• Nenhum resultado encontrado

Interesse de escolares e adolescentes sobre corpo e sexualidade.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Interesse de escolares e adolescentes sobre corpo e sexualidade."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

PESQUISA

INTERESSE DE ESCOLARES E ADOLESCENTES SOBRE CORPO E SEXUALIDADE

I NTEREST DEMONSTRATED BY SCHOOLCHILDREN ANO ADOLESCENTS lN RELATION TO BODY FUNCTI ON AN O SEXUALlTY

I NTERÉS DE ESCOLARES Y ADOLESCENTES POR EL CU ERPO Y LA SEX UALlDAD

José Roberto da Si lva Brêtas' Conceição Vieira da Silva2

RES U M O : Este estudo descritivo de n atureza exploratória busca caracterizar u m a população de 493 escolares e adolescentes de 7 a 1 8 a nos de idade e a m bos os sexos, freqüentadores de três Centros da J uventude e um Centro de Formação Profission a l , localizados n a reg ião sul da cidade de São Paulo, desvelando o interesse dos sujeitos sobre assu ntos como corpo e sexualidade, contribuindo com a elaboração de um Programa de Orientação Sexual desenvolvido pelo Projeto de Extensão U n i vers itária "Corporal idade e Saúde", U n iversidade Federal d e São Paulo - U N I FESP. A sistematização dos depoimentos perm iti u formular q uatro categorias defi nidas como corpo humano, reprod ução , saúde sexual e comportamento sexu a l . E m cada uma delas foram expl icitados pontos d e interesse para integrarem o prog rama: modificações biológicas; contracepção; fecundação; gravidez, aborto e parto; sinais, sintomas e prevenção de DST's/AIDS; virgi ndade, desempenho sexua l , masturbação e orgasmo.

PALAV RAS-C HAVE: adolescência , enfermagem ped iátrica , orientação sexual , sexualidade

ABSTRACT: The present exploratory study aims at a nalysing a population of 493 male and female schoolch ildren and adolescents, with age ra n g i n g from 7 to 1 8 years old , attending th ree Youth Centers and a Professional Training Center located i n the south reg ion of São Paulo, Brazil. The i nterest on body fu nction and sexuality d isclosed by those subjects led to the developing of a Sexual Orientation Program by the U n iversity Extension Project "Corporal ity and H ealth", fostered by the U n iversidade Federal d e São Paulo - U N I F ES P.

KEYWORDS: adolescence, ped i atric n u rsi n g , sexual orientatio n , sexuality

RES U M E N : EI presente estud i o descriptivo de naturaleza exploratoria busca caracterizar una población de 493 escolares y adolescentes de 7 a 1 8 anos, d e a mbos sexos, que frecuentan tres Centros de J uventud y u n Centro de Formación Profesional , que están local izados e n la reg ión sur de São Paulo, para desvelar el i nterés d e los sujetos sobre los temas cuerpo y sexualidad. La fi nalidad última fue contribuir para elaborar un Programa de Orientación Sexual desarrollado por el Proyecto de Extensión U n ivers itaria "Corporalidad y salud", de la U n iversidad Federal d e São Paulo - U N I FESP.

PALAB RAS CLAVE: adolescencia, enfermería ped iátrica , orientación sexual, sexualidad

Recebido em 1 2/02/2002 Aprovado em 26/05/2002

, Enfermei ro Ped i atra . Psicólogo C l í n ico . Psico motricista . Psicossomatista . Coordenador do Projeto de Extensão Universitária Corporalidade e Saúde. Professor Assistente do Departamento de Enfermagem da U niversidade Federal de São Paulo - U N I FESP.

2 Enfermeira Pediatra . Doutora em Enfermagem Materno Infantil . Professora Adju nto do Departamento de Enfermagem

da Universidade Federal de São Paulo - U N I FESP.

(2)

INTRODUÇÃO

o insighl p a ra este e s t u d o , teve c o m o fato r desencadeador as atividades d esenvolvidas no bojo de u m Projeto de Extensão U niversitária denominado "Corporalidade e Saúde" da U n iversidade Federa l de São Paulo - U N I FESP, que envolve a parceria do mesmo com a Secretaria de Assistência Soci a l , Regional V i l a M aria n a/J abaquara da Prefeitura Mun icipal de São Paulo e com o M i n i stério d a Saúde/Coordenação Nacional de DST/AIDS para d istribuição de preservativos. Te m como pri ncipal fi nal idade articular ações nos cam pos do ensino, assistência e pesq uisa.

A s á re a s de a ç ã o d e s t e p roj e t o e n v o l v e m desenvolvimento humano, sexualidade, saúde mental, saúde reprod utiva , violência e maus - tratos .

Segundo o documento do I Encontro de Pró-Reitores de Extensão das U niversidades Públicas Brasileiras de 1 987, " a extensão un iversitária é o processo educativo , cultu ra l e científi co q u e a rti cula o e n s i n o e a pesq u isa de forma indi ssociável e viabil iza a re l ação transformadora entre a un iversidade e a sociedade. Esta belece a troca de saberes s i s t e m a t i z a d o s / a c a d ê m i c o e p o p u l a r, t e r á c o m o conseq üência: a produção d e con h ecimento resu lta nte d o confronto c o m a rea l i d a d e b ra s i l e i ra e reg i o n a l ; e a d e m o c ra t i z a ç ã o d o c o n h e c i m e n t o a c a d ê m i c o e a p a rt i c i p a ç ã o efe t i v a d a c o m u n i d a d e n a a t u a ç ã o d a u n i v e rs i d a d e " ( N O G U E I RA , 2 0 0 0 , p . 1 1 ) . A l é m d e i n strumenta l i zadora d este processo d i a l ético d e teoria/ prática, a extensão é um trabalho Interdisciplinar que favorece a visão i ntegrada do social. A instrumentalização da extensão implica na adoção de medidas e procedi mentos necessários às questões de relevância soci a l . Como prática acadêmica visa interl igar a un iversidade em suas atividades de ensino e pesq u i sa com as d e m a n d a s d a soci e d a d e , b u scando respeitar o compromisso soci al d a u n iversidade. A relação entre extensão e pesq uisa ocorre sobretudo pelo papel que esta passa a desempenhar enquanto criadora e recriadora de conhecimentos , enquanto seja capaz de contri b u i r para a transformação da sociedade.

