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Equipamentos de saneamento e desigualdades no espaço metropolitano do Rio de Janeiro.

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Academic year: 2017

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Equipament os de saneament o e desigualdades

no espaço met ropolit ano do Rio de Janeiro

Basic sanitary syste ms and so cial ine q ualitie s in

the Rio d e Jane iro me tro p o litan are a

Escola N acion al d e Saú d e Pú blica,

Fu n d ação Osw ald o Cru z . Ru a Leop old o Bu lh ões 1480, Rio d e Jan eiro, RJ, 21041-210, Brasil.

Ed u ard o Cesar M arqu es

Abst ract Th is art icle d eals w it h t h e d ist ribu t ion of fin an cial resou rces allocat ed t o t h e basic san itary system s in th e Rio d e Jan eiro m etrop olitan area d u rin g th e 1975-1991 p eriod . Th e stu d y an alyzes th e in vestm en ts allocated by th e local u tility com p an y, k n ow n as Ced ae, u sin g a sp atial m od el p rod u ced esp ecially for th is research . Th e m od el w as p rod u ced u sin g in form ation from th e n ation al d em ograp h ic cen su s of 1980, th e on ly on e d evelop ed w ith in th e stu d y p eriod . Th e recen t ch an ges as observed are exp lain ed on th e basis of th eir relation sh ip to th e sp atial an d p o-litical con texts in th e m etrop olis an d th e cou n try, as w ell as from th e organ ization of th e services th em selves. Th e p ap er ad d s im p ortan t argu m en ts to th e d iscu ssion over th e restru ctu rin g of m et-rop olitan areas an d u rban p u blic p olicies. Th e sp atial an d social d istribu tion of resou rces observed d u rin g th e p eriod d iffered from th e p reexistin g p attern , yet alth ou gh th ere w as a su bstan -tial d em ocratiz ation in th e allocation of p u blic resou rces, th e p attern w as n ot su bverted . Key words Pu blic Policies; Urban In frastru ctu re; Social Stru ctu re; Urban iz ation ; San itation

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Int rodução

A d istrib u ição d os in vestim en tos em in fra-es-tru tu ra n a cid ad e é p rod u to d e u m com p licad o “jogo d e xad rez”, qu e se estru tu ra a p artir d a re-lação e d a lu ta d os vários agen tes p rod u tores e con su m id ores d a cid ad e. Den tre os vários fatores q u e in flu en cia m a d isp u ta p elo s eq u ip a -m en to s, p o d e-m o s a p o n ta r a lo ca liza çã o d o s gru p os socia is n a cid a d e, o seu p od er p olítico d e p ressão, os m om en tos d a con ju n tu ra p olíti-ca , a s rela çõ es en tre o seto r p riva d o p ro d u to r d o q u a d ro u rb a n o co n stru íd o e o Esta d o, e a lógica e a au ton om ia relativa d a tecn ob u rocra-cia d e cad a p olítica setorial u rb an a.

Este a rtigo ten ta en ten d er o q u e resu lto u d este jogo recen tem en te n o esp aço m etrop oli-ta n o ca rio ca , e d e q u e fo rm a ele se a rticu lo u com as con ju n tu ras p elas qu ais p assaram a m etróp ole ca rioca e a socied a d e b ra sileira . Estu -d am os a -d istrib u ição -d os in vestim en tos em san eam esan to b ásico, esan tesan d id o com o com p reesan -d en -d o as p olíticas -d e ab astecim en to -d e águ a e esgotam en to san itário, n o esp aço m etrop olita-n o carioca, d esd e 1975 até 1991, ob servaolita-n d o a relação d este p ad rão esp acial com a d istrib u i-ção d a estru tu ra social n a Região Metrop olitan a d o Rio d e Jaolitan eiro. A p esqu isa acresceolitan ta iolitan teressa n tes a rgu m en tos a d ois d eb a tes recen -tes d a literatu ra b rasileira sob re os esp aços u r-b an os e as p olíticas p ú r-b licas.

O p rim eiro d eles d iz resp eito à im p ortân cia e à esp ecificid a d e d a q u ela s p o lítica s, a p a rtir d o p rocesso d e red em ocratização d o p aís e es-p ecia lm en te d u ra n te o s a n o s 80. So b o es-p o n to d e vista eco n ô m ico, a ú ltim a d éca d a fo i m a rcad a p ela in stab ilid ad e, o qu e levou algu n s au tores a d en om in á la d e d éca d a p erd id a . Estu -d os com o os -d e Marqu es & Najar (1995) e Faria (1992), n o en ta n to, têm d em o n stra d o q u e o s in d icad ores sociais “n ão p ioraram ao lon go d a d éca d a , h a ven d o m esm o evid ên cia s d e q u e u m a m elh ora, ain d a q u e tím id a, ten h a ocorri-d o", o q u e estaria associaocorri-d o à p resen ça ocorri-d e n ovos atores n a cen a p olítica. Os d ad os ap resen -tad os n este texto con firm am e q u alificam , p a-ra a Região Metrop olitan a d o Rio d e Jan eiro, al-gu m a s d a s h ip ó teses p resen tes n a litera tu ra , su gerin d o, en treta n to, q u e a s tra n sfo rm a çõ es ocorrid a s n o p a d rã o d e d istrib u içã o sócio-es-p acial d as sócio-es-p olíticas sócio-es-p ú b licas talvez d esócio-es-p en d am m en o s d a d in â m ica d a so cied a d e d o q u e go s-taria a literatu ra sob re o p eríod o, d ep en d en d o m a is d a estru tu ra çã o e fu n cio n a m en to in ter-n os d os serviços. Ap eter-n as ater-n álises ceter-n trad as ter-n a esfera d a p olítica qu e con sid erem os resu ltad os com o con tin gen tes p od em d ar con ta d a en or-m e coor-m p lexid ad e d o jogo p ela ap rop riação d os

b en efício s d a s p o lítica s d o Esta d o (Sko p o l, 1992).

O segu n d o d eb ate d iz resp eito aos con teú -d os sociais -d os esp aços u rb an os e m etrop olita-n os. A aolita-n álise iolita-n d ica, já olita-n o iolita-n ício d a d écad a d a 1980, co n teú d o s d iverso s d o s co n sid era d o s classicam en te p ela literatu ra, além d e levan tar in fo rm a çõ es so b re a s tra n sfo rm a çõ es o co rri-d as rri-d u ran te a rri-d écarri-d a. Estas tran sform ações estão in tim am en te relacion ad as com a crise su -p racitad a, em b ora n ão -p ossam ser en ten d id as m ecan icam en te com o su a con seq ü ên cia d ita. Vale d estacar aqu i a d issem in ação d a p ob re-za p elo tecid o u rb a n o, a gen era lire-za çã o d e for-m as cap italistas d e p rod u ção d o q u ad ro con stru íd o e a existên cia d e n ovo s co n teú d o s so -cia is n o s esp a ço s d a s m etró p o les, p ro cesso s estu d ad os p or Bogu s & Mon tali (1993); Rib eiro & La go (1991); Sa n tos (1994); Va lla d a res & Ba-tista (1993); en tre ou tros. Esta p esq u isa acres-cen ta in fo rm a çõ es a o d eb a te, d em o n stra n d o q u e o co rrera m tra n sfo rm a çõ es im p o rta n tes tam b ém n o p ad rão d e p rovim en to d e in fra-es-t ru fra-es-t u ra u rb a n a d a Re giã o Me fra-es-t ro p o lifra-es-t a n a d o Rio d e Jan eiro, esp ecialm en te em su as p erife-rias.

