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Paracoctidioidomicose: atendimento a nível de assistência primária a saúde.

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Academic year: 2017

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PARACOCCIDIOIDOMICOSE: ATENDIMENTO A NÍVEL DE ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA A SAÚDE

Sérgio Pripas*

PRIPAS, S. Paracoctidioidomicose: atendimento a nível de assistência primária a saúde. Rev.Saúde públ., S. Paulo, 22:233 - 6,1988.

RESUMO: Discute-se o tratamento de pacientes com paracoccidioidomicose a nível de assistência primária a saúde. Foram tratados 8 pacientes no Centro de Saúde I, de São Carlos, SP (Brasil), empre-gando-se o cetoconazol, durante um ano, na dose de 400 mg diários, em uma única tomada. Em todos os pacientes tratados, houve remissão do quadro clínico e melhora dos exames laboratoriais. Não houve relato de efeitos colaterais. Conclui com proposta de tratamento da paracoccidioidomicose, a nível de rede básica de saúde.

UNITERMOS: Paracoccidioidomicose, quimioterapia. Cetoconazol, uso terapêutico. Assitência primária à saúde.

* Centro de Saúde I - São Carlos - Rua Amadeu Amaral, s/no -13560 - São Carlos, SP.

INTRODUÇÃO

A paracoccidioidomicose, a mais importante micose sistêmica na América Latina, endêmica em várias regiões do Brasil, tinha até há poucos anos sua terapêutica limitada aos sulfamídicos e à anfotericina-B. Neste contexto, o cetoconazol, derivado imidazólico de uso oral, surgiu como uma droga promissora, de baixa toxidade e am-plo espectro. 3,4,5,7,10,11,14

Pelas características da doença e principal-mente do tratamento, o paciente, em geral, vem sendo tratado por especialistas, em centros mais complexos como hospital-escola, e freqüente-mente em caráter de hospitalização.

Através da padronização de normas e simpli-ficação de procedimentos, o atendimento ao pa-ciente com paracoccidioidomicose mostra-se possível a nível da rede de unidades sanitárias, com vários benefícios para o paciente e insti-tuições que atendem essa infecção.

A paracoccidioidomicose constitui um dos problemas de saúde pública do Município de São Carlos, Estado de São Paulo. O presente trabalho relata experiência de tratamento, a nível de assis-tência primária a saúde, de pacientes com essa micose, naquele Município.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

No período de junho de 1983 a fevereiro de 1986, 9 pacientes com paracoccidioidomicose

foram tratados no Centro de Saúde I, Município de São Carlos, Estado de São Paulo, com ceto-conazol, pelo período de um ano.

O diagnóstico etiológico da micose foi estabele-cido através do quadro clínico, exame radio-lógico, exame direto de material oriundo de se-creção ou das lesões e exame histopatológicos. Estes exames foram realizados na unidade local do Instituto Adolfo Lutz ou em laboratórios par-ticulares do Município.

Os pacientes eram agendados para atendimen-to mensal, passando por uma pré-consulta, na qual a atendente de enfermagem registrava as queixas, peso é medicação anterior. Eram então submetidos à consulta médica, retornando com a atendente na pós-consulta, onde recebiam infor-mações sobre sua doença, orientação quanto aos exames a serem realizados, assim como orien-tação sobre o tratamento.

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confirmar se continuavam em remissão clínica do quadro.

RESULTADOS

Os dados sobre identificação dos pacientes e a doença encontram-se na Tabela 1, não diferindo dos encontrados na literatura.1,2,3,4,6,9,12,13

A idade dos pacientes variou de 15 a 65 anos, com média de 44,3 anos. Dos 9 pacientes, oito eram do sexo masculino, sendo todos da raça branca. O tempo conhecido de doença variou de um a 36 meses, com tempo médio de 9,6 meses. Um paciente (caso no 2) abandonou o

tratamen-to, não tendo sido localizado. Dois pacientes já haviam sido tratados. Um paciente (caso no 1) foi

tratado com sulfadiazina e devido à resistência à esta droga optou-se pelo tratamento com anfote-ricina-B na dose total de 2 grs., com o qual obte-ve-se a remissão clínica. Após 7 meses, apresen-tou recidiva. Outro paciente (caso no 7), foi

trata-do por 9 meses com sulfas sem melhora clínica. Nos oito pacientes que se submeteram ao tratamento, houve remissão no quadro clínico e melhora radiológica. Em nenhum caso houve efeito colateral devido à droga.

Na Tabela 2 apresentamos o custo da medi-cação comparado ao da anfotericina-B e da sulfa-diazina. Para efeito de comparação, foram

in-cluídas as drogas empregadas no tratamento da tuberculose, como modelo de tratamento assis-tencial em saúde pública.

DISCUSSÃO

Os resultados apontam, como uma impor-tante perspectiva em Saúde Pública, o tratamento da paracoccidioidomicose, a nível de assistência primária a saúde, com cetoconazol, muito embo-ra outros estudos controlados sejam necessários.

Neste estudo, foi proposto o acompanhamen-to dos pacientes, a longo prazo, visando maior segurança no critério de "cura", uma vez que a avaliação imunológica, ideal neste casos, nem sempre é possível dentro da realidade da rede básica de saúde.

Dentro de uma nova perspectiva de política de saúde, no Brasil, que vem sendo estruturada dentro dos princípios de assistência primária a saúde, o atendimento de uma afecção endêmica, como a paracoccidioidomicose, mostra-se bas-tante promissor a nível da rede básica de saúde.

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para exercer a vigilância epidemiológica da para-coccidioidomicose, que poderia fornecer dados, tais como, prevalência, incidência, distribuição geográfica e outros relativos ao perfil epidemi-ológico desta afecção. Estaríamos ainda integran-do as diversas instituições que dão atendimento a estes casos, respeitando-se os conceitos de inte-gração, regionalização e hierarquização.

Sob o ponto de vista social, salientamos a im-portância do paciente ser tratado em seu local de origem, dispensando transporte para outra região e evitando hospitalização, salvo em casos de eventuais complicações. Desta forma, o paciente participa de maneira mais ativa de seu tratamen-to, mantendo relativas condições de trabalho nesse período.

Quanto ao aspecto econômico, embora o custo da anfotericina-B seja menor, os gastos com a hospitalização e pessoal trazem grandes encargos para a instituição além dos inconvenientes causados ao paciente pela própria internação.

Comparando os custos de tratamento entre ceto-conazol e sulfadiazina, este último apresenta ligeira vantagem econômica. Contudo, conside-rando-se que o tratamento com os sulfamídicos é mais indicado para casos benignos10, não tratados

anteriormente, e considerando os relatos de resistência às sulfas4 o cetoconazol traz as

van-tagens de uma droga eficaz, com amplo espectro deatividade e boa tolerabilidade.

Concluímos que o atendimento da paracocci-dioidomicose, a nível de assistência primária a saúde, mostra-se promissor e atualmente só é possível com o uso de drogas com propriedades do cetoconazol, necessitando, porém, de outros estudos controlados.

AGRADECIMENTOS

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PRIPAS, S. [The treatment of paracoccidioidomycosis at primary health level]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 22: 233-6, 1988.

ABSTRACT: The treatment of paracoccidioidomycosis, with ketoconazole, at public health level is discussed. Eight patients were treated with single daily doses of 400 mg of ketoconazole for one year. The patients were treated at Health Center I in S. Carlos, Brazil. All patients treated showed clinical remission and an improvement in radiological findings. No side-effects were reported. The benefits of this treatment at Health Centers, under the administrative, social and economic aspects are stressed.

UNITERMS: Paracoccidioidomycosis, drug therapy. Ketoconazole, therapeutic use. Primary health care.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1983

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