Sendo a comunidade o contexto estrutu ral de nossa praxis, o conj unto de ações são d i recionadas aos Centros de Juventude e de Formação Profissional localizados na área sul da cidade de São Paulo, d e l i m itada pelos D istritos de Saúde Vi la Mariana, Jabaquara e Cidade Ademar, com uma popu l ação de escolares e adolescentes de 7 a 1 8 anos de idade que freqüentam estas i n stitu i ções.

O Projeto de Extensão U niversitária "Corporal idade e saúde", visa fornecer conhecime ntos sobre o corpo ; a sexualidade e suas vicissitudes, como: esquema e imagem corpora l , desenvolvimento humano, comportamento sexual e saúde reprod utiva , para adolescentes e fu ncionários das institu ições , além do desenvolvi mento de pesq u isas sobre estratégias e tecnologia de ensino na á rea da sexua l i dade humana.

O conceito d e ação adotado pelo projeto é o de orientação sexu a l , que p o d e ser conceituado como o processo de i ntervenção sistemática na área da sexual idade humana e que se propõe a fornecer i nformações sobre sexu a l i d a d e e a o rg a n izar u m e s p a ço d e refl exões e q u e sti o n a m e n to s o b re a i m p o rtâ n c i a d a p reve n ç ã o , m u.d a n ça s c o r p o ra i s , i d e n t i d a d e , p o s t u ra , re l a çõ e s

B R�TAS, J . R. da S . ; SILVA, C. V. d a

i nterpessoa i s , a uto esti m a , relações d e gên ero , ta b u s , cre n ça s e va l o re s a re s p e ito d e re l a c i o n a m e n t o s e comportamentos sexu a i s . S u p l i cy ( 1 994 ) , coloca que a orientação sexual tem basicamente três objetivos : suprir as lacunas d e i nformação d o adol escente , mexer com os preconceitos, de maneira especial os referentes ao machismo e fem i n i smo; e mexer com os confl itos dos adolescentes, abrindo um espaço afetivo onde ele possa falar ou representar suas ang u stias e medos.

Acreditamos que a adolescência é um momento de (re)descoberta , por q u e acreditamos que a sexu alidade é constru ída ao longo d a vida, da h i stória pessoal de cada i n d i v í d u o , d e s d e s u a i n fâ n c i a , na t e i a de re l a ç õ e s interpessoai s que se estabelecem e ntre o ind ivíduo e o ambiente no q u a l vive , sendo permeado por ideologias e visões de mundo d ifere n ciadas. N este sentido Foucault ( 1 987 ) . refere q u e a sexual idade se constrói não apenas no biológico, mas pri n ci palmente no imagi nário: a sexua lidade se coloca não apenas no palpáve l , mas sim no discurso que sustenta o pal páve l , na ideologia subjacente aos padrões de "normal idade" i mpostas na convivência social.

B uscamos i n s p i ração no trabalho do Psicanalista Wilhelm Reich , que defe n d i a a necessidade de i nstituir-se consu ltórios sexuais para os jovens, onde não se limitaria a d i stri b u i r anticonceptivos, mas q u e se propunha a prestar uma verdadeira e apropriada educação social e sexual . N este sentido, Reich ( 1 998 , p . 1 43 ) refere que " . . . é i mporta nte conci liar o i nteresse sexual do jovem ao que há para fazer no futuro, ao que atribu ímos uma importância primária, sendo necessário que se encontre o modo de viver uma vida sexual ordenada e satisfatória".

O projeto ainda se a poia nas ementas da Declaração dos D i reitos Sexua i s , concebidas d u ra nte o XV Congresso M u n d i a l de Sexolog i a , ocorrido em Hong Kong , no período de a g o sto de 1 9 9 9 , p e l a asse m b l é i a geral da Wo rld Association for Sexology ( 1 999) - WAS , onde levou-se em consideração os seguintes pressupostos: sexualidade é uma parte i ntegra l d a perso n a l idade de todo ser humano; o d e s e n v o l v i m e n t o t o t a l d e p e n d e d a s a t i sfa ç ã o d e necessidades humanas básicas tais quais desejo d e cantato, intimidade, expressão emociona l , prazer, cari n ho e a mor; sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estru t u r a s s o c i a i s ; o tota l d e s e n vo l v i m e nto d a sexu a l i d a d e é e s s e n c i a l p a ra o b e m estar i n d i v i d u a l , i n terpessoa l e soci a l ; os d i re itos sexua i s são d i reitos h u m a n o s u n ivers a i s baseados n a l i berd a d e i n erente , dign idade e igualdade para todos os seres humanos; saúde sexual é u m d i re ito fu ndamental , então saúde sexua l d eve ser um d i re ito h u ma n o básico.

Final mente ressaltamos a importância do presente estud o para obtenção de dados visando a orientação do conteúdo programático das atividades desenvolvidas nas Oficinas d e Orientação Sexual do Proj eto de Extensão U niversitária "Corporalidade e Saúde".

OBJ ETIVOS

Este estud o teve como objetivos: caracterizar a população em estudo; identificar qual o i nteresse dos sujeitos sobre o corpo e sexualidade; contri b u i r com os dados para elaboração de u m Prog rama de Orientação Sexual .

(3)

I nteresse de escolares .. .

METODOLOGIA

TIPO DE ESTU DO

Trata-se d e um estu d o exploratório descritivo. Segundo Gauthier, Cabra l , Santos, Tavares et aI. ( 1 998), G I L ( 1 987), Rudio ( 1 990) e Triviios ( 1 992) o estudo descritivo prete nde descrever as ca racte rísticas de determ i n a d a população ou fatos e fenômenos de d eterm inada real idade. Promove um delineamento da realidade u m a vez q u e este descreve , registra , anal isa e i nterpreta a n atu reza atu al ou processos dos fenômenos. Afi rmam os a utores o enfoque deste método sobre as condições dominantes da realidade, ou como uma pessoa, g rupo ou coisa se conduz ou funciona no presente , em pregando para este fi m a comparação e o contraste. Na resol ução de problemas, i nforma as condições atuais, necessidades e como alca nçar resu ltados.

Os critérios para inclusão dos sujeitos na pesq uisa foram: esta r matriculado na i n stitu i ção e ter entre 7 e 1 8 anos de idade.

Vale ressaltar que o projeto de pesq uisa foi enviado, ava l iado e aprovado pelo Com itê d e Ética da U n iversidade Federa l de São Paulo - U N I F E S P. U ma vez obti d o a aprovação para realização da pesq u i s a , os escolares e adol esce ntes fo ra m orientados e ace itaram parti c i p a r mediante termo d e consentimento. Desta forma , conirmamos que todos os procedimentos metodológicos obedeceram os padrões éticos estabelecidos pela I n stitui ção .

SUJE ITOS DO ESTU DO

O grupo de sujeitos que fazem parte deste estudo é formado por 493 escolares e adolescentes entre 7 a 1 8 anos de idade, que freqüentam os Centros de J uventude Recanto Gaetano e Carmela, São Benedito, AMAS Jabaquara e pelo Centro de Formação Profissional Aldeia do Futuro, localizados na região sul da cidade de São Paulo.

Seg u n d o Wh a l ey e Wong ( 1 9 8 9 ) , o p e r í o d o designado como idade escolar (entre 7 a 1 0 anos) começa com o ingresso do i n d ivíduo n u m a esfera mais ampla de influências, representada pelo a m b iente escolar, o qual exerce um impacto significativo no d esenvolvi mento e nos relacionamentos. Rappaport ( 1 982 ) relata que para a Teoria Psicanal ítica , o desenvolvimento emocional é retratado por um p e r í o d o o n d e o s i n st i n to s s e x u a i s p e r m a n e c e m dormentes , repri midos p e l a transposição do Complexo de Édipo, canalizando sua energia para o pensamento e soci a l i z a çã o , até q u e a p u b e rd a d e os s o l i c i te p a ra organ ização genita l .

Entendemos que a adolescência é u m período de transição entre a i nfância e a idade adulta , caracterizado por i ntenso cresci mento e desenvolvimento q u e se manifesta por marcantes transformações a n atôm i cas, fisiológicas, psicológicas e sociais. Segundo Aberastury e Knobel ( 1 98 1 ) adolescência é a etapa na qual o indivíduo busca a identidade adulta , apoiando-se nas pri m e i ras re lações afetivas, j á i nteriorizadas, que teve com s e u s fam i l i a res e verificando a real idade que a sua sociedade l h e oferece .

A O M S ( 1 9 8 9 ) afi r m a q u e a a d o l e s cê n c i a é representada por indivíduos na faixa etária entre 1 0 a 1 9 anos, e juventude entre 1 5 e 24 anos de idade. Pelo novo ideário

norteador do sistema, considera-se adolescente para os efeitos da lei a pessoa e ntre 12 a 1 8 anos de idade, segundo o a rt . 2° d a lei 8 . 069/90 d o E statuto da Criança e do Adolescente - ECA ( 1 990).

FORMA D E COLETA E TRATAM ENTO DOS DADOS

Para a coleta de dados, apl icamos um questionário sem i-estru t u r a d o c o m p osto por q u estões enfoca n d o i n d icadores sócio-econômicos como: sexo, idade, renda fami liar em salários m í n imos, moradia, saneamento básico e escolaridade dos entrevistados; e uma questão orientadora da investigação, que se constituiu de: O que você quer saber sobre corpo e sexualidade?

A coleta de dados foi real izada no período de março a junho de 1 999, 2000 e 200 1 , sempre antes do in icio das atividades nas I n stitu i ções e n u meradas aci ma, visando nortear as Oficinas d e Orientação Sexual e atender as necessidades e especificidades da população atendida.

Após a a p l i cação d o i n strumento, os dados d e caracterização d a população estudada foram tabulados e a p resentados sob a fo rma d e fre q ü ências re l ativas e absol utas. Para a q uestão norteadora , foi utilizado a técn ica de Análise Categori al , onde real izamos a anál ise dos dados fazendo uma leitura i ntegra l dos rel atos de cada escolar/ adolescente , tentando compreender seus interesses sobre corpo e sexualidade. Foram l idos de tal forma a obter-se um sentido geral do todo de cada relato. Em seguida, foi realizado uma releitura de cad a relato, buscando identificar elementos estruturadores dos d iscursos proferidos pelos escolares/ adolescentes sobre o assu nto pesq u isado, de forma que pudessem ser decompostos em categorias e subcategorias, proporcionando o e ixo para anál ise dos mesmos.

Para Bard i n ( 1 995, p . 1 1 7) ,

. . . a categ o rização é u m a o p e ração de e l e mentos construtivos de um c o nj u nto, por d ife renci ação e, seguidamente, por reagrupamento o gênero (analogia), com os critérios previamente defi n idos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos sob u m título genérico, agrupamento esse efetu a d o em razão d o s ca racteres co m u n s destes elementos.

