, Portugal
 ngela Marisa Cardoso Fernandes – Universidade do Minho, Braga, Portugal Margarida F. Gomes V asconcelos – Universidade do Minho, Braga, Portugal
Tiago A ndré Martins Costa – Universidade do Minho, Braga, Portugal V ânia Sofia L eite Marques – Universidade do Minho, Braga, Portugal
Resumo
O objetivo deste estudo foi adaptar um instrumento brasileiro para a avaliação do ciúme romântico no contexto cultural português e avaliar as suas propriedades psicométricas. O instrumento adaptado foi respondido por 808 participantes, divididos em duas amostras equivalentes quanto ao número e ao sexo. Análises fatoriais exploratórias revelaram grande similaridade entre as estruturas fatoriais obtidas com as amostras portuguesas e destas com a estrutura encontrada em um estudo prévio com participantes brasileiros. Todos os fatores apresentaram índices de fidedignidade superiores a 0,8. Análises com base na Teoria de Resposta ao Item evidenciaram um bom uso das categorias de resposta empregadas e mostraram que a maioria das escalas é mais discriminativa para características relacionadas com a manifestação patológica do ciúme. Concluiu-se que a escala apresenta validade baseada na estrutura interna e boa fidedignidade, podendo ser recomendada para utilização em investigações.
Palavras-chave: Ciúme; Avaliação psicológica; Validade; Teoria de Resposta ao Item.
Adaptation of the Romantic Jealousy Inventory for Portuguese People
Abstract
The objective of this study was to adapt a Brazilian instrument for romantic jealousy assessment to the Portuguese cultural context, and to evaluate its psychometric properties. The adapted instrument was answered by 808 participants, divided in two equivalent samples regarding number and gender. Simultaneous factor analysis with those samples showed high similarity both with each other and with previous results obtained with a Brazilian sample. All factors showed reliability indices above 0.8. IRT based analysis revealed a good use of the response categories and showed that the majority of the scales are more discriminative for pathologic jealousy manifestation. It was concluded that the scale shows validity based on internal structure and good reliability, and can be recommended for research purposes.
Keywords: Jealousy; Psychological assessment; Validity; Item Response Theory.
Adaptación del Inventario de los Celos Románticos (ICR) para la población portuguesa
Resumen
El objetivo de este estudio fue adaptar un instrumento brasileño para la evaluación de los celos románticos en el contexto cultural portugués y evaluar sus propiedades psicométricas. El instrumento adaptado fue respondido por 808 participantes, divididos en dos muestras equivalentes en cuanto al número y al sexo. Análisis factoriales exploratorias revelaron gran similitud entre las estructuras factoriales obtenidas con las muestras portuguesas y de estas con la estructura encontrada en un estudio preliminar con participantes brasileños. Todos los factores presentaron índices de fiabilidad superiores a 0.8. Análisis basadas en la Teoría de Respuesta al Ítem evidenciaron un buen uso de las categorías de respuesta empleadas y mostraron que la mayoría de las escalas es más discriminativa para características relacionadas con la manifestación patológica de los celos. Se concluye que la escala presenta validez basada en la estructura interna y buena fiabilidad, siendo recomendada para utilización en investigaciones.
Palabras clave: Celos; Evaluación psicológica; Validez; Teoría de Respuesta al Ítem.
O ciúme é uma reação natural do ser humano,
necessariamente
manifestada
no
contexto
de
relacionamentos interpessoais, pelo que é considerado
por alguns autores como uma emoção social (DeSteno,
Bartlett, Braverman & Salovey, 2002; DeSteno,
Valdesolo & Bartlett, 2006; Harmon-Jones, Peterson &
Harris, 2009; Harris, 2003, 2005). Do ponto de vista
evolutivo, o seu aparecimento é associado à
necessidade de proteger relacionamentos considerados
importantes (Buss, Larsen, Westen & Semmelroth,
1992), embora este trabalho tenha enfocado apenas o
ciúme manifestado em contextos amorosos, o ciúme
romântico. Por isso, sempre que a palavra ciúme
aparecer doravante neste trabalho, os autores querem
referir-se ao ciúme romântico.
quando a exclusividade entre os companheiros é
percebida como violada, tenha ela sido de fato ou não
(Soble, 1990). Percebe-se, portanto, que são as
diferenças
disposicionais
na
interpretação
da
exclusividade entre companheiros amorosos que levam
o ciúme a manifestar-se de forma mais saudável ou
mais patológica. No primeiro caso, o ciúme aparece em
resposta a evidências concretas de interação
companheiro/a-rival, e as crenças e reações em relação
a uma possível traição são mais flexíveis, podendo
modificar-se à luz de novas informações (Mullen &
Martin, 1994; Torres, Ramos-Cerqueira & Dias, 1999).
