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Freud, Jung e o Homem dos Lobos: percalços da psicanálise aplicada.

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Academic year: 2017

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RESUMO:Pretende-se exam inar o papel da analogia no pensam en-to freudiano, através de um período fértil e tum ultuado do m ovi-m ento psicanalítico, ovi-m arcado pela intensificação das divergências entre Freud e seu dileto ( Jung) , e tam bém pelo crescim ento do m ovim ento da psicanálise aplicada entre Freud e seus discípulos e pelo trabalho analítico daquele que é, talvez, o m ais im portante caso clínico escrito por Freud: o caso do Hom em dos Lobos. Este período m arca um im enso cam po de debates clínicos e teóricos, entre os quais se inclui, sem dúvida, o problem a da analogia na teoria e na clínica psicanalíticas.

Palavras - c h ave : psicanálise aplicada, analogia, teoria freudiana.

ABSTRACT: Freud, Jung and The Wolfm an: benefits of applied psy-choanalysis. This article intends to exam ine the role of analogy in the Freudian thought. With this in m ind we w ill visit a very hectic an d produ ctive per iod in th e psych oan alytical m ovem en t. Th is period w as m arked by the divergences betw een Freud and Jung, by the expansion of the applied psychoanalytical m ovem ent be-tween Freud and his disciples, and by the analytical work of The Wolfm an ( w h ich m igh t be con sidered Freu d’s m ost im portan t case) . This per iod m arks a huge field of clinical and theoretical debates, am ong w hich the problem of analogy in theory and in clinical psychoanalysis is undoubtedly included.

Ke y w o rds : applied psychoanalysis, analogy, Freudian theory.

E

ste artigo deriva da perm anente preocupação de Freud

em resolver, aprofundar e esclarecer dissensões por m eio de seus textos; o que nos perm ite reencontrar, nos rastros da divergência m ais pessoal, revisões da teoria e do m étodo psi-canalíticos que resultam , invariavelm ente, em reform ulações Pesquisador do

Núcleo Psicanálise e Sociedade ( PUC-SP) . Doutorando ( IP-USP) . Psicanalista. Pa u lo En d o

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fundam entais. Com o é fartam ente sabido, vários textos im portantes de Freud têm , com o um de seus propósitos, resolver divergências e m al-entendidos den-tro e fora do m ovim ento psicanalítico, onde a relação com C.G. Jung ocupa um espaço à parte. A tensão permanente que sempre acompanhou a relação de ambos fez deles pai e filho, como também inimigos atrozes, bem ao sabor de Totem e tabu que neste período era gestado por Freud.1 Foi Jung, justamente, aquele que engros-sou as fileiras dos inim igos da psicanálise, colocando em xeque o principal pressuposto da teoria freudiana de onde tudo m ais deriva: a sexualidade.

Seja com o adversário, discípulo ou rival, o fato é que Jung sem pre represen-tou para a psicanálise fonte de valorosas inquietações, e além disso im punha, com o inim igo que gradualm ente se tornava, o retorno de Freud à técnica e à teoria psicanalíticas, desde os seus fundam entos. Difícil dizer se e quando o conceito de narcisism o seria form ulado se não houvessem as Conferências de Fordham2 tornado públicas, em outro continente, as diferenças que passariam a m arcar paulatina e gravem ente a separação de am bos.

Teriam os textos da m etapsicologia a grandeza teórica que tiveram , se antes Freud não houvesse perdido seu discípulo m ais querido, justam ente por dissen-sões e divergências teóricas? Que elem entos seriam subtraídos ( ou adiciona-dos) no caso do “Hom em dos Lobos” sem o furor do conflito que fazia Freud perder de um a só vez Adler e Jung, justam ente nos anos em que atendia Sergei Pankejeff? Qual História do movimento psicanalítico Freud desejaria ter escrito neste período de turbulências dom ésticas? Perguntas sem respostas possíveis, m as im portantes porque nos im pelem a revisitar m ais um a vez um trecho do m ovi-m ento psicanalítico repleto de reentrâncias, dileovi-m as e coovi-m plexidades.

O trecho onde perm anecerem os é o que desenha e projeta em am plitude o avanço da psicanálise e sua pertinência com o conhecim ento reconhecido em áreas distintas do saber. Mom ento este em que um m ovim ento capitaneado pelo próprio Freud surge entre os psicanalistas: o m ovim ento da psicanálise aplica-da. A este respeito relem brem os alguns fatos.

Em 1907 foi criada um a coleção de escritos intitulada “Escritos de psicaná-lise aplicada”.3 na qual foram publicados trabalhos de Jung, Abraham , Pfister, Jones, Herm inne von Hegg-Helm uth, além do estudo inaugural de Freud sobre

1 Jung, a pedido de Freud, acom panha as reflexões e o interesse de Freud pela religiosidade prim ária, dando inclusive sugestões e críticas ao texto Totem e tabu. “ No entanto” — diz Jung — “ é m uito opressivo para m im se o senhor tam bém se envolver nesta área ( ...) O senhor é um concorrente m uito perigoso.” Ver Gay ( 1988, p. 215-231) .

2 Conjunto de atividades realizadas por C.G Jung na Universidade de Fordham , Nova York, o n d e, p ela p rim eira vez, Ju n g leva a cab o a d essexu alização d a p sican álise, ain d a se autodenom inando psicanalista.

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a Gradiva de Jensen e, posteriorm ente, seu texto sobre “Um a lem brança Infantil de Leonardo da Vinci.”4 Mais tarde, em 1914, Freud reproduzirá deste m odo os objetivos da Associação Psicanalítica Internacional, fundada em 1910:

“ Estu do e prom oção da ciên cia psican alítica fu n dada por Freu d, tan to em su a qualidade de Psicologia pura com o em sua aplicação à Medicina e às Ciências do Espírito, e m útuo apoio dos associados quanto à aquisição e difusão dos

conheci-m entos psicanalíticos.” ( FREUD, 1914/ 1981, p. 1.917)

Em 1912 é fundada a revista Imago, nom e escolhido a dedo em hom enagem a um rom ance suíço do m esm o nom e, declarando, desde o início, a intenção da revista em discutir tem as em outros âm bitos que não só os da psicanálise clíni-ca, exercida para fins terapêuticos. Mais do que isto, proclam ava em seu subtí-tulo: “revista para a aplicação da psicanálise às ciências do espírito”. Em bora esta iniciativa fosse ainda pautada por dúvidas e hesitações — o que deixou o artigo sobre Moisés de Michelângelo com autoria anônim a por dez anos sob a insistência de Freud em cham á-lo de “filho bastardo” — para Freud, entretanto, o objetivo era claro: a psicanálise deveria cam inhar na direção da conquista, da colonização de cam pos alheios a ela até então com o, um dia, foi o cam po das neuroses.

Em carta a Jung de 17 de outubro de 1909, Freud dirá:

“ Folgo em saber que o senhor com partilha m inha crença de que devem os con-quistar por com pleto o cam po da m itologia. Até agora tem os apenas dois pionei-ros: Abraham e Rank. Não há de ser fácil encontrá-los m as precisam os de hom ens

para com panhias m ais longas.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p. 276)

Num a série de cartas datadas entre 14/ 10/ 1909 e 30/ 11/ 1909, Freud e Jung discutem pontos relevantes da aplicação ( ou conquista) da psicanálise a outras ciências. Tratava-se, para Freud, de “cham ar à consciência os m itólogos”, esclarecê-los à luz da psicanálise, fazê-los m ais psicanalistas e não, obviam en-te, o contrário. Este interesse inicial, com partilhado por am bos, será a fenda que se alargará ao ponto da ruptura e que culm inará naquilo que sob vários aspec-tos, todos fundam entais, podem os cham ar da dessexualização da psicanálise proposta por Jung. Todavia, é interessante notar que aquilo que se constituiu

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com o o pom o da discórdia já estava plantado em 1906 ( ano do início das correspondências) , com o é possível observar num a carta de Jung em 5 de outu-bro de 1906:

“Quero dizer que sua terapia não parece depender apenas dos afetos liberados por

ab-reação, m as tam bém de certas relações (rapports) pessoais e acredito que a gênese

d a h ister ia, em b o ra p red o m in an tem en te sexu al, n ão o seja exclu sivam en te.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p.42)

Ao que Freud responderá de form a confiante em 7 de outubro de 1906:

“Seus escritos já m e haviam sugerido que sua aceitação de m inha psicologia não se

estende a todos os m eus pontos de vista sobre a histeria e o problem a da sexuali-dade, m as m e atrevo a esperar que, com o passar dos anos, o senhor chegue muito mais perto de mim do que julga possível atualm ente.” (MCGUIRE [org], 1993, p. 45)

Esta discreta “virulência” encontrará a sua plena expressão em 1912, ano em que a psicanálise, já consolidada, buscava a am pliação de seu cam po; em outras palavras, a sua aplicação. Terá sido então no próprio seio do m ovim ento psicanalítico, circunscrito pelas preocupações da aplicação da psicanálise, que tal divergência se inscreveu e onde os riscos conceituais, teórico e políticos desta passagem puderam se m anifestar com pletam ente. Creio que a divergência Freud/ Jung representa para a psicanálise um período de extraordinária riqueza perm itindo a Freud, entre outras coisas, reconhecer dolorosam ente os riscos e as possíveis perdas desta transposição da psicanálise à cultura, que lhe parecia tão incontestável. Podem os reconhecer ali tam bém aquilo que até hoje ocupa os psicanalistas e que se m anifesta nas dificuldades conceituais e políticas ine-rentes a esta ultrapassagem . Freud não suspeitava que seu anseio de conquista p u d esse co lo car em xeq u e a teo r ia p sican alítica, m as o agravam en to e a explicitação das divergências com Jung o dem onstraram . Todavia, a psicanálise jam ais se livrou com pletam ente dos perigos inerentes à am pliação de seu cam -po, dificuldades, aliás, vividas no próprio âm bito das com unidades psicanalíti-cas; m as é verdade tam bém que os inúm eros trabalhos que buscam rediscutir o raio da reflexão e da ação psicanalíticas para além do trabalho clínico strictu

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pró-prio Freud, m as tam bém apuro conceitual, rigor e afirm ação de pressupostos para a psicanálise.

FREUD E JUNG: O POMO DA DISCÓRDIA

Em carta de Jung de 11 de novembro de 1912, ele com unica a Freud o seu retorno dos EUA, onde desenvolveu, na Universidade de Fordham , Nova York, um a série de atividades pela “difusão do m ovim ento”. Ali, ele com enta rapidam ente que:

“Naturalm ente, tam bém expressei certas opiniões m inhas que se desviam das con-cepções existentes até agora, particularm ente em relação à teoria da libido. Achei que a m inha versão da Psicanálise conquistou a sim patia de m uitas pessoas que, até

o m o m en to, estavam co n fu sas co m o p ro blem a d a sexu alid ad e n a n eu ro se.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p. 521)

Sabem os que Freud já tinha em m ãos o texto publicado em 1912 sobre as m odificações de Jung na teoria da libido, m ais tarde traduzido nas obras com -pletas de Jung com o “Sím bolos da transform ação: análise dos prelúdios de um a esquizofrenia”. Em ríspida carta-resposta, Freud pede um a separata das confe-rências proferidas por Jung nos EUA, alegando que este longo ensaio de Jung sobre a libido não o havia esclarecido de form a suficiente. Dificilm ente Jung poderia ter sido m ais claro, m as Freud queria um a confirm ação, um a nova prova cabal daquilo que ele parecia ainda não acreditar: a im inência da ruptura que se aproxim ava inexoravelm ente.

Neste artigo, todo o esforço de Jung no que tange à libido é dessexualizá-la dando a ela o caráter de energia geral, não necessariam ente sexual. Ao m esm o tem po, ele procura dem onstrar que tal dessexualização da libido estaria no próprio Freud:

“Com o a citação de Freud m ostra, realm ente sabem os m uito pouco sobre a nature-za dos in stin tos h u m an os e su a din âm ica psíqu ica para poder ou sar atribu ir a prim azia a um único instinto. É m ais prudente por isso, ao falarm os de Libido,

entender com este term o um valor energético que pode transm itir-se a qualquer área, ao poder, à fom e, ao ódio, à sexualidade, à religião, etc., sem ser

necessaria-m ente unecessaria-m instinto específico.” ( JUNG, 1952/ 1986, p. 124)5

e m ais adiante:

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“ Com isto voltam os a nossa hipótese de que não é o instinto sexual, m as um a energia em si indiferente que leva à form ação de sím bolos: luz, fogo, sol, etc. Assim , pela perda da função do real na esquizofrenia, não ocorre um aum ento da sexualidade, m as um m undo de fantasia que apresenta traços arcaicos nítidos. ( ...)

Para usar a com paração de Freud: atira-se com o arco e a flecha ao invés de arm as de fogo. O desaparecim ento das últim as aquisições da função do real ( ou adaptação) é substituído, se o for, por um m odo de adaptação m ais prim itivo. Já encontram os este princípio na doutrina das neuroses: um a adaptação falha é substituída por um

m odo de adaptação antigo, no caso, um a reativação regressiva( grifo m eu) da im agem

dos pais. Na n eu rose o produ to su bstitu tivo é u m a fan tasia de procedên cia e alcance individual, faltando aqueles traços arcaicos característicos da esquizofrenia.” ( JUNG, 1952/ 1973, p. 127)

Em bora com aparente circunscrição ao campo das psicoses, veremos como Jung pretendia alastrar sua nova concepção numa carta a Freud de 17 de maio de 1912:

“ Psicologicam ente, a proibição do incesto não tem o significado que é preciso atribuir-lhe se se presum e a existência de um desejo de incesto particularm ente in ten so. O sign ificado etiológico da proibição do in cesto deve ser diretam en te com parado com o assim cham ado traum a sexual, que habitualm ente deve o seu

papel etiológico apenas à reativação regressiva. O traum a é aparentem ente im portante

ou real, e assim o é a proibição ou barreira do incesto, que, do ponto de vista

psicanalítico, tom ou o lugar do traum a sexual. Assim com o cum grano salis, não im

-porta se um traum a sexual realm ente ocorreu ou não, ou foi um a sim ples fantasia,

psicologicam ente é secundário se existiu ou não a barreira do incesto, um a vez que é essencialm ente um a questão de desenvolvim ento posterior o problem a do in-cesto transform a-se ou não num problem a de evidente im portância.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p. 510)

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A resposta de Freud em carta a Jung de 23 de m aio de 1912 levanta nova-m ente a qu estão da realidade enova-m psican álise, aban don ada enova-m 1 8 9 7 e qu e será retom ada com toda a força n o Caso do Hom em dos Lobos. Segu e u m trech o da carta:

“ Na questão da libido, finalm ente, vejo a que ponto a sua concepção difere da

m inha ( estou m e referindo, é claro, ao incesto, m as pensando nas suas anunciadas m odificações no conceito de libido) . O que não consigo ainda com preender é por que razão o senhor abandonou a concepção m ais antiga, e que outra origem e m otivação a proibição do incesto pode ter.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p. 511)

Percebe-se que Freud, neste m om ento, ainda não havia entrado em contato com a segunda parte do artigo de Jung, publicada em 1912. A prim eira parte, sem as considerações sobre a libido, já havia sido publicada em 1911.

Segue a resposta:

“ Valorizo a sua carta pela advertência que contém e pela lem brança de m eu prim ei-ro grande erei-ro, quando confundi fantasias com realidades. Serei cuidadoso e m

an-terei os olhos abertos a cada passo.

Se agora, porém , deixarm os de lado a razão e sintonizarm os o aparelho com o prazer, confesso ter um a forte antipatia pela sua inovação. Prim eiro o caráter regres-sivo da inovação. Creio que tem os sustentado, até agora, que a ansiedade se origina

na proibição do incesto; agora o senhor afirm a, pelo contrário, que a proibição do incesto origina-se na ansiedade, o que é m uito sem elhante ao que foi dito antes da era da Psicanálise.” ( MCGUIRE, [ org.] , 1993, p. 511)

E ainda, na m esm a carta, sobre a realidade do incesto e do com plexo de Édipo:

“Em segundo lugar, por causa da sem elhança desastrosa com um teorem a de Adler,

em bora naturalm ente eu não condene todas as invenções de Adler. Disse ele: ‘a libido do incesto é arranjada’, isto é, o neurótico não tem absolutam ente desejo pela sua m ãe, m as quer m unir-se de um m otivo para afugentar-se de si próprio; finge para si m esm o, portanto, que sua libido é tão m onstruosa que não poupa

nem m esm o a sua m ãe. Isso ainda hoje m e surpreende pela fantasia, baseada num a total incom preensão do inconsciente. Pelo que o senhor sugere, não tenho dúvi-das de que a sua derivação da libido incestuosa será diferente. Existe porém um a certa sem elhança.” ( MCGUIRE [ org.] , 1993, p. 511)

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as oposições colocadas por Jung não será m ais possível sustentar a indistinção com pleta entre fantasia e realidade tal com o figura na carta 69 a Fliess. Aliás, o próprio Jung se rem ete ao período em que Freud afirm a coisas com o ( ...) “no inconsciente não há indicação de realidade, de m odo que não se consegue distinguir a verdade e a ficção que é catexizada de afeto”.6 Este reposicionam ento será levado adiante no caso do Hom em dos Lobos, onde as discussões e a rele-vância da cena prim ária ocuparão um lugar central nas considerações m etapsi-cológicas sobre o caso. A cena prim ária, então, com o índice de realidade em que a interpretação psicanalítica, diante dos posicionam entos de Jung, encon-traria guarida. Neste contexto, a cena prim ária torna-se a âncora que delim ita o aspecto regressivo da libido, m antendo-o nos lim ites da experiência sexual do sujeito e aquém do ilim itado alcance do que Jung denom inou de reativação regressiva da libido. Para Freud, a regressão visaria um a experiência sexual realm ente vivida e nela estancaria, daí o seu caráter prim ário. Portanto, m esm o que em grande parte fantasiada, tais fantasias seriam construídas em torno de índices ( barulhos, ruídos, m ovim entos observados na penum bra, etc.) .7 O que estava em questão neste m om ento era o caráter sexual da regressão com o m e-canism o de defesa e a possibilidade de rastreá-la, digam os assim , no âm bito das experiências sexuais do sujeito e não fora delas, onde Jung situava o coleti-vo. Este âm bito não poderia ser com pletam ente definido nem pela realidade factual, nem pela rem em oração literal, o que colocaria em xeque, nos dois casos, o estatuto pulsional da lem brança representado pelo fantasiar que se lhe im põe. Lá onde as m arcas do desejo fazem soçobrar a literalidade, a fidedigni-dade e o caráter fatual de um a pretensa reconstituição idêntica do passado. Por outro lado, era im possível deixar sem resposta os posicionam entos de Jung, sustentando que, no lim ite, a própria experiência do com plexo de Édipo seria inteiram ente um a fantasia retroativa do paciente e quiçá do analista. Freud se m ovia com cautela no tabuleiro.

Sua resposta, dem onstrada de m aneira am pla no Hom em dos Lobos, põe em discussão o m étodo ( re) construtivo da análise. Para isto foi necessário o retor-no à clínica, à dem onstração pari passu do trabalho e do m étodo psicanalítico. De volta à poltrona e ao divã.

Evocando A interpretação dos sonhos e Lembranças encobridoras, Freud recolocará a problem ática da fantasia e da realidade em outros term os. Esta dicotom ia, tão cara à psicanálise, encontrará um a solução m etodológica das m ais interessan-tes, na m edida em que aquilo que será ( re) construído durante o processo de

6Carta 69 de Freud a Fliess, datada de 21 de setem bro de 1897.

7Cf Jean Laplanche e J-B Pontalis, no verbete cena prim ária e Claude Le Guen em Prática do m étodo

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análise, serão sem pre representações colocadas em m archa durante o trabalho das sessões. Outrossim , a pecu liar idade do trabalh o será possibilitar, em seu cu rso, o aparecim en to das inu m eráveis m an eiras de recordar, deslocan do o con teú do recordado para u m segu n do plan o. Freu d explicita aqu i o caráter do trabalh o de an álise diferen cian do-o claram en te de u m trabalh o de recor-dação dos fatos:

“ Todo analista sabe m uito bem e tem com provado infinitas vezes que, em um a

cu ra con du zida a bom term o, o pacien te com u n ica m u ltidões de recordações espontâneas de seus anