NÁDIA CRISTINA PIRES BRINCK
AVALIAÇÃO DO TIPO DE MATERIAL FILTRANTE NO
COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DE FILTROS RÁPIDOS DE
CAMADA PROFUNDA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS DE
ABASTECIMENTO
Tese apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia
NÁDIA CRISTINA PIRES BRINCK
AVALIAÇÃO DO TIPO DE MATERIAL FILTRANTE NO
COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DE FILTROS RÁPIDOS DE
CAMADA PROFUNDA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS DE
ABASTECIMENTO
Tese apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia
Área de Concentração:
Engenharia Hidráulica e Sanitária
Orientador:
Prof. Dr.Sidney Seckler Ferreira Filho
AGRADECIMENTOS
Ao professor Sidney Seckler Ferreira Filho pela orientação e pelo constante apoio
transmitido durante todo o trabalho.
À minha família e aos amigos pelo afeto e compreensão.
À Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) pelo
suporte técnico dado para a execução do estudo experimental e a todos que
RESUMO
Neste projeto de pesquisa avaliou-se a etapa de filtração no processo de tratamento
de água para abastecimento público. Para isto, foi utilizado um sistema de filtração
piloto composto por quatro filtros rápidos por gravidade de camada profunda. Os
filtros piloto foram alimentados com água decantada da Estação de Tratamento de
Água Rio Grande, e operados com taxa de filtração de 500 m3/m2/dia. A concepção dos filtros variou em termos de material filtrante (areia e antracito), diâmetro dos
grãos e altura do leito. Os filtros foram avaliados em termos de turbidez, contagem
de partículas, evolução de perda de carga e velocidade ascensional de água de
lavagem. Na Etapa 1, operando-se filtros de areia e antracito com diferentes
diâmetros, o filtro de antracito com 1,3 mm de diâmetro e 120 cm de altura
apresentou melhor comportamento no tocante aos parâmetros avaliados. Na etapa
2, comparando-se filtros de areia e de antracito com mesmo diâmetro (1,3 mm) e
altura de leito (120 cm), mais uma vez o filtro de antracito foi superior. Acredita-se
que os índices físicos justifiquem esse comportamento. Na Etapa 3, conclui-se que o
aumento de altura de leito dos filtros de areia (1,3 mm) e antracito (1,3 mm) de 120
cm para 160 cm foi benéfico para ambos os materiais filtrantes em termos de
qualidade do efluente, mas muito mais significativo para o antracito, e não se
observou alteração de comportamento no tocante à evolução de perda de carga.
Com o ensaio de fluidificação e expansão do leito filtrante, conclui-se que,
considerando-se o mesmo tempo de duração da lavagem e a mesma expansão do
leito, o filtro de antracito possibilitou a utilização de menor velocidade ascensional de
água de lavagem, que representa grande economia com relação aos custos do
sistema de lavagem. Assim, em todos os aspectos estudados, o uso de antracito
(1,3 mm) como material filtrante para filtros rápidos por gravidade de camada
profunda se mostrou mais vantajoso.
Palavras-chave: Tratamento de águas de abastecimento. Filtração.
ABSTRACT
This project researched the filtration stage in the water treatment process for public
use. The research used a pilot filtration system based on four rapid gravity depth bed
filters, with a filtration rate of 500m3/m2/dia. The water used in the experiment came from sedimentation tank of the Rio Grande water treatment facility. During the
experimental phase the filters were loaded with different depth, used different filter
media (sand and anthracite) and used grain with different effective size. The filters
were evaluated in terms of turbidity, particle count, head loss and superficial velocity
of backwashing water. In the first part of the study, when analyzing the results of
filters loaded to a depth of 120 cm using both sand and anthracite with different size,
the anthracite filter with effective size of 1.3 mm was the one with the best results. In
the second part of the study, when comparing anthracite and sand with same the
effective size, the anthracite also presented better results. Finally when increasing
the depth of the filter, both sand and anthracite filters showed improved performance
in terms of effluent quality, but anthracite filters kept outperforming sand filters. In
both case, there were no evidences of changing in the head loss development. When
performing fluidization and expansion experiments, considering the same
backwashing cycle time and expansion of filter media, the anthracite filter allowed
lower superficial velocity which represents relevant economies in the washing system
costs. Therefore the use of anthracite (1.3mm) as a filter medium for rapid gravity
depth bed filters is recommended.
Key-words: Drinking water treatment. Filtration. Sand. Anthracite. Turbidity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Etapas do processo de filtração com taxa constante ... 28
Figura 3.2 – Representação esquemática do funcionamento de filtros ... 29
Figura 3.3 – Mecanismos de transporte, aderência e desprendimento durante a filtração ... 30
Figura 3.4 – Mecanismos de transporte de partículas para a superfície de um coletor. ... 31
Figura 3.5 - Relação de diâmetro entre uma partícula de diâmetro conhecido e o diâmetro de seus interstícios. ... 32
Figura 3.6 – Interação entre partícula-polímero-coletor ... 37
Figura 3.7 – Curva granulométrica típica de um material filtrante. ... 40
Figura 3.8 – Evolução de perda de carga em um meio filtrante com o tempo ... 44
Figura – 3.9 – Evolução da perda de carga em função da velocidade de água de lavagem. ... 49
Figura 4.1 – Vista aérea da ETA Rio Grande ... 71
Figura 4.2 – Vista geral da Estação Elevatória da ETA Rio Grande ... 71
Figura 4.3 – Estrutura de chegada da água bruta à ETA Rio Grande ... 73
Figura 4.4 – Vista geral da ETA e seu sistema de filtração a jusante dos decantadores ... 73
Figura 4.5 – Vista geral da instalação piloto ... 74
Figura 4.6 – Vista geral das bombas centrífugas empregadas no bombeamento da água decantada até a caixa de nível constante ... 75
Figura 4.7 – Vista geral da caixa de nível constante ... 75
Figura 4.8 – Vista geral da tubulação de alimentação de água decantada a cada um dos filtros piloto ... 77
Figura 4.9 – Vista geral de um dos rotâmetros empregados no controle da vazão afluente a cada um dos filtros piloto instalado na linha de água decantada ... 77
Figura 4.10 – Vista geral de um dos quadros de piezômetros instalados em um dos filtros piloto ... 78
Figura 4.12 – Vista geral do fundo falso dos filtros piloto e respectivas tubulações de
introdução de água de lavagem e ar e coleta de água filtrada ... 80
Figura 4.13 – Vista geral do rotâmetro de controle de vazão de ar empregado
quando da lavagem dos materiais filtrantes com ar e água ... 80
Figura 4.14 – Vista geral de uma camada suporte montada para um dos filtros piloto
... 83
Figura 4.15 – Curva granulométrica da areia empregada na montagem do filtro piloto
F4 ... 85
Figura 4.16 – Curva granulométrica da areia empregada na montagem do filtro piloto
F1 ... 85
Figura 4.17 – Curva granulométrica do antracito empregado na montagem do filtro
piloto F2 ... 86
Figura 4.18 – Curva granulométrica do antracito empregado na montagem do filtro
piloto F3 e F1 ... 86
Figura 4.19 – Curva granulométrica do antracito empregado na montagem dos filtros
piloto F1 e F3 ... 89
Figura 4.20 – Curva granulométrica da areia empregada na montagem do filtro piloto
F2 e F4 ... 89
Figura 5.1 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F2 e F3.
