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Trabalho e cárcere: um estudo com agentes penitenciários da Região Metropolitana de Salvador, Brasil.

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Academic year: 2017

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Trabalho e cárcere: um estudo com agentes

penitenciários da Região Metropolitana

de Salvador, Brasil

Work in the prison system: a study of correctional

officers in Greater Metropolitan Salvador, Brazil

1 Cen tro d e Estu d os d a Saú d e d o Tra b a lh a d or, Secret a ria d e Sa ú d e d o Est a d o d a Ba h ia . Ru a Ped ro Lessa 123, Sa lv a d or, BA 40110- 050, Bra sil. 2 Dep artam en to d e Med icin a Prev en t iv a , Fa cu ld a d e d e M ed icin a , Un iv ersid a d e Fed era l d a Ba h ia .

Av. Reit or M igu el Ca lm on s/n , Ca m p u s Un iv ersit á rio d o Ca n ela , Sa lv a d or, BA 40110- 100, Bra sil.

Rit a d e Cá ssia Pereira Fern a n d es 1 An n ib a l M u n iz Silv a n y N et o 2 Gild élia d e M ira n d a Sen a 1 Alex a n d re d os Sa n t os Lea l 2

Ca rin a Am orim Pou illa rd Ca rn eiro 2 Fern a n d a Pit a M en d es d a Cost a 2

Abstract A crosssect ion a l st u d y w a s con d u ct ed t o id en t ify p ossible a ssocia t ion s bet w een w ork -in g con d it ion s a n d h ea lt h a m on g correct ion a l officers -in Sa lv a d or, Ba h ia , Bra z il. Th e st u d y u sed a st ra t ified p rop ort ion a l ra n d om sa m p le of 311 in d iv id u a ls w h o a n sw ered a n on - id en t ifia b le self-a p p lied qu est ion n a ire. Th e follow in g resu lt s w ere obt a in ed by logist ic regression : (a ) p sych o-logica lly in a d equ a t e w ork p la ce, in su fficien t ba sic w ork con d it ion s, n o leisu re t im e, la ck of sp ort s p ra ct ice,n in e yea rs w ork in g in t h e p rison syst em , ex cessiv e w ork h ou rs,48 h ou rs w ork /w eek , a n d in a d eq u a t e orga n iz a t ion a l con d it ion s a t w ork w ere a ssocia t ed w it h m in or p sych ologica l d isord ers; (b ) la ck of sp ecific t ra in in g, fem a le gen d er,48 h ou rs w ork /w eek , p sych ologica lly in -a d eq u -a t e w ork p l-a ce, n o leisu re t im e, -a n d l-a ck of sp ort s p r-a ct ice w ere -a ssoci-a t ed w it h p ersist en t st ress, (c) a ge 45 yea rs,n in e yea rs w ork in g in t h e p rison syst em , ex cessiv e w ork h ou rs, la ck of sp ort s p ra ct ice, in a d eq u a t e b a sic a n d orga n iz a t ion a l w ork con d it ion s, a n d m in or p sych ologica l d isord ers w ere a ssocia t ed w it h h ea lt h com p la in t s.

Key words Pri so n s; O ccu p a t i o n a l H ea lt h ; M en t a l H ea lt h ; Cro ss- Sect i o n a l St u d i es; Psy-ch op a t h ology

Resumo Est u d o t ra n sv ersa l p a ra id en t ifica r p ossív eis a ssocia ções en t re con d ições d e t ra ba lh o e sa ú d e d e a gen t es p en it en ciá rios d e Sa lv a d or, Ba h ia , Bra sil, u t iliz ou u m a a m ost ra a lea t ória es-t ra es-t ifica d a p rop orcion a l d e 311 in d iv íd u os, q u e resp on d era m , sem id en es-t ifica çã o, q u eses-t ion á rio a u t o-a p licá vel. Obt eve-se os segu in t es resu lt a d os n a regressã o logíst ica : (a ) a m bien t e d e t ra ba lh o p sicologica m en t e in a d eq u a d o, con d ições in fra est ru t u ra is in su ficien t es, fa lt a d e t em p o p a ra la z er, a u sên cia d e esp ort e, m a is d e n ove a n os n o Sist em a Pen it en ciá rio (SP), d obra d e t u rn o, jorn a -d a > 48 h ora s sem a n a is e orga n iz a çã o -d o t ra ba lh o in a -d equ a -d a , fora m a ssocia -d os p osit iva m en t e com d ist ú rb ios p síq u icos m en ores (DPM ); (b ) fa lt a d e t rein a m en t o, sex o fem in in o, jorn a d a > 48 h ora s sem a n a is, a m bien t e d e t ra ba lh o p sicologica m en t e in a d equ a d o, fa lt a d e t em p o p a ra la z er e a u sên ci a d e esp o rt e, f o ra m a sso ci a d o s p o si t i v a m en t e co m est resse p ersi st en t e; (c) i d a d e 45 a n os,n ov e a n os n o SP, d ob ra d e t u rn o, a u sên cia d e esp ort e, a m b ien t e d e t ra b a lh o p sicologica -m en t e in a d eq u a d o, con d ições in fra - est ru t u ra is e orga n iz a cion a is in a d eq u a d a s e p resen ça d e DPM , fora m a ssocia d os p osit iva m en t e com qu eix a s d e sa ú d e.

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Introdução

O Sistem a Pen iten ciário (SP) n o Brasil e n a Bah ia p assa p or u m a crise com o in d icam as celas su -p erlotad as, con flitos en tre qu ad rilh as e o tráfi-co d e d ro ga s d en tro d a s su a s Un id a d es, tráfi-co m eleva d o n ú m ero d e reb eliõ es ca ra cteriza d a s p or gran d e violên cia.

Os Agen tes Pen iten ciá rio s (AP) sã o o s tra -b alh ad ores en carregad os d e revistar p resos, ce-las, visitan tes, con d u zir p resos, realizar a vigi-lân cia in tern a d a Un id ad e e d iscip lin ar a refei-çã o d o s p reso s. Po r terem co n ta to d ireto co m o s in tern o s e sen d o visto s p o r estes co m o u m d os resp on sáveis p ela m an u ten ção d o seu con fin am en to, estes trab alh ad ores estão freq ü en -tem en te exp ostos a d iversas situ ações gerad o-ras d e estresse, tais com o in tim id ações, agres-sões e am eaças, p ossib ilid ad e d e reb eliões n as q u a is, en tre o u tro s, co rrem o risco d e serem m ortos ou se torn arem refén s.