ANÁLISE DOS DADOS

CARACTERIZAÇÃO DOS SUJE ITOS ESTU DADOS

Com rel ação a idade verificamos que o n úmero de adolescentes na faixa etária de 16 a 18 anos de idade compõe a maior parte do tota l dos sujeitos do estudo ( 1 88/37% ) , entre 1 4 e 1 6 anos de idade i ncompletos soma-se 1 2 1 (25%), seguido de 7 1 ( 1 4% ) entre 1 0 a 12 anos com maior significado; além de 47( 1 0% ) e ntre 1 2 a 1 4 anos, 42(9%) entre 8 a 1 0 anos e 24(5%) entre 6 a 8 anos de idade.

Em rel ação a d i stri buição dos sujeitos quanto ao sexo, obsevamos que o número de garotas que freq üentam as i n stituições é 264 (54 % ) , pouco maior que o número de rapazes que foi de 229 (46 % ) .

A respeito da renda familiar dos sujeitos estudados, verificamos que 205 (42% ) do total têm renda familiar entre O a 3 salários m í n i mos, enquanto que 1 55 (31 % ) têm renda entre 3 a 6 salários m ín imos, o restante estão nas categorias

(4)

de 6 a 1 2 salários m í n í mos (60/ 1 2 % ) e não sabem i nformar ( 73/1 5%).

Os dados obtídos revel a m q u e 270 (55%) dos sujeitos residem em casa p rópria e 1 74 (36 % ) em alugada, 4 1 4 (84%) em casa de a lvena ri a , 220 (45% ) moram em res idências com 4 a 6 cô modos, 477 (97%) com água ca n a l izada e col eta d o l i xo e 4 5 2 ( 92 % ) com esgoto canal izado. Quanto a situação escolar dos jovens os dados mostram que quase todos estão matri culados no ensino fundamental e médio, onde 3 1 2 (63 % ) dos sujeitos estudam entre a 1a e 8a série do ensino fu ndamenta l . Enquanto 1 5 1 ( 3 1 % ) estão entre o 1 0 e 30 ano do ensino médio; tendo apenas 26 (5%) com estudo completo .

O I N T E R E S S E D E E S C O LAR E S E A D O L E S C E N T E S SOBRE O CORPO E S EXUALI DAD E

Com a estruturação em categorias e subcategorias, buscamos contornos do sistema de significação que, no seu conjunto , revelam os interesses dos e ntrevi stados sobre os assuntos do corpo e sexual idade. A sistematização consisti u de qu atro categorias que re presentam o eixo temático em torno do qual os depoimentos se a rticu l a m , a saber: Corpo H u ma n o ; Reprodução; S a ú d e Sexu a l ; Comportame nto Sexua l .

Para apresentação d o s resu ltados ela boramos quatro quadros a partir d a análise das descrições de cada categori a , subcategoria e elementos estrutu radores .

Quadro 1 - Categoria Corpo Humano

sue ELEMENTOS ESTRUTURADORES

CATEGORIAS

Fisiologia! Gostaria de saber mais sobre o meu corpo.

anatomia Tudo. por dentro e por fora do corpo.

E u gostaria de saber quais são ao funções do meu corpo?

Como é o corpo do menino?

Como funciona o coração.

Como funciona o cérebro.

Por que eu sou tão magro.

Como funciona a circulação?

Sobre o estômago.

Como funciona o pulmão?

Como nos movimenamos?

Como funcionam os anticorpos no corpo?

Gosaria de ficar informado sobre as manchas que aparecem no

corpo.

Onde fica guardado o hormônio masculino?

Como funcionam os harmónios? Como sai leite dos seios?

Como acontece a menstruação?

Gosaria de saber o que atrapalha a menstruação?

Por que um seio fica maior que o outro?

Gostaria muito de saber sobre a pele e o tipo de cabelos. Como é o corpo dos homens e quais as diferenças?

O que tem no corpo dos meninos que as meninas não podem Diferença entre os ter?

sexos Por que os meninos tem pênis e as meninas vagina?

Quais as diferenças entre meninos e meninas?

Como cuidar do corpo?

Que exames o homem pode fazer para ver se não há

Cuidados com o problemas com os seus órgãos sexuais? Para usar 08 não precisa ser virgem? Pode i r para a praia de

corpo "modess" ?

(prevenção, A mulher pode colocar a mangueirinha do chuveiro dentro da

h igiene) vagína para lavar ? Isso é bom para nosso corpo ?

Gostaria de saber se uma menina virgem pode ter câncer de

mama e como fazer a prevenção do câncer? Como posso engordar?

Como posso emagrecer ( dieta ideal )?

O que comer para manter o corpo sem doenças?

Por que quando alguém bate nos seios, dói?

Como ocorre estrias nos seios e até mesmo na lateral da coxa?

Gostaria de saber sobre o câncer de mama.

Por que o meu pêniS é flácido?

Intercorrências E u gostaria de saber se o esperma ê a parte mais lima do

homem.

Como é a ejaculação?

O que é ejaculação precoce?

Órgãos sexuais Como é o pênis do menino?

Masculino O que são os testículos

Como e por que ocorre o crescimento do pinto?

O que é vaginismo? Por que se menstrua ?

Por quanto tempo se menstrua ?

BRÊTAS, J . R. da S . ; SILVA, C. V. da

E m relação a categoria Corpo H umano, percebe-se o i nteresse em con hecer deta l hes do corpo e sexualidade do sexo oposto . Também demonstram interesse sobre as mudanças ocorridas em seu próprio corpo e também no corpo do outro.