Carreira de Filtração 2 ... 96
Figura 5.2 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 e F3. Carreira de
Filtração 2... 96
Figura 5.3 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F2 e F3. Carreira de
Filtração 2... 97
Figura 5.4 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F2. Carreira de Filtração 2 ... 98
Figura 5.5 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F3. Carreira de Filtração 2 ... 99
Figura 5.6 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 2... 100
Figura 5.7 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 2... 101
Figura 5.9 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 2... 102
Figura 5.10 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F2 a F4.
Carreira de Filtração 3 ... 103
Figura 5.11 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 a F4. Carreira de
Filtração 3... 104
5.12 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F2 a F4. Carreira de Filtração 3
... 104
Figura 5.13 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 3... 106
Figura 5.14 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 3... 106
Figura 5.15– Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 3... 107
Figura 5.16 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 3... 108
Figura 5.17 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 3... 108
Figura 5.18 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 3... 109
Figura 5.19 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F2 a F4.
Carreira de Filtração 5 ... 110
Figura 5.20 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 a F4. Carreira de
Filtração 5... 110
Figura 5.21 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F2 a F4. Carreira de
Filtração 5... 111
Figura 5.22 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 5... 113
Figura 5.23 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 5... 113
Figura 5.24 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 5... 114
Figura 5.25 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Figura 5.26 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 5... 115
Figura 5.27 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 5... 116
Figura 5.28 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 7 ... 117
Figura 5.29 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 7... 117
Figura 5.30 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 7... 118
Figura 5.31 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 7... 120
Figura 5.32 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 7... 120
Figura 5.33 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 7... 121
Figura 5.34 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 7... 121
Figura 5.35 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 7... 122
Figura 5.36 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 7... 122
Figura 5.37 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 7... 123
Figura 5.38 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 7... 123
Figura 5.39 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 10 ... 124
Figura 5.40 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 10 ... 125
Figura 5.41 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 10 ... 125
Figura 5.43 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 10 ... 127
Figura 5.44 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 10 ... 127
Figura 5.45 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 10 ... 128
Figura 5.46 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 10 ... 129
Figura 5.47 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 10 ... 129
Figura 5.48 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 10 ... 130
Figura 5.49 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 10 ... 130
Figura 5.50 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 14 ... 131
Figura 5.51 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 14 ... 132
Figura 5.52 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 14 ... 132
Figura 5.53 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 14 ... 134
Figura 5.54 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 14 ... 134
Figura 5.55 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 14 ... 135
Figura 5.56 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 14 ... 135
Figura 5.57 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 14 ... 136
Figura 5.58 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 14 ... 136
Figura 5.59 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Figura 5.60 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 14 ... 137
Figura 5.61 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 21 ... 141
Figura 5.62 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 21 ... 141
Figura 5.63 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 21 ... 142
Figura 5.64 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F1. Carreira de Filtração 21 ... 143
Figura 5.65 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F2. Carreira de Filtração 21 ... 143
Figura 5.66 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F3. Carreira de Filtração 21 ... 144
Figura 5.67 – Evolução temporal da perda de carga e penetração de impurezas para
o filtro piloto F4. Carreira de Filtração 21 ... 144
Figura 5.68 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 21 ... 146
Figura 5.69 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 21 ... 146
Figura 5.70 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 21 ... 147
Figura 5.71 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 21 ... 147
Figura 5.72 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 21 ... 148
Figura 5.73 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 21 ... 148
Figura 5.74 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 21 ... 149
Figura 5.75 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 21 ... 149
Figura 5.77 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 29 ... 151
Figura 5.78 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 29 ... 151
Figura 5.79 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 29 ... 153
Figura 5.80 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 29 ... 153
Figura 5.81 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 29 ... 154
Figura 5.82 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 29 ... 154
Figura 5.83 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 29 ... 155
Figura 5.84 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 29 ... 155
Figura 5.85 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 29 ... 156
Figura 5.86 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 29 ... 156
Figura 5.87 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 34 ... 157
Figura 5.88 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 34 ... 158
Figura 5.89 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 34 ... 158
Figura 5.90 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 34 ... 159
Figura 5.91 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 34 ... 160
Figura 5.92 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 34 ... 160
Figura 5.93 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Figura 5.94 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 34 ... 162
Figura 5.95 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 34 ... 162
Figura 5.96 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 34 ... 163
Figura 5.97 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 34 ... 163
Figura 5.98 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a F4.
Carreira de Filtração 39 ... 164
Figura 5.99 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 39 ... 165
Figura 5.100 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 39 ... 165
Figura 5.101 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 39 ... 167
Figura 5.102 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 39 ... 167
Figura 5.103 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 39 ... 168
Figura 5.104 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 39 ... 168
Figura 5.105 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 39 ... 169
Figura 5.106 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 39 ... 169
Figura 5.107 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 39 ... 170
Figura 5.108 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 39 ... 170
Figura 5.109 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 45 ... 171
Figura 5.111 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 45 ... 172
Figura 5.112 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 45 ... 173
Figura 5.113 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 45 ... 174
Figura 5.114 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 45 ... 174
Figura 5.115 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 45 ... 175
Figura 5.116 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 45 ... 175
Figura 5.117 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 45 ... 176
Figura 5.118 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 45 ... 176
Figura 5.119 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 45 ... 177
Figura 5.120 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 57 ... 178
Figura 5.121 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 57 ... 178
Figura 5.122 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 57 ... 179
Figura 5.123 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F1. Carreira de
Filtração 57 ... 180
Figura 5.124 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 57 ... 181
Figura 5.125 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 57 ... 181
Figura 5.126 – Evolução temporal do parâmetro β para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 57 ... 182
Figura 5.127 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F1. Carreira de
Figura 5.128 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F2. Carreira de
Filtração 57 ... 183
Figura 5.129 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F3. Carreira de
Filtração 57 ... 184
Figura 5.130 – Evolução temporal do parâmetro ψ para o filtro piloto F4. Carreira de
Filtração 57 ... 184
Figura 5.131 – Vista dos grãos de antracito empregados na montagem dos filtros F1
e F3 (aumento de 10 vezes)... 189
Figura 5.132 – Vista dos grãos de areia empregados na montagem dos filtros F2 e
F4 (aumento de 10 vezes) ... 190
Figura 5.133 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 64 ... 192
Figura 5.134 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 e F3. Carreira de
Filtração 64 ... 192
Figura 5.135 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 e F4. Carreira de
Filtração 64 ... 193
Figura 5.136 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 64 ... 193
Figura 5.137 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 68 ... 195
Figura 5.138 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 e F3. Carreira de
Filtração 68 ... 195
Figura 5.139 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 e F4. Carreira de
Filtração 68 ... 196
Figura 5.140 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 68 ... 196
Figura 5.141 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 71 ... 198
Figura 5.142 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 e F3. Carreira de
Filtração 71 ... 198
Figura 5.143 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 e F4. Carreira de
Filtração 71 ... 199
Figura 5.145 – Qualidade da água bruta, decantada e filtrada dos filtros piloto F1 a
F4. Carreira de Filtração 78 ... 201
Figura 5.146 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F1 e F3. Carreira de
Filtração 78 ... 201
Figura 5.147 – Qualidade da água filtrada dos filtros piloto F2 e F4. Carreira de
Filtração 78 ... 202
Figura 5.148 – Evolução de perda de carga dos filtros piloto F1 a F4. Carreira de
Filtração 78 ... 202
Figura 5.149 – Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 7 ... 206
Figura 5.150 – Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 10 ... 206
Figura 5.151 – Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 14 ... 207
Figura 5.152 – Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 17 ... 207
Figura 5.153 – Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 24 ... 208
Figura 5.154– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 31 ... 208
Figura 5.155– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 35 ... 209
Figura 5.156– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 56 ... 209
Figura 5.157– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 62 ... 210
Figura 5.158– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 65 ... 210
Figura 5.159– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 73 ... 211
Figura 5.160– Contagem de partículas para a água decantada e filtrada dos filtros
piloto F1 a F4. Carreira de Filtração 78 ... 211
Figura 5.161 – Turbidez da água decantada em função dos seus valores de
Figura 5.162 – Contagem de partículas da água decantada em função da contagem
de partículas para a água filtrada (Filtro F1) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 213
Figura 5.163 – Contagem de partículas da água decantada em função da contagem
de partículas para a água filtrada (Filtro F2) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 213
Figura 5.164 – Contagem de partículas da água decantada em função da contagem
de partículas para a água filtrada (Filtro F3) para a faixa de 2 μm a 20 μm. ... 214
Figura 5.165 – Contagem de partículas da água decantada em função da contagem
de partículas para a água filtrada (Filtro F4) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 214
Figura 5.166 – Qualidade da água decantada em função da contagem de partículas
para a água filtrada (Filtro F1) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 215
Figura 5.167 – Qualidade da água decantada em função da contagem de partículas
para a água filtrada (Filtro F2) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 216
Figura 5.168 – Qualidade da água decantada em função da contagem de partículas
para a água filtrada (Filtro F3) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 216
Figura 5.169 – Qualidade da água decantada em função da contagem de partículas
para a água filtrada (Filtro F4) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 217
Figura 5.170 – Qualidade da água filtrada (Filtro F1) em função da contagem de
partículas para a água filtrada (Filtro F1) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 218
Figura 5.171 – Qualidade da água filtrada (Filtro F2) em função da contagem de
partículas para a água filtrada (Filtro F2) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 218
Figura 5.172 – Qualidade da água filtrada (Filtro F3) em função da contagem de
partículas para a água filtrada (Filtro F3) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 219
Figura 5.173 – Qualidade da água filtrada (Filtro F4) em função da contagem de
partículas para a água filtrada (Filtro F4) para a faixa de 2 μm a 20 μm ... 219
Figura 5.174 – Perda de carga em função da velocidade ascensional de água de
lavagem para os filtros piloto F1, F2, F3 e F4 ... 220
Figura 5.175 – Expansão dos materiais filtrantes dos filtros piloto em função da
velocidade ascensional de água de lavagem ... 223
Figura 5.176 – Perda de carga em função da velocidade ascensional de água de
lavagem para os filtros piloto F1 e F2 ... 225
Figura 5.177 – Expansão dos materiais filtrantes dos filtros piloto em função da
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Propriedades típicas de materiais filtrantes utilizados na filtração de