Policiais e AP foram referid os p or Tartaglin i & Safran (1997), com o p rofission ais su bm etidos a u m alto risco p ara a doen ça relatada com o es-tresse d eb ilita n te. Estes a u to res en co n tra ra m p revalên cias d e an sied ad e, d istú rb ios d e com -p ortam en to e ab u so d e álcool m ais altos en tre os AP do qu e n a p op u lação em geral. Relataram en tre esses trab alh ad ores, u m a p revalên cia d e d istú rb io s em o cio n a is d e 18,6%, a b u so d e á l-cool d e 4,5% e d istú rb ios d a an sied ad e d e 7,9%. Em estu d o realizad o n a Fran ça, com tod as as categorias d e trab alh ad ores d e p risão, Gold -b erg et a l. (1996) o -b ser va ra m p reva lên cia s d e 24% d e sin to m a to lo gia d ep ressiva , 24,6% d e d istú rb ios d a an sied ad e e 41,8% d e d istú rb ios d o son o.

Um estu d o rea liza d o em Nova Io rq u e, p o r Steen la n d et a l. (1997) n o p erío d o d e 1991 a 1993, en con trou q u e os AP rep resen tavam u m gru p o d e risco im p o rta n te p a ra in fecçã o p elo b acilo d a tu b ercu lose. Ap roxim ad am en te, 33% d os n ovos casos d e tu b ercu lose en tre os agen -tes, fo ra m co n sid era d o s o cu p a cio n a is p o r es-ses au tores.

A m aior p arte d os estu d os revisad os in ves-tigava as con d ições d e saú d e d os p resos. Mu ito p o u co fo i estu d a d o so b re a sa ú d e d o s AP. O p resen te estu d o teve o o b jetivo d e in vestiga r, exp lo ra to ria m en te, p o ssíveis rela çõ es en tre con d ições d e trab alh o e saú d e em AP d as oito Un id a d es d o SP d a Regiã o Metro p o lita n a d e Salvad or (RMS). Os resu ltad os ob tid os p od erão fu n d a m en ta r a lgu m a s m u d a n ça s n a s co n d i-ções d e trab alh o, com p ossível in flu ên cia sob re a saú d e d esses trab alh ad ores, e/ ou gerar h ip ó-teses a serem testad as em n ovas p esqu isas.

Metodologia

Foi realizad o u m estu d o ep id em iológico tran s-versal. A p op u lação-alvo ab ran geu tod os os AP d a RMS.

Na fase d e p lan ejam en to d o estu d o, foi rea-lizad a u m a visita técn ica às in stalações d e u m a d a s Un id a d es Ca rcerá ria s q u e seria m estu d a -d as, p ara se con h ecer com m aiores -d etalh es o p ro cesso d e tra b a lh o e a d in â m ica p ró p ria d a categoria d e trab alh ad ores a ser estu d ad a. Es-sas in form ações foram u tilizad as n a d efin ição e a p erfeiço a m en to d o q u estio n á rio u tiliza d o n o estu d o e n o s p ro ced im en to s d e co leta d e d ad os.

Do to ta l d e 628 a gen tes, estu d o u -se u m a a m o stra d e 311 in d ivíd u o s selecio n a d o s p o r am ostragem aleatória estratificad a p rop orcio-n al. A am ostra m aorcio-n teve a m esm a p rop orcioorcio-n a-lid ad e en tre o n ú m ero d e agen tes d e cad a u n id aid e p en iten ciária e aqu ela existen te n a p op u -lação-alvo. O tam an h o m ín im o p ara a am ostra foi calcu lad o con sid eran d o-se u m grau d e p re-cisã o a b so lu ta d e 5,0%, n ível d e co n fia n ça d e 95,0%, p reva lên cia esp era d a d e 50,0% e u m efeito d e d esen h o d e 1.3, co n fo rm e p ro ced im en to recoim en d ad o p or Dan iel (1987). Agen tes d e to d a s a s Un id a d es d o SP d a RMS esta -vam rep resen tad os n a am ostra.

Ap en as os trab alh ad ores oficialm en te clas-sificad os com o AP p ela Secretaria d e Ju stiça fo-ram con sid erad os p ara estu d o. AP sortead os e q u e se en con travam n as con d ições ab aixo, fo-ram su b stitu íd os m ed ian te sorteio, d esd e q u e o m o tivo d o a fa sta m en to (licen ça m a tern id a -d e, con valescen ça -d e ciru rgia estética, seq ü ela d e a cid en te a u to m o b ilístico n ã o rela cio n a d o com o trab alh o) n ão tivesse relação p resu m ível com as con d ições in vestigad as: agen tes afasta-d os h á u m an o e qu e trab alh aram com o AP p or m en os d e cin co an os; afastad os h á d ois an os e com m en os d e d ez d e trab alh o com o AP e afastad os h á m ais d e d ois an os, in d ep en d en tem en -te d o -tem p o d e trab alh o com o AP.

Pa ra a co leta d e in fo rm a çõ es, fo i u tiliza d o u m q u estion ário au to-ap licável, p ad ron izad o. Esse q u estio n á rio co n tin h a p ergu n ta s q u e vsa va m a co leta d e in fo rm a çõ es so b re co n d içõ es só cio d em o grá fica s, a sp ecto s o cu p a cio -n ais, h ábitos de vida, m orbidade geral e ocu p a-cion al, p resen ça d e d istú rb ios p síqu icos m en o-res (DPM), co n su m o excessivo d e b eb id a s a l-coólicas e existên cia d e estresse.

Pa ra co leta d a s in fo rm a çõ es rela tiva s à DPM, foi u tilizad o o SRQ-20 (Self Rep ort Qu es-tion n aire). Esse q u estion ário foi p rojetad o p or

Hard in g et al. (1980, ap u dMari, 1986) p ara u so

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s-titu içõ es d e cu id a d o s p rim á rio s d e sa ú d e, em p aíses em d esen volvim en to coord en ad os p ela Organ ização Mu n d ial d a Saú d e (OMS). O SRQ é d erivad o d e qu atro in stru m en tos d e p esqu isa p siq u iá trica já existen tes. É u m in stru m en to au to-ap licável con ten d o u m a escala d e resp os-tas sim / n ão. A versão em p ortu gu ês ad otou os vin te p rim eiros iten s p ara m orb id ad e n ão p si-cótica. Foi ad otad o o p on to d e corte em sete ou m ais resp ostas p ositivas, classifican d o-se estes in d ivíd u os com o p ortad ores d e DPM. Esse es-co re fo i va lid a d o p o r Fern a n d es (1993), Ha r-d in g et a l. (1980, a p u d Ma ri, 1986) e p o r Ma ri

(1986) qu e en con traram , resp ectivam en te, sen -sib ilid ad es e esp ecifid ad es d e 57,1 e 79%, 73 a 83% e 72 a 85%, 83 e 80%.

Para avaliação d e con su m o excessivo d e b e-b id as alcoólicas (su sp eita d e alcoolism o) u tili-zou -se o CAGE, qu e é tam b ém au to-ap licável e com p osto p or q u atro q u estões. O term o CAGE é o rigin á rio d a s p a la vra s-ch a ve in clu íd a s em cad a u m a d as su as qu estões em in glês, resp ec-tivam en te: Cu t-d ow n , An n oyed , Gu ilty, Eyop e-n er. A va lid a çã o d o CAGE, n o Bra sil, fo i feita

p o r Ma su r & Mo n teiro (1983). Ad o ta n d o u m p on to d e corte em d u as ou m ais resp ostas p o-sitivas, a valid ação m ostrou u m a sen sib ilid ad e d e 88% e u m a esp ecificid ad e d e 83%. Esse foi o escore d e corte u sad o n o p resen te estu d o.

O In ven tá rio d e Sin to m a s d e St ress(ISS),

elab orad o p or Lip p et al. (1994), visa id en tificar de m odo ráp ido e objetivo a sin tom atologia qu e o p acien te ap resen ta, avalian d o se o in d ivíd u o p ossu i sin tom as d e estresse, o tip o d e sin tom a existen te (som ático ou p sicológico) e a fase d e estresse em qu e se en con tra. No p resen te estu d o, u tilizou se u m a versão resu m id a d o ISS, su -gerid a p o r Lip p (Bern a rd es, 1997). Esse q u es-tion ário é com p osto d e três p artes e cad a p arte corresp on d e a u m a fase d o estresse. Na p rim ei-ra p arte, avaliam -se os sin tom as exp erim en ta-d os n as ú ltim as 24h . Nessa fase ta-d e alerta, o organ ism o se p rep ara p ara a reação d e lu ta ou fu -ga . Na segu n d a p a rte, a va lia m -se os sin tom a s exp erim en tad os n a ú ltim a sem an a. Nessa fase, a s rea çõ es sã o o p o sta s à q u ela s d a p rim eira e m uitos dos sin tom as in iciais desap arecem , d an -d o lu ga r a u m a sen sa çã o -d e -d esga ste e resis-tên cia. Se o estresse é con tín u o e a p essoa n ão p ossu i estratégias p ara lid ar com este, ela en tra n a fa se d e exa u stã o, q u a n d o d o en ça s séria s ap arecem . Essa fase corresp on de à terceira p ar-te d o qu estion ário, em qu e se avaliam os sin to-m as exp erito-m en tad os n o ú ltito-m o to-m ês. O escore d e co rte p a ra ca d a u m a d essa s p a rtes fo i d e cin co ou m a is resp osta s p ositiva s à s q u estões form u lad as, classifican d o-se os tip os d e estresse co rresp o n d en tes a ca d a p a rte co m o m o

-m en tâ n eo, in ter-m ed iá rio o u p ersisten te, res-p ectivam en te.

As qu estões relativas às con d ições d e trab a-lh o foram resp on d id as p elo agen te em u m a es-cala varian d o d e 0 a 5, rep resen tan d o o grau d e avaliação q u e este fazia acerca d e su a ativid ad e. Co m esse p ro cead im en to e co m a fo rm u la -ção ad equ ad a d as qu estões, b u scou -se evitar a in d u ção d o agen te p en iten ciário a u m a resp os-ta favorável ou d esfavorável sob re cad a con d i-ção estu d ad a.

Foi realizad o u m p ré-teste d o qu estion ário, visa n d o seu a p erfeiço a m en to e o esta b eleci-m en to d e con d u tas eleci-m ais ad equ ad as n a realiza-çã o d a co leta d e d a d o s, q u e fo i rea liza d a p o r estu d an tes d e m ed icin a d a Un iversid ad e Fed e-ra l d a Ba h ia (UFBA) e eq u ip e técn ica d a p es-q u isa , sen d o su a s co n d u ta s p a d ro n iza d a s. Os q u estio n á rio s fo ra m a p lica d o s n a s p ró p ria s u n id ad es p en iten ciárias. Se o AP n ão fosse en -co n tra d o n a p rim eira ten ta tiva , n ova s visita s era m feita s a té a a p lica çã o d o q u estio n á rio, sen d o a en trega e receb im en to d este feitos d i-reta m en te p elo s m em b ro s d a eq u ip e d e p es-q u isa . Nã o fo i p erm itid o es-q u e o s a gen tes p er-m an ecesseer-m coer-m o q u estion ário eer-m er-m ãos p a-ra en trega p osterior. A coleta d e d ad os foi reali-za d a en tre 5 d e o u tu b ro e 31 d e d ezem b ro d e 1999.

A a n á lise esta tística d o s d a d o s co n sto u d e u m a etap a d escritiva, segu id a d e an álise tab u -lar, com realização d e testes d o q u i-q u ad rad o, cálcu lo d e Razões d e Prevalên cia (RP) e d e seu s resp ectivo s in ter va lo s d e co n fia n ça , o b tid o s p elo m étod o d e Corn field . A an álise tab u lar b i-va ria d a fo i co n d u zid a sep a ra d a m en te p a ra q u a tro va riá veis d ep en d en tes: DPM, su sp eita d e alcoolism o, qu eixas gerais d e saú d e e estres-se p ersisten te. Os resu ltad os d a an áliestres-se b ivaria-d a n ã o sã o rela ta ivaria-d o s, m a s ser vira m p a ra u m m elh or con h ecim en to d o b an co d e d ad os e fo-ra m u tiliza d o s p a fo-ra o rien ta r a s eta p a s m a is avan çad as d e an álise estatística.

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va riá veis co m u m va lo r d e P m en o r o u igu a l a 0,25 n o teste d a ra zã o d e vero ssim ilh a n ça . O m étod o d e seleção d e variáveis foi o d e trás p a-ra a fren te “back w ard ”,com reavaliação a cad a

eta p a “st ep w ise”. O αu tiliza d o n esta eta p a fo i

d e 0,17 p ara rem oção e d e 0,16 p ara en trad a n o m o d elo (Ho sm er & Lem esh ow, 1989). O va lo r d e P p a ra rem o çã o, fo i a q u ele o b tid o n o teste d a ra zã o d e vero ssim ilh a n ça e, p a ra en tra d a , n o teste d o esco re. No d ia gn ó stico d a regresão, u tilizaram -se o teste d e qu alid ad e d o aju s-te d e Hosm er & Lem esh ow, e a an álise d e resí-d u o s p a ra iresí-d en tifica çã o e a va lia çã o resí-d e in resí-d iví-d u o s co m resíiví-d u o s estu iví-d a n tiza iví-d o s, iví-d istâ n cia d e Cook, DFBetas e d esvios “d evian ce”an ôm a-los (acim a d e d ois d esvios-p ad rão), (Hosm er & Lem esh ow, 1989). Co n sid era n d o -se q u e, o s p ro b lem a s d e sa ú d e estu d a d o s a p resen ta ra m freq ü ên cia elevad a (m aior d o q u e 5,0%), as ra-zõ es d e ch a n ce o b tid a s fo ra m tra n sfo rm a d a s em razões d e p revalên cia, u tilizan d o-se o m é-tod o d elta (Oliveira et al., 1997).

Os in ter va lo s d e co n fia n ça fo ra m ca lcu la -d os sem con si-d erar o efeito -d e -d esen h o.

Na eta p a d e in terp reta çã o d o s resu lta d o s, estes fo ra m d iscu tid o s co m a gen tes p en iten -ciá rio s, en tre eles o s ch efes d e segu ra n ça d a s un idades, p ara obter-se um con hecim en to m ais d etalh ad o sob re q u e p rocessos esp ecíficos d o seu trab alh o p od eriam exp licar esses ach ad os.

Fo i ga ra n tid o a o s p a rticip a n tes o sigilo d a su a id en tid a d e em to d a s a s eta p a s d esta p es-qu isa.

Resultados

Fo ra m estu d a d o s 311 a gen tes p en iten ciá rio s das oito Un idades Pen iten ciárias da Região Metrop olitan a d e Salvad or. Os h om en s rep resen -taram 81,3% da am ostra estudada. Cerca de 47% d os agen tes eram casad os, 73,0% tin h am o se-gu n do grau com p leto, 18,0% o n ível su p erior de escolaridade e 70,4% eram n aturais de Salvador. Cerca d e 44,0% realizaram trein am en to p ara a fu n çã o. Ma is d e u m terço d o s AP rea liza -vam ou tra atividade rem u n erada. Destes, 27,6% afirm aram qu e essa ativid ad e extra era feita n a á rea d e segu ra n ça . Ap roxim a d a m en te, 13,0% d o s AP co stu m a va m d o b ra r o tu rn o n a p en i-ten ciária. Ob servou -se qu e, 89,0% trab alh avam n o regim e d e tu rn o, cu m p rin d o p la n tõ es d e 24h , segu id as d e 72h d e folga e 11,0% trab alh a-vam n o regim e ad m in istrativo, d esen volven d o a tivid a d es a típ ica s p a ra a fu n çã o, co m o a s d e su p orte ad m in istrativo.

O u so d e d rogas ilícitas n ão foi relatad o p or n en h u m d eles. Ma is d e três q u a rto s (76,45%)

a firm a ra m d isp or d e tem p o p a ra o la zer. Ap e-n as 15,8% relataram a d isp oe-n ib ilid ad e d e equ i-p a m en to s d e i-p ro teçã o in d ivid u a l n o tra b a lh o d a p en iten ciária.

Qu a n to a o co n su m o d e á lco o l, a p roxim a -d a m en te -d o is terço s (68,5%) a firm a ra m q u e b eb iam atu alm en te e ap en as 14,8% relataram n u n ca ter con su m id o.

A m éd ia d e id a d e fo i d e 40,2 ± 7,7 a n o s, o tem p o m éd io d e fu n ção com o AP foi d e 10,3 ± 5,8 an os e d e 7,5 ± 6,2, o tem p o m éd io n a u n i-d ai-d e p en iten ciária; a m éi-d ia i-d e h oras sem an ais d e trab alh o n a p risão foi d e 47,1 ± 6,7 h oras e a m éd ia d e h o ra s sem a n a is d e tra b a lh o em o u -tras ativid ad es rem u n erad as foi d e 38,0 ± 16,3h . A p revalên cia d e DPM foi 30,7%, d e estresse p assageiro 7,4%, estresse in term ed iário 7,4% e estresse p ersisten te 15,1%. Qu eixas d e d oen ças foram feitas p or 91,6% d os AP (53,1% ap resen -taram até 5 qu eixas e 38,5%, m ais d e 5). Hou ve su sp eita d e alcoolism o em 15,6% (Tab ela 1).

A an álise d e fator resu ltou em cin co fatores, cu ja co m p o siçã o, em o rd em d ecrescen te d a s ca rga s a p resen ta d a s p o r ca d a va riá vel, p o d e ser vista a segu ir: Fa tor 1 (con d ições d o a loja -m en to, co n d içõ es d o refeitó rio, q u a lid a d e d a a lim en ta çã o, a d eq u a çã o d e m o b iliá rio, lu m in osid ad e, vein tilação, q u alid ad e d a águ a, tem -p o -p a ra refeiçõ es e d is-p o n ib ilid a d e d e m a te-ria is); Fa to r 2 (sa tisfa çã o n o d esem p en h o d a s ativid ad es, relação com a ch efia, in d ep en d ên -cia n a rea liza çã o d a s a tivid a d es, rela çã o co m co lega s, tra n q ü ilid a d e, m o n o to n ia e su p er vi-são); Fator 3 (rep etitivid ad e d e tarefas, b aru lh o, u m id a d e, p ressã o d a d ireçã o e ta m a n h o d a eq u ip e; Fator 4 (d ificu ld ad e d e tran sp orte, va-ried ad e d e fu n ções, ritm o d e trab alh o e ob stá-cu lo s p a ra exestá-cu çã o d a s a tivid a d es); Fa to r 5 (trab alh o em p é, sen tad o, su b in d o e d escen d o escad as e com od id ad e d a p osição d e trab alh o). As Tab elas 2, 3, 4 e 5 ap resen tam os resu lta-d os lta-d a an álise m u ltivariável. O teste lta-d e q u ali-d aali-d e e as an álises ali-d os resíali-d u os m ostraram u m b om aju ste d os m od elos.

Discussão e conclusões

Há m ais h om en s en tre os AP. Isso d eve ocorrer d evid o à existên cia d e u m a p rop orção tam b ém m aior d e h om en s in fratores, p ois u m p resid iá-rio só p od e ser vigiad o p or u m agen te d o m es-m o sexo.

(5)

re-fletir u m a d ificu ld ad e d e in serção d esses in d i-víd u o s n o m e rca d o d e t ra b a lh o, q u e p o d e m ter b u scad o n a ativid ad e d e agen te u m a situ a-ção p rovisória. Com o au m en to d o d esem p re-go, a p ossib ilid ad e d e m u d an ça d eve ter se tor-n ad o m ais d ifícil, fazetor-n d o p erd u rar a itor-n serção com o AP.

Ma is d a m eta d e d o s a gen tes a firm o u n ã o ter sid o trein ad a p ara a fu n ção. Dian te d a com -p lexid ad e d as su as ativid ad es, o agen te n eces-sita d e u m gran d e p rep aro p ara lid ar com in d ivídu os in fratores qu e, isoladam en te ou em gru p o, ten tam qu estion ar con stan tem en te su a au -torid ad e. Além d isso, trata-se d e u m am b ien te d e trab alh o b astan te esp ecial d o p on to d e vista d as relações in terp essoais e d a au torid ad e exigid a d o AP. Um trein am en to ad equ ad o seria in -d isp en sá vel p a ra q u e o tra b a lh a -d o r p u -d esse exercer su a a u to rid a d e sem u tiliza r o recu rso m ais fácil d a violên cia con stan te, ou d e se d ei-xa r ced er o u co rro m p er d ia n te d e a m ea ça s e p rop ostas feitas.

Mu itos AP trab alh am n os d ias d e folga, p os-sivelm en te p ara au m en tar su a ren d a. Além d is-so, vários agen tes costu m am d ob rar o tu rn o, o qu e tam b ém p od e in d icar u m esforço p ara m e-lh ora r o sa lá rio. E é p ossível a in d a , q u e vá rios AP ten h a m o m itid o a in fo rm a çã o so b re o u tro tra b a lh o rem u n era d o, co m receio d e q u e su a a tivid a d e n o s h o rá rio s d e fo lga , p u d esse ser vista com o fon te d e sob recarga qu e p od eria re-p ercu tir n egativam en te sob re seu d esem re-p en h o n o SP.

En tre os AP com ou tra ativid ad e rem u n era-d a, esp erava-se u m a p rop orção m aior em ati-vid a d e d e segu ra n ça . Essa p o ssível su b n o

tifi-ca çã o p od eria ser exp litifi-ca d a p or u m a n ecessi-d aecessi-d e ecessi-d e afirm ação ecessi-d o agen te ecessi-d e q u e su a ativi-d aativi-d e n o SP se ativi-d iferen cia ativi-d aqu ilo qu e h ab itu al-m en te caracteriza o trab alh o d e u al-m segu ran ça, voltad o p ara vigilân cia rep ressiva e p assível d e u so con stan te d a violên cia. Ou seja, ser AP n ão o h ab ilitaria, n ecessariam en te, p ara as fu n ções típ icas d e segu ran ça, ten d o em vista qu e a atri-b u ição p recíp u a d o p rim eiro seria reaatri-b ilitar o p reso p ara o con vívio com a socied ad e.

A ob servação d e d esvio d e fu n ção, p od e rp resen tar u m a ten tativa de evitar o trabalh o rp e-rigoso, fisicam en te e p sicologicam en te d esgas-ta n te, d e co n esgas-ta to d ireto co m o s p reso s. Ou tra exp lica çã o p o ssível e co m p a tível co m a a n

te-Tabela 1

Prevalência dos agravos à saúde na amostra de agentes penitenciários. Região Metropolitana de Salvador, 2000.

Agravo n (N) Prevalência (%) IC 95%

Distúrbios psíquicos menores 95 (309) 30,7 25,5-35,8 Estresse

Momentâneo 23 (311) 7,4 4,5-10,3

Intermediário 23 (310) 7,4 4,5-10,3 Persistente 45 (309) 15,1 11,1-19,1

Queixas 283 (309) 91,6 88,5-94,7

Número de queixas

Sem queixas 26 (311) 8,4 5,3-11,5

Até 5 queixas 164 (311) 53,1 47,5-58,6 Mais de 5 queixas 119 (311) 38,5 33,1-43,9 Suspeita de alcoolismo (CAGE) 34 (218) 15,6 10,8-20,4

Tabela 2

Resultados do modelo final da análise multivariável: distúrbios psíquicos menores como variável dependente. Amostra de agentes penitenciários (n = 245), Região Metropolitana de Salvador, 2000.