E ste fato é compreensíve l , pois as mod ificações b i o l ó g i ca s q u e ca racte rizam este p rocesso, p ropicia a experi ê n ci a de u m a série de eventos psicológicos que cu l m i n a m n a q u i l o q u e d e n o m i n amos d e a q u i sição d e identidade sexua l , o u sej a , das características menta i s do sexo que lhe corresponde .

As questões relacionadas com fisiologia e anatomia foram formuladas em grande parte por sujeitos entre 7 a 1 0 anos de idade, pois n essa faixa etária é natural o i nteresse em a s pectos m a i s g e r a i s do corp o , p o i s a i n d a está organ izando sua gen ital idade. Segundo Laplanche ( 1 992 ) genitalidade é u m n ível de d esenvolvi mento psicossexual caracterizada pela organização dos impulsos sob o primado das zonas gen itais e que se i n stitui u a patir da pu berdade e adol escência .

Nota-se p reocu pação em como cuidar do corpo, considerando aspectos estéticos, preventivos e de higiene í nti m a . N o q u e ta n g e aos órgãos sexuais mascu l i n o e femi n i n o apresentam inte resse em questões da fisiologia mascu l i n a e fem i n i n a , p ráticas sexuais e comportamento sexual . Form u l a m pontos i m portantes como l u brificação vag i n a l , virgindade, men struação, sensibil idade da reg ião g e n ital e dos seios e m a l g u mas ocasiões, ej acu lação , d i sfu nções como o vag i n ismo, ejacu lação precoce e de aspectos desenvolvimento mofofuncional .

Quadro 2 - Categoria Reprodução

sue CATEGORIAS Fecundação

Gestação

Parto

Sexo na Gravidez

Aborto

Contracepção

ELEMENTOS ESTRUTURADORES

E .. erdade que na ovulação a mulher tem aumentada a sua temperatura ?

Por que as mulheres tem filhos? Como a mulher engra .. lda? No o .. árlo há quantos ó .. ulos?

O que faz o Espermatozôlde dentro do ôvulo?

Gosaria de saber se uma pessoa que está menstruada pode engra .. ldar ?

Se o rapaz ejacular na mulher, ele despido mas ela de calcinha, ela pode engra .. ldar?

A mulher que faz sexo oral Ingerindo o esperma corre o risco de engravidar?

Sexo anal pode fazer filho?

Saber mais sobre o perlodo fértil da mulher.

Gosaria de saber mais sobre a gra .. ldez.

O homem e a mulher tem um filho. E os mesmos tem outros filhos, já que os filhos foram feitos pelos mesmos pais. por que eles nascem diferentes? Será que é por causa dos espermatozóides ?

Por que os bebês nascem de 8 a 9 meses? Por que nascem gêmeos?

Como nascem os bebês?

Quando a mulher está gr ... lda, ela pode ter relaç6es sexuais, anal e vaginal e da mesma forma que ela fazia antes? Gostaria de saber o risco que a mulher corre, depOis de acabar de dar à luz ao bebê, ela ter relações sexuais?

Se a mulher pode ter relaç6es sexuais durante a gravidez? E S9 Isso pode afelar o bebê?

Queria saber sobre o aborto. Se a pessoa faz aborto o corpo deforma? Ou quais os males que trazem o aborto, fora a pate psicológica que é atingida?

Por que é crime aboar?

Quando se pode usar anticoncepcional?

Quero saber se a pilula anticoncepcional muda o corpo da mulher. Pois todos falam que muda e fica tudo caído.

N o q u e d i z res p e i to a categoria Re prod u çã o , percebemos u m i nteresse sobre o processo d e fecundação, aquisição de conhecimento sobre gestação e parto. Também

(5)

I nteresse de escolares .. .

nos chamou a atenção o i nteresse sobre o s riscos e a pratica de sexo durante e após a g ravidez. O conteúdo da pesquisa evidencia que os sujeitos buscam i nformação sobre o aborto, com referência a lei vigente no pais, e sobre a saúde física e mental da mul her. A contracepção é enfocada no sentido de quando a adolescente pode fazer uso de meios contraceptivos e quais os efeitos desses no corpo fem i n i n o .

Quadro 3

-

Categoria S a ú d e Sexual

sue CATEGORIAS

Prevençio

DST/AIDS

ELEMENTOS ESTRUTURADORES

Gostaria de saber mais como evitar OST.

Eu gostaria de saber mais alguma coisa sobre não pegar doenças sexuais.

Como se preservar de 05T e outras doenças?

Eu gosaria de saber sobre 05 tipos de doenças que pode pegar quando não está usando camisinha?

Gostaria de saber se há riscos de uma pessoa pegar AIOS através da boca? Ou outras doenças e quais são elas? Pode�e pegar AIOS por alicate de unha ?

Se você transa com uma pessoa mesmo com camisinha, sabendo que ela tem AIOS, você corre o risco de pegar o virus também?

Sobre fazer amor oral há possibilidade de contrair o vírus HIV ? Gostaria de saber sobre as doenças sexualmente

transmisslveis.

Se corrimento é normal ? O que causa ?

Por que ocorre corrimento amarelado ? Como tratar? Como pega o vírus HIV?

Como as mulheres se relacionam com a AIOS? Por que a mulher tem corrimento?

Como a AIOS afeta as pessoas?

Na Saúde Sexual ficou evidenciado que os sujeitos estão preocupados em conhecer os sinais e sintomas das DST's/ AIOS, além das formas de prevenção.

Quadro 4 - Categoria Comportamento Sexual

sue ELEMENTOS ESTRUTURADORES CATEGORIAS

Virgindade · O que é virgindade? · Quando o homem é virgem?

· Qual a hora de perder a virgindade ?

· Ainda existem garotas virgens ?

· Gostaria de saber como é a primeira vez de uma garoa virgem

ao ginecologista?

