UNIVERSIDADE
DE
SÃO
PAULO
INSTITUTO
DE
GEOCIÊNCIAS
ESTUDo DA
ANoMALTA
DE
cRoMo
NAs
Ácues
suBTEnnÂNEAs
DA
RearÃo
NoRoESTE Do
ESTADO
DE SÃO
PAULO
Marta
Lúcia
Nunes
Almodovar
Orientador:
Prof.
Dr.
Alberto
PachecoDrssERTeçAo
o= ú=rtRADo
Presidente:
Eraminadore6:
corvrssÃo
JULGADoRAnoms,?ass..t.
/Lu|L
(*,L,^
¿-tf\^.1"-=
<' òs?-\-os,
( s
u5ã¡"3
¡s . (;s,)u.,1--i--À-).
^-{\-
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k
n -z
/{.-,.¡¿r¿
e
ß'
¿/A
Sâo Paulo
UNIVERSIDADE
DE
SAO
PAULO
INSTITUTO
DE
GEOCIÊNCIAS
DEDALUS-Acervo-lGG
ililil iltil ililt ilil ilililil ililt ilil llilt ilil ]il til ilt
30900005946
ESTUDO
DA ANOMALIA
DE
CROMO NAS
ÁCUAS
SUBTERRÂNEAS
DA REGIÃO
NOROESTE
DO
ESTADO
DE
SÃO
PAULO
Marta Lúcia
Nunes
Almodovar
Orientador:
Prof.
Dr. Alberto PachecoDISSERTAÇAO
Programa
de
Pós-Graduação emDE
MESTRADORecursos Minerais
e
Hidrogeologia,: '-¿,
.';.
:l,2r,sS
Såo Paulo
SUMÁRIO
ANEXOS
FIGURAS
6p7ip¡695
TABELAS
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
r.
TNTRODUÇÅO l.l.Generalidades l.2.ObjetivosZ.
Ánn¿
DE
ESTUDI
2.l.Localização e vias de acesso 2.2. Aspectos fi s ioclimatológicos
2.3.Geologia
2.3.|.Grupo Bar¡ru
2.3.2.Formação Serra Geral 2.4.Hidrogeologia
2.4.l.Sistema Aquífero Bauru 2.4.2.Sistema Aquífero Serra Geral
3.GEOQAíUICI
DO CROMO:T]MA
SúNTNSøBIBLIOGRÅFICA
3.1.Histórico
3.2.Propriedades fisicas e químicas 3.3.Produção industrial e uso
1
2
3
3
4 4
8
10
10
t2
l3
l4
3.4.Oconência na natureza
3.4.
l.Nos
sistemas vivos3.4.2.Nas rochas e solos 3.4.3.Nas águas
3.5.Fontes de poluição 3.6.Aspectos de legislação
1.
METODOLOGIA
4.l.Caractenzação
da
ocorrênciade
cromo
nas águas subterrâneas do noroeste do Estado de São paulo4.l.1.Cromo total
4. l.2.Cromo hexavalente
4.l.3.Cromo total, hexavalente e nitrogênio nitrato nas águas subterrâneas de Urânia
4.l.4.Cromo
total
e
hexavalente
em
poços selecionados de Ur.ânia e Santa Salete4.l.5.Cromo total em
poços perfiradosapenasno Grupo Bauru ou em poços com entradas de água apenas na
Formação Serra Geral
4.2.Cadastramento de poços tubulares
4.3.Avaliação geoquímica das águas, sedimentos e rochas basálticas de Urânia-S.P
4.3. l.Análises de águas
4.3.2.Aná/iise dos sedimentos de Urânia e do poço 9
4.3.3.Anilise
dos basaltos do poço 94.4.Levantamento sobre eventu,ais problemas de saúde da
população abastecida
por
águas subterrâneascom
teores de cromo acima do limite de potabilidades.
APRESENTAçÅo
oos
nnsrrLTADos
5.l.Caracterização
da
oco¡rência
de
cromo nas águas subten^aneas do noroeste do Estado de São paulo5.l.l.Cromo
tot¿l5. l.2.Cromo hexavalente
5.l.3.Cromo total, hexavalente e nitrogênio nitrato nas águas subtenáneas de Urânia
5.1.4.
Cromo
total
e
hexavalenteem
poços selecionados de Urânia e Santa Salete5.1.5.
Cromo total
em poços
perfi.uados apenas no Grupo Bauru ou em poços com entradas de água apenas na Formação Serra Geral5.2.Avaliação geoquímica das águas, sedimentos e rochas basálticas de Ur.ânia-S.P
5.2.
l.Anilises
de águas5.2.2.Anâlise dos sedimentos de Urânia e do poço 9
5.2.3.4nálise dos basaltos do poço 9
S.3.Levantamento sobre eventuais problemas de saúde da
população abastecida
por
águas subterrâneascom
teores decromo acima do limite de potabilidade
6.SÍNTESE DOS
RESULTADOS
T.CONCLUSÕES
s.RECOMENDAÇÕES
9. RE
FE
RÊNCIAS BIB
LIOGRÅFICAS
38 38
4t
44
53
56
58 58 62
64
67
68
7l
73
ANEXOS
Anexo
0l:
Cadastro de poços tubulares da região noroeste do Estadode São Paulo
Anexo 02: Análises das águas subterrâneas feitas pela
SABESp
em54 localidades da região noroeste do Estado de São paulo
Anexo 03: Descrição sucinta das
l
l
amostras de basaltosdo
poço 9em Urânia, a diferentes profundidades
FIGURAS
Figura
0l:
Á¡ea delocalizaçãodapesquisa
5Figura 02: Mapa de distribuição de Grupo
Bauru
no
Estado deSão
Paulo
gFigura 03: Diagrama da especiação do cromo em relação ao
pH
eEh
23Figura 04: Regiäo Noroeste do Estado de São
paulo
com
asconcentrações de cromo total e hexavalente nas águas
subterrlaneas
39Figura 05: Esboço do
perfil
geológico do poço 9 emUnânia
59Figura 06:
Localização
de
poços tubularese
de
pontos deamostragem de sedimentos na sede do município de
Uriânia
ó0GR.4FTCOS
Gráfico 1A: Variação dos teores de cromo hexavalente (mg/l)
comopH
43Gráfico
lB:
Variação dos teores de cromo hexavalente (mg/l)82
94
com a condutividade elétrica
(pS/cm)
43Gráfico
lC:
Variação dos teores de cromo hexavalente (mg/l)com os sólidos totais
dissolvidos
44Gráfico 2A: Concentrações de cromo total (mg/l) com a data de
coleta do poço 1 em
Unânia
47Gráfico
28:
Concentrações de cromo total, hexavalente e nitratocom a data de coleta do poço
I
emUrânia
47 Gráfico 3A: Concentrações de cromo total (mgll) com a data decoleta do poço 2 em
Uránia
4gGráfico
38:
Concentrações de cromo total, hexavalente e nitrato com a data de coleta do poço 2 emUrânia
4g
Gráfico 4A: Concentrações de cromo total (mgÄ) com a data de