Variável independente β Erro-padrão RC (IC 95%) RP (IC 95%)

Fator 2 1,19 0,35 3,28 (1,65-6,49) 1,97 (1,34-2,91)

Ausência de prática de esporte 1,03 0,33 2,79 (1,46-5,33) 1,76 (1,15-2,68)

Fator 4 0,97 0,37 2,62 (1,27-5,42) 1,75 (1,16-2,65)

Costume de dobrar o turno 0,65 0,44 1,91 (0,80-4,54) 1,64 (1,02-2,63) Tempo de trabalho em anos (≥9; < 9) 0,79 0,39 2,21 (1,03-4,73) 1,58 (0,92-2,73) Ausência de tempo para lazer 0,81 0,37 2,26 (1,08-4,69) 1,54 (0,99-2,38)

Fator 1 0,75 0,41 2,10 (0,95-4,68) 1,43 (0,83-2,45)

Fator 3 0,44 0,32 1,56 (0,83-2,92) 1,39 (0,91-2,12)

Total de horas semanais de trabalho (> 48; ≤48) 0,49 0,35 1,56 (0,83-2,92) 1,27 (0,82-1,97)

Constante -3,68 0,60 – –

(6)

Tabela 5

Resultados do modelo final da análise multivariável: queixas gerais de saúde como variável dependente. Amostra de agentes penitenciários (n = 236), Região Metropolitana de Salvador, 2000.

Variável independente β Erro-padrão RC (IC 95%) RP (IC 95%)

DPM 1,95 0,35 7,03 (3,55-13,95) 3,12 (2,24-4,45)

Fator 3 0,90 0,33 2,45 (1,28-4,72) 1,99 (1,31-3,02)

Costume de dobrar o turno 1,24 0,51 3,45 (1,29-9,21) 1,83 (1,17-2,85) Tempo de trabalho em anos (≥9; < 9) 0,75 0,40 2,12 (9,97-4,64) 1,78 (1,00-3,17)

Fator 1 0,72 0,34 2,05 (1,06-3,97) 1,66 (1,10-2,52)

Fator 2 0,50 0,34 1,66 (0,87-3,20) 1,45(0,97-2,19)

Ausência de prática de esporte 0,65 0,34 1,92 (0,99-3,72) 1,38 (0,93-2,07) Idade (> 45; ≤45) -0,72 0,44 0,49 (0,20-1,17) 0,58 (0,31-1,08)

Constante -3,12 0,54 – –

Teste de qualidade do ajuste: χ2= 4,4798; g.l. = 8; p = 0,8114. Tabela 3

Resultados do modelo final da análise multivariável: estresse persistente como variável dependente. Amostra de agentes penitenciários (n = 264), Região Metropolitana de Salvador, 2000.

Variável independente β Erro-padrão RC (IC 95%) RP (IC 95%)

Total de horas semanais de trabalho (> 48; ≤48) 1,13 0,43 3,09 (1,34-7,15) 2,95 (1,42-6,16) Ausência de treinamento 1,27 0,44 3,57 (1,50-8,47) 2,87 (1,32-6,24)

Fator 2 1,20 0,43 3,34 (1,43-7,75) 2,76 (1,31-5,80)

Sexo Feminino 0,98 0,43 2,68 (1,15-6,22) 2,64 (1,28-5,44) Ausência de prática de esporte 0,85 0,40 2,35 (1,06-5,20) 2,46 (1,19-5,08) Ausência de tempo para lazer 0,68 0,44 1,98 (0,83-4,69) 1,75 (0,83-3,72)

Constante -4,58 0,61 – –

Teste de qualidade do ajuste: χ2= 4,4078; g.l. = 8; p = 0,8182.

Tabela 4

Resultados do modelo final da análise multivariável: suspeita de alcoolismo como variável dependente. Amostra de agentes penitenciários (n = 243), Região Metropolitana de Salvador, 2000.

Variável independente β Erro-padrão RC (IC 95%) RP (IC 95%)

Tabagismo 1,27 0,48 3,56 (1,40-9,07) 2,22 (1,10-4,46) Outra atividade remunerada 1,27 0,47 3,57 (1,42-8,99) 2,09 (1,05-4,18) Ausência de treinamento 0,92 0,49 2,51 (0,96-6,56) 1,66 (0,81-3,11) Ausência de tempo para lazer 0,80 0,47 2,22 (0,88-5,55) 1,65 (0,80-3,38)

Constante -3,97 0,57 – –

(7)

rior, seria a existên cia d e u m a carên cia d e p es-soal n os setores ad m in istrativos d as Un id ad es, q u e vem sen d o m in im izad a às cu stas d a red u -ção d o efetivo d os AP d as fu n ções típ icas, e su a tran sferên cia p ara o su p orte adm in istrativo n as Un id ad es. O d esvio d e fu n ção traz im p licações n ega tiva s p a ra a s co n d içõ es d e tra b a lh o d a -q u eles -q u e p erm an ecem n a ativid ad e ju n to ao cárcere, agravan d o su a carga d e trab alh o (Wis-n er, 1994).

Nen h u m AP referiu o u so d e d rogas ilícitas. Ap esar d a garan tia d e an on im ato, este resu lta-d o lta-d eve estar su b estim alta-d o, con silta-d eran lta-d o-se o co n ta to d o s AP co m tra fica n tes e u su á rio s d e d rogas p or força d a p rofissão, e a p oten cial vu l-n erab ilid ad e d o AP d el-n tro d as estru tu ras il-n for-m ais d e p od er q u e se estab elecefor-m n o cotid ia-n o d a s Uia-n id a d es Ca rcerá ria s. Esse a ch a d o é d iscord an te d o estu d o d e Sven son et al. (1995) n o Ca n a d á , n o q u a l 58,0% d o s AP rela ta ra m o u so, n o p assado, de algu m a droga ilícita e 20,0% in d ica ra m u so co rren te. Essa s p ro p o rçõ es fo -ram m u itas vezes m aiores d o q u e o u so referi-d o p ela p op u lação geral referi-d o m esm o p aís. Esses p a d rõ es d e u so en co n tra d o s en tre o s AP, sã o m a is p ró xim o s d a q u eles o b ser va d o s en tre o s en carcerad os.