Já na manifestação do ciúme patológico, as crenças ou
mesmo delírios de infidelidade são mais frequentes,
intensas, rígidas e seguidamente baseadas em
evidências infundadas, levando a reações mais
extremas, como a agressividade, e mais bizarras, como
os comportamentos de investigação (Pfeiffer & Wong,
1989; Vauhkonen, 1968). Esses comportamentos estão
relacionados com a procura por pistas de infidelidade
do parceiro, como a contratação de detetives
particulares para segui-lo ou a inspeção de mensagens
suspeitas em seu telefone celular e e-mail, por exemplo.
Independentemente de o ciúme se manifestar de
forma saudável ou patológica, a sensação desagradável
decorrente da sua ocorrência tende a desencadear
algum tipo de reação. Segundo White (1981), as reações
ao ciúme visam à proteção do ego (preservação da
autoestima) e/ou do relacionamento. A agressividade é
uma das mais frequentes reações ao ciúme, podendo
estar relacionada tanto à proteção do relacionamento,
quando dirigida ao rival, como à proteção do ego,
quando dirigida ao parceiro (Daly & Wilson, 1988). Ela
pode se manifestar por meio de insultos, ataques físicos
dirigidos à pessoa (rival ou parceiro/a) ou aos seus
pertences, perseguição, ameaças, entre outras formas,
na tentativa de coibir comportamentos de infidelidade
pela inflição do medo. Além disso, a mediação da
autoestima também é apontada como um fator
importante no desencadeamento de reações agressivas.
Dois estudos experimentais, realizados por DeSteno e
colaboradores (2006) com 46 e 43 universitárias
americanas, respectivamente, mostrou que quanto mais
uma interação companheiro-rival afetar a autoestima
do companheiro rejeitado, maior será a intensidade do
ciúme experimentado (estudo 1) e maior a
probabilidade de que ocorra uma reação agressiva
(estudo 2). No outro extremo, parece legítimo supor
que a baixa autoestima aumente a probabilidade de que
a causa de uma possível traição seja mais atribuída a
deficiências em si mesmo do que no companheiro ou
companheira. Essa suposição será testada neste estudo.
Subjacente à ideia de que o ciúme pode se
manifestar desde uma forma mais saudável até uma
mais patológica, está a noção de que há diferenças
individuais na manifestação do ciúme. Sendo assim,
depreende-se a ideia do ciúme romântico como um
traço ou um conjunto de traços latentes, que se
manifestam em diferentes intensidades nos indivíduos
de uma população.
Foi com base nessa ideia que alguns instrumentos
foram propostos para a avaliação do ciúme, tanto
como medida unifatorial quanto como medida
multifatorial. Entretanto, grande parte desses
instrumentos data dos anos 70 e 80 e é de difícil
recuperação, uma vez que se trata de comunicações em
congressos ou de manuscritos não publicados
(Benedictson, 1977; Bryson, 1976, 1977; Hupka &
Bachelor, 1979; Rosmarin, Chambless & LaPointe,
1979; Rusch & Hupka, 1977; White, 1980). Por isso,
alguns dos instrumentos descritos a seguir apresentam
apenas as informações disponíveis na literatura
internacional publicadas posteriormente a sua
divulgação em contextos mais restritos. Como
consequência disso, só podem ser citados de forma
secundária.
Como exemplos de escalas unidimensionais
podem ser citados a
Dispositional Jealousy Scale(Nadler &
Dotan, 1992), composta por 14 itens (
α
= 0,85), e a
Interpessoal Jealousy Scale
(Mathes, Phillips, Skowran &
Dick, 1982, citados por De Silva, 1997), composta por
27 itens. Embora o coeficiente de fidedignidade dessa
última não seja referido, a autora sugere que a escala
seja consistente.
A complexidade da manifestação do ciúme levou
muitos autores a sugerirem que sua avaliação deveria
ser multifatorial (Mathes, 1992; Pfeiffer & Wong, 1989;
Pines, 1992). Em linha com essa proposição está o
Romantic Jealousy Questionnaire
(RJQ; Pines & Aronson,
1983, citados por Demirtas & Dönmez, 2006), que
avalia cinco domínios relacionados ao ciúme:
intensidade, reações (física, emocional, cognitiva),
formas de enfrentamento e causas e efeitos. O número
de itens e o coeficiente de fidedignidade de cada escala
não foram informados.