coleta do poço 3 em
Urânia
49Gráfico 4B: Concentrações de cromo total, hexavalente e nitrato
com a data de coleta do poço 3 em
Urânia
49
iGráfico 5A: Concentrações de cromo total (mgll) com a data de
coleta do poço 4 em
Urânia
50
l
Gráfico 5B: Concentrações de cromo total, hexavalente e
nifato
com a data de coleta do poço 4 em
Urânia
50
l
Gráfico 6A: Concentrações de cromo total (mg/l) com a data de
coleta do poço 5 em
Urânia
5l
l l
Gráfico 6B: Concentrações de cromo total, hexavalente e
nitrato
i
com a data de coleta do poço 5 em
Urânia
5l
,
Gráfico 7A: Concentrações de cromo total
(mgil)
com a datade
lcoleta do poço 6 em
Urânia
52
:Gráfico
78:
Concentrações de cromo total, herøvalente enitrato
ì
com a data de coleta do poço 6 em
Urânia
52Uránia e Santa Salete com o tempo
Gráfico
88:
Variação dos teores de cromo hexavalente (mg/l) nos poços de Urânia e Santa Salete com o tempoTABELAS
Tabela
0l:
Ca¡acterísticas numéricas docromo
V
Tabela 02: concentrações
de
cromo(ppm)
encontradasem
rochasígreas e
sedimentares
20Tabela 03:
Resultados
das
análises
fisico-químicas
das
águassubterrâneas das 12 localidades do noroeste
paulista
42 Tabela 04: Pa¡âmetros analisados nas coletas de águados
poços deUrânia e Santa
Salete
54Tabela 05: Concentrações de cromo total (mgll) em poços perfrrados
apenas no Grupo
Bauru
e
poços com
entradasde
ágrra apenas naFormação Serra
Geral
57Tabela 06:
Resultados
das
análises
fisico_químicasde
águassubterrâneas do poço 9, em três
profirndidades
ó1 Tabela 07: Resultados das aruilises de parâmetros fisico-químicos daságuas subterrâneas dos poços da Fazenda Jatobá e posto
Garção
62Tabela 08: Concentrações (ppm) de alguns elementos analisados nos
.
sedimentos do poço 9 emUrânia
63Tabela 9: Abr¡ndância média dos elementos em folhelhos
(ppm)
63
'
Tabela 10: concentrações (ppm)de alguns elementos analisados nos
basaltos do poço 9 em
Urânia
66'Tabela I I : Abundrância média dos elementos em basaltos
(ppm)
66 55AGRADECIMENTOS
A
realização desta pesquisafoi
possível graças ao apoio de várias pessoas einstituições, as quais deixo registrado os meus agradecimentos.
Ao
Instituto
de Geociências da universidadede
Sãopaulo
(IGc/uSp),
emparticular ao Departamento de Geologia Econômica e Geofisica Aplicada
(DGE)
eao
centro
de Pesquisas de Águas subtenâneas(cEpAS),
por permitir
a utilizaçãode sua infra-esÍutura.
Ao meu orientador Professor Doutor Alberto pacheco.
Aos
ProfessoresDoutores
do
DGE,
uriel
Duarte, Annkarin Atrélia
Kimmelmann, José
Milton
Benetti Mendese
RaphaelHypólito,
pelas sugetões ecorreções,
Ao Professor Doutor
valdecir
deA.
Janasi, do Departamento de Mineralogiae
Petrologia(DMP-IGc/uSP), pelo
acompanhamento, discussõese
correçõesnos estudos geoquímicos.
Ao
ProfessorDoutor
wilson
Teixeirado
Departamentode
Geologia Geral (DGG-IGc/[JSP), por facilitar a utilização do Laboratório do CpGEO.À
ProfessoraDoutora
M¡iria
szikszay,
do
IGc/usp,
por
sua
valiosa
',contribuição.
À
bibliotecráriado
lGc/usp,
Maristela
prestes Severino,pelas
correções bibliográficas.À
companhia de Saneamento Básico do Estado de são paulo (SABESp),por
l
todo apoio dr.rante arealização da pesquisa, em especial
a:
:-
Maurício SoutoMayor
Júnior, Roberto Ferreira, Joãocarlos
Simanke desouza,
1 Antonio Jorge Sápio (SABESp-São paulo);
- Edmilson
A.
Granello e Paulinho(SABESp-Femandópolis);
l
-
Sérgio Donizete Giovanini (SABESp-Urânia);À
Secretaria de Estado da Saúdepor
su¿r colaboração, em especial a DeniseM.
E. Formaggia, Maria Adelaide Perrone e AmaldoM.
Elmec.À
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível
Superior (CAPES),pela bolsa de mest¡ado que recebi dr¡rante o programa de pós-graduação.
À
Fundação deAmparo
à
Pesquisado
Estadode
Sãopaulo,
pelo
auxíliofinanceiro para esta pesquisa, através do processo número 9411995-3. Aos amigos:
-
Ricardoc.
A.
Hirata, que muito batalhou para que esta pesquisa se concretizasse.Pelo apoio, incentivo,
sugestões, discussõese
até
por
fazer
aquelas ..perguntaschatas";
-
It¿baraciN.
Cavalcante,por
todasas
informaçôesque
me
passou desde queingressei na pós-graduação, pelas correções
do texto,
sugestõese
pela dedicação com que realizou a leitura;-
OscarBordon, que
perdeu suas horasde
sonoe
Sand¡aM. D.
Moraes,
quedescobriu
o
det¿lhefinal
e
muito me
ajudaramna
confecçãodos gníficos
dadissertação. Pela convivência e por me incentivar naqueles dias dificeis.
- Alous Spaanderman pela importante ajuda.
RESUMO
A
ocorrência de cromo nas águas subterrâneas da região noroestedo
Estadode São Paulo tem se configurado como uma grande preocupação, uma
vez
que as cidades possuem no recr¡rso hídrico subterrâneo a única fonte de água para suprirsuas necessidades.
o
sistema aquífero Bauru atende a uma ampla demanda de água,desde núcleos urbanos de pequeno porte
e
industrias, até propriedades rurais queneþessitam de água para irrigação.