· Gosaria de saber quando uma mulher faz relação com 10 anos

de idade, depois passa 5 anos sem ter relações, volta a ser

virgem mesmo se ela fez uma vez ?

· Uma pessoa virgem que vai casar e não quer engravidar, quais

A Pimeira as primeira atitudes que deve tomar?

Relação · A menina pode engravidar na primeira transa?

· Quando estamos preparados para a nossa primeira relação?

· Quais são os riscos de uma Iniciação sexual precoce ?

· Gosaria de saber por que na primeira vez da mulher ela sente

mais dor do que prazer?

· Qual a Idade para a primeira relação sexual?

Masturbação · É normal a menina sangrar na primeira transa? · Com quantos anos a pessoa começa a se masturbar? · Por que tem muitas mulheres que se masturbam e outras não ?

Orgasmo · Por que os homens têm tanta necessidade se masturbar ?

· O que prejudica basante o orgasmo da mulher 7

· Como é o orgasmo na mulher e no homem ?

· Por que com vida sexualmente ativa nunca tive orgasmo? A

mulher também tem orgasmo ?

· A mulher que não tem orgasmo tem impotência sexual feminina Prevenção ?

· Como se coloca a camisinha?

· A camisinha pode estourar durante uma relação ? · Usar camisinha espreme o pênis?

· Por que não se pode transar sem camisinha?

Prática Sexual · Usar duas camisinhas é melhor que usar uma s6? · Preciso saber como cuidar da minha sexualidade.

· Tudo o que vem do corpo e da sexualidade.

· A diferença da sexualidade e o sexo.

· Por que temos que dormir em quato searado dos pais?

· Como conar aos pais que a gente mantém relações com alguém?

· Não tenho nenhuma vergonha em falar sobre Sexualidade. gosaria de saber mais sobre sexo oral, sexo sem camisinha se a

pessoa não tiver nenhuma doença? · Por que os meninos s6 pensam em transar?

· Comecei a ter relações sexuais aos 14 anos. Será que quando

tiver mais idade isso vai me prejudicar 7 Ter relação sexual mais

arde é melhor ara o corpo 7

· Eu gostaria de saber se a relação sexual diária ajuda ou

atrapalha no seu corpo e na sua mente?

• A patir de que idade um atleta pode ser prejudicado pelas

relações sexuais. É mesmo pr�iudlclal ?

Com rel ação a categoria Comportamento Sexual , identificamos o i nteresse em solucionar d úvidas acerca da virg i ndade. A q uestão d a virg i ndade é desvelada como u m valor social importante para muitas garotas e rapazes, sendo que do conteúdo apresentado pelas adolescentes emerge a preocupação em parecer virgem, mesmo já tendo tido relação sexua l . Já os rapazes revelam u m a preocupação com o desempenho sexua l , com o tamanho do pênis e como estimular sexualmente a parcei ra. A primeira relação sexual também gera curiosidade, princi palmente sobre aspectos rel acionados à p rática sexual como a dor e o prazer. A masturbação foi enfocada, onde apresentaram interesse tanto na mastu rbação fem i n i n a q u a nto mascu l i n a . O assu nto orgasmo suscitou muitas dúvidas, como ocorre nas garotas e nos rapazes, principalmente os aspectos que envolvem o orgasmo em uma relação sexual. Ainda com relação à prática sexual destacamos o fato de existir preocupação com a ag ressividade do ato sexua l . U ma preocu pação saudável apresentada pelos sujeitos desta pesquisa está relacionada ao i nteresse pela forma correta de colocação do presevativo no pênis.

CONSIDERAÇÕES FI NAIS

C o m e s s e e s t u d o b u s c a m o s d o c u m e n t a r e com preender os i nteresses de nossa popu lação acerca do tema corpo e sexualidade. Os resultados agrupados por categorias estão noteando a sistematização do conteúdo a b o rd a d o d u ra n t e as Ofi c i n as d e Orientação S e x u a l desenvolvidas nas i n stitui ções citadas neste estudo, o que tem nos permitido atender as necessidades específicas dos

grupos. O conteúdo e m q uestão constitui-se de:

O corpo (anatomi a e fisiologia):

Puberdade e mudanças corporais (identificar e refletir sobre as mudanças físicas e as conseqüências sociais deste fenômeno; trabalhar com esquema e imagem corporal);

Manifestações da sexua l i dade no ambiente que vivemos (refleti r sobre sexualidade em nosso meio);

Aparelho rep rod utor/ a resposta sexua l humana (anatomia/ fisiologia dos órgãos sexuais i nternos e extemos mascu l i n o e fem i n i n o , higiene, virg i ndade, menstruação, fisiologia do orgasmo);

Discutindo os papeis: homem e mulher (relações de gênero, opção sexu a l ) ;

N a moro e a s re l a ções i n terpessoa is (trata r d e s

b

!

eti

idades como: a pri m e i ra relação sexual , prazer, vlolencl a , orgasmo, frig idez sexual e ejaculação precoce);

Fecundação, gestação e parto:

G ra v i d e z n a a d o l e s cê n c i a : p reve n ç ã o e responsabilidade ( apresentação e d iscussão sobre métodos contraceptivos );

DST/ A I O S e formas de prevenção (apresentação de a l g u m a s D o e n ça s S e x u a l m e nte Tra n s m i s sív e i s , repercussões sociais, p reconceito e discriminação, formas de prevenção, uso correto do preservativo masculino e feminino).