Outra
importante
escala
para
avaliação
multifatorial do ciúme é a
Multidimensional Jealousy Scale (MJS), que foi desenhada para captar as manifestações
cognitivas, emocionais e comportamentais do ciúme
romântico. Três estudos, realizados com 178, 123 e 76
sujeitos, respectivamente, relativamente equilibrados
quanto ao sexo e recrutados em ambiente universitário,
atestaram a estabilidade da estrutura fatorial dessa
escala, sempre com índices de consistência interna
superiores a 0,80 (Pfeiffer & Wong, 1989).
para população brasileira (Bueno & Carvalho, no prelo;
Carvalho, Bueno & Kebleris, 2008; Ramos, Yazawa &
Salazar, 1994). Ramos e colaboradores (1994)
obtiveram um instrumento com 58 itens, que foram
agrupados em três fatores:
não-ameaça(
α
= 0,87), que se
refere ao caráter não-perturbável da relação amorosa
pela interferência de uma terceira pessoa;
exclusão(
α
= 0,85), que descreve o enfraquecimento da relação
do casal pela interferência de um rival; e
interferência(
α
= 0,77), relativo a reações agressivas provocadas pela
interferência de um rival. Embora tenha apresentado
boas propriedades psicométricas, Bueno e Carvalho
(no prelo) referem que esse instrumento apresenta
fundamentação mais empírica do que teórica, não
contemplando a avaliação de certos aspectos
frequentemente associados ao ciúme, como os
comportamentos de investigação, a baixa autoestima e
os pensamentos obsessivos de traição.
Por isso, em dois trabalhos (Bueno & Carvalho,
no prelo; Carvalho & cols., 2008) os autores
desenvolveram o Inventário de Ciúme Romântico
(ICR), cuja versão final ficou com 30 itens agrupados
em seis fatores, capazes de explicar 60% da variância
total. O primeiro fator (Não-Contacto com o Parceiro,
α
= 0,90) reuniu itens que descrevem crenças ou
pensamentos de infidelidade quando um contacto com
o parceiro não é conseguido, ou perante a perda de
controle sobre a localização do parceiro. O segundo
fator (Contacto Parceiro-Rival,
α
=0,83) agrupou itens
relacionados a reações emocionais negativas ante a
situações de violação da exclusividade. O terceiro e o
quarto fatores referem-se a reações agressivas dirigidas
ao companheiro/a (Agressão ao Parceiro,
α
= 0,81) ou
ao rival (Agressão ao Rival,
α
=0,66), respectivamente.
O quinto fator (Autoestima,
α
= 0,67) refere-se a reações
em que o companheiro rejeitado tenha se culpado pela
possibilidade de infidelidade do parceiro. O último
fator (F6 – Investigação,
α
=0,55) reuniu itens que se
referem
a
comportamentos
de
investigação
relacionados à (in)fidelidade do parceiro (Bueno &
Carvalho, no prelo).
Observa-se, portanto, que foram obtidos os
fatores esperados e compatíveis com a literatura.
Entretanto, os três últimos fatores apresentaram
índices de fidedignidade abaixo do esperado pelos
autores (0,70), fato que foi atribuído ao baixo número
de itens que esses fatores apresentaram (Bueno &
Carvalho, no prelo).
Dada a carência de um instrumento para a
avaliação do ciúme romântico na população
portuguesa, o evidente impacto na vida pessoal e social
que esse fenômeno pode causar e a necessidade de um
instrumento para realização de investigações nessa área,
o objetivo principal deste trabalho foi adaptar o
Inventário de Ciúme Romântico para o português
europeu e investigar as suas propriedades psicométricas
numa
amostra
da
população
portuguesa.
Especificamente, pretendeu-se verificar se a estrutura
fatorial encontrada no estudo brasileiro se reproduziria
em duas amostras de participantes portugueses; se as
amostras de participantes portugueses produziriam
estruturas fatoriais semelhantes entre si e se a revisão e
acréscimo de itens, especialmente em relação aos três
últimos fatores do instrumento brasileiro, resultaria
numa melhoria dos índices de fidedignidade, caso os
fatores se reproduzissem. Além disso, empregou-se o
Modelo de Rasch da Teoria de Resposta ao Item para
verificar o ajustamento dos itens a esse modelo,
analisar as probabilidades de ocorrência das categorias
de resposta empregadas no instrumento (escala do tipo
L ik ert
, de 1 a 4) e a relação entre a intensidade de
ciúme avaliada pelos itens que compõem o instrumento
e a apresentada pelos participantes da investigação.
Método
Participantes
A coleta de dados foi aberta à participação de
alunos de uma universidade pública do norte de
Portugal, contatados por correio eletrônico e
incentivados a estender o convite a outros possíveis
interessados. A amostra total foi constituída por 808
sujeitos, distribuídos equitativamente quanto ao sexo.
Entre os que informaram idade (
N=800), a média foi
de 23,2 e o desvio padrão de 4,4 anos, tendo variado de
17 a 41 anos. Para realização da análise fatorial o grupo
total foi dividido em dois subgrupos de 404
participantes, também equitativos quanto ao sexo. Uma
análise univariada de variância mostrou não haver
diferenças significativas de idade entre esses grupos
(
F= 1,840;
p=0,174), nem entre os sexos (
F= 3,139;
p
= 0,077), nem tampouco interação entre grupo e sexo
(
F= 0,145;
p=0,704).
Instrumentos
Inicialmente, os 30 itens do Inventário de Ciúme
Romântico – ICR (Bueno & Carvalho, no prelo) foram
adaptados do português brasileiro para o europeu e
para a cultura portuguesa. Nesse processo, algumas
palavras foram alteradas em relação à grafia, recebendo
o “c” mudo, como
contacto,
factoe
objecto, por exemplo,
ou outras pequenas modificações, como
registoao invés
de registro. Outras palavras ou expressões foram
substituídas por sinônimos mais usuais no português
europeu, como
companheiro/ a, preferível a parceiro/a,
telemóvel
, mais usual do que celular e “
faço uma cena” ao
invés de “armo barraco”. Houve ainda alterações
sintáticas para evitar o uso de gerúndio (como
estar a olhar, ou estar a trairao invés de olhando e traindo,
respectivamente) ou adequar à maneira portuguesa o
uso de pronomes pessoais (como,
penso que ele/ ame
pode
estar a trairao invés de penso que ele/a pode
estar me
traindo) e reflexivos (como,
a conversar com alguém com quem jáse tenha
relacionadoao invés de com
quem já
tenha se
relacionado).
Além disso, seguindo sugestão dos próprios
autores da versão brasileira do instrumento, foram
desenvolvidas mais frases para todas as subescalas, na
tentativa de melhorar os índices de fidedignidade e de
representar melhor as diferentes facetas do constructo
estudado. Esse procedimento foi facilitado pela
composição da equipe de investigação, que contou com
dois participantes brasileiros, sendo um doutor e outro
doutorando, ambos em avaliação psicológica; e seis
portugueses, sendo uma mestranda em Psicologia e
cinco estudantes de graduação. Assim, no instrumento
final houve um aumento de seis para nove nos itens
que se referiam a reações emocionais ligadas a
violações de exclusividade, que descreviam cenas de
contato entre parceiro e rival; de sete para onze itens
que se referiam a ocorrência de pensamentos de
infidelidade em situações em que um contacto com o/a
companheiro/a não era conseguido; de quatro para dez
itens que descreviam reações cognitivas de culpa em
relação a si mesmo e de baixa autoestima ante a
possibilidade de infidelidade do/a companheiro/a; de
seis para dez itens que se referiam a reações agressivas
dirigidas ao companheiro; de quatro para seis itens
sobre reações agressivas dirigidas ao rival e de três para
nove itens referentes a comportamentos de
investigação em decorrência da desconfiança de
infidelidade do/a companheiro/a.
Portanto, a versão final do instrumento adaptado
ficou com cinquenta e cinco itens para serem
respondidos por meio de uma escala
L ik ertde quatro
pontos: 1- nada ou muito pouco característico até 4 –
extremamente ou totalmente característico. Finalmente,
essa versão foi formatada na ferramenta GoogleDocs,
para que pudesse ser acedida pelos participantes via
internet.
Procedimentos
Os participantes foram contatados por correio
eletrônico e informados acerca dos objetivos da
investigação, do caráter voluntário da participação e da
confidencialidade quanto ao tratamento dos dados.
Além disso, como retribuição à sua participação, após a
coleta e análise dos dados, os participantes receberam
uma mensagem eletrônica com seus resultados
comentados e um contato para o caso de desejarem
outras informações, o que não foi utilizado por
nenhum participante. As suas respostas foram
automaticamente guardadas num ficheiro Excel, cujos
dados foram transportados para a versão 17.0 do
Statistical Pack age for Social Sciences
(SPSS 17.0).
Considerando o objetivo de verificar a
reprodutibilidade da estrutura fatorial, tanto em relação
ao estudo brasileiro quanto entre participantes
portugueses (amostras independentes), o banco de
dados foi dividido em dois grupos equitativos quanto
ao número e ao sexo dos participantes. Cada grupo foi
analisado independentemente, mas segundo os
mesmos procedimentos: verificação da
fatorabilidadeda
matriz de correlações, definição do número de fatores a
serem retidos e a extração dos fatores propriamente
ditos. Os coeficientes alfa de Cronbach foram
computados para verificação da consistência interna
dos fatores extraídos. Finalmente, empregou-se o
modelo de Rasch da Teoria de Resposta ao Item para
analisar a eficiência das categorias de resposta
empregadas no instrumento (1 a 4) e a relação entre a
intensidade do ciúme avaliada pelos itens e a
apresentada pelos participantes da investigação.