Esta pesquisa objetiva ca¡acterizar a extensão espacial da anomalia de cromo
nas
águas
subterrâneasda
região
noroeste
paulista;
desenvolver
um
estudogeoquímico das águas, sedimentos e rochas da cidade de
uránia; definir
a relaçãosaúde
pública
e a
presençade
cromo nas
águas subterr"aneasutilizadas
paraabastecimento público.
Inicialmente,
a
anomaliade
cromo
foi
detectadaem poços
tubulares
ecacimbas
do
município deurânia,
região de Jales, sendo que em alguns locais, apresença deste elemento supera o valor m¿iximo permissível em águas para consumo humano, que é de 0,05mg/l (Decreto Estadual 12.4g6, de 20-10-7g e portaria 36, do Ministério da Saúde, de 19-01-90).
com
as análises químicas de águas subtenâneas de 54 localidades no períodode
1977a
1993, executadaspela
companhia
Estadualde
saneamento Biisico (SABESP), sabe-se hoje em dia, que esta anomalia extende-se a outros mwricípios da região noroeste do Estado.Estudos geoquímicos
dos
sedimentosda
Formação Adamantinae
rochasbasálticas da Formação Serra Geral da cidade de unânia, mostramm que enquanto
as
concentraçõesde cromo nos primeiros
estão acimada
média enconfrada em sedimentos similaresda
crosta terrestre, nas rochas basálticas, as concentraçõesestão abaixo da média dos basaltos da crosta.
um
levantamento sobre a saúde da população deurânia
mostrou que nãofoi
ingestão de água contendo cromo acima do limite de potabilidade.
Através da integração dos dados e do estudo sistem¡ítico dos teores de cromo
nas águas, sedimentos e rochas, chegou-se as seguintes conclusões:
-
a anomalia de cromo extende-se além da cidade deurânia,
a outrosmunicípios e
distritos do noroeste paulista;
-
a
distribuiçãodas
concentraçõesde
cromo
é
irregular, tanto temporal
quanto espacialmente;-
a
origemdo
cromo
é
discutível, apesarde
fortes
evidênciasde
sernatural
(aanomalia
estar distribuída
por
uma
ampla
região,
de
serem encontradasaltas
concentrações
de
cromo
nos
sedimentos),
são
necess¿íriosestudos
mais aprofirndados;
- não se tem conclusões relevantes se a anomalia de cromo causa problemas à saúde
ABSTRACT
The
efstence
of
chromiumin
groundwateris
subjectto
great concern in thenorthwestern region
of
São Paulo State, wherecities
dependon the
undergroundwater
resourcesfor
their only
sourceof
water
to
supply
its
needs.The
aquifersystem of Bauru attends
with
an ample demand of water the small urban centers andindustries,
ild
rural properties which need water for irrigation.This
researchaims
to
charactenzethe
spatial
extensionof
the
chromium anomaly in groturdwater in the northwestem regionof
São Paulo State; to develop ageochemical study of water, sediments and rocks in the city
of
Urânia; and to define the relation between public health and the presenceof
chromium in groundwaterfor
public consumption.
Initially,
the chromium anomaly was discovered in shaft wells and waterholesin the Urânia municipality, Jales Region, that is
to
say,in
some places the presenceof
this
element
exceededthe
allowed
maximum
value
in
water
for
human consumption, which is 0.05 mg/l (State Decree 12.486,of
20-10-78 and Edict 36,of
theMinistry
of Health).With the chemical analysis of groundwater taken
at
54locations duringlg77-1993, executed
by the
State Companyof
Basic
Sanitation (SABESP),we
knowtoday that this anomaly extends to other municipalities in the northwestern region
of
São Paulo State.Geochemical
studies
in
Urânia
city
of
sediments
of
the
AdamantinaFormation and
of
the
basalticrocks
of
the
Serra Geral Formation, showthat
the concentrationsof
chromiumin
the
first
formation are above the average found insimilar sediments
ofthe
earth's crust, and the concentrations in the basaltic rocks arelower than the average in basaltic crust.
A
surveyto
the healthof
the populationin
Urânia showed that no researchThrough the combination of data and the systematic study
of
chromium levels in water, sediments and rocks, the following conclusions were drawn:-
the chromium anomaly is not only presentin
thecity of
Urânia, but alsoin
other mturicipalities and districts in the northwestof
São paulo State;- the distribution of chromium concentrations is irregular, both in time and space;
-
the originof
the chromiumis
subjectto
discussion, despite strong evidence thatit
is natural (the anomaly is distributed in a wide region, high chromium concentrations are for¡nd in the sediments), however, more in-depth studies are necessary;
- no relevant conclusions can be drawn about the problerns caused by the chromium
anomaly to the health of the population served by this water.
T.TNTRODUÇ/iO
I.l.GENERALIDADES
A
presença da anomalia de cromo nas águas subterrâneas da região noroestedo Estado de São Paulo tem sido verificada desde 1977. Inicialmente,
foi
constatadaem
águas provenientesde
poços profi.urdose
cacimbasno
municípiode
urânia,região
de
Jales. Posteriormente,foi
detectadoque esta
anomalia extendia-se aoutros municípios do noroeste paulista.
As
concentraçõesde cromo
são variáveis em cada municípioe
emalg'ns
locais
ultrapassamos
limites
m¡íximospermitidos
em
águaspara
o
conslrmo humano, cujo valor é 0,05 mg/l (Decreto Estadual 12.486 de 20-10-78 e portaria 36,do Ministério da Saúde, de 19-01-90).
As
cidades paulistasda região
ondeocorre
a
anomaliade
cromotêm
norecurso hídrico subterrâneo a única fonte capaz de suprir suas necessidades, Como
as águas são usadas para consumo humano, há trma grande preocupação, uma vez
que
a
alta
concentraçãode
cromo
é
um
potencialde risco
à
saúdepública.
A
toxicidade
do
cromo
dependede
seu
estadode
oxidagão,que pode ser
cr3*(trivalente) ou cr6* (hexavalente), sendo o pdmeiro menos tóxico do que o segundo, que pode causar tr.rmores malígnos, como câncer no pulmão.
Esta
pesquisa
foi
desenvolvida
na
região
noroeste
paulista, onde
foi
constatada
a
anomaliado
cromo.
Ela
é
parte
de
um projeto onde
estiveramenvolvidos,
como
órgãosde
apoio,
a
Secretariado
Meio
Ambiente
através doInstituto
Geológico,
a
companhia Estadual
de
saneamentoBásico
(sABESp)Desta forma,
justifica-se
o
estudo desenvolvido,pois
além da preocupaçãocom
a
qualidadedas
águas subtenânease
a
saúdepública,
esta pesquisaé
deinteresse acadêmico, uûra
vez
que emum
trabalho preliminarfeito
pelo
InstitutoGeológico, aventuou-se a hipótese de que a origem do cromo é natural, fato raro de
ocorrência, inclusive no mundo.
como
a presença deste elemento afeta a qualidadedas
águas
subterrâneas,recurso
de
grande
importância
social,
econômica
eestratégica,
foi
necessiårio um estudo mais abrangente da região, afim
de averiguara
ocorrência da anomalia de cromo nestas águas, para que fosse possível buscarformas de amenização do problema.
l.2.OBJETIVOS
Os objetivos são:
-
caractenzat a extensão espacial da anomalia de cromo nas águas subterrâneas daregião noroeste do Estado de São Paulo;
-
desenvolver um estudo geoquímico das ágrns, sedimentos e rochas da cidade deUrânia- S.P.;
-
definir
a
relação saúdepública
e a
presençade
cromo nas águas subterrâneas2.ÁREA
DE ESTT]D0
2.I.LOCALrZ
Ç^O
EVrAS
DE ACESSO
A
¿írea ondefoi
desenvolvido o trabalho está localizada na região noroeste doEstado de São Paulo. Foi selecionado o município de
urânia
para estudo de detalhe (Figura0l).
A
sedemunicipal
de urânia dista 594
km
da
capital,
com
acesso pelasrodovias
sP
330,
sP
310
e sp
320.
A
cidade possui
aproximadamente g.100habitantes.
o
abastecimentode
ágw
é
feito
por
poços
tubularese
cacimbas, operados pela SABESP.2.2.ASPECTOS
FISIOCLIMATOLÓGICOS
A
¿íreade
estudo
situa-seno
planalto ocidental,
onde
predominam ossedimentos
do
Grupo Bauru.
Esteplanalto
abrange cercade 50% do
território paulista, ocupado por relevos monótonos de colinas emorotes.
Segundo
Setzer
&
Porto (1979)
os
solos
do
Grupo Bauru podem
serdivididos
em dois
grupos:solos
a¡enosos quÍNe semcimento calcífero
e
solosarenosos com cimento calcífero.
Na
região de estudo domina a massa equatorial continentale
a
continent¿ltropical
e,
em
segundo plano, as massas polares.o
períodode
chuva ocorre dedezembro a março e o período de seca de abril a setembro.
A
temperatura segue um ritrno normal de clima tropical, com duas estações bem definidas: uma quente, commédias mensais acima de 20 oc (dezembro/março) e ouha com temperaturas abaixo
devido à presença de massas frias.
os
índices pluviométricos amnis médios chegam a 1050 mm(DAEE,
197ó).2.3.GEOLOGIA
Na
¡ireade
estudoonde
foi
investigadaa
presençade
cromo nas
águas subterrâneas, afloramos
sedimentosda
Formação Adamantina,do Grupo
Bauru.Estes
sedimentos encontram-sesobre
os
basaltos
da
Formação
Serra
Geralconforme atestam os poços tubulares da região.
2.3.I.GRUPO
BAURU
Este Grupo é do
cretácio
Superior e aflora em grande parte do Estado de SãoPaulo, recobrindo as lavas basálticas do Planalto Ocidental.
No Mapa Geológico do Estado de São Paulo, escala
l:
500.000,(IpT,
lggl)
adotou-se
a
sequência estratigráficaque
vem
sendo proposta atualmentepara
oGrupo
Baurg
subdividindo-o nas formaçõescaituí,
Santo Anastácio, Adamantina eMarília.
Formação
Caiuá
A
Formação caiuri, constituída essencialmente de a¡enitos, representa o inícioda deposição do Grupo Bauru, em um embaciamento ainda restrito, sobrepondo-se
Figura
0l:
Áaea de localização da pesquisaFonte: Modificado de Campos, 1987.
llol^ ExPttcÁ va
Mo?. .loùdcô d ldùr dô hoÞo eÉritsÈ. ¡¡. lPl
llgalt, .tcolo I 5@(nr, ù{toÞtodo . .'ñrritlco¿,.
LOCATTZAçÀO D /tFEÁ rO fs¡ÂDO
compreende a região do Pontal do Paranapanema, estendendo-se para norte por uma estreita faix¿ na margem esquerda do rio Paraná, mapeável até a confluência com o
rio
Peixe.Tem
continuidadepelos
estadosdo
paranáe
Mato
Grosso
do
Sul (IPT,1981).Formação Santo
Anastácio
os
a¡enitos desta formação afloram em á¡eas que acompanham as cotas maisbaixas
dos
vales
dos
rios
afluentes
do
Paranr!
no
oeste
do
Estado.
Em subsuperficie,litologias
atribuídas à Formação Santo Anastácio estendem-se para leste, até a região de Paraguaçu Paulista, e para norte, até o divisor entre os rios São José dos Dourados e Grande. Esta distribuição indica queo
embaciamento em que se acumulou esta formação hansgrediu sobreo
embaciamentocaiuí,
embora emcontinuidade
tectônica
e
sedimentar. Encontra-seo
Arenito
santo
Anastácio depositado ora sobre ocaiuá,
ora recobrindo diretamente o embasamento basáltico(IPT,l98l).
Formação
Adamantina
Aflora na região de estudo e ocoffe por vasta extensão do oeste do Estado de
São
Paulo, constituindo
os
terrenosda
maior parte
do
planalto ocidental,
sódeixando
de
aparecer nas porções mais rebaixadas dos vales dos principais rios, ondejá
foi
removidapela
erosão. Soareser
a/.
(19s0)
propõem formalmente adenominação Formação Adamantina para designar os bancos de a¡enitos altemados
com lamitos, siltitos
e
a¡enitos lamíticos, situados
esftatigraficamenteentre
alitologicamente diferenciada,
de
ocorrência maisrestrita,
e
a
FormaçãoMarilia,
individualizada como uma unidade sobreposta, de ocorrência localizada.Almeida
et
al.
(1980)
destacamque
as
característicasdistintivas
mais marcantes entrea
Formação Santo Anastácioe
a
Formação Adamantina são queesta ultima tende, no geral, a apresentar sedimentos mais finos e bem selecionados,
frequentemente com mica e mais raramente feldspato, sílica amorfa e opacos e com
maior
variedadede
estruttras
sedimentares. Estas caracteristicasindicam
maiormaturidade
textural
e
mineralógica, deposiçãoem
sistemaflúvio-lacustre
maisorganizado
que
aquele
da
Formação
santo
Anastacio,
bem
como
maiordiferenciação
das
¡íreas-fontede
sedimentospa¡a
a
Formação Adamantina que, segundocoimbra (1976),
compreenderiam principalmente ií¡easde
sedimentos fanerozóicos pré-existentes a noroeste e sudeste, iíreas de rochas básicas do Grupo São Bento, metamóficasdos
GruposAraxií
e
canastrae
alcalinasdo
TriânguloMineiro
a
nordeste.As
conclusões desteautor
basearam-se principalmente na an¿ilise da dishibuição de parâmetros granulométricose
da frequencia relativade
minerais pesados, entre eles cianita, turmalina, granada, epídoto, esta¿rolita e rutilo.
Brandt
Neto
(1977)
estudandoa
Formação Adamantina
na
região
deAraçatuba e Penápolis,
no Baixo
Tietê, observou emtrinta e
oito
amostras que aocorrência
de
minerais
pesados
se
concentrou
em
turmalina
e
estaurolita,predominantemente,
e
granada, zncão,rutilo e
perowskita,
secundariamente.os
argilo-minerais reconhecidos
por
BrandtNeto
(19g4) e BrandtNeto
el al.
(19g5)
são a caulinita, montimorillonita e paligosrquita.
Silva
&
Monte (1987)
descrevema
presençade
trona
no
Grupo Baurq
mineral
de
origem
evaporítica
,
não
marinþ
constituído
essencialmente porcarbonatos e bica¡bonatos de sódio.
As
maiores espessurasda
Formação Adamantinaoconem
geralmente nas porções ocidentais dos espigões entre os grandes rios.Atinge
160 metros enfre osParanapanema,
e
100a
150 metros entreos
Rios
Peixee
Turvo,
adelgando-sedestas regiões emdireção a leste e nordeste (Soares et
al.,
1980).Formação
Marília
Ocorre na porção centro-sul do Estado, entre os médios vales dos rios Tietê e
Paranapanema.
Tem
ocorrênciarestrita
relativamenteàs
demais
formações doGrupo Bauru,
sendo
que
a
linha
de
contato
desenhaum
intrincado
recorte,resultando
da
erosãoao longo da
drenagemprincipal. Nas
regiõesde
Marilia
eEchaporã sustenta escarpas características, com até pouco mais de uma centena de
metros de desnível, encimadas por urna superficie aplainada denominada Planalto de
Marília-Garça-Echaporã ou Planalto de
Ma¡ília.
A
FormaçãoMarília
depositou-se em um embaciamento localizado desenvolvido ao término da deposiçãoBaun¡
emsituação
parcialmente
marginal, repotsando
geralmente
sobre
a
FormaçãoAdamantina,
e,
mais
para
leste,
diretamentesobre
os
basaltos
Serra
Geral(IPT,l981).
Na
figura 02 encontra-seo
rnapa de distribuição do Grupo Bauru no Estado de São Paulo.2.3.2.FORMAçÃO
SERRAGERAL
A
Formação Serra Geral pertenceao Grupo
SãoBento
e
segundo White, (1908apudlPT,
1981) compreende um conjunto de derrames de basaltos toleíticosentre
os
quais
se
intercalam arenitos
com
as
mesmas
características dosrrrrr
l.
¡9ùv
FTGURA 02
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.rñpÍt¡.o¡b-Lroc¡LtzacÀo oa aREA No Esl/¡oo
os
denames são formados por rochas de cor cinza escura a negra, afaníticas.Petrograficamente
os
basaltos
apresentamcomposição mineralógica
simples,constituídos essencialmente
de
labradonta
zonada associadaa
clinopiroxênios(augita e às vezes pigeonita). Acessoriamente mostram-se titano-magnetita, apatita,
quartzo e raramente olivina ou seus produtos de transformação
(IPT,
l98l).
Ruegg
(1975)
reconhecea
presençade
cromo nas rochas basálticas comoelemento traço, em concentrações que atingem até240
pprq
com 25%o das amostras comconcentrações variando de 140 a 160 ppm.2.4.HIDROGEOLOGIA
2.4.
I.SISTEMA
AQUÍFEROBAURU
os
sedimentos da Formação Adamantina formamo
Sistema AquíferoBaun¡
que representa
uma
dasprincipais
fontesde
exploraçãode
água subterrânea no Estado de São Paulo. Este aquífero cobre uma ¡írea de 104.000 km2(
cerca de 40vodo
território
estadual) de umtotal
de 315.000 km2 de sua ocorrência na Bacia doParaná. Devido à relativa facilidade de captação de água através de poços cacimbas e tubulares, o Sistema Aquífero Bauru atende a uma ampla demanda de água, desde
núcleos urbanos
de
pequenoporte
e
indústrias,
até
propriedadesru.aís
quenecessitam de água para
irigação
(Campos, 1987).segrmdo
DAEE
(1976
e
1988),o
SistemaAquífero Bauru
ca¡acteriza-se como wridade hidrogeológica de extersão regional, contínua, livre a semiconfnad4com
espessuramédia
de
100
metros, masque pode
chegar aos250
metros. É exploradopor
cerca
de
4.500
poços
tubulares,utilizados
basicamentepara
o abastecimentopúblico.
Há
um
zoneamentodo
potencial explorávelpor
poços: a-30
m3ft
e de 30-
s0
m3/h oconem em áreas menores, nas porções onde a parteinferior do pacote sedimenta¡ tem expessura da ordem de 100 metros. Este aquífero apresenta valores de transmissividade que variam
de
l0
a
100 nL2ldia, com médiade 35
r&ldia,
e a capacidade específica de 90%o dos poços é inferior aI
m3/h.rnSegundo
CETESB
(1977),
a
porosidadeefetiva
varia
de
acordo
com
a composiçãodas
camadas,de
15%onas
camadas arenosasa
5olonos
a¡enitoscalcíferos
e
siltosos. Alguns
testesde
bombeamento realizadosem
poços
queexploram
o
Grupo
Baurq
acusaramvalores
do
coeficiente
de
armazenamento característicosde
condiçõesde
confinamento,fato
explicadopela
existência de camadas arenosaslimitadas
por
camadassilto-argilosas
compactas formando bancos de grande extensão.Como aquífero freático,
a
recargaé
feita
diretamentepela
precipitaçãopluvial, sendo sua base de drenagem os rios Paranapanelna, Tietê, Grande e paraná,
e suas malhas de afluentes em toda a iirea do afloramento.
o
aquífero fimciona, emgeral, como reservatório regulador do escoamento desta rede fluvial.
segundo Rocha ¿r
al.
(1979),o
Bauru apresenta velocidades de circulaçãodas águas subterrâneas
da
ordem de4
cm/diapara
as Formações Adamantina eMarília.
Na
Formação Adamantina predominam águas bicarbonatadas cálcicas oumagresianas e águas bicarbonatadas sódicas; secundadamente ocorrem águas
cloro-sulfatadas cálcicas ou magnesianas e cloro-sulfatadas sódicas
(campos
l9g7).
As águas são pouco mineralizadas, com sólidos totais dissolvidos(srD)
infedores à240m/l.
O
SistemaAquífero
Bauru apresentapH
de ácidoa
básico(4,59 a
9,64) eteores salinos inferiores
a200
m/l
para 62vo das amostras. Neste sistema aqulfero,a
grossomodo,
o
emiquecimentodo teor
salino das
águas subterrâneasnão
éacompanhado pelo aumento dos teores de cloreto e de sódio, a não ser localmente
2.4.2.SrSTEMA AQUÍFERO SERRA
GERAL
os
denames basálticos e intn¡sões diabásicas que originam a Formação SerraGeral não
constituenqpor
si,
camadas aquíferas; somenteao
longo
de
linhasestruhrais
(falhas
e
fraturas), horizontes
vesiculares, interderramese
a¡enitosintertrapeanos, é que se tem a produção de águas subterrâneas.
por
se constituíremem
aquíferosde
fissuras, suas
potencialidades relacionam-seà
densidade defraturamento, grau de alteração dos horizontes vesiculares, sistemas de alimentação
e
inter-relação com outros aquíferos, não podendo ser aferidas pelos parâmetros característicosdos
aquíferosde
interstícios,como
porosidadee
permeabilidade(CETESB, 1977).
o
SistemaAquífero serra Geral aflora
numa ¡åreade
32
rntr quilômetros quadrados na porção centro-lestede são
paulo,
sendo recoberto,a
oeste, pelossedimentos
Bauru-caiu¡i.
Apresenta-se
em
derrames
sucessivos
de
lavas,superpostos, onde os sistemas de fratu¡amento (zonas aquíferas) estão relacionados
tanto
a
esforços tectônicos, gerando fraturas subverticais,como
a
processos deresfriamento
que originam
descontinuidades sub-horizontais.A
maioria
de
seuspoços tubulares possuem profimdidades
de
100a
150 metros. Suas vazões, porén¡são variáveis
e
os
poços
situadosjunto
a
lineamentos estruturaisou
fratras
3.GEOSUíMnCA DO CROMO:
AMA
SúNTESEBTBLTOGtuíFrCA
3.T.HISTÓRICO
o
cromo não era conhecido na antiguidade, tendo sido descobertoem l79g
no cromato de chumbo (PbCroa¡, que ocorre
na
îaïrreza
soba
formado
mineral crocoíta (Pauling, 1966).o
metalfoi
isolado pela primeira vez ahavés de um processo de redução de óxido de cromo(cro3)
com carvão vegetal, a alta temperatura. Foi então sugerido onome cromo ao metal, originário do grego, devido as diversas colorações dos seus compostos (Rollinson, 1973
apud
Soares, 1992).Segundo Soares (1992), inicialmente eram manufaturados algturs compostos
químicos do cromo, produzidos bicromatos e pigmentos, como cromato de chumbo,
sendo que no ano de 1845 iniciou-se a primeira produção comercial.
o
elemento tomou-se economicamenteviável
por volta
de
1g27,com
â
rdescoberta de grandes depósitos nos Estados
unidos
da América.Em lg4g
foram descobertas novas jazidas na Ásia Menor, que fez com que o monopólio americano fosse se desfazendo.A
utilização do metale
de seus compostos nos diversos setores industriais,comerciais e científicos
foi
melhor evidenciada a partir da Revolução Industrial.No
3.2. PROPRTEDADES FÍSTCAS E
QUÍMTCAS
O
cromo
é
um
metal branco, brilhante,duro
e
quebradiço,com ponto
defi.uão bastante
alto
(1840
oc)
e
ponto
de
ebuliçãonão tanto
proporcionaknente(2300
"c).
Sua densidadeé
7,188 g/cm3lotrlweiler,
1973).Arabela
0l
relacionaalgumas características numéricas importantes do elemento.
Tabela 01: Ca¡acterísticas numéricas do cromo.
PROPRIEDADES DO CROMO
Número Atômico 24 Configuração eletrônica extema 3d' 4s
Peso atômico 51,99ó
Densidâde do sólido a 2O" C,
glø'
/,1ððVolune atômico cm' 7,24
Ponto de fusão, " C lE40
Ponro de ebulição, " C ca.2300
Potencial de ionização, ev 6,76 Fonte: Ohlweiler, 1973, modificado
Este elemento pertence
ao
grupo
VI-B
da
tabela periódica,com
número atômico 24, peso atômico 51,996. Possui estados de oxidação que variam decÊ
àCrfr,
comumenteocorre nos
estados0
(elementar),+2,+3,+4,+6. possui
quatroisótopos est¡iveis com
a
seguinte porcentagemde
abundância:toc,
(4,31%o); szCr(53,76%);5tcr
19,55Y0¡e
tocr
72,38Vo).Ele tem cinco
isótopos radioativos, massomente
tlc.,
com meia-vida de 27 ,8 dias, é mais comumente usado para estudos de traçador. Possuidois
estadosde
oxidaçãono
ambiente natural: hexavalente(cr
3.3.
PRoDUçÃo
rNlusrRrAl,
E
uso
Segrurdo
"National
Academy ofSciences"(1974 apud Soares,r992),
apesarde
óxidosde
cromo serem encontradoscom
abundânciana
crosta terrestre, não apresentam concenûaçõesde
cromo viável
economicamente,sendo
seu
único minérioa
cromita,cuja
fórm'la
é
[(Fe,Mg)O
(Cr,Al,Fe)2O3].O
ultimo
membro,FeCr2Oa (também chamado cromita), contém 68%o de
óxido
de cromo (Cr203)
e
32o/o
de
óxido
de
ferro (Feo).
o
grau mais
arto
do
minério
contém aproxirnadamente 52%o a 56%o de Cr2O3e l}yo
a26%o de FeO.os
principais produtores de cromitatem
sidoa
extintau.R.s.s., África
dosul,
Filipinas e Turquia.outros
depósitos de extração são encontrados nosE.u.A.,
Albânia, Cuba, Brasil, Japão, India, Nova Caledônia, paquistão, Irã e ouhos.