A an álise p artiu d os in vestim en tos d a con cessio n á ria esta d u a l resp o n sá vel p ela p resta -çã o d o s ser viço s – a Ced a e (Co m p a n h ia d e Águ as e Esgotos d o Estad o d o Rio d e Jan eiro) – d esd e su a fu n d a çã o, em 1975, a té 1991. Pa ra esp acializá-los sem qu e fosse n ecessário lan çar m ã o d e u m m o d elo esp a cia l d efin id o a p rio ri (rad ial-con cên trico, p or exem p lo), foi p rod u zi-d a u m a b ase a p artir zi-d as u n izi-d azi-d es esp aciais zi-d a Regiã o Metro p o lita n a e d e d a d o s p u b lica d o s d o Cen so Dem ográfico d e 1980 d a Fib ge (Fu n -d a çã o In stitu to Bra sileiro -d e Geo gra fia e Es-tatística). Através d a esp acialização d as in for-m a çõ es d esco b rifor-m o s a s ten d ên cia s d o p er fil d o s in vestim en to s p a ra ca d a p a rte d a cid a d e, d iscu tin d o em segu id a su as p rin cip ais cau sas. In iciarem os p ela ap resen tação d a tip ologia d e u n id ad es.

A região met ropolit ana e seus espaços

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Para u m a d escrição com p leta d a m etod o logia, rem etem os p ara Marqu es (1993b ).

Escolh em os o p essoal ocu p ad o p or ativid ade p or con siaderarm os qu e a localização dos in -d iví-d u o s n a estru tu ra p ro -d u tiva o s esp ecifica socialm en te. A este som am os o grau d e escola-rid ad e, ten tan d o q u alificar o d ad o d a in serção social. A su p erp osição das du as in form ações lo-caliza, n ão ap en as os setores da econ om ia, m as a d istrib u ição d as ocu p ações em cad a u n id ad e esp acial. A d istrib u ição d a ren d a, p or seu lad o, d á-n os id éia d a situ ação social em cad a u n id a-de esp acial. Estam os cien tes das lim itações dos in d ica d o res u tiliza d o s, esp ecia lm en te n o q u e se refere à escala geográfica e a in form ações so-b re a econ om ia in form al, ap en as p arcialm en te cap tada p elo p essoal ocup ado. No en tan to, con sideran do os d ad os existen tes e, p rin cip alm en -te, a fu n çã o d a cla ssifica çã o, a cred ita m os q u e esta p od e ser con sid erad a satisfatória.

Em 1980, o esp aço d a Região Metrop olitan a d o Rio d e Jan eiro era com p osto d e 14 m u n icí-p ios. Trabalh am os n o estu do com 13 deles, icí-p ois o Mu n icíp io d e Petróp olis já n ão fazia p arte d a Região Metrop olitan a n a d ata d o in ício d a an á -lise. Utilizam os ain d a 23 d as 24 Regiões Ad m i-n istrativas do Mu i-n icíp io do Rio de Jai-n eiro (RAs) existen tes n a d ata d o Cen so d e 1980. Delas, exclu ím o s a RA d e Pa q u etá p o r ser a típ ica , n ã o -rep resen ta tiva esta tistica m en te, a lém d e n ã o ap resen tar in teresse esp ecial p ara o estu d o.

A an álise tip ológica en volveu , p ortan to, 35 u n id ad es esp aciais (12 m u n icíp ios e 23 RAs). A id en tifica çã o e a esco lh a d o s gr u p o s segu n d o cad a in d icad or con sistiu b asicam en te d a com -p a ra çã o d a s cu rva s (d istrib u ições) d a s u n id a-d es esp aciais.

Nu m p rim eiro in stan te, sep aram os as u n i-d ai-d es e i-d efin im os os gru p os visu alm en te, p ara verificar su a coerên cia in tern a através d o tes-t e d o Qu i-Qu a d ra d o n u m segu n d o m o m en tes-to. Com este teste ten tam os d eterm in ar a qu e gru p o m elh or se aju stava cad a p erfil, in d ep en d en -tem en te d a con fiab ilid ad e estatística d os valo-res d o Qu i-Qu ad rad o. Ob tivem os assim três ti-p ologias d istin tas relacion ad as com a ren d a, o p esso a l o cu p a d o e a esco la rid a d e. Os resu lta -d os fora m b a sta n te sa tisfa tórios, visto term os con segu id o gru p os p raticam en te h om ogên eos co m cu r va s b a sta n te p ró xim a s, sa lvo a lgu n s casos esp ecíficos.

Po r fim , cru za m o s a s três tip o lo gia s, d efi-n iefi-n d o os gru p os d e trab alh o. Acred itam os qu e, ap esar d a lim itação d os in d icad ores, o resu lta-d o lta-d a classificação p erm itiu lta-d elim itar esp aços so cia is en ten d id o s co m o a circu n scriçã o d e u m a d eterm in ad a e esp ecífica p arcela d a estru -tu ra so cia l d a m etró p o le. Co m o resu lta d o d o

trab alh o d e classificação, ob tivem os os segu in -tes gru p os:

• Gru p o 1: Itab oraí, Maricá, Itagu aí, Man ga-ratib a, Magé e Paracam b i. Den om in ad o d e es-p aço ru ral em tran sição.

• Gru p o 2: Nova Igu açu , Nilóp olis, São Gon -çalo, San ta Cru z, Cam p o Gran d e e Ban gu . De-n om iDe-n ad o d e p eriferia trad icioDe-n al.

• Gru p o 3: São João d e Meriti e Du qu e d e Ca-xias. Den om in ad o d e p eriferia m od ern a. • Gru p o 4: An ch ieta, Irajá, Pen h a, Méier, Ra-m os, Sã o Cristovã o, Ma d u reira e Ja ca rep a gu á . Den om in ad o d e su b ú rb io trad icion al op erário d e b aixa ren d a.

• Gru p o 5: Cen tro, Rio Com p rid o e Portu ária. Den om in ad o d e cen tro d e n egócios.

• Gru p o 6: En gen h o Novo, Ilh a d o Govern a -d or, San ta Teresa e Niterói. Den om in a-d o -d e es-p aço d as classes m éd ias.

• Gru p o 7: Tiju ca , Vila Isa b el, Bo ta fo go, Co -p acab an a, Lagoa e Barra d a Tiju ca. Den om in a-d o a-d e esp aço a-d as classes altas.

Decid im os som a r u m ou tro esp a ço a estes sete gru p os, caracterizad o d e form a m u ito clara, em b ora b astan te h eterogên eo em su a com -p o siçã o : a s fa vela s. A ra zã o -p a ra esta b elecer-m os u elecer-m gru p o sep arad o p ara as favelas está n o fa to d e q u e ela s fo ra m o b jeto d e u m a p o lítica d e sa n ea m en to esp ecífica , q u e rep resen to u in iciativa red istrib u tiva im p ortan te.

A Figu ra 1 a segu ir lo ca liza o s sete p rim ei-ros gru p os n a Região Metrop olitan a.