águas de abastecimento ... 42
Tabela 3.2 – Definições de diâmetro virtuais de partícula ... 47
Tabela 3.3 – Características do antracito brasileiro ... 64
Tabela 3.4 - Granulometria típica de filtros para diferentes aplicações ... 65
Tabela 4.1 – Filtro Piloto F1. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 81
Tabela 4.2 – Filtro Piloto F2. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 82
Tabela 4.3 – Filtro Piloto F3. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 82
Tabela 4.4 – Filtro Piloto F4. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 82
Tabela 4.5 – Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na montagem dos filtros piloto F1, F2, F3 e F4 ... 87
Tabela 4.6 – Filtro Piloto F1/F3. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 88
Tabela 4.7 – Filtro Piloto F2/F4. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 88
Tabela 4.8 – Filtro Piloto F3. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 90
Tabela 4.9 – Filtro Piloto F4. Características granulométricas dos materiais filtrantes empregados na operação do sistema de filtração em escala piloto ... 90
Tabela 4.10 – Quadro resumo dos ensaios de filtração realizados na condução dos ensaios de tratabilidade. Etapa 1 ... 94
Tabela 4.11 – Quadro resumo dos ensaios de filtração realizados na condução dos ensaios de tratabilidade. Etapa 2 ... 94
Tabela 4.12 – Quadro resumo dos ensaios de filtração realizados na condução dos ensaios de tratabilidade. Etapa 3 ... 94
Tabela 5.2 – Quadro resumo de valores de turbidez média e desvio padrão para
ensaios de filtração da Etapa 1 ... 139
Tabela 5.3 – Características granulométricas dos materiais filtrantes utilizados na
Etapa 2 ... 140
Tabela 5.4 – Quadro resumo de valores de turbidez média e desvio padrão para
ensaios de filtração da Etapa 2 ... 186
Tabela 5.5 – Características granulométricas dos materiais filtrantes utilizados na
Etapa 3 ... 191
Tabela 5.6 – Quadro resumo de valores de turbidez média e desvio padrão para
ensaios de filtração da Etapa 3 ... 204
Tabela 5.7 – Velocidades mínimas de fluidificação observadas e calculadas para os
filtros piloto F1, F2, F3 e F4. Etapa 1 ... 222
Tabela 5.8 – Velocidades mínimas de fluidificação observadas e calculadas para os
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...23
2 OBJETIVOS ...25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...26
3.1 HISTÓRIA DA FILTRAÇÃO ... 26
3.2 TEORIA DA FILTRAÇÃO ... 27
3.2.1 Mecanismos de transporte ... 30
3.2.1.1 Efeito de coar ... 31
3.2.1.2 Difusão ... 32
3.2.1.3 Sedimentação ... 33
3.2.1.4 Interceptação ... 33
3.2.1.5 Ação hidrodinâmica ... 34
3.2.1.6 Inércia ... 34
3.2.2 Mecanismos de aderência ... 34
3.2.2.1 Atração eletrostática ... 35
3.2.2.2 Forças de van der Waals ... 36
3.2.2.3 Hidratação ... 36
3.2.2.4 Adsorção mútua ... 37
3.2.3 Mecanismos de soltura ... 38
3.3 MATERIAIS FILTRANTES ... 38
3.3.1 Tamanho e distribuição do tamanho dos grãos ... 39
3.3.2 Forma e geometria dos grãos ... 40
3.3.3 Massa específica do grão ... 41
3.3.4 Dureza do grão ... 42
3.3.5 Porosidade do leito fixo ... 42
3.4 PERDA DE CARGA EM MEIOS FILTRANTES ... 44
3.5 LAVAGEM DE MEIOS FILTRANTES ... 48
3.5.1 Velocidade Mínima de Fluidificação (VMF) ... 49
3.5.2 Expansão do leito filtrante ... 53
3.5.3 Métodos de lavagem ... 59
3.5.3.2 Lavagem com água e sistema de lavagem superficial como auxiliar ... 60
3.5.3.3 Lavagem com ar unicamente seguido de água ... 61
3.5.3.4 Lavagem com ar e água simultaneamente ... 62
3.6 TIPOS DE FILTROS ... 62
3.6.1 Classificação de acordo com tratamento ... 62
3.6.2 Classificação de acordo com o material filtrante ... 63
3.6.3 Classificação com relação à taxa de filtração ... 66
3.6.3.1 Filtros lentos ... 66
3.6.3.2 Filtros rápidos ... 67
3.6.4 Classificação de acordo com o sentido do escoamento ... 68
3.6.5 Classificação de acordo com o arranjo hidráulico ... 69
3.6.6 Classificação de acordo com o mecanismo de ação ... 69
4 MATERIAIS E MÉTODOS ...70
4.1 APRESENTAÇÃO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA RIO GRANDE ... 70
4.2 DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO PILOTO ... 74
4.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS E MATERIAIS FILTRANTES EMPREGADOS ... 81
4.3.1 Etapa 1 ... 81
4.3.2 Etapa 2 ... 87
4.3.3 Etapa 3 ... 90
4.3.4 Roteiro de operação dos filtros piloto ... 91
4.3.5 Roteiro de lavagem dos filtros piloto ... 93
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
EXPERIMENTAIS ...95
5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS RELATIVOS AOS ENSAIOS DE FILTRAÇÃO – ETAPA 1 ... 95
5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS RELATIVOS AOS ENSAIOS DE FILTRAÇÃO – ETAPA 2 ... 140
5.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS RELATIVOS AOS ENSAIOS DE FILTRAÇÃO – ETAPA 3 ... 191
5.5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS
RELATIVOS AOS ENSAIOS DE FLUIDIFICAÇÃO E EXPANSÃO ... 220
5.5.1 Apresentação e análise dos resultados experimentais relativos aos
ensaios de fluidificação e expansão – Etapa 1 ... 220
5.5.2 Apresentação e análise dos resultados experimentais relativos aos
ensaios de fluidificação e expansão – Etapa 2 e 3 ... 224
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 228
REFERÊNCIAS ... 232
ANEXO A – Resultados referentes aos ensaios de filtração e
contagem de partículas da etapa 1 ... 235
ANEXO B – Resultados referentes aos ensaios de filtração e
contagem de partículas da etapa 2 ... 266
ANEXO C – Resultados referentes aos ensaios de filtração e
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, mananciais para abastecimento público de grandes centros urbanos
vêm recebendo esgotos domésticos e efluentes industriais sem tratamento,
decorrente do crescimento populacional desordenado. Os nutrientes (nitrogênio e
fósforo) presentes em abundância nestes despejos tendem a causar
desenvolvimento excessivo de algas. Alguns gêneros de algas liberam toxinas
altamente solúveis que podem não ser retidas no tratamento convencional levando
um risco potencial ao consumidor.
O aumento na concentração de algas gera problemas no manancial e na estação de
tratamento. Segundo Di Bernardo (1995), podem ocorrer alterações diretas na
qualidade da água como o aumento de matéria orgânica e matéria dissolvida, o
aumento de pH e a diminuição do teor de oxigênio próximo ao sedimento. Isto leva a
efeitos no tratamento como o aumento de coagulante e alcalinizante para ajuste do
pH de coagulação, a formação de flocos leves necessitando do uso de polímeros
como auxiliar de coagulação para evitar a flotação dos mesmos, a diminuição da
eficiência de remoção de flocos por sedimentação gravitacional levando ao aumento
da turbidez e do número de partículas na água decantada, a obstrução do meio
filtrante, a redução da carreira de filtração e aumento do consumo de água para
lavagem, dentre outros.
O Reservatório do Rio Grande, utilizado para abastecimento público na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP), vem apresentando um aumento no grau de
eutrofização de seu corpo d’água e elevada concentração de algas, pelo fato de
receber uma grande carga de esgotos sanitários sem tratamento. Isto vem causando
dificuldades na operação da Estação de Tratamento de Água Rio Grande (ETA Rio
Grande) que é alimentada por este reservatório.
Atualmente, a ETA Rio Grande opera o seu sistema de filtração com duas diferentes
concepções: a ala “velha” que possui quatorze filtros de dupla camada
areia-antracito e a ala “nova” que apresenta quatro filtros de camada profunda de areia.
Com o aumento na concentração de algas na água bruta durante determinados
períodos do ano, exige-se uma maior aplicação de coagulante, aumento das
durante as suas operações de lavagem. E devido ao grande aumento na
concentração de algas na água bruta ao longo do tempo, o sistema de filtração
atualmente em operação na ala nova vem apresentando problemas de transpasse
de microrganismos, o que tem causado uma série de transtornos operacionais
durante a operação das suas carreiras de filtração.
Uma vez que está previsto a transformação dos filtros da ala velha, dupla camada
areia-antracito, para camada profunda de areia, fez-se necessário um estudo mais
pormenorizado do comportamento da concepção do sistema de filtração com
respeito à sua granulometria e taxas de filtração operacionais. Para tanto, foi
operado um conjunto de filtros piloto com diferentes concepções de filtros rápidos
por gravidade de camada profunda (granulometria, espessura e tipos de materiais
filtrantes) de modo que pudessem ser obtidos parâmetros de projeto a fim de
oferecer subsídios à reforma dos filtros atualmente existentes no Sistema Produtor
do Rio Grande.
É importante ressaltar que as propriedades de cada material filtrante podem afetar a
eficiência da filtração, a evolução da perda de carga através do meio, as taxas de
lavagem para o leito filtrante, e a durabilidade do material, em longo prazo, como
leito filtrante.
Assim, os estudos de filtração em escala piloto foram executados tendo por objetivo
avaliar o comportamento do sistema de filtração atualmente existente na ETA Rio
Grande com respeito à remoção de turbidez e partículas, evolução de perda de
carga, sistema de lavagem e demais parâmetros de controle, bem como estudar
diferentes concepções de filtros passíveis de serem implementados no Sistema
2 OBJETIVOS
.
Este projeto de pesquisa teve por objetivo estudar e avaliar a etapa de filtração no
processo de tratamento de água para abastecimento público através de um sistema
de filtração piloto composto por quatro filtros rápidos por gravidade de camada
profunda, com diferentes concepções (granulometria, espessura e tipos de materiais
filtrantes), instalados nas dependências da Estação de Tratamento de Água Rio
Grande, localizada no município de São Bernardo do Campo e operada pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), a fim de se
otimizar a eficiência do sistema de filtração com respeito à remoção de material
particulado e evolução da perda de carga, comparando-se os resultados entre as
concepções de filtros estudadas.
Mais especificamente, o propósito deste estudo experimental foi:
• Estudar e avaliar quatro diferentes concepções de filtros piloto, usando como material filtrante areia e antracito, separadamente e em conjunto, com
diferentes granulometrias. Sendo que uma das concepções foi semelhante à
utilizada nos filtros da ETA Rio Grande;
• Estudar e avaliar a operação de dois filtros, um de areia e o outro de antracito, em condições idênticas, ambos com a mesma granulometria, que foi definida
através dos resultados da 1ª etapa;
• Estudar a operação de quatro filtros de diferentes profundidades, dois de areia e dois de antracito, a fim de avaliar a influência do aumento de leito
filtrante;
• Estudar e avaliar a fluidificação e expansão do leito dos filtros piloto a fim de definir parâmetros de dimensionamento do sistema de lavagem em
contracorrente com ar e água, sendo avaliadas as vazões de água de
lavagem necessárias para atingir determinados valores de expansão nos
meios filtrantes, determinar a velocidade mínima de fluidificação para
simultânea lavagem com ar e água e obtenção das curvas de evolução da
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 HISTÓRIA DA FILTRAÇÃO
A filtração é conhecida pelo Homem desde os primórdios da humanidade.
Acredita-se que os homens das cavernas coletavam a água que pingava ou escorria de
rochas porosas ou dos interstícios entre rochas, por ser a mesma mais limpa.
No princípio, a filtração era utilizada com fins domésticos, onde se utilizavam pedras
porosas, esponjas marinhas, panos, lãs, etc.
Segundo Baker (1949 apud Montgomery 1985, p.153) o primeiro registro que se tem
do uso de filtros para tratamento de água ocorreu cerca de 3000 anos atrás, na
Índia.
Aplicações modernas de filtros para purificação de águas de abastecimento datam
do século XVIII.
A comercialização de água começou na França, por volta de 1856. Também nesta
época, surgiu uma polêmica a respeito da filtração. Alguns acreditavam que, na
filtração, as partículas maiores ficariam retidas nas camadas compostas por grãos
de areia de maior diâmetro, ou até mesmo nos cascalhos da camada suporte,
enquanto que as partículas menores seriam retidas na camada de areia de grãos
menores que estariam no topo do filtro. Portanto, o fluxo ascendente no processo de
filtração apresentaria melhores resultados. Mas, a experiência e a prática mostraram
que a filtração com fluxo descendente foi mais aceita.
Com o surgimento da bacteriologia, a filtração passou a ser mais valorizada e se
desenvolveu ao longo dos anos, através de unidades de filtração piloto instaladas
junto às estações de tratamento de água, ganhando mais atenção dos
3.2 TEORIA DA FILTRAÇÃO
A filtração de água para fins de abastecimento público é um processo de remoção
de material particulado já presente na água bruta ou gerado durante os processos
de tratamento. Neste processo a água passa através do leito filtrante, e os materiais
particulados são retidos na superfície do leito ou são coletados dentro de sua
profundidade. Os filtros têm sido efetivos na remoção de material particulado de
todos os tamanhos incluindo algas, compostos húmicos coloidais, vírus, fibras de
asbestos e particulados coloidais de argilas.
O material particulado na água causa aumento de turbidez. O nível de turbidez
selecionado para assegurar uma desinfecção adequada, raramente pode ser obtido
apenas pela etapa de coagulação e sedimentação. Assim, a filtração assume o
papel da barreira final do tratamento para remoção de partículas indesejáveis em
tratamento de água.
Até a década de 50, acreditava-se que os principais mecanismos de filtração eram
puramente físicos. Além das partículas do leito granular, as partículas que aderem
ao meio granular são também responsáveis pela filtração. Em 1964, O’Melia passou
a caracterizar o processo de filtração como uma combinação entre processos físicos
e químicos, onde a eficiência de remoção da partícula é determinada por várias
variáveis como o tipo de meio filtrante (tamanho, profundidade e material), a
composição química da água, a composição química da superfície das partículas e a
composição química da superfície do leito filtrante.
Segundo O’Melia et al. (1967), a filtração é composta por dois diferentes
mecanismos: um mecanismo de transporte, que envolve a passagem da partícula da
fase líquida até a superfície do meio filtrante, e um mecanismo de aderência, que
caracteriza as forças superficiais envolvidas entre as partículas e os grãos que
compõem o meio filtrante. Além destes mecanismos, Di Bernardo (2005) considera
também o desprendimento, que ocorre quando as forças de cisalhamento resultante
das características do escoamento ao longo do meio filtrante superam as forças de
aderência.
Segundo DI BERNARDO (2005), a carreira de filtração pode ser dividida em três
2. etapa intermediária, durante a qual há produção de água com qualidade
desejável;
3. etapa do traspasse, caracterizada pelo aumento contínuo da turbidez da água
filtrada.