Resultados e discussão
O primeiro passo da análise de dados foi a
verificação das condições para a realização da análise
fatorial exploratória por meio: (1) da inspeção da
matriz de correlações; (2) do Teste de Esfericidade de
Bartlett e (3) do cálculo do índice de adequação da
amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). A inspeção da
matriz de correlações mostrou que a média das
correlações no grupo 1 foi de 0,268 e a do grupo 2 foi
de 0,270. O Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou
que ambas as matrizes de correlações eram
significativamente diferentes de uma matriz identidade,
com
χ
2(gl=1485)= 12005,3 e
p=0,001 para o grupo 1 e
χ
2(gl=1485)= 12611,9 e
p= 0,001 para o grupo 2. Por fim, o
KMO foi de 0,932 e 0,933 para os grupos 1 e 2,
respectivamente. Segundo critérios sumariados por
Tabachnick e Fidell (1989), esse conjunto de dados
indica que há correlações suficientes entre as variáveis
para a realização da análise fatorial em ambos os
grupos, o que permitiu a passagem para o segundo
passo na investigação da estrutura fatorial: a definição
do número de fatores a serem retidos.
Com vistas à obtenção da estrutura mais simples
possível, procedeu-se a uma inspeção das cargas
fatoriais dos 55 itens que compunham a escala inicial,
eliminando-se os itens que apresentassem: (1) carga
fatorial inferior a 0,32 em todos os fatores (Tabachnick
& Fidell, 1989); (2) cargas fatoriais superiores a 0,32 em
mais de um fator, eliminando-se o item da análise ou
apenas do fator com menor carga, conforme a
diferença entre as cargas fosse inferior ou superior a
0,1, respectivamente; (3) comprometimento da
consistência interna do fator correspondente; (4)
incompatibilidade entre o seu conteúdo e os dos
demais no mesmo fator. Nas análises de ambos os
grupos foram eliminados 11 itens, sendo 10 comuns (4,
5, 6, 11, 16, 28, 44, 50, 51 e 53) e dois discrepantes: o
item 12 foi eliminado apenas da análise do grupo 1 e o
34 apenas da análise no grupo 2. Os itens eliminados
eram esperados nos fatores
Não-Contacto com o Companheiro/ a(44 e 53),
Comportamento A gressivo(5, 6,
11, 12 e 51) e
de Investigação(4, 16, 28, 34 e 50). Uma
análise da estruturação semântica não revelou qualquer
padrão que pudesse explicar o mau funcionamento
psicométrico desses itens, que foram, entretanto,
eliminados em razão das evidências empíricas. Dessa
forma, obtiveram-se as soluções fatoriais finais
apresentadas na Tabela 1, onde as cargas referentes ao
grupo 2 estão entre parênteses.
A observação da Tabela 1 mostra que as
estruturas fatoriais obtidas com ambas as amostras de
participantes foram praticamente idênticas entre si e
muito semelhantes à estrutura encontrada com a
população brasileira (Bueno & Carvalho, no prelo).
Após a rotação oblíqua dos eixos, as soluções fatoriais
explicaram 48,7% e 48,6% da variância total para o
primeiro e o segundo grupo de participantes,
respectivamente. O primeiro fator apresentou
eigenvaluesde 12,4 e 13,0, explicando 28,3 e 29,5% da variância
total por meio dos mesmos 12 itens para os grupos 1 e
2, respectivamente. Apesar disso, na análise do grupo
2, o item 39 (
Quando combino algo com o/ a meu/ minha companheiro/ a e ele/ a se atrasa, penso que foi porque esteve com outra/ o mulher/ homem.) também apresentou carga no
quarto fator (0,350), ainda que bastante inferior à
apresentada no primeiro (0,568). A incompatibilidade
entre o conteúdo desse item e o dos demais do fator 4
sugere a sua permanência e cotação apenas no primeiro
fator. No conjunto, os itens do primeiro fator
descrevem reações cognitivas (penso, desconfio,
concluo) relacionadas com a infidelidade em situações
em que não se consegue entrar em contacto com o(a)
companheiro(a) (e.g. item 27: “Quando eu não consigo
entrar
em
contacto
com
o/a
meu/minha
companheiro/a, penso que ele/a me pode estar a
trair.”), sendo, assim, claramente compatível com o
primeiro fator da versão brasileira, denominado
Não-Contacto com o Parceiro(Bueno & Carvalho, no prelo).
O segundo fator reuniu os mesmos 11 itens com
as amostras dos grupos 1 e 2, explicando 7,9 e 7,1% da
variância total, com
eigenvaluesiguais a 3,5 e 3,1,
respectivamente. Esse conjunto de itens descreve
reações emocionais negativas (por exemplo, “é
desconfortável”, “é desagradável”, “sinto-me mal”,
“perturba-me”, “incomoda-me”) perante a constatação
de algum tipo de interação companheiro/a-rival (por
exemplo, item 42, “Sinto-me desconfortável quando
o/a meu/minha companheiro/a chama por nomes
carinhosos outra/o mulher/homem”). Dessa forma, o
segundo fator da versão portuguesa é claramente
compatível com o segundo fator da versão brasileira,
tendo sido designado de
Contacto Parceiro-Rival(Bueno
& Carvalho, no prelo).
Os 10 itens que se agruparam no terceiro fator
explicam 5,2% da variância total, com
eigenvalueigual a
2,3 em ambos os grupos analisados. Referem-se a
reações de culpa em relação a si mesmo diante da
possibilidade de interação companheiro/a-rival (e.g.
item 08 “Provavelmente eu serei a/o responsável se
o/a meu/minha companheiro/a se interessar por outra
pessoa”) e/ou baixa autoestima em relação ao
companheiro/a (e.g. item 14, “Acho que não sou
bom/boa o suficiente para a/o minha/meu
companheira/o no nosso relacionamento”). Além dos
itens nesse conjunto serem idênticos entre si neste
estudo, também são claramente compatíveis com o
quinto fator da versão brasileira, denominado de
(baixa)
A utoestima(Bueno & Carvalho, no prelo).
O quarto fator reuniu 8 e 9 itens, capazes de
explicar 4,3 e 4,0% da variância total, com
eigenvaluesiguais a 1,9 e 1,7 para os grupos 1 e 2, respectivamente.
Nesse caso, todos os itens são idênticos entre os dois
grupos, com exceção do item 12 (“Discuto com a
pessoa que acho que se está a relacionar com o/a
meu/minha companheiro/a”), que foi excluído das
análises do grupo 1 por apresentar carga fatorial
inferior a 0,32 em todos os fatores, mas que apresentou
carga de 0,435 no quarto fator, com os dados do grupo
2. De qualquer forma, esse item é compatível com os
demais que descrevem reações de confronto tanto ao
companheiro (e.g. item 46, “Agrido fisicamente o/a
meu/minha companheiro/a por achar que este me está
a ser infiel.”) quanto ao rival (e.g. item 30, “Persigo a
pessoa com quem eu acho que o/a meu/minha
companheiro/a está a ter um caso”), aquando da
suspeita de infidelidade. Esse fator reproduziu-se de
forma muito semelhante entre as amostras analisadas
neste estudo, mas reuniu comportamentos agressivos
dirigidos ao companheiro/a e ao rival, enquanto a
versão brasileira apresentava fatores distintos em
função do alvo do comportamento agressivo (Bueno &
Carvalho, no prelo). Embora não seja possível
compreender o porquê dessa diferença, ela não
compromete a ideia de que a estrutura se reproduziu,
dada a relação entre comportamentos agressivo e o
ciúme mencionada em estudos anteriores (Bueno &
Carvalho, no prelo; Carvalho & cols., 2008; DeSteno &
cols., 2006; Ramos & cols., 1994).
Tabela 1. Cargas fatoriais e coeficientes alfa de ambos os grupos
1Item
Fator 1
Fator 2
Fator 3
Fator 4
Fator 5
03
0,716 (0,711)
09
0,480 (0,434)
15
0,738 (0,747)
21
0,776 (0,760)
27
0,838 (0,819)
33
0,663 (0,563)
39
0,544 (0,554)
(0,350)
49
0,723 (0,660)
52
0,573 (0,514)
55
0,726 (0,692)
01
-0,535 (-0,484)
07
-0,628 (-0,717)
13
-0,791 (-0,772)
17
-0,387 (-0,369)
18
-0,474 (-0,549)
19
-0,800 (-0,773)
25
-0,506 (-0,658)
31
-0,770 (-0,720)
37
-0,561 (-0,476)
42
-0,811 (-0,806)
47
-0,650 (-0,651)
02
0,555 (0,448)
08
0,625 (0,584)
14
0,570 (0,669)
20
0,480 (0,554)
26
0,591 (0,638)
32
0,615 (0,713)
38
0,412 (0,504)
43
0,458 (0,520)
48
0,617 (0,629)
54
0,590 (0,517)
12
Excl. (0,435)
23
0,493 (0,508)
24
0,477 (0,338)
29
0,710 (0,651)
30
0,592 (0,584)
35
0,517 (0,477)
36
0,519 (0,446)
41
0,706 (0,547)
46
0,753 (0,694)
10
0,670 (0,594)
22
0,767 (0,702)
34
0,433 (Excl.)
40
0,610 (0,483)
45
0,714 (0,627)
α
0,914 (0,908)
0,903 (0,904)
0,832 (0,836) 0,847 (0,828) 0,833 (0,857)
Finalmente, o quinto fator ficou com 5 e 4 itens
capazes de explicar 3,0 e 2,8% da variância total,
correspondente a
eigenvaluesiguais a 1,3 e 1,2 para os
dados dos grupos 1 e 2, respectivamente. Uma pequena
modificação ocorreu devido ao item 34 (“Quando ouço
o/a meu/minha companheiro/a a falar com alguém,
tento ouvir a conversa”), que apresentou carga de 0,433
no quinto fator para os dados do grupo 1, mas que foi
excluído do quinto e do segundo fator, com os dados
do grupo 2, por apresentar cargas com diferença
inferior a 0,1. De qualquer forma, esses itens retratam
comportamentos de investigação e/ou espreita
decorrentes da desconfiança sobre a fidelidade do/a
companheiro/a (por exemplo, item 22, “Quando o/a
meu/minha companheiro/a se esquece do telemóvel,
vou ver a caixa de mensagens e o registo de chamadas
para saber se está a ter um caso”). Esse fator é
compatível com a sexta dimensão da versão brasileira
denominada
Investigação(Bueno & Carvalho, no prelo).
Para verificar a possibilidade de reagrupamento
dos cinco fatores primários, foi realizada uma análise
fatorial de segunda ordem. Corroborando os resultados
obtidos por Bueno e Carvalho (no prelo), obteve-se
solução unifatorial com ambas as amostras. Os
eigenvalues
variaram de 0,506 e 0,483 (Autoestima) a
0,774 e 0,835 (Não-contato com o/a companheiro/a)
com as amostras 1 e 2, respectivamente. Além de
confirmar a unifatorialidade do construto, esse dado
permite o cômputo de uma pontuação baseada na
média dos fatores primários, relacionada com a
manifestação geral do ciúme.
Para determinação da consistência interna das
escalas, foram calculados os coeficientes alfa de
Cronbach, cujos resultados podem ser observados nas
Tabelas 1 e 2. Os valores foram sempre superiores a
0,8, tal como desejado pelos padrões internacionais,
que exigem, no mínimo, 0,7. Uma boa consistência
interna permite afirmar que as diferenças individuais
encontradas podem ser atribuídas mais aos efeitos do
constructo mensurado do que a erros de medida
(Urbina, 2007).
Na sequência das análises, empregou-se o Modelo
de Rasch da Teoria de Resposta ao Item (TRI), com o
objetivo de: (a) verificar o ajustamento dos itens ao
modelo da TRI; (b) analisar a Escala Global quanto às
probabilidades de ocorrência das categorias de resposta
e (c) quanto à relação entre a intensidade de ciúme
avaliada pelos itens do instrumento e a apresentada
pelos participantes da investigação.
Para verificar o ajustamento dos itens ao modelo
da TRI, foram empregados os índices de
infite
outfit,
cujos valores entre 0,5 e 1,5 são indicativos de um bom
ajustamento (Linacre, 2002). A média de
infitfoi de
1,05 (
DP= 0,19) e a de
outfitfoi de 0,97 (
DP= 0,30).
Apenas três itens apresentaram
outfitselevados (2, 14 e
20), todos relacionados com o terceiro fator, que
descreve reações de baixa autoestima. Entretanto, os
valores situaram-se entre 1,5 e 2,0, faixa considerada
como improdutiva, mas não degradante para a medida
(Linacre, 2002), pelo que se considerou o ajustamento
como adequado para o prosseguimento das análises.
Para investigar a manutenção do paralelismo entre
as categorias de resposta empregadas no instrumento e
a intensidade de manifestação do constructo (
teta),
recorreu-se à análise das probabilidades de ocorrência
das categorias de resposta.
Os resultados dessa análise
indicaram que a categoria “1” é a mais provável até um
nível de intensidade do ciúme (
teta)
igual a -0,92. Entre
esse valor e -0,10, a categoria “2” passa a ser a mais
provável, seguida pela categoria “3”, para valores de
tetaentre -0,10 e 1,02, e, finalmente, pela categoria “4” para
valores de
tetaacima de 1,02. De forma semelhante, os
valores médios de
tetaforam de -2,64 para a categoria
“1”, -1,15 para a categoria “2”, -0,36 para a categoria
“3” e 0,36 para a categoria “4”. Portanto, conforme
esperado, tanto os valores médios de
tetaquanto os
valores de
tetacorrespondentes à transição de uma
categoria para outra foram aumentando consoante o
aumento da categoria de resposta em si, mostrando que
há paralelismo entre as categorias de resposta
empregadas no instrumento e a intensidade de
manifestação do constructo, e que todas as categorias
de resposta foram úteis para a discriminação dos
sujeitos numa faixa significativa da amplitude total de
manifestação do constructo.
Finalmente, foram computadas as estatísticas
descritivas de cada fator pelo modelo de Rasch, cujos
dados são apresentados na Tabela 2. Nota-se que a
média tende a ficar abaixo do ponto central da
distribuição (zero), sugerindo que a escala é sensível à
manifestação patológica do ciúme romântico. Uma
exceção foi observada no segundo fator (contacto
companheiro-rival), em que a média é claramente mais
elevada em relação aos outros. Isso mostra que os
participantes tenderam a atribuir valores mais altos aos
itens desse fator do que ao de outros, sugerindo que o
segundo fator seja um indicador de reações mais
frequentes, enquanto os demais indiquem reações
menos frequentes na população.
Dessa forma, os fatores obtidos podem ser
interpretados como reações desagradáveis e/ou
danosas em decorrência de uma interação entre o/a
companheiro/a e um possível rival. Entretanto, o
segundo fator diferencia-se dos demais por descrever
reações amenas (é desagradável, não me sinto bem,
entre outras) a uma interação companheiro/a-rival que
é efetivamente observada pela parte rejeitada e
normalmente
interpretada
como
violação
da
exclusividade (Soble, 1990). Essas são características da
manifestação mais comumente observada e
não-patológica do ciúme romântico (Pfeiffer & Wong,
1989; Vauhkonen, 1968). Todos os demais fatores, por
sua vez, descrevem reações mais intensas, disruptivas
e/ou danosas a, pelo menos, uma das partes
envolvidas, pelo que podem ser considerados como
indicadores de manifestações mais patológicas do
ciúme romântico (Pfeiffer & Wong, 1989).
Tabela 2. Estatísticas descritivas dos fatores do ICR
Fatores
N
Mínimo
Máximo
Média
Desvio padrão
Fator 1
808
-5,83
5,62
-3,49
1,95
Fator 2
808
-5,30
5,35
-0,62
1,61
Fator 3
808
-4,94
5,05
-2,14
1,48
Fator 4
808
-4,99
4,98
-3,99
1,35
Fator 5
808
-4,71
4,72
-2,60
1,95
Fator Geral
808
-6,51
6,72
-1,92
1,12
De qualquer forma, guardadas as especificidades
de cada fator, pontuações elevadas sugerem maior
propensão ao sofrimento
psicológico e ao
comprometimento da qualidade do relacionamento em
decorrência do ciúme. Por sua vez, pontuações baixas
podem
ter
várias
interpretações,
como
o
relacionamento já não ser importante para o/a
companheiro/a “rejeitado/a”, o/a companheiro/a
rejeitado/a ser algo ingênuo/a e não perceber a ameaça
ao
relacionamento,
a
interação
entre
o/a
companheiro/a e uma terceira pessoa causar prazer
no/a companheiro/a “rejeitado/a” ou o companheiro
rejeitado não apresentar o mínimo de energia
necessária para a defesa do seu relacionamento e/ou da
sua autoestima. Embora essas interpretações sejam
prováveis, elas ainda são meramente especulativas
neste momento, mas podem (e devem) constituir-se
em objeto de futuras investigações especialmente
desenhadas para essa finalidade.
Considerações finais
Este estudo pretendeu adaptar o Inventário de
Ciúme Romântico para o contexto cultural português e
investigar suas propriedades psicométricas. Para isso,
empregou recursos da Teoria Clássica dos Testes ao
lado de recursos da moderna Teoria de Resposta ao
Item. Os resultados apontaram para a robustez do
constructo estudado, dada a grande semelhança tanto
entre as estruturas obtidas com a amostra brasileira e
portuguesa quanto entre duas amostras de participantes
portugueses.
Além disso, os resultados também indicam a
robustez do próprio instrumento, que mostrou ser
eficaz para avaliação de cinco dimensões do ciúme
romântico compatíveis com proposições teóricas e
com bons índices psicométricos. Por isso, embora
ainda sejam necessários estudos com amostras mais
amplas e representativas de toda a extensão do
território português, o presente instrumento pode ser
recomendado para o uso em investigação, como uma
medida satisfatória de diferentes aspectos relacionados
ao ciúme. E, nesse sentido, abre-se, por um lado, a
possibilidade de utilização do instrumento em
psicologia clínica, aonde a manifestação do ciúme é
relatada como um dos temas mais frequentes tanto em
terapias individuais (Costa, 2005) quanto de casal
(Leite, 2000). E, por outro, contribui para a realização
de mais pesquisas sobre o fenômeno do ciúme, tão
frequente e impactante socialmente, especialmente no
que se refere à violência doméstica (ver Kingham &
Gordon, 2004), e tão pouco estudado cientificamente.
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