A
cromita sofre viírios processos industriais até chegar aos produtos finais, utilizados nas industrias metalurgicas, de refratários e químicas.Indústrias
metalúrgicaso
cromo é extremamente resistente à corrosão,por
isso é empregado como coberh¡ra de proteção e decoração de outros metais (Mahan, 1972).Suas ligas são muito importantes, principalmente as de Fe
(II)
(tigas de aço).os
aços que contêmcromo
sãomuito
duros, resistentese
fortes. Sãouados
em projéteis, cofres etc.Aço
inoxidável comum contéml4-lg%
decr
(e, em geral, goloIndústrias
derefratários
utiliza-se a
cromita com aproximadamente 34o/o deóxido
de cromo
e
altaporcentagem
de
alumínio,
devido
ao alto
ponto
de
fusão (2040
"c)
e
bai¡<a
reatividade (Soares, 1992).
Indústrias
químicasSais
de
cromo hexavalente são usados em decapagem química de metal eoperações
de
capeamento, anodizaçãodo
alumínio, curtimento
do
cor¡roe
em manufah¡ra de tintas, corantese
outras subståncias. Saisde
cromo trivalente sãomenos usados em industrias e aplicações manufatureiras. compostos de cromo têm
sido usados como
inibidor
de corrosão em h¡bos condensadores de usinas elétricas(Ståmer el
a/.,
1985).3.4.OCORRÊNCIA
NATI]REZA
o
cromo
é
onipresenteno
meio
nmbiente, enconhadoem
concenfraçõesvariadas
nas
águas(lpg
até
ll2¡tgll),
no ar
(
<
0,lpg/m3),
nas
rochas(5
atél800mg/kg), solos (53mg/kg) e toda matéria biológica. Este elemento é encontrado
3.4.1. NOS SISTEMAS
VIVOS
o
organismo humano necessita de um série de subsl,âncias químicas que sãoindispensáveis para a manutenção da
vida.
Estas substâncias podem ser divididasem dois grupos, os constituintes básicos (carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio,
cálcio, fosforo,
potiíssio,
enxofre, sódio, cloreto,
magnésio)e
os
elementosessenciais
(cromo, cobalto, cobre,
estanho,ferro, iodo,
manganês, molibdênio,selênio
e
zinco).
os
constituintes básicossão
aquelesque
existemem
grandes quantidades, enqÌ¡anto os elementos essenciais aparecem em pequenas quantida.dese são denominados "traços".
Muitos
metais traços são essenciais para a nutrição de animais e plantas emquantidades
traço,
mas podem tomar-se
venenosos
ou
tóxicos
quando
as
concentrações benéficas forem excedidas (Stamer e/
a/.,
l9S5).As
ações tóxicas se manifestamem
fi.rnçãoda
dosagenr,forma
química eestado
nutricional
do
organismo exposto.
Desta forma,
para garantir
efeitosbenéficos
ao
organismo,
é
preciso manter
as
concentraçõesdos
elementosessenciais denfro
dos limites.
o
excessoou
a
falta dos
elementos traços podeminduzir
alterações bioquímicasque
afetam
as
funçõesfisiológicas,
provocandoefeitos que variam
em
intensidadede
acordo
com
a
idade, sexo
e
espécie doorganismo em estudo (Amaral, 1985).
A
toxicidade do cromo e seus compostos depende de seu estado de oxidação,que pode ser
f3
ou
+6.
o
cromo
é
um dos
elementostraços
menos tóxicos.compostos de
cr
(vI)
são aproximadamente cem vezes mais tóxicos do que sais deCr(IIf.
As
formas trivalentes de cromo, que são nutricionalmente ativas, têm baixatoxicidade,
apesarde não
terem
sido
estabelecidas doseslimites.
sabe-se queoralmente são pouco absorvidas; sobre a pele há combinações com as proteínas das
camadas superiores mas sem causar ulcerações, com excessão de pessoas alérgicas
ao
cromo.
o
cromo
hexavalenteé
muito mais tóxico
e
não
apresenta valornutricional. Este
pode ser
absorvidopor
ingestão, inalaçãoe
atravésda
pele,podendo causar ulcerações e eczemas (Amaral, 1985).
o
cromo em cromatos e ácido crômico é da forma hexavalente e emtrióxido
crômico
é
da
forma
trivalente.
o
ácido crômico
é
corrosivo
para
a
pele
emembranas da muoosa, na área respiratória superior.
o
cromo na forma trivalente émenos
tóxico do
que na forma hexavalente. crâncer no pulmãofoi
constatado em trabalhadoresque
se
expunhamao
cromo
hexavalenteem
industriasde
cromo, remoção de cobre e anodização de alumínio (Hagarty,199l).A
maioria das
referênciasbibliográficas
descreve estudos relacionados àassimilação
de
cromo
por
vias
respiratórias,não
tratandoda
ingestãode
ágn
contendo cromo.
o
cromo presente no material biológico está na formacr
(II!,
que é essencialà
nutrição
humana
e
desempenhaum
papel
importante
no
metabolismo
doglicogênio.
o
tecido
animal possui
o
elemento
em
concentrações variáveisdependendo
da
espécie, idadee
¿íreado
corpo.
concenhações excepcionalmente elevadas têm sido encontradasno
cérebro e, particularmente, na medula vertebral,bem como em tumores e tecidos carcinogênicos
(Mertz,
1969).No
cabelo de crianças diabéticas foram encontradas concentrações inferioresàs encontradas em crianças normais. Masironi, (1978
apudAmaral,
19g5), colocaque
o
cromo
agecomo cofator
intervenientecom
a
insulinano
metabolismo daglicose
e
que
a
carência deste metal pode provocaros
distr-ubios verificados na diabete.o
cromo pode prevenira
ocorrência de problemas das coronárias. Estudoscomparando as paredes a¡teriais de pacientes mortos
por
distubiosdo
coração e3.4.2. NAS ROCHAS E SOLOS
o
cromo
é
um
metal que oco..e
frequentementena
natureza. Estudos geoquímicos mostram que está entre os quinze elementos mais aburdantes na Terrae que, ao lado do Na,
K,
Co, P,Mn,
Ti,
pode ocorrer entre 0,1e
l%o do peso total da crosta terrestre. Sua composição médiana
crostaé de
100g/ton (ppm),
comvalores diferenciados
para
o
diabásiode
120ppm
e
para
o
granitode
20
ppm(Mason,
l97l).
A
cromita
(FeCr2Oa)é
um
constituinte
comum
dos
peridotitos
e
dos serpentinitos deles derivados, sendoum
dos
primeiros mineraisa
se separar domagÍul
que
se resfria. Pensa-seque
os
grandes depósitosde
cromita
se teriam formado por esta diferenciação magmática. comumente associa-se com a olivina, aserpentina e o coríndon (Dana, 1986). Pode estar concentrada em resíduos laterícos
sobre rochas ultramáficas, que contêm maior concentração de cromo do que outras
espécies de rochas
(Herq
1985).Nas
rochas
sedimentaresa
presençade
cromo pode
estar
associada aminerais
de
argila.
A
montmorillonita,
um
tipo
específicode
argila
expansiv4 comporta a substituição atômica de um considerável número de elementos em suÍrestrutura, incluindo
o
cromo trivalente. Nestes mineraiso
cromo nãotem
origemprimíria.
Nas
rochas
ígneas,o
cromo
está
presenteem
piroxênios,
um
mineralsilicático. Estes
minerais
têm
uma
composição
altarnenteva¡iável devido
àsubstituição atômica.
o
elemento em questifo pode ocorrerem
até l,2vo em algunsdiopsídios [Ca
Mg
(Srz Oo)]
e em algumas augitas [(Ca,Na)(Mg,
Fe2,Fe3,Al)
(Si,Al)z Oo
I
(Mason,l97l).
A
tabela 02 mostra as concentrações de cromoþpm)
encontrada em algumasA
concentraçãode
cromo
no
solo pode
ser determinadapelo
materialde
origem.
Solos derivadosde
rochas ígneas podem conter teores elevados, assimcomo
solos derivadosde
folhelhos.
Solos derivadosde
serpentinitos usualmentecontêm alto teor de cromo. Serpentinitos contêm uma proporção
de
1.g00ppm de
cromo
e
2.000ppm de
Ni.
Em
adição,
argilas xistosase
fosforitos
usuarmentecontêm altas concentrações,
Em
solos
com
elevado
teor
de
óxidos
de
manganês,foi
constatada apossibilidade do
cr
(III),
forma relativamente estável, seroxidado
à
forma decr
(vI)'
de grande mobilidade no solo(Bartlett
&
James, 1979). porén¡, a redução decr (vI)
no solo, pode ser aumentada com a presença de matéria orgânica(cany
et
al.,
1977; Barrlen&
Kimble,
1976).Tabela
02:
concentraçõesde
cromo
þpm)
enconfiadasem
rochas
ígnease
sedimentares.
MATERIAL CONCENTRAçÃO
ttæOHlppn¡ Rocha ígnea
'
198Grânito " 20
Diabásio 120
A¡enito' t20
Carbonato " 7,1 Fontes:
" Horn & Adams, 1966 apud Hø, l9B5
b
3.4.3. NAS
Ácues
o
cromo
(III)
é
pouco
móvel
nas
águas subterrânease
apresenta baixatoxicidade para o ser humano, se ingerido por via oral. Já o cromo
(vI)
é altamentemóvel e possui alta toxicidade. Devido a possibilidade de oxidação do cromo
(III)
para
o
cromo(vI),
nasnoÍnas
de
potabilidadeda
águaé
recomendadoo
valorm¿iximo de 0,05 mg/l na fbrma de cromo total (Calder, 1988).
Hem (1985)
cita
que
concentraçõesde
cromo
em
águasde rios
não-contaminados são normalmente menores do que 0,01 mg/I.Durfor
&
Becker (19ó4)reportam concentrações menores do que 0,00043 mg/l nas águas de abastecimento
público e de 0,0058 mg/l nos rios dos E.U.A.
A
mobilidadedo
cromo nas águas subterrâneas depende das característicashidrogeológicas
do local:
especiação químicae
solubilidadedo
cromo
e
de
sua tendência de ser adsorvido pelo material do aquífero.Especiação
Química
o
cromooco'.e
nas águas subterráneas com diferentes graus de oxidação.Nos
sistemas naturais,o
cromo pode ser
enconhado nas formastrivalente
e/ouhexavalente.
As
espécies decr
(III)
que podemefstir
nas águas subterrâneas são:cr3*,
cr
oH2*,
cr
(oÐr*,
cr
(oH)ro,
cr
(oH)a-.
As
espéciesde
cr
(vI)
são:HCrOa-e
Cñn'-.
A
especiação do cromo nas águas subterrâneas depende do Ehþotencial
de oxirreduçãoou
redox)
e
das
condiçõesde
pH.
o
cromo
(vI)
predomina emcondições de oxidação
(Eh alto),
enquantoo
cromo(III)
predomina em condiçõesNa figura 03 tem-se um diagrama de equilíbrio do cromo, do
pH
em fi.mçãodo
Eh.
Pa¡aas
concentraçõesde
cromo
total
abaixo
de 500 mg/l, as
espéciesdominantes de
cr
(vI)
são HCroo- ecron
2-.o
equilíbrio entre estas dtras espécies depende do pH:HCrO4ì"Ð <->
CrO4'ìr*
Ff,""
Pa¡a
baixo
pH, a
concentraçãodos
íonsFf
é
alta,a
reação tende para a esquerda e HCroa- é a espécie dominante. Para alto pH, onde a concentração de H+ é baixa, a rcagäo tende para a direita e predominacro+
2-. Em águas subterrâneasnatu¡ais o
pH
está normalmente entre 6 e 8 eo
íoncroa
2- é a espécie dominante.Pa¡a concentração de
cr
(vI)
acima de 500@1,
o
ioncr2o7}é
predominante em ambientes ácidos (Baes&
Mesmer apudcalder,
1988).poréÍL
as concentrações decr (vI)
em águas subterrâneas poluidas são geralmente menores do que 50 mg/I.A
espécie de cromo(III)
que oco..e na água subter'ânea também depende dopH. As reações que govemam são:
Cr3*1*¡+ H2O4¡ <+
Cr0ff*,*;+
If,u"
CrO#*1u4+ HzOal
ê
Cr(OH)2*1*¡ +É<"rl
Cr(OH)2+1uq¡+ HzOal
ê
C(OÐro
{ad+ Ff(aÐC(OH)r01"0¡+ I{zOar
e
Cr(OH)al"a +tflt
Cr(OH)2+
é a
espécie dominante nas águas subtenâneasnahrais, com pH
entre
6 e
8,
CrO#*
e
Cr3* predominamem
águasmais
ácidase
C(OH)30
ez0
It
fo
ß
Pc
o
-to
.15
Figura 03: Diagrama da especiaçâo do Cromo em relação ao pH e Eh
(Calder, 1988)
E
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