A sit uação em 1975

A Ced ae foi criad a em 1975. An tes d a su a cria-çã o, já h a via m sid o re a liza d o s m u it o s in ve s-t im en s-to s, d esd e o s d a Cis-ty Im p rovem en s-ts, n a m etade do século p assado, até os da Esag (Com p an h ia de Esgotos da Gu an abara), Cedag e San -erj (Com p an h ia d e San eam en to d o Estad o d o Rio de Jan eiro), n o in ício dos an os 70, p assan do p ela Su rsan (Su p erin ten d ên cia d e Urb an ização e San eam en to) e p ela In sp etoria d e Águ as e Es-gotos – IAE (Coelh o, 1985). A localização d estes in vestim en tos d á a situ ação sob re a qu al foram rea liza d a s a s in versõ es d o p erío d o a n a lisa d o a q u i. Po r esta ra zã o, a d escreverem o s ra p id a -m en te.

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-tro e d a Zon a Su l cariocas, além d e seu s su b ú r-b io s. Fo ra m ta m r-b ém cria d o s, p rim eiro p ela City, e m ais tard e p ela IAE, Esag e San erj, os sis-tem as d e esgotam en to san itário existen tes h o-je n o Cen tro d o Rio d e Jan eiro, n a su a Zon a Su l e su b ú rb ios até o in ício d o b airro d e Irajá, e n o Cen tro e áreas n ob res d e Niterói.

Os esp aços d as “classes altas” e “m éd ias”, o “cen tro d e n egócios” e o “su b ú rb io trad icion al” se en co n tra va m , p o rta n to, q u a se to ta lm en te ab astecid os em 1975. As ú n icas exceções eram as favelas, a Barra d a Tiju ca e p arte d os su b ú r-b ios, tod os com ar-b astecim en to p recário ou ir-regu lar. Com relação ao esgotam en to, som en te os esp aços citad os eram cob ertos p elo sistem a se p a ra d o r, e xce t u a n d o -se d e le s a s fa ve la s, a Barra d a Tiju ca e a m aior p arte d os su b ú rb ios. O ab astecim en to d as áreas p eriféricas e ru -rais d a m etróp ole foi feito com sob ras d e águ a d o s sistem a s d e p ro d u çã o co n stru íd o s p a ra o a b a stecim en to d e Niteró i e d a s á rea s cen tra is d o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro. Os m u n icíp ios “ru ra is em tra n siçã o” fo ra m a b a stecid o s p o r sistem a s a u tô n o m o s co n stru íd o s p ela Sa n erj ou in terligad os aos sistem as Gu an d u e Laran -ja l. Fo ra m execu ta d o s p eq u en o s sistem a s d e a b a stecim en to co m red es red u zid a s, m esm o p o rq u e se tra ta va m d e p eq u en o s n ú cleo s. As red es d e esgotos in existiam em 1975.

Na s p eriferia s “tra d icio n a l” e “m o d ern a ", o n d e vivia m 2.400.000 p esso a s em 1975, a

situ ação n ão era d iferen te. São Gon çalo foi aten -d i-d o co m so b ra s -d o sistem a -d e p ro -d u çã o -d e Niterói e teve im p lan tad a u m a exten são d e re-d e m u ito p eq u en a , a lém re-d e ca p a cire-d a re-d es re-d e ad u ção e reservação m u ito ab aixo d as n ecessá-rias. Com relação à Baixad a Flu m in en se e à Zo-n a Oeste, a ad u ção se d eu a p artir d o Gu aZo-n d u e d a s cin co lin h a s o riu n d a s d a s rep resa s lo ca li-zad as n as en costas d a Serra d e Petróp olis (Sis-tem a Acari ou “cin co lin h as p retas”). Assim co-m o eco-m Sã o Go n ça lo, a co b ertu ra p o r red e e o volu m e d e reservação foram sem p re m u ito b ai-xos, sen d o cotid ian os os p rob lem as d e ab aste-cim en to. Em n en h u m deste locais foi feito qu al-qu er in vestim en to em red es d e esgotos san itá-rios até o p eríod o aqu i an alisad o.

O s invest iment os da Cedae

Os in vestim en tos realizad os d esd e a fu n d ação d a Ced ae são os ap resen tad os n a Tab ela 1 e n as Figu ras 2 a 5. Os d ad os d izem resp eito a valores p er ca p ita d e in vestim en to. Os d ois p rim eiros ap resen tam os in vestim en tos d istrib u íd os p or tod os os an os d o p eríod o p ara os gru p os m ais im p ortan tes. As Figu ras 4 e 5 ap resen tam os totais an u ais d e in vestim en to e os tototais p or gru -p o d e u n id ad es n o -p eríod o.

É im p o rta n te lem b ra r q u e, n a a n á lise d o s in vestim en tos, d evem os ter sem p re em m en te

Esp aço rural e m transição

Pe rife ria trad icio nal

Pe rife ria mo d e rna

Sub úrb io trad icio nal

Ce ntro d e ne g ó cio s

Esp aço d as classe s mé d ias

Esp aço d as classe s altas

BAÍA D E SEPETIBA

BAÍA D E GUAN ABARA Fig ura 1

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q u e o s p ico s estã o a sso cia d o s d ireta m en te à assin atu ra d e certos con tratos d e gran d e valor, isto é, q u e q u ase sem p re os gran d es con tratos “exp licam” a m aior p arte d o p erfil.

Os con tratos d e m aior im p ortân cia assin a-d os p ela Cea-d ae ao lon go a-d os an os foram os se-gu in tes:

• Nos an os 1975-1978, ch am am a aten ção os valores referen tes ao “esp aço d as classes altas”. Tra ta -se d a im p la n ta çã o d e sistem a s d e esgo-tos associad os à ob ra d o em issário su b m arin o d e Ip a n em a e seu s in tercep to res. Os gra n d es in vestim en tos d o em issário já h aviam sid o feitos em 1975, m as m u itas ob ras d e com p lem en -tação d o tran sp orte e d a coleta ain d a estavam p o r se fa zer. Os va lo res d a figu ra referem -se, p ortan to, a in vestim en tos con cen trad os d a or-d em or-d e 35 m ilh õ es or-d e or-d ó la res a p lica or-d o s n a com p lem en tação d o esgotam en to e d estin ação fin al d aqu ela região.

• Em 1976, fo i a ssin a d o co n tra to d e gra n d e valor referen te à am p liação d a Estação d e Tra-tam en to d e Águ a d o Laran jal e ob ras d e ad u ção e d istrib u ição relacion ad as com a exp an são d a p rod u çã o. A esta çã o é resp on sá vel p ela m a ior p arte d a águ a con su m id a n a m argem esqu erd a d a Baía d a Gu an ab ara, e as d em ais ob ras se re-lacion avam com ad u toras e red es em Niterói e São Gon çalo.

• Em 1979, foi a ssin a d o o con tra to referen te à con stru ção d a ad u tora d a Baixad a Flu m in en -se. Este fo i o p r im eiro gra n d e in vestim en to ten d o com o ob jetivo a m elh oria d as con d ições d e san eam en to d a região d esd e o seu d esseca-m en to n a s d éca d a s d e 30 e 40. Atra vés d esta s o b ra s fo i im p la n ta d a u m a a d u çã o a u tô n o m a p a ra a Ba ixa d a , a p a rtir d a esta çã o d e tra ta -m en to d o Gu a n d u . Até en tã o, a Ba ixa d a era ab astecid a através d e “em p réstim os” d o siste-m a d e a b a stecisiste-m en to d o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro, além d e m an an ciais locais. Ap esar d es-ta s ob ra s, a s ca p a cid a d es d e reserva çã o e d istrib u içã o co n tin u a ra m m u ito a b a ixo d a s n e -cessárias.

• Um an o d ep ois, em 1980, foi assin ad o con -trato qu e com p lem en tava as ob ras referen tes à a d u to ra . Co m o co n tra p o n to, fo i a ssin a d o, n o m esm o a n o, co n tra to n o va lo r d e cerca d e 17 m ilh ões d e d ólares p ara im p lan tação d o siste-m a d e ab astecisiste-m en to d a Barra d a Tiju ca. • Dois con tratos de gran de valor foram assin ados em 1981 e 1982, ten d o com o ob jeto o com -p lexo d a Favela d a Maré. Estes con tratos en vol-veram cerca d e 30 m ilh ões d e d ólares e tin h am com o p rop ósito a con stru ção d e u m a su b ad u -tora e d e red e d e d istrib u ição.

• Em 1983, fo i a ssin a d o o p rim eiro co n tra to

Tab e la 1

Distrib uição e sp acial e te mp o ral d o s co ntrato s d e financiame nto s d o p e río d o 1975-1991, na re g ião me tro p o litana d o Rio d e Jane iro , RJ (US$/ hab .).

Anos Espaço rural Periferia Periferia Subúrbio Cent ro de Espaço classes Espaço classes Favelas Tot al em t ransição t radicional moderna t radicional negócios médias alt as

1975 0 4,68 6,45 0 0 4,43 23,74 0 39,3

1976 5,8 5,61 0,21 0,73 1,16 42,49 14,35 0 70,35

1977 0 0 0 0 0 0 0 0 0

1978 0 0 0 0 0 0 0 0 0

1979 2,19 12,29 22,01 4,28 4,08 2,88 8,29 0 56,02

1980 1,12 6,5 13,03 0,16 4,81 6,98 22,81 0,85 56,26

1981 0,39 1,99 0,96 6,48 3,19 4,81 5,4 15,41 38,63

1982 2,07 8,25 7,4 4,95 6,01 5,84 5,2 17,07 56,79

1983 0,63 3,22 2,45 6,04 5,95 4,48 6,12 4,31 33,2

1984 0 0,56 1,09 0 0 0 0 0 1,65

1985 4,74 1,88 1,55 0,45 0,67 2,37 0,97 4,05 16,68

1986 0,93 3,02 3,72 1,88 2,15 1,62 2,94 19,74 36

1987 1,25 5,54 12,25 4,43 3,72 26,31 5,58 13,67 72,75

1988 0 2,74 24,4 0 0 0 0 0,35 27,49

1989 0 0,78 0 0 0 4,86 51,4 0 57,04

1990 0,13 0,39 1,54 1,22 0,4 1,36 4,52 16,29 25,85

1991 0,16 15,18 24,35 0,91 1,58 4,28 0,8 0 47,26

Tot al 19,41 72,63 121,41 31,53 33,72 112,71 152,12 91,74 635,27

Mé d ia 1,14 4,27 7,14 1,85 1,98 6,63 8,95 5,40 37,37

(6)

Fig ura 2

Distrib uição e sp acial d o s inve stime nto s e m sane ame nto na re g ião me tro p o litana d o Rio d e Jane iro , RJ (p e rife rias e fave las).

Fig ura 3

Distrib uição e sp acial d o s inve stime nto s e m sane ame nto na re g ião me tro p o litana d o Rio d e Jane iro , RJ (Esp aço s d as classe s mé d ias e altas).

Fo nte : Ce d ae . Esp e lho s d e o rçame nto e d e scritivo s té cnico s d o s co ntrato s d e financiame nto .

Fo nte : Ce d ae . Esp e lho s d e o rçame nto e d e scritivo s té cnico s d o s co ntrato s d e financiame nto .

la s, a lém d o esgo ta m en to d a Ba ixa d a Flu m i-n ei-n se. O esgota m ei-n to d a Ba ixa d a foi ii-n icia d o em 1985, m a s en vo lvia n a ép o ca so m en te u m p rojeto p iloto com u m volu m e d e recu rsos p e-qu en o. Ap en as em 1987 e 1988 foram assin ad os os con tratos d e m aior valor (cte 022, 264 e 305). O to ta l d e recu rso s fico u em cerca d e 30 m i-lh ões d e d ólares.

• Em 1989, a Ced a e co n cretizo u o segu n d o con trato referen te ao esgotam en to d a Barra d a Tiju ca n o va lo r d e a p roxim a d a m en te 56 m i-ob jetivan d o o esgotam en to d a Barra d a Tiju ca.

Ap esa r d e a p resen ta r va lo r m u ito eleva d o, o con trato p revia a im p lan tação d e ap en as p arte d o sistem a.

• Fo i a ssin a d a , e m 1986, u m a sé r ie d e co n tratos ten d o p or escop o ob ras d e ab astecim en -to d e águ a e esgo-tos san itários em favelas, es-p ecialm en te n o com es-p lexo Maré.

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fave-Fig ura 4

Evo lução d o to tal d o s inve stime nto s e m sane ame nto na re g ião me tro p o litana d o Rio d e Jane iro , RJ.

Fo nte : Ce d ae . Esp e lho s d e o rçame nto e d e scritivo s té cnico s d o s co ntrato s d e financiame nto .

ciou em 1979-1980 p ara as p eriferias m od ern a e tra d icio n a l e em 1981-1982, p a ra a s fa vela s. Lo go a p ó s, n o en ta n to, o s in vestim en to s ten -d eram a cair, alcan çan -d o u m p atam ar estável e m ais elevad o ap en as a p artir d e m ead os d a d écad a, em 19861987. Esta elevação, q u e acom -p a n h a o m ovim en to gera l d o s in vestim en to s (Figu ra 4), su gere a existên cia d e d ois m om en -to s d e igu a l im p o rtâ n cia , m a s co m d in â m ica s a sso cia d a s a q u estõ es d istin ta s. A exp lica çã o d o p rim eiro p eríod o rem ete n ecessariam en te a argu m en tos d iferen tes d os p resen tes n a m aio-ria d o s tra b a lh o s so b re o p erío d o, en q u a n to qu e, p ara a an álise d o segu n d o, os argu m en tos d a literatu ra são d e gran d e valia. Por esta razão, an alisarem os as tran sform ações em sep arad o.

Os p rin cip ais argu m en tos p resen tes n a literatu ra p ara as tran sform ações d as p olíticas p ú -b licas ocorrid as d esd e os p rim eiros an os d a d éca d a d a 80 estã o a sso cia d o s à red em o cra tiza -çã o d o p a ís in icia d a n o fin a l d a d éca d a d e 70 (Faria, 1992). Segu n d o esta verten te exp licativa , o a u m en to d a co m p etiçã o eleito ra l, a sso -cia d a a u m crescen te a sso -cia tivism o n a vid a p olítica n acion al teriam au m en tad o a p ressão so cia l e a o m esm o tem p o im p u lsio n a d o o Estad o p ara u m a situ ação d e b u sca m ais freqü en -te d e legitim ação.

No ca so d o Rio d e Ja n eiro, a s tra n sfo m a -çõ es esta ria m a sso cia d a s a o su rgim en to, n o p erío d o, d e im p o rta n tes m ovim en to s so cia is u rb an os en gajad os n a lu ta con tra os au m en tos d o sistem a fin a n ceiro d a h a b ita çã o – Fa m erj (Fed era çã o d a s Asso cia çõ es d e Mo ra d o res d o Estado do Rio de Jan eiro) – , n a regu larização d e lh õ es d e d ó la res. O va lo r to ta l d o s co n tra to s

en volven d o a im p lan tação d os esgotos n a Bar-ra ch egou a qu ase 90 m ilh ões d e d ólares. • O an o d e 1991, ú ltim o d e n ossa série, ap re-sen ta n ovo s co n tra to s p a ra á rea s p eriférica s: setorização d o ab astecim en to d e águ a n a Bai-xad a e p arte d o esgotam en to d e São Gon çalo.