O tem p o m édio n o SP (10,3 an os) reflete o ti-p o de vín cu lo dessa categoria, com estabilidade n o em p rego. Essa m éd ia d e tem p o p arece estar bem acim a daquilo que é a experiên cia de outras categorias de trabalhadores (Araújo et al., 1998). Co m p a ra n d o se o tem p o m éd io d e tra b a lh o n o SP e n a Un id ad e d e lotação n o m om en -to d a coleta d e d ad os, a d iferen ça n ão era m u i-to acen tu ad a, o qu e d eve in d icar u m a b aixa ro-tativid ad e d os AP. A p eq u en a m ob ilid ad e exis-ten te ocorre, em geral, p or tran sferên cia d o AP d evid o a p ro b lem a s d iscip lin a res m a is gra ves (u so e trá fico d e d ro ga s, co rru p çã o, n egligên -cia) ou a p ed id o d ele, caso em q u e ele p recisa-rá d a a ju d a d a h iera rq u ia m a is a lta d o SP. Na p rim eira situ ação, a d ep en d er d o local p ara on -d e o a gen te seja tra n sferi-d o (Cen tra l Mé-d ica , Ca sa d e Alb erga d os, p or exem p lo) a m u d a n ça p od erá ser con sid erad a com o u m a p rem iação ao agen te tran sgressor, fato q u e tem p rovoca-d o in ten sa in satisfação rovoca-d os trab alh arovoca-d ores q u e con tin u am a realizar seu trab alh o p erigoso em u m p resíd io ou p en iten ciária.

A p reva lên cia d e DPM en con tra d a (30,7%) fo i m a is eleva d a d o q u e a q u ela s en co n tra d a s p or Araú jo et al. (1998) d e 20,1%, Borges (1990) d e 19,0%, Fern a n d es (1993) d e 19 a 24%, Pitta (1990) d e 20,8%, em a m o stra s d e p ro fesso res d a red e p articu lar d e en sin o d e Salvad or, m eta-lú rgicos, trab alh ad ores d e p rocessam en tos d e d ad os e d e h osp itais, resp ectivam en te.

O n ú m ero d e AP com p elo m en os u m p rob lem a o u sin to m a d e d o en ça fo i m u ito eleva -d o, e o n ú m ero -d eles com m ais -d e cin co -d essas q u eixa s fo i ta m b ém b a sta n te a lto. Isto rep resen ta u m a m orb id ad e referid a elevad a n o gru -p o estu d a d o, e a a n á lise rea liza d a su gere q u e esta p od e estar relacion ad a com algu m as con -d içõ es -d e tra b a lh o, a lém -d e esta r co n sisten te com o qu e tem sid o referid o p or ou tros au tores (Kau ffm an , 1988, ap u dSven son et al., 1995).

(8)

d o s tra b a lh a d o res. Prescreve-se p a ra o AP a fu n çã o d e ga ra n tir a gu a rd a d a s Un id a d es e a vigilân cia p erm an en te d o SP, n o en tan to, o efetivo cu m p rim en to d esta p rescrição n em sem -p re é -p ossível d ian te d as con d ições reais d e tra-b alh o. As estratégias ad otad as p elos AP d ian te d as ad versid ad es p od em , d e algu m a m an eira, p erm itir a m an u ten ção d a fu n cion alid ad e d as Un id a d es, m a s p o d em ta m b ém im p lica r im -p o rta n tes co n cessõ es q u a n to à n a tu reza d o trab alh o e in crem en to d as cargas p síqu icas.

Viu -se qu e as con d ições in fraestru tu rais d e trab alh o, as d ificu ld ad es p ara a realização d as ativid ad es, jorn ad a excessiva, ou tros asp ectos relacion ad os à organ ização d o trab alh o (Fator 3) e u m tem p o m a ior n o Sistem a , ta m b ém es-ta va m a sso cia d o s a m a io res p reva lên cia s d e DPM. São, p ortan to, asp ectos qu e tam b ém p a-recem co n trib u ir p a ra o d esga ste d a sa ú d e m en tal d os agen tes.

As m a io res p reva lên cia s d e DPM, a sso cia -d as à in -d isp on ib ili-d a-d e -d e tem p o p ara o lazer e a au sên cia d e p rática d e esp orte, p od em reve-lar a im p ortân cia d essas ativid ad es p ara o alí-vio d as ten sões existen tes n o am b ien te d esses trab alh ad ores.

Algu m as variáveis n ão d iretam en te relacion a d a s a o tra b a lh o e q u e a p a recera m a sso cia -d as ao estresse p ersisten te foram : sexo fem in i-n o e au sêi-n cia d e p rática d e esp orte. É p ossível q u e a s m u lh e re s, p o r ra zõ e s cu lt u ra is, se ja m m a is vu ln e rá ve is à s t e n sõ e s d o t ra b a lh o e m p e n it e n ciá ria s, e t e n h a m m e n o s ca p a cid a d e d e re a gir a e ssa s t e n sõ e s. Ne ssa s circu n st â n -cia s, a n e ce ssid a d e im p e rio sa d e m a n t e r su a a u t o rid a d e, d e ve se r a lt a m e n t e d e sga st a n t e p ara elas. Deve-se acrescen tar tam b ém , o p ossíve l e fe it o n e ga t ivo re p re se n t a d o p e lo a cú -m u lo co -m a jo rn a d a d e t ra b a lh o d o -m é st ico (San tan a, 1993). Viu -se q u e a p rática d e esp or-t e e a d isp o n ib ilid a d e d e or-t e m p o p a ra la ze r, ap areceram n ovam en te m in im izan d o o estres-se ap reestres-sen tad o.

Algu n s asp ectos relativos ao trab alh o d o AP estavam estatisticam en te associad os com p revalên cias m ais elevad as d e estresse p ersisten -te: n ã o rea liza çã o d e trein a m en to, m a is d e 48 h o ra s sem a n a is d e tra b a lh o e exp o siçã o a u m am b ien te p sicologicam en te in satisfatório (Fa-tor 2). O p ap el d as h oras totais sem an ais d e tra-b alh o evid en cia qu e a ativid ad e extra, rem u n e-ra d a , n a s h o e-ra s d e fo lga , p o d e ser p reju d icia l p ara os agen tes, p rovocan d o m ais estresse e as con seqü ên cias con h ecid as d este sob re a saú d e (Lip p & Malagris, 1995). A p resen ça d o Fator 2 n o m od elo fin a l, in d ica ta m b ém , q u e u m a m b ien te p sico lo gica m en te a d eq u a d o, b o a rela çã o co m o ch efe e o s co lega s, m a io r in d ep en

-d ên cia n as ativd a-d es e m aior su p ervisão m in i-m izai-m o estresse.

Du as con d ições relativas ao trab alh o; exercício d e o u tra a tivid a d e rem u n era d a e a u sên -cia d e trein am en to, su sten taram -se n o m od elo fin al p ara avaliação d e su sp eita d e alcoolism o. É p o ssível q u e fa to res n ã o o cu p a cio n a is, n ã o in vestigad os n o p resen te estu d o, estejam rela-cion ad os ao u so ab u sivo d e álcool.

As co n d içõ es d e tra b a lh o, a sso cia d a s co m qu eixas gerais d e saú d e, revelaram qu e as con -d içõ es in fra -estru tu ra is (Fa to r 1), o co n texto p sicossocial (Fator 2) e a organ ização d o trab alh o (Fator 3) se associaram a m aiores p revalên -cia s d e q u eixa s. Além d essa s, se o a gen te co s-tu m ava d ob rar o s-tu rn o ou se trab alh ava n o SP h á m ais d e n ove an os, essas p revalên cias tam -b ém fo ra m m a io res, su gerin d o q u e a s co n d i-ções d e tra b a lh o p od eria m esta r rela cion a d a s com p rob lem as físicos, além d aqu eles relativos à saú d e m en tal.

Variáveis n ão ocup acion ais, tais com o aqu e-las relativas ao am b ien te fam iliar, às con d ições n as q u ais cad a trab alh ad or viveu an tes d o trab a lh o n a p en iten ciá ria , e q u e p o d eria m in -flu en ciar su a saú d e física e/ ou m en tal, n ão fo-ra m in vestiga d a s. Esse co n tro le d e p o ssíveis variáveis con fu n d id oras, relativas à vid a extra-trab alh o, tem sid o h ab itu alm en te n egligen cia-d o n a s p esq u isa s cia-d a á rea Sa ú cia-d e e Tra b a lh o ( J. Breilh , 2001).

A u tiliza çã o d e in fo rm a çõ es b a sea d a s n a op in ião d os trab alh ad ores, p roced im en to m u i-to co m u m em p esq u isa s ep id em io ló gica s, es-p ecia lm en te a q u ela s d e ca rá ter exes-p lo ra tó rio, p od em p rovocar su p erestim ativas d as exp osi-ções estu d ad as.

Os ach ad os p od eriam tam b ém estar d istorcid os p elo efeito d o trab alh ad or sad io. Con tu -d o, n ã o se p reten -d e gen era liza r o s resu lta -d o s p ara a p op u lação geral. Os ach ad os d este estu -d o são váli-d os p ara a categoria -d e trab alh a-d o-res in vestigad a, já qu e foram realizad as ap en as com p arações in tern as ao gru p o estu d ad o.

In vestigaram se even tos d e saú d e d e n atu reza crô n ica , n ã o fa ta is, cu ja s m ed id a s tera -p êu tica s n ã o o ferecem h a b itu a lm en te cu ra co m p leta sem recid iva s, o q u e p a rece m a is ad eq u ad o p ara o estu d o d o tip o tran sversal, a fim d e m in im iza r o viés d e so b revivên cia d e-term in ad o p ela p erd a d e ób itos ou cu rad os.

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re-cem ter p erm itid o m in im iza r este p ro b lem a . Ap en a s 11,0% d o s AP esta va m d esvia d o s d e fu n ção, e a an álise realizad a sem eles ch egou a resu lta d o s sem elh a n tes à q u eles o b tid o s p a ra tod o o gru p o estu d ad o, o qu e p od e su gerir qu e os deslocam en tos n ão ocorreram devido à m orb id ad e. Além d isso, tod os os AP exerciam em -p regos -p ú b licos, o q u e, n o Brasil, ain d a p resen ta u m gran d e grau d e estab ilid ad e. A p op u -lação-alvo d o estu d o in clu iu tod os os trab alh ad o res e n ã o a p en a s a q u eles q u e se en co n tra -va m em a tivid a d e. Assim , n o ca so d e licen ça s m éd icas, in vestigou se o m otivo d o afastam en -to e d ecid iu -se p or exclu ir d o estu d o ap en as os tra b a lh a d ores cu ja a u sên cia n ã o tivesse q u a l-qu er relação p resu m ível com o trab alh o.

Deve-se d estacar qu e p ossíveis in correções d e classificação p od em ter im p ed id o o con tro-le a d eq u a d o d e co n fu n d im en to p a ra a lgu m a s va riá veis. Assim , a p esa r d o a ju ste o b tid o n a an álise m u ltivariável, é p ossível h aver con fu n -d im en to resi-d u a l n ã o co n tro la -d o n o p resen te estu d o. Na etap a d e an álise m u ltivariável, m u i-tas variáveis tiveram su as categorias reagru p

a-d as, o q u e p oa-d e ter resu ltaa-d o tam b ém em viés d e cla ssifica çã o in co rreta . No en ta n to, esse reagru p am en to d e categorias é in evitável p ara viab ilizar-se etap as m ais avan çad as d e an álise esta tística em q u a se to d o s o s estu d o s ep id e-m iológicos.

Pode-se con siderar qu e a in vestigação ap rsen ta u m a validade in tern a aceitável, p ois, ap e-sar d a p ossível ocorrên cia d e viéses, estes n ão p arecem ter sid o d e gran d e m agn itu d e, ten d o decorrido p rin cip alm en te das lim itações atu ais d o p róp rio m étod o ep id em iológico.

A valid ad e extern a d o estu d o p od e tam b ém ser con sid erad a b oa, p orq u e a d efin ição d o ta-m an h o e a forta-m a d e seleção d a ata-m ostra, u tili-zaram p roced im en tos ad equ ad os p ara se ob ter rep resen ta tivid a d e d a p o p u la çã o -a lvo. Além d isso, fo ra m u tiliza d o s m éto d o s esta tístico s ad eq u ad os p ara fazer-se in ferên cia estatística. Con tu d o, d eve ser lem b rad a a n atu reza exp loratória d este estu d o, sen d o su a p rin cip al con -trib u ição, a geração d e h ip óteses a serem testa-d as em ou tros trab alh os.

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Receb id o em 22 d e fevereiro d e 2001

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