Para sistematização do mesmo organizamos u m

(6)

l a boratório prático desti nado a criação de tecnologias de ensino na área. Criamos u m a rq u ivo contendo referências bibliográficas e material d idático sobre o tema, para consulta dos mon itores, bolsistas e alunos. N este espaço ocorreu a elaboração e confecção de tecnologias de ensino destinadas à orientação de esco l a res e a d o lescentes na temática a bordada pelo projeto. Essas tecnologias consistiram em dinâmicas e atividades lúdicas previamente vivenciadas pela equipe do projeto, d esti n a s a atender a d iversidade de interesses e a um grupo totalmente heterogêneo (com idade entre 7 a 1 8 anos de idade). Oesta forma desenvolvemos um conjunto de estratégias voltadas principalmente para atender os interesses e expectativas d e cada faixa etári a , de forma a ad ota r estratégias pedagógicas sempre d i n â m i cas e mutáveis, proporcionando assim possibilidades de condução d o assu nto a o g r u p o p a rt i c i p a nte e um e s p a ço p a ra discussão das subjetividades.

N a s a ç õ e s e d u ca t i va s , e n t e n d e m o s q u e a s i nformações devem ser corretas e precisas, compreendendo aspectos re l a c i o n a d os ao d e se n volvi m e nto sexual do ind ivíduo, resposta sexua l humana, comportamento sexu a l , tipos de práticas sexuais, prevenção d e g ravidez, n oções s o b re O S T/A I O S . É n e c e s s á r i o o r i e n t a r s o b re a responsab i l idade de adotar uma prática sexua l segura , ao invés de somente tentar mudar o comportamento que expõe o adol escente a situação de risco, através de medidas d iscipl inares ou pelo "biologicismo" vazio.

Fouca u lt ( 1 9 8 7 ) reve l a que vivemos e m uma sociedade repleta de d i spositivos de controle soci a l , sexua l e outros . Técn icas de controle sobre os seres humanos são criadas constantemente , pri ncipalmente no que se refere ao controle do corpo, através de técn icas de adestramento sociais, educacionais, pol íticas e tecnológicas, a que desde muito cedo somos submetidos; que fabricam falsos desejos e prazeres re p re s e n t a d o s por í c o n e s q u e m o l d a m o comporta mento , torn a n d o a d o rmecidos os verd a d e i ros desejos e prazeres que o corpo pode oferecer ao ser humano. Perce bemos que atu a l mente a s disci p l i n as d e repressão sexual levam a um estado de "coisificação" do sexo através da legal ização do mercado sexual, onde existe um processo de alienação sexu a l .

A s campanhas governamentais de âmbito nacional, veiculadas pela mídia, visando a conscientização dos jovens acerca d a prevenção da A I O S e gravidez n a adolescência são ineficazes, as estatísticas confirmam está afirmação. O tipo de i nformação é simplista d ia nte d a complexidade do assu nto. Trata-se d a q uestão d a sexual idade, que deveria estar sendo a bordada no ambiente escolar, o mais cedo possível, envolvendo os (as) alu nos (as), pais e professores, como conteúdo i nerente à experiência dos sujeitos envolvidos no processo educativo.

A esco l a , p e l a s u a i m p o rtâ n c i a no c a m p o d e socialização do escolar e adolescente , seria um veículo muito im portante para educação sexu a l , mas devido a variáveis como o despreparo dos professores para discussão do tema, as práticas i deológicas de domínio d a situação através d e mecanismos de controle como a repressão ou a biologização da sexualidade, sob o apoio das ciências médicas, que vincula o exercício d a sexualidade somente ao exercício dás fu nções reprod utora s . Esta equ ivalência i mposta entre

B RÊTAS, J . R. da S . ; S ILVA, C. V. da

s e x u a l i d a d e e re p r o d u ç ã o , c o m o u m fe n ô m e n o essencia l mente biológ ico, objetivo, palpável (através dos filhos gerados), ocasiona uma cisão entre a sexual idade e a s u bj e t i v i d a d e , r e s t a n d o a p e n a s i n fo r m a ç õ e s s o b re reprodução, a natomia, fisiologia, AIOS e contracepção, assim deixando d e lado a subj etividade, sej a da criança ou do adolescente . A real idade nos mostra que ignorar o tema ou privilegiar o aspecto i nformativo não foi suficiente , pois as informações sobre conduta contraceptiva e de prevenção a A I O S não asseg uram sua eficácia entre os adolescentes. I sso talvez ocorra por que as relações inter-subjetivas tem mais influência que o simples repasse de i nformações aos adol escentes .

Corrobora n d o com nossa forma de pensar, Jesus (2000, p.49) refe re q u e " a escol a é u m espaço soci a l s i g n i fi cativo p a ra o n d e o adol escente pode levar s u a s experiências de v i d a , s u a s curiosidades, fantasias, d úvidas e i n q u i etações sobre sexu a l idade " . E ntretanto, ressalta a necessidade de reflexão por parte dos educadores para pensar seus próprios valores, considerando que o despreparo d esses p rofissionais e m trata r a temática em sala de a u l a a i n d a prevalece.

O utro aspecto i m po rtante n este contexto é o papel d a fa m íl i a . Patrício (2000, p . 1 26 ) rel ata que " . . . a fam í l i a tanto pode s e r u m recurso (possibilidade) para o crescimento e desenvolvi mento saudável de seus jovens, como também pode ser uma l i m itação nesse processo, l i mitações estas i m postas pelo a m b i e nte, especificamente, pela sociedade onde se i n sere , q u ando lhe i m pede d e viver sua cidadania plena " . Entendemos como l i m itação o fato dos pais ainda apresentarem enormes dificuldades com a sexualidade dos filhos adolescentes , acabando por transferir o papel educativo a tercei ros e re prod uzindo formas disci p l i nares de controle, perpetua n d o assim u m cicio por mu itas gerações .