As t endências do perfil

Po d em o s o b ser va r glo b a lm en te d u a s ten d ên cias im p ortan tes d e sen tid os con trários n os in -vestim en to s. A p rim eira se a sso cia à eleva çã o d o s p a ta m a res d a “p eriferia tra d icio n a l”, d a s favelas e, p rin cip alm en te, d a “p eriferia m od ern a”, qu e corre qu ase qu e p aralelam eern te se coern -sid era rm o s o s in vestim en to s p o r co n ju n to d e an os. Com o con trap on to p od em os ob servar a con servação d e altos n íveis d e in vestim en to n o “esp aço d a classes altas”. Talvez n ão seja in ú til lem b ra r, a n tes d e a n a lisa rm o s a s ten d ên cia s, q u e em gera l a im p la n ta çã o d e sistem a s exige u m volu m e m a ior d e recu rsos q u e a su a co m -p lem en tação.

As periferias

(8)

i-lotea m en tos irregu la res e cla n d estin os (esp ecialm en te n a zon a oeste), n a alteração d as con -d içõ es -d e vi-d a em fa vela s – Fa ferj (Fe-d era çã o d e Associações d e Favelad os d o Estad o d o Rio d e Jan eiro) – e n as d em an d as p or ser viços p ú -b licos visan d o à m elh oria d a qu alid ad e d e vid a n a Baixad a Flu m in en se. Du ran te o p eríod o, fo-ra m cria d a s a s fed efo-ra çõ es m u n icip a is n a Ba xa d a Flu m en en se – o MAB (“Movim en to Am go s d e Ba irro”) d e Nova Igu a çu , a ABM (“Am i-gos d e Bairros d e Meriti”) d e São João d e Meriti e o MUB (“Movim en to Un iã o d e Ba irro s”) d e Du q u e d e Ca xia s, ten d o co m o o rigem a s d e m a n d a s d e in ú m era s a ssocia ções d e m ora d o -res d a regiã o co m lu ta s a sso cia d a s à in fra -es-tru tu ra u rb an a e à ed u cação, con form e d escri-to p or Oliveira et al. (1991).

Além d isto, a literatu ra ressalta a ap arição e con solid ação, n a cen a p olítica region al, d e u m n ovo p rojeto p olítico p op u lista – o b rizolism o. Em u m a con ju n tu ra p olítica d e ab ertu ra, teria o co rrid o n o esp a ço ca rio ca a a rticu la çã o d a p ressão d os m ovim en tos d e favelas e d a Baixa-d a com a im p lan tação Baixa-d o p rojeto p olítico b ri-zolista, b asead o n a relação d ireta com as m as-sa s e, p o rta n to, n o a ten d im en to, m esm o q u e p arcial, a su as reivin d icações. A p artir d o su rgi-m en to d a q u ele p rojeto, tod a s a s força s p olíti-cas region ais teriam p assad o a in corp orar tais d em an d as em su as ações d e govern o, seja p ara con solid ar o p rojeto, seja p ara d esestru tu rá-lo em su as b ases m ais fortes.

Um a o u tra verten te exp lica tiva a sso cia a tran sform ação d as p olíticas p ú b licas n o p aís à d esestru tu ra çã o d a s p olítica s n a cion a is m on tad as d u ran te os govern os m ilitares, argu m en -to p resen te em Marq u es (1993a), p or exem p lo. Segu n d o esta p ersp ectiva, o relaxam en to d a ló-gica d os m od elos in stitu cion a is teria lib era d o a s b u ro cra cia s lo ca is e d e n ível m éd io p a ra a a d o çã o d e n ovo s p o sicio n a m en to s técn ico s,

com a p rod u ção d e n ovos con sen sos com rela-ção às p olíticas p ú b licas, relacion ad os p rin ci-p alm en te à red u ção d a cren ça n o ci-p aci-p el d a téc-n ica com o d istrib u id ora d e ju stiça.

Estes argu m en tos são in su ficien tes p ara exp licar o exp rim eiro m om en to d e au m en to d os in -vestim en tos n as p eriferias e favelas. A p rim eira eleva çã o n o p a ta m a r d e in vestim en tos ocorre ain d a d u ran te govern os m ilitares, e, em b ora o regim e já ap resen tasse sin ais d e fragm en tação n os ú ltim os an os d a d écad a d e 70, o argu m en to d a p ressão eleitoral ap resen tase com o frá -gil, visto qu e as eleições p ara govern ad or ocor-reriam som en te em 1982.

A u n ifica çã o d o s m ovim en to s so cia is d a Ba ixa d a em fed era çõ es, p o r o u tro la d o, veio a ocorrer dep ois, ou, n o m ín im o, sim ultan eam en -te à d em o cra tiza çã o d o s recu rso s, e n ã o p o d e ser con sid erad a com o su a cau sa. A p rim eira fed eração a ser fu n fed afed a foi o MAB em 1981, sen -d o segu i-d a -d a ABM e -d o MUB em 1983. Em b ora esta s ten h a m sid o cria d a s a p a rtir d e a sso -ciações com d em an d as relacion ad as ao san ea-m en to b ásico, o ea-m oea-m en to an terior à forea-m ação d as fed erações era m arcad o p ela p u lverização d as d em an d as e ações.

Da m esm a form a , a con ju n tu ra in stitu cio-n al em tod o o p aís tam b ém é icio-n su ficiecio-n te p ara exp licar o p rim eiro m om en to, visto qu e a crise d o BNH (Ban co Nacion al d e Hab itação) veio a o co rrer a p en a s em m ea d o s d a d éca d a d e 80. Co m o d em o n stro u Na ja r (1991), o s in vesti-m en tos fed erais evesti-m san eavesti-m en to ap resen taravesti-m p erfil crescen te a té 1981, e em 1984 a in d a se m an tin h am em p atam ar acim a d o d e 1979.

As elevad as in versões realizad as n a Baixad a Flu m in en se a p artir d e 1979 n as ob ras d e ab astecim en to d e águ a relacion ad as com a su b ad u -tora d a Baixad a e em su as ob ras com p lem en ta-res já estavam , p elo m en os, solicitad as e p lan e-jad as em 1978. Isto qu er d izer qu e, n os ú ltim os

Fig ura 5

Distrib uição d o s inve stime nto s e m sane ame nto p e r c ap ita p o r g rup o d e unid ad e s na re g ião me tro p o litana d o Rio d e Jane iro , RJ (1975-1991).

(9)

a n o s d a d éca d a d e 70, em p len a vigên cia d o m od elo d o Plan asa (Plan o Nacion al d e San ea-m en to ), técn ico s d a Ced a e d ecid ira ea-m in vestir u m volu m e elevad o d e recu rsos em u m a região qu e n u n ca h avia receb id o equ ip am en tos an te-riorm en te, além d e ser h ab itad a p or p op u lação d e ren d a b astan te b aixa.

É in teressa n te ob serva r q u e o in ício d a in -ter ven çã o em fa vela s n a cid a d e d e Sã o Pa u lo coin cid e com este m om en to. No caso p au lista-n o, com o d escreveram Watsolista-n (1992) e Bu elista-n o (1994), a en trad a d a Sab esp (Com p an h ia d e Sa-n eam eSa-n to d o Estad o d e São Pau lo) em áreas fa-vela d a s ta m b ém ocorreu d u ra n te os govern os m ilitares, q u an d o tan to a p refeitu ra m u n icip al com o o govern o d o estad o estavam sob o con -trole d e forças p olíticas d e d ireita – a p rim eira com Rein ald o d e Barros e o segu n d o com Pau -lo Malu f. Para Watson (1992), este p rocesso es-teve a sso cia d o a u m a ren ova çã o gra d u a l n o s q u a d ro s d a co m p a n h ia , co m a a scen çã o fu n -cion al d e técn icos oriu n d os d o q u e Hill (1993) d en om in ou d e “street level b u rocracy” a cargos d e ch efia in term ed iária, m ais com p rom etid os co m a exp a n sã o d a s co b ertu ra s d o q u e co m a con tin u ação d a p olítica con cen trad a em gran -d es in terven çõ es. Ma is ta r-d e, a p a rtir -d a eleição d e Fran co Mon toro p ara govern ad or e a in -d ica çã o -d e Má rio Cova s p a ra p refeito, estes m esm os técn icos viriam a con solid ar em p olíticas in stitu cion alizad as as in terven ções p on -tu ais realizad as an teriorm en te.

No ca so p a u lista n o, n o en ta n to, a s in ter-ven ções ap resen taram caráter p u lverizad o e d e p equ en o vu lto, en qu an to os in vestim en tos rea-lizad os n o Rio d e Jan eiro foram con cen trad os e d e gran d e p orte. Ap esar d e se localizaram qu a-se q u e u n ica m en te n a s a d u to ra s d a Ba ixa d a e d a Maré e em su as ob ras com p lem en tares, estes in vestim en to s, a ssim co m o o s d em a is in -vestim en tos em fa vela s, n ã o rep resen ta m in i-ciativas m argin ais, exp ressan d o, ao con trário, u m a p arte im p ortan te d a estratégia d e in vesti-m en to s d a Ced a e. Evesti-m b o ra ten h a vesti-m sid o rea li-zad os d u ran te u m m om en to d e elevação gen e-ra liza d a d o s in vestim en to s (Figu e-ra s 2 e 3), re-p resen ta m d istrib u içã o esre-p a cia l in éd ita . Um p on to im p ortan te a ressaltar, ao q u al farem os referên cia m a is ta rd e n este texto, é o fa to d e qu e as solu ções tecn ológicas e con stru tivas es-colh id as m an tiveram o p ad rão caro e com p le-xo ca ra cterístico d a s in ter ven çõ es rea liza d a s d u ran te o Plan asa.

Os in vestim en to s so m en te p o d em ser ex-p licad os se aceitarm os qu e, em u m d eterm in a-d o m om en to, in vestir n a Baixaa-d a p assou a ser p arte d a lógica in tern a d a com p an h ia. Ao con trário d o con sid erad o classicam en te p ela lite

-ratu ra crítica sob re as p olíticas p ú b licas d o p eríod o, in vestir em regiões h ab itad as p or p op u -la çã o d e b a ixa ren d a fo i, a o m en o s em d eter-m in a d o s eter-m o eter-m en to s, n ã o a p en a s co eter-m p a tível com a lógica d o m od elo, com o tam b ém a alter-n a tiva d e ialter-n vestim ealter-n to esco lh id a . Du ra alter-n te a segu n d a m etad e d os an os 70, in vestir n a con s-tru ção d e u m sistem a d e ab astecim en to p ara a região p assou a ser u m a altern ativa d itad a p e-las escolh as d e técn icos im b u íd os d e n ovos va-lores qu e, in teressad os em rep rod u zir su as p o-sições d e p od er (in d ivid u ais e d a com p an h ia), a cred ita va m ser im p o rta n te in co rp o ra r a s re-giões h ab itad as p ela p op u lação d e b aixa ren d a aos sistem as op erad os p ela Ced ae. Não se trata d e d izer q u e n ão ocorreu segregação sócio-es-p a cia l n a d istrib u içã o d o s in vestim en to s em sa n ea m en to, visto q u e a s co b ertu ra s p a ra a s p eriferias em 1980 (e m esm o em 1990) p erm a-n eciam m u ito ab aixo d as verificad as em ou tras regiões d a cid ad e. Tratase d e aceitar q u e a se -grega çã o n ã o é co m p leta e p erfeita , e q u e em certos m om en tos ocorreram in versões d e vu lto im p ossíveis d e se exp licarem , p artin d o u n ica-m en te d os p ressu p ostos exclu d en tes d a p olíti-ca d e san eam en to d a ép oolíti-ca (Vetter & Massen a, 1981).

Em m ead os d a d écad a, as in versões caíram , com o d e resto em tod os os esp a ços d a m etró-p ole, etró-p ara som en te se recu etró-p erarem em 1986 e 1987. En q u an to os argu m en tos trad icion ais d a literatu ra n ão con segu em d ar con ta d a p recocid a d e d a s tra n sfo m a çõ es d o p rim eiro m o -m en to d e elevação d o p erfil d e in vesti-m en tos, n o segu n d o p eríod o eles estão p len am en te em a çã o. A p a rtir d e m ea d o s d a d éca d a d e 80, a s fed erações d a Baixad a se en con travam em in -ten sa ativid ad e, -ten d o in clu sive con stitu íd o, n o fin al d a d écad a, u m com itê p aritário com o go-vern o esta d u a l p a ra a d iscu ssã o d a s q u estõ es relativas às ob ras en tão em an d am en to – o Co-m itê Político d a Baixad a Flu Co-m in en se (Oliveira et al., 1991). Da m esm a form a, a d in âm ica elei-toral atravessava in ten sa efervescên cia, com a realização d e d u as eleições p ara p refeitos, u m a p ara govern ad or e u m a p ara p resid en te d a Rep ú b lica n a segu n d a m etad e d a d écad a. In stitu -cion alm en te, d u ran te o m esm o p eríod o, o m o-d elo estru tu rao-d o em n ível n acion al o-d eclin ava e en trava em colap so.

(10)

d ia l. A p a rcela d e recu rsos a p lica d os n o u rb a -n o, -n a h a b ita çã o e -n o sa -n ea m e-n to p elo BNH/ CEF (Caixa Econ ôm ica Fed eral), q u e tin h a co-m o origeco-m o Ban co Mu n d ial, cresceu , segu n d o Mo u ra et a l. (1991), d e 1,3% em 1981 p a ra 13,5% em 1987. No caso d o san eam en to, o Ban co Mu n d ia l fo i resp o n sá vel p o r a p roxim a d a m en te 10% d o total d os in vestim en tos ap lica -d o s -d a cria çã o -d o SFS (Sistem a Fin a n ceiro -d e San eam en to) até 1991, totalizan d o 1,3 b ilh ões d e d ó la res. Po r o u tro la d o, a p esa r d e o Ba n co ter red irecio n a d o su a a çã o a p a r tir d e 1983, a d o ta n d o u m a lin h a m a is co m p lem en ta r a o FMI (Fu n d o Mo n etá rio In tern a cio n a l), fin a n -cian d o aju stes setoriais e estru tu rais d a econ o-m ia , o s ga sto s co o-m sa n ea o-m en to n ã o ca íra o-m m u ito d en tro d o volu m e total d e em p réstim os – d e 8,8% em 1974-1982 p a ra 7,7% em 1983-1989, ain d a segu n d o aq u eles au tores. Com relação aos in vestim en tos an alisad os aq u i, a im -p ortân cia d os con tratos “es-p eciais” – qu e u tili-zavam recu rsos extern os ao sistem a BNH/ Ced ae – cresceu sign ificativam en te: en qu an to en tre 1975 e 1980 ap en as u m d en tre os cin co con -tra to s m a is vo lu m o so s u tiliza va recu rso s d e fo rm a d o sistem a BNH / Pla n a sa , en tre 1981 e 1986 q u atro d en tre os cin co m ais im p ortan tes u tilizavam recu rsos d aqu ele tip o (três d eles re-la cion a d os com in vestim en tos em á rea s fa ve-lad as).

Du ran te o segu n d o m om en to, a q u eb ra d a rigid ez d o m od elo BNH/ SFS/ Plan asa p ela su a p róp ria d esarticu lação, som ad a à m aior im p or-tâ n cia d e fo n tes fin a n cia d o ra s, o n d e esteve p resen te o q u e Mou ra et al. (1991) d en om in a -ram d e “p rogressivism o con servad or”, ab ri-ram esp a ço p a ra q u e a s p ressõ es d o s m ovim en to s so cia is e d o ca m p o p o lítico p o p u lista en co n -tra ssem eco n o in terio r d a s co n cessio n á ria s. Em b ora n ão d evam os d esp rezar a im p ortân cia d os fatores in tern os ao serviço, a d in âm ica téc-n ica téc-n ã o cotéc-n segu iu m a téc-n ter u m p a ta m a r está-vel d e in vestim en tos p a ra fa está-vela s e p eriferia s, o q u e p a re ce te r o co rr id o a p a r tir d e m e a d o s d a d écad a. Ap aren tem en te, as tran sform ações in stitu cio n a is e p o lítica s a ca b a ra m p o r im -p lan tar u m n ovo -p ad rão d e d istrib u ição d e re-cu rso s, o n d e a d em o cra tiza çã o d o s in vesti-m en tos en con trou estab ilid ad e.

Esp a cia lm en te, en treta n to, fa lta exp lica r, d u ran te am b os os p eríod os, a gran d e d iferen ça en tre o s in vestim en to s rea liza d o s n a s p erife-rias d a m etróp ole. Ten tar exp licá-la através d e u m m aior p od er d e p ressão, articu lação e m o-b iliza çã o p o r p a rte d o s m ovim en to s d e Sã o João d e Meriti e Du qu e d e Caxias (ABM e MUB) – a “p eriferia m od ern a” – n ão b asta, até p orqu e a d iferen ça n os in vestim en tos já estava p resen

-te n o p eríod o 1979-1982, q u an d o as m ob iliza-çõ es n a Ba ixa d a era m in cip ien tes. Da m esm a form a, tod as as q u estões in stitu cion ais afetam igu a lm en te a s d u a s á rea s, e p o rta n to n ã o p o-d em exp licar as o-d iferen ças ob servao-d as.

A d iferen ça n as in versões está associad a às d iferen ças d e con teú d os sociais d os d ois esp aço s. Fo i n o s esp a aço s o n d e en co n tra m o s co n -teú d o s m a is m o d ern o s – Sã o Jo ã o d e Meriti e Du qu e d e Caxias – qu e se con cen traram p riori-tariam en te os in vestim en tos, ap resen tan d o si-tu a çã o d e d esta q u e n o tod o d a m etróp ole. Na “p eriferia trad icion al”, os in vestim en tos foram b aixos, excetu an d ose a im p lan tação d a ad u to -ra d a Ba ixa d a e ob -ra s a ssocia d a s em 1979, a s-sim com o a setoriza çã o d o a b a stecim en to em 1991. Mesm o n este caso, o volu m e d e recu rsos foi m u ito in ferior ao d a “p eriferia m od ern a” as-sociad o às m esm as ob ras d e vu lto. Merece d es-ta q u e a im p la n es-ta çã o d a s red es d e esgo to s em 1986-1988 e 1989-1991, q u a n d o a “p eriferia m od ern a” receb eu m ais d o qu e o d ob ro d os re-cu rsos d a “trad icion al”.

As classes alt as

O con trap on to d as tran sform ações ob servad as até aq u i está n o p erfil d e in vestim en tos d o esp a ço d a s cla sses a lta s. Aq u ele esesp a ço, h a b ita -d o p ela p o p u la çã o -d e m a io r ren -d a e esco la ri-d ari-d e e m ais b em in seriri-d a n a estru tu ra p rori-d u ti-va, con tin u ou sen d o ob jeto d e vu ltosos in vestim en tos p ú b licos evestim eq u ip a vestim en tos d e sa n ea -m en to. Co -m exceçã o d o s a n o s 1986-1988, a s su as in versões p er cap ita sem p re se en con tra-ra m en tre a s m a io res d a m etró p o le. Merecem d estaqu e os in vestim en tos d os an os 1983-1985 e 1989-1991, os m aiores d e tod o o p eríod o. Estes in vestim en tos estão relacion ad os à im p lan -tação d a red e d e esgotos n a Barra d a Tiju ca.

É im p o rta n te relem b ra r q u e a m a io r p a rte d o in vestim en to realizad o n as p eriferias trad icio n a l e m o d ern a n o p erío d o 19861988 ta m -b ém esteve a sso cia d o à im p la n ta çã o d e red es d e esgotos. A d iferen ça en tre o p orte d as in ver-sões, gran d e en tre o esp aço d as classes altas e a p eriferia m o d ern a e a in d a m a io r q u a n d o com p arad o à p eriferia trad icion al, in d ica red es p a rcia is e p u lveriza d a s n a s á rea s p eriférica s. Vale lem b rar ain d a qu e o in vestim en to d e p or-te o b ser va d o n o esp a ço d a s cla sses a lta s em 1980 d iz resp eito exclu sivam en te ao ab asteci-m en to d e águ a d a Barra d a Tiju ca.

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-Tab e la 2

Inco rp o ração imo b iliária: índ ice s mé d io s d a p ro d ução no Municíp io d o Rio d e Jane iro , RJ.

Índices de Anos

produção 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989

Áre a lançad a 1 1,48 2,06 1,04 0,66 0,75 1,25 1,08 1,08 0,81

Valo r lançad o 1 1,36 1,84 0,84 0,41 0,48 1,91 1,3 0,94 1

Áre a mé d ia 1 1,04 1,02 1,01 1,06 1,16 1,16 1,13 1,21 1,15

Pre ço / m2 1 0,88 0,92 0,84 0,59 0,64 1,97 1,7 0,89 1,25

Fo nte : Rib e iro (1991).

Fig ura 6

Inco rp o ração imo b iliária – Particip ação p o r zo na d a cid ad e no valo r lançad o no Municíp io d o Rio d e Jane iro , RJ.

Fo nte : Rib e iro , (1991).

te este p eríod o, im p eravam a acu m u lação com o p róp rio serviço e a p oten cialização da acum u lação com o u rb an o. Neste caso esp ecífico, ob -servam os u m en orm e in vestim en to con cen tra-d o em u m a á rea n o b re tra-d a citra-d a tra-d e o cu p a tra-d a recen tem en te, em detrim en to de ou tras com ocu -p ação m u ito m ais an tiga e d en sa. Assim com o n os in vestim en tos n as p eriferias, o p ad rão tec-n ológico das obras cotec-n titec-n u ou com p lexo e caro. A esp ecificid ad e d o in vestim en to realizad o está n o fato d e q u e a Barra d a Tiju ca rep resen tou ao lon go d a d écad a d e 80 a p rin cip al fron -teira d e exp an são d o gran d e cap ital im ob iliário d e in co rp o ra çã o. Na Figu ra 6, retira d o d e Ri-b eiro (1991), p od em os oRi-b servar o au m en to d a p a rticip a çã o rela tiva d a Ba rra n o va lo r to ta l la n ça d o p ela in co rp o ra çã o n o Mu n icíp io d o Rio d e Ja n eiro n o p erío d o 1980-1989. In icia l-m en te co l-m va lo res n o p a ta l-m a r d e l-m en o s d e 10% d o total lan çad o, a Barra term in ou a d écad a n o p atam ar écad e m ais écad e 30% écad os valores lan -ça d o s. Este crescim en to p ercen tu a l o co rreu

d u ra n te u m p ro cesso d e elitiza çã o d o s la n ça -m en tos i-m ob iliários, con for-m e p od e ser ob ser-vad o n a Tab ela 2.

Podem os observar dois ciclos exp an sivos n o com p ortam en to d o m ercad o d e in corp oração n o Rio de Jan eiro: 1981-1982 e 1986-1987. O p ri-m eiro deles se fez cori-m au ri-m en to da área ri-m édia, m as com qu eda do p reço p or m2. Ao lon go des-te ciclo, a Ba rra d a Tiju ca m u d o u d e p a ta m a r, p assan do a ser resp on sável p or cerca de 25% do total lan çad o (Figu ra 6). Du ran te o segu n d o ci-clo d e exp a n sã o, n o en ta n to, q u a n d o a Ba rra p assou a lid erar d efin itivam en te os lan çam en -to s n a cid a d e, o b serva m o s a u m en -to ta n -to n o p reço m édio p or m2, com o na área m édia.

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d eixar d e ser, a “p rod u ção” d a Barra com o ter-ritório p rivilegiad o d a in corp oração n u m q u a-d ro geral a-d e elitização a-d o m ercaa-d o foi feita p or cap itais d e m éd io e gran d e p orte. Ain d a segu n -d o Rib eiro (1991), 94,2% -d o va lo r la n ça -d o n a Ba rra d a Tiju ca n o p erío d o 1979-1988 fo ra m p ro d u zid o s p o r in co rp o ra d o res d e m éd io e gran d e p orte, sen d o qu e 55,1%, p ela gran d e in -corp oração.

As ca ra cterística s d a Ba rra d a Tiju ca co m relação à con cen tração d a p rop ried ad e d a ter-ra e à fixa çã o p o r p a r te d o Esta d o d e n o r m a s cla ra s e está veis d e u so d o so lo a tra n sfo rm a -ra m n u m a á rea p rivilegia d a d e a çã o p a -ra a gra n d e in co rp o ra çã o p e la p o ssib ilid a d e d e a u ferir eleva d o s so b relu cro s d e a n tecip a çã o (Card oso, 1989). O q u e o p erfil d e in vestim en -tos em in fra-estru tu ra n os m ostra é q u e d eve-m os a crescen ta r a esta s va n ta gen s os eve-m a iores in vestim en tos p ú b licos em eq u ip am en tos co -letivos d e san eam en to d e tod a a m etróp ole.

Ap a ren tem en te, a a cu m u la çã o co m a p ro -d u ção -d a Barra -d a Tiju ca en con trava u m garga-lo estru tu ra l n a a u sên cia d e esgo ta m en to e d estin ação fin al ad equ ad a. Sob o p on to d e vista am b ien vistal, a au sên cia d e colevista e travistam en -to rep resen tava a d egrad ação d e seu b elo e rico sist e m a la gu n a r, a lé m d e su a s p ra ia s. Co n si-d e ra n si-d o -se q u e o “m o si-d o si-d e viver n a tu ra l e li-vre” foi (e con tin u a sen d o) a form a p ela q u al é ven d id o a q u ele esp a ço, p o d em o s en ten d er a im p o r t â n c ia d a im p la n t a ç ã o d a re d e d e e s -go tos p ara o cap ital in corp orad or. Por ou tro lad o, o esgotam en to lad a Barra resp on lad eu , n o âm -b ito d a p olítica, às p ressões con servacion istas p a ra a regiã o, p erm itin d o q u e a a cu m u la çã o p u d esse p rossegu ir n o seu ritm o sem m aiores en traves.

Conclusão

A con clu são geral q u e p od em os tirar é q u e, se p or u m lad o tivem os n os ú ltim os an os u m a al-tera çã o n o p erfil d e in vestim en to s em sa n ea-m en to n o sen tid o d a p eriferia , esp ecia lea-m en te a m a is m o d e r n a , re sp o n d e n d o p a rcia lm e n t e às d em an d as p op u lares e a tran sform ações esp aciais e in stitu cion ais, foi con servad a, esp or ou -tro lad o, a ten d ên cia d e in vestir, ab rin d o cam i-n h o e p otei-n cializai-n d o os gai-n h os d a p rod u ção com o u rb an o; n o caso, a in corp oração im ob liá ria . Co e xist ira m d u a s ló gica s n o s in ve st i-m en to s, e a p reva lên cia d e u i-m a so b re a o u tra o co rre u a p a re n t e m e n t e e m fu n çã o d a s co n ju n tu ra s p o lítica s e só cio e sp a cia is. A m a n u ten ção d e u m p ad rão d e ob ras caro e con cen -trad o em am b as as ten d ên cias su gere qu e, ap e-sa r d a a u t o n o m ia d e cisó r ia d a s b u ro cra cia s técn icas d a com p an h ia, qu e exp lica em ú ltim a an álise a can alização d os in vestim en tos p ara a Baixad a Flu m in en se d u ran te o p rim eiro p eríod o, os in teresses eríod os en volvieríod os com a p roeríod u ção d ireta d os sistem as – p rojetistas e con stru -t o ra s – -tê m -tid o gra n d e in flu ê n cia n a fixa çã o d a s p o lítica s. A a gên cia esta ta l, a p esa r d e d o -tad a d e sign ificativa cap acid ad e d e p rop osição e im p le m e n ta çã o, a p re se n ta gra n d e p e rm e a -b ilid ad e.

Com relação às qu estões levan tad as n o in í-cio d o texto, ficou d em on strad o, n o n ível local, o p ro cesso o b ser va d o glo b a lm en te, co m o a m elh o ria d o s in d ica d o res so cia is; n o ca so, a s cob ertu ras p or serviços d e san eam en to. As h i-p óteses in iciais d a im i-p ortân cia d a in ércia d as p o lítica s im p la n ta d a s n a s d éca d a s d e 60 e 70, assim com o d os m ovim en tos sociais e d o cam -p o d a -p olítica, foram con firm ad as. No en tan to, n ã o se verifico u u m a in versã o n a ló gica a n te -rior, m as ap en as a su a flexib ilização. Vale d es-ta ca r a in d a a p reco cid a d e d a d em o cra tiza çã o d o s in vestim en to s, cu jo in ício, co n fo rm e o b -ser va m o s, situ a -se em m o m en to a n ter io r a o com u m en te con sid erad o p ela literatu ra.

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Agradeciment os

Imagem

Fig ura 2
Fig ura 4
Fig ura 5
Fig ura 6

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