Figura 3.1 – Etapas do processo de filtração com taxa constante Fonte: DI BERNARDO, 2005
Na etapa inicial da carreira de filtração, também chamada maturação, a produção de
água com qualidade insatisfatória tem sido creditada principalmente à lavagem.
Durante o processo de filtração, se a taxa de filtração permanecer constante, a
velocidade de escoamento nos poros (velocidade intersticial) aumenta em função
das partículas retidas, causando o arrastamento das partículas para subcamadas
inferiores do meio filtrante até aparecerem na água filtrada, ocasionando o
traspasse.
A situação ideal é aquela em que o início do traspasse e a perda de carga limite no
meio filtrante ocorrem simultaneamente (Figura 3.1).
Com a variação das características da água afluente aos filtros ou das condições de
operação da filtração, podem ocorrer duas situações que levem ao encerramento da
carreira de filtração (Figura 3.2): a turbidez da água filtrada é baixa, porém a perda
de carga total iguala-se à carga hidráulica disponível total (situação A), e quando a
evolução de perda de carga é baixa, porém ocorre o aumento contínuo da turbidez a
Figura 3.2 – Representação esquemática do funcionamento de filtros Fonte: DI BERBARDO, 2005
É importante salientar que, por segurança, durante a carreira de filtração não pode
ocorrer o traspasse, ou em caso extremo, a carreira de filtração deve ser encerrada
com o início do mesmo. Quando ocorre o traspasse significa que o meio filtrante não
é mais capaz de reter impurezas ocasionando o aumento do número de organismos
na água filtrada. Este aumento de turbidez e número de organismos podem
comprometer a desinfecção.
A Figura 3.3 apresenta uma ilustração simplificada dos mecanismos de transporte,
Figura 3.3 – Mecanismos de transporte, aderência e desprendimento durante a filtração Fonte: DI BERNARDO, 2005
Na Figura 3.3 pode-se observar que as partículas previamente removidas passam a
atuar como coletores adicionais.
3.2.1 Mecanismos de transporte
Os mecanismos de transporte são responsáveis por conduzir as partículas
suspensas para as proximidades das superfícies dos coletores (material granular
que compõe o leito filtrante), podendo permanecer aderidas a estes por meio de
forças superficiais, que resistem às forças de cisalhamento resultantes das
características do escoamento ao longo do meio filtrante. Quando tais forças
superam as forças de aderência tem-se o desprendimento.
Os mais importantes mecanismos de transporte são: efeito de coar, difusão,
Figura 3.4 – Mecanismos de transporte de partículas para a superfície de um coletor. Fonte: IVES, 1970
3.2.1.1 Efeito de coar
Esta operação consiste basicamente na retenção de partículas incapazes de passar
através dos interstícios dos grãos do material filtrante, ou seja, ocorre na camada
Figura 3.5 - Relação de diâmetro entre uma partícula de diâmetro conhecido e o diâmetro de seus interstícios.
Fonte: HUISMAN, 1974
Grãos esféricos de tamanho uniforme retêm-se partículas com diâmetros iguais a,
aproximadamente, um sétimo de diâmetro dos grãos de areia.
Quanto maior o diâmetro do grão do material filtrante, maior será o interstício entre
os grãos (Figura 3.5). Portanto, por apresentarem diâmetro de grãos menor, os filtros
lentos são capazes de reter as menores partículas que não são retidas em filtros
rápidos.
Assim, o efeito de coar é considerado desprezível em filtros rápidos e mais eficientes
para a filtração lenta que usa diâmetros efetivos muito menores.
3.2.1.2 Difusão
O movimento browniano, devido à energia térmica das moléculas de água, provoca
uma movimentação aleatória das partículas suspensas, à medida que essas se
deslocam nas linhas de fluxo, através do meio filtrante (Figura 3.4b).
Partículas com diâmetros superiores a 1μ que são, face ao seu tamanho,
influenciadas pelos seus mecanismos de transporte gravitacionais, não são
significativamente removidas devido ao movimento browniano, uma vez que a
agitação térmica das moléculas de água não consegue agitá-las a distâncias
superiores a um ou dois de seus diâmetros. Por outro lado, nas partículas com
de fazer com que elas abandonem as linhas de corrente, sendo transportadas para a
superfície dos grãos de areia.
3.2.1.3 Sedimentação
A velocidade de sedimentação das partículas influencia o mecanismo de
sedimentação. As partículas de grande diâmetro e elevada densidade revelam
grande tendência de abandonar as linhas de fluxo e sedimentar sobre a superfície
dos grãos de areia voltados para a parte de cima dos leitos filtrantes (Figura 3.4d).
O mecanismo de sedimentação do leito filtrante aumenta proporcionalmente a razão
entre a velocidade de sedimentação das partículas e a taxa de filtração ou
velocidade de aproximação. Para uma mesma distribuição de partículas em
suspensão, os filtros lentos de areia proporcionariam, portanto, uma maior retenção
da material suspenso devido ao mecanismo de sedimentação, uma vez que operam
com taxas de filtração muito pequenas.
3.2.1.4 Interceptação
Neste mecanismo, as partículas carreadas nas linhas de fluxo que se aproximam
dos grãos de areia a distâncias menores do que o raio das próprias partículas são
interceptadas por esses grãos (Figura 3.4a). Esse efeito é tanto mais significativo
quanto maior for a relação entre o diâmetro das partículas que são removidas e o
diâmetro dos grãos. Portanto, deve ser mais significativo nos filtros lentos de areia
3.2.1.5 Ação hidrodinâmica
A ação hidrodinâmica provoca nas partículas de impureza um efeito similar
provocado pelo movimento browniano, porém devido a causas completamente
diferentes. Pelo fato de haver, nos poros do meio filtrante, um gradiente de
velocidade, as partículas adquirem uma rotação em torno de si próprias. Esse efeito,
conjugado com o desequilíbrio motivado pela não esfericidade da maioria das
partículas em suspensão, faz com que as mesmas adquiram uma espécie de
vibração aleatória, o que pode provocar a sua colisão com a superfície dos grãos de
areia (Figura 3.4e).
3.2.1.6 Inércia
As partículas com densidade elevada tendem, devido à sua inércia, a manter a
direção de escoamento, abandonando as linhas de fluxo à medida que essas se
desviam dos grãos de areia (Figura 3.4c). Esse desvio provoca a retenção dessas
partículas nos grãos do meio filtrante. A retenção por inércia é diretamente
proporcional à densidade e ao diâmetro das partículas e taxa de filtração, e
inversamente proporcional à densidade da água e ao diâmetro dos grãos. A inércia
mostra-se um mecanismo bastante importante na filtração do ar, devido à sua baixa
viscosidade, porém pouco significativo na filtração de água.
3.2.2 Mecanismos de aderência
As partículas tanto podem aderir diretamente às superfícies dos grãos como às
O fato de as partículas suspensas através dos mecanismos de transporte serem
carreadas para a superfície dos grãos de areia não significa que estas
permanecerão aderidas a essas superfícies. Se não houver uma “afinidade”
físico-química entre as superfícies dos grãos de areia e das partículas, e se determinadas
condições não forem satisfeitas, as partículas poderão retornar às linhas de corrente
e serem carreadas leito abaixo, onde terão novamente a possibilidade de serem
retidas ou atravessarão a camada filtrante, saindo com o efluente do filtro. Os
principais mecanismos de aderência que permitem essa permanência da partícula
junto aos grãos de areia são: atração eletrostática, forças de wan der Waals,
reações de hidratação, adsorção mútua e “mecanismos” de soltura.
3.2.2.1 Atração eletrostática
A interação elétrica da dupla camada entre duas partículas em meio líquido pode
provocar uma atração ou repulsão entre elas, dependendo das mesmas terem
potencial eletrocinético (potencial zeta ou mobilidade eletroforética) com sinais iguais
ou diferentes.
Devido à natureza de sua estrutura cristalina, o quartzo, de que se constitui a
maioria dos grãos utilizados nos meios filtrantes, possui carga elétrica negativa,
desenvolvendo, portanto, em meio líquido, um potencial zeta do mesmo sinal.
Poderá, então, atrair partículas carregadas positivamente, como cristais de
carbonato, flocos de hidróxido de ferro ou alumínio, e cátions de ferro, manganês,
alumínio e outros metais. Entretanto, as partículas coloidais (como, por exemplo, as
argilas que dão normalmente turbidez às nossas águas superficiais) e as bactérias
possuem carga elétrica negativa sendo normalmente repelidas quando, através dos
mecanismos de transporte, aproximam-se dos grãos de areia dos leitos filtrantes.
Esta é uma razão pelas quais tais impurezas não são removidas quando um filtro
com areia limpa é colocado em serviço.
Durante o processo de amadurecimento as partículas com carga negativa podem
acumular-se nos grãos de areia. Isto provoca uma reversão de carga, que torna esse
Nessas condições, o grão de areia passa a ter um potencial eletrocinético positivo,
podendo, então, remover as partículas carregadas negativamente, como por
exemplo, material coloidal de origem animal ou vegetal, e radicais do tipo dos
nitratos e fosfatos. Essa reversão de carga pode acontecer continuamente até que a
camada filtrante superior se sature e necessite ser removida.
3.2.2.2 Forças de van der Waals
As forças de van der Waals são forças atrativas entre átomos e moléculas e
contribuem para a interação das partículas suspensas com os grãos de areia nos
meios filtrantes. Entretanto, sua atuação é muito limitada porque têm significado
apenas quando a distância entre as partículas e os grãos de areia é inferior a 0,05μ.
A ação combinada da dupla camada e das forças de van der Waals é geralmente
estudada em conjunto, estabelecendo-se uma resultante entre as duas ações para
determinar a magnitude das forças resultantes.
Embora não se possa alterar as forças de van der Waals, é possível atuar sobre o
potencial zeta das partículas, de modo a promover a aderência aos grãos de areia.
Seria interessante, por exemplo, estudar a aplicação de polieletrólitos catiônicos
durante a fase inicial de um filtro lento, a fim de provocar a reversão de carga das
partículas de areia, permitindo, desde o início da operação, a remoção de partículas
coloidais e bactérias, as quais são carregadas negativamente.
3.2.2.3 Hidratação
Neste mecanismo, a aderência pode ocorrer através formação de uma ponte de
hidrogênio entre a superfície das partículas e os grãos de areia, pois ambas
de uma ligação relativamente fraca, podendo ser rompida por energia térmica das
moléculas de água.
3.2.2.4 Adsorção mútua
Este mecanismo envolve a formação de cadeias e pontes entre polímeros que
estejam adsorvidos na superfície da partícula e na superfície do coletor.
Como no mecanismo de filtração a interação ocorre entre a partícula e a superfície
de cada grão que compõe o meio filtrante, a ação de um polímero pode ocorrer entre
a parte remanescente da cadeia polimérica ligada à partícula e a superfície do
coletor, como pode ocorrer também entre a parte da cadeia polimérica adsorvida na
superfície do coletor e a partícula (Figura 3.6).
3.2.3 Mecanismos de soltura
As partículas aderidas aos grãos de areia em um leito filtrante, através dos
mecanismos descritos anteriormente, constituem-se em uma estrutura bastante
sólida. Atualmente, os diversos autores divergem sobre a possibilidade de romper
essa estrutura e transferir novamente as partículas aderidas para as linhas de
corrente, quando o filtro é operado à taxa de filtração constante. Entretanto, alguns
deles notaram a ocorrência de soltura das partículas aderidas com a conseqüente
deterioração da qualidade da água filtrada, quando ocorrem variações bruscas na
taxa de filtração. Esse efeito é bastante significativo nos filtros lentos de areia, o que
leva a considerações importantes no projeto e operação dessas unidades de
tratamento, visando à manutenção de taxas de filtração constantes. Segundo
Montgomery (1985), assim que o material particulado é retido nos poros do meio
filtrante, forças de cisalhamento hidrodinâmicas tendem a aumentar devido ao
aumento da velocidade dentro do poro. Se a força de cisalhamento aumentada
excede a força química da superfície que segura as partículas à superfície, sólidos
retidos podem ser desprendidos e rearrastados na água.
3.3 MATERIAIS FILTRANTES
Os tipos comuns de materiais usados em filtros de leito granular são areia, carvão
antracito, e garnet ou ilmenita. Estes podem ser usados sozinhos ou em
combinações de dupla ou tripla camada.
As propriedades do material filtrante são importantes, pois afetam a eficiência de
filtração. Estas propriedades incluem: tamanho, formato, densidade e dureza. A
porosidade do leito granular formado pelos grãos também merece atenção. Deve-se
ressaltar também que, para qualquer material filtrante, a solubilidade em ácido
clorídrico deve ser a menor possível, no caso do antracito, menor ou igual a 1%. O
presentes no material filtrante, os quais podem ser lixiviados para a água,
prejudicando com isso a qualidade final da água tratada.