N este contexto, entendemos que a sexualidade conti n u a sendo u m tabu em n osso meio, sendo acentuado apenas o que é negativo e prejudicial do sexo. Aquilo que é biológica e psicologicamente positivo, que constitu i a base do a mor, d o prazer, da convivênci a , da fam í l i a e da própria sobrevivência h u m a n a é relegado. Assim, entendemos que enquanto p rofissionais d a á rea das ciências d a saúde nos encontramos numa e ncruzi lhada pol ítica e m icropol ítica fu nd amenta l . O u vamos fazer o jogo dessa reprodução de m o d e l o s q u e n ã o nos permitem cri a r s a í d a s p a ra os processos de s i n g u l a rização, ou, ao contrário vamos estar trabalhando com o indivíduo obsevando suas singularidades e tornando-as p a te do processo.

Fizemos a nossa opção, q u e engloba a problemática e ntre adolescência, sexu a l idade e sociedade, e constru ímos o projeto denominado "Corpora l i dade e Saúde", atuando no campo d a pro moção d a saúde, com ênfase no corpo e sexualidade, visando catalisar d iscussões e relexões críticas sobre esse u n iverso.

Acreditamos na prática l i bertária e achamos q u e compreender o interesse e a necessidade sexual do escolar e adolescente não s i g nifica l i berti nagem , mas facil itar o contato sadio e protegido entre os adolescentes e jovens de a m bos os sexos. A sexu alidade, quando compreendida e adequadamente canalizada , se traduz em amor, criatividade, potência geradora d e progresso e de desenvolvimento.

(7)

I nteresse de escolares .. .

REFERÊNCIAS

AB ERASTU RY, A.; KNOBEL, M . Adolescência normal . Porto Alegre: Artes Médicas, 1 98 1 .

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa - Portugal: Edições 70, 1 995. p. 1 1 7.

BRAS IL. Estatuto da criança e do adolescente -Lei nO 8.069/

90. São Paulo: Atlas, 1 990. p.9

FOUCAU L . M. Vigiar e p u n ir: história da violência nas prisões. Petrópolis, RJ : Editora Vozes, 1 987.

GAU H I E R, J . H . M . et aI. Pes q u i s a e m Enfermagem: Novas Metodologias Aplicadas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1 998. p. 1 2 .

GIL, A.C. Métodos e Técnicas d e Pesquisa Soci a l . São Paulo:

Atlas, 1 987. p. 45-46 .

JESUS, M.C.P. Educação sexual e compreensão da sexualidade na perspectiva da Enfermagem. l n : RAMOS, F.R.S. et aI. Projeto

Aco l h e r : um encontro da Enfermagem com o adolescente

brasileiro. Brasília: ABEn/Governo Federal, 2000. p. 49.

LAPLAN C H E , J. Voca b u l ário da P s i c a n á l i s e/ Laplanche e Pontalis. São Paulo: Martins Fontes, 1 992.

N OG U E I RA, M. D. P. Exte n s ã o U n i v e rs i t á ri a : D i retrizes Conceitu a i s e Pol íticas - d o c u m e ntos b á s i cos d o Fórum Nacional de Pró-Reitores d e Extensão das U n ivers idades Públicas Brasileiras. Belo Horizonte: PROEX/U FMG, 2000. p. 1 1 .

OMS/ FN UAP/ U N ICEF. Saúde reprodutiva de adolescentes ­ uma estratégia para ação. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 1 989.

PATRíCIO, Z . M . O C u idado com a Qual idade de Vida dos Adolescentes: Um Movi mento Ético e Estético de "Koa ns e Tricksters". ln: RAMOS, F.R.S. et aI. Projeto Acolher: um encontro da Enfermagem com o adolescente brasileiro. Brasília: ABEn/ Governo Federal, 2000. p. 1 26.

RAPPAPORT, C.R. Psicolog i a do Desenvolvimento -A idade escolar e a adolescência. São Paulo: EPU, 1 982 . v. 4, p . 1 .

REICH, W. Crianças do futuro. Curitiba: Centro Reichiano, 1998. p . 1 43 .

RUDIO, F V I ntrod ução ao projeto d e pesquisa científica.

Petrópolis: Vozes, 1 990. p. 55 - 59.

S U P L l CY, M . G u i a d e o r i e n t a ç ã o s ex u a l : d i retrizes e metodologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1 994.

TRIVINOS, A.N.S. I ntrodução à Pesquisa em Ciências Sociais.

São Paulo: Atlas, 1 992 . p. 1 1 0 - 1 1 2 .

WHALEY, LF; WONG, DL. Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1 989. p.323

WORLD ASSOCIAT I O N FOR S EXOLOGY. Declaração dos direitos sexuais. Revista Terapia Sex u a l , São Paulo, v. 2, n.2, p. 1 2 1 - 1 22, jul ./dez. 1 999.

Referências

Documentos relacionados

Art. 1º - A área de lazer e recreação da ASIBAMA-DF, doravante denominada Área de Lazer - situada no SCEN, Trecho 02, Lote da Sede do IBAMA, em Brasília, DF - tem

Objeto da Licitação: O objeto do presente Pregão Presencial é a proposta mais vantajosa para a aquisição de madeiras serrada, conforme solicitação da Secretaria

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Costa (2001) aduz que o Balanced Scorecard pode ser sumariado como um relatório único, contendo medidas de desempenho financeiro e não- financeiro nas quatro perspectivas de

“...é a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra

Traçar um perfil das mulheres trabalhadoras não trata apenas de definir características dessas mulheres, mas também de compará-las aos homens trabalhadores, para

Os resultados revelam que os estudantes apresentaram dificuldades na elaboração dos mapas conceituais devido a não utilização deste instrumento no processo de ensino, porém

Para atender a esse objetivo, foi realizado o levantamento de informações fitogeográficas e florísticas da vegetação do Parque; a identificação de 30 elementos arbóreos