3.3.1 Tamanho e distribuição do tamanho dos grãos
O tamanho e a distribuição do tamanho dos grãos são determinados a partir da
curva de distribuição granulométrica (Figura 3.7) obtida através de ensaios de
distribuição granulométrica do material granular, utilizando-se peneiras
padronizadas. Através dos resultados destes ensaios, pode-se também determinar o
coeficiente de uniformidade (CU), que é muito importante na filtração. Mesmo que os
demais parâmetros sejam iguais, a penetração de impurezas ao longo do material
filtrante está intimamente relacionada a este coeficiente. Quanto menor o valor de
CU, mais uniforme será o material, mais profunda será a retenção de impurezas e
Figura 3.7 – Curva granulométrica típica de um material filtrante. Fonte: DI BERNARDO, 1991
A escolha da granulometria de um meio filtrante depende de diversas variáveis, tais
como taxa de filtração, carga hidráulica disponível, qualidade do afluente, qualidade
desejável do efluente, sistema de lavagem e espessura da camada filtrante. Assim,
estudos em instalação piloto contribuiriam para a definição da granulometria. Como
estes se tornam inviáveis por serem muito onerosos e consumirem muito tempo, na
prática, a escolha é baseada em estudos anteriores e experiências prévias em
outras estações.
3.3.2 Forma e geometria dos grãos
A forma e a geometria dos grãos exercem grande influência na perda de carga no
meio filtrante limpo, na velocidade mínima de fluidificação e no comportamento da
expansão durante a lavagem. São também importantes na eficiência dos
mecanismos de transporte de partículas da fase líquida para a sua superfície, uma
das linhas de corrente, o que pode acarretar um aumento na probabilidade de
captura de uma partícula qualquer.
Segundo Kawamura (1999), o formato do grão do leito filtrante pode afetar a
filtração. Grãos de formato angular têm melhor desempenho que grãos de formato
arredondado quando não é utilizado polímero como auxiliar de filtração, devido à
maior proporção de porosidade e possivelmente a disponibilidade de mais locais de
adsorção sobre cada grão angular. Quanto mais irregular for a forma geométrica dos
grãos, melhor o desempenho durante a filtração.
No caso do carvão antracito, por exemplo, a forma geométrica angular e irregular de
suas partículas e o seu baixo peso específico tornam o leito filtrante praticamente
imune ao efeito de compactação, resultando em um melhor desempenho durante a
filtração.
3.3.3 Massa específica do grão
É definida como sendo a massa de material dividida pelo seu volume. É um
parâmetro muito importante para o cálculo de perda de carga, fluidificação e
expansão do meio filtrante.
Partículas com diâmetros iguais, mas com diferentes valores de massa específica,
requerem diferentes velocidades ascensionais de água para a sua fluidificação, e
esta propriedade é muito importante quando da definição dos materiais que,
porventura, irão constituir meios filtrantes bifásicos ou trifásicos.
A obtenção da massa específica de certo material filtrante é rápida e sua técnica é
bem conhecida. A técnica do picnômetro, largamente utilizada dentro da Mecânica
3.3.4 Dureza do grão
A dureza dos grãos do material filtrante é importante para a durabilidade dos grãos
e, conseqüentemente, para a vida útil do leito filtrante.
Durante o processo de lavagem, com a fluidificação e expansão do meio filtrante,
caso o material não possua uma resistência mínima à abrasão, ele tenderá a se
desintegrar em grãos menores e com isto a sua curva granulométrica será alterada,
o que pode comprometer o processo de filtração.
Sistemas que possuem lavagem com ar como auxiliar são os que mais podem
causar abrasão entre os grãos do meio filtrante, de forma a possibilitar a sua ruptura.
O carvão antracito e o carvão ativo granular são os únicos materiais usados como
leito filtrante que merecem atenção devido às suas baixas durezas.
3.3.5 Porosidade do leito fixo
É definida com a relação entre o volume de vazios e o volume total do meio filtrante.
É um parâmetro, importante, pois afeta a velocidade da água de lavagem, a perda
de carga, e a capacidade de reter sólidos no meio. A porosidade do leito fixo é
afetada pela esfericidade do grão.
A Tabela 3.1 a seguir apresenta os valores característicos de massa específica,
porosidade e coeficiente de esfericidade para os materiais mais utilizados como
meios filtrantes.
Tabela 3.1 – Propriedades típicas de materiais filtrantes utilizados na filtração de águas de abastecimento
Areia Antracito CAG Garnet
Massa específica (kg/m3) 2650 1450 – 1730 1300 – 1500 3600 – 4200
Porosidade 0,42 – 0,47 0,56 – 0,60 0,50 0,45 – 0,55
CU 0,7 – 0,8 0,46 – 0,60 0,75 0,60
Ao se considerar o uso de leitos filtrantes, dois tipos básicos de informação são
utilizados para selecionar a profundidade e o diâmetro adequados dos mesmos
(KAWAMURA, 1999):
1. Resultados obtidos de estudos de filtros piloto. Estes estudos devem ser
realizados durante, no mínimo, seis meses para se obter dados confiáveis. O
longo período de duração dos ensaios mais o seu custo podem torná-lo
inviável.
2. Relação L/d. A relação L/d, onde L é a profundidade do leito em mm e d é o
diâmetro efetivo dos grãos do leito filtrante em mm, é baseada em mais de
200 estudos piloto e em dados de desempenho de muitos filtros operacionais,
e sugere alguns valores típicos:
• L/d≥ 1000 para leitos de areia fina em filtros de camada única e dupla;
• L/d≥ 1250 para leitos de tripla camada (antracito, areia, garnet);
• L/d ≥ 1250 para leitos profundos de camada única (1,0 mm < d < 1,5
mm);
• L/d = 1250 – 1500 para leitos grosseiros profundos de camada única (1,5 mm < d < 2,0 mm).
Segundo AWWA (1999), este é um conceito simples para um processo complexo,
3.4 PERDA DE CARGA EM MEIOS FILTRANTES
Em uma carreira de filtração, num certo instante de tempo, a perda de carga no meio
filtrante é composta de dois termos (Figura 3.8):
Figura 3.8 – Evolução de perda de carga em um meio filtrante com o tempo
ΔH = ΔHo + ΔHIMP (1)
Onde:
ΔH = perda de carga total nomeio filtrante (L),
ΔHo = perda de carga no meio filtrante limpo (L),
ΔHIMP = perda de carga no meio filtrante devido à retenção de impurezas (L).
Na literatura, são apresentadas diversas formulações matemáticas para o cálculo da
perda de carga em um meio filtrante limpo. Uma das equações mais empregadas é a
fórmula de Carman-Koseny, que foi deduzida supondo que o escoamento em meios
porosos pode ser tratado de forma análoga ao escoamento de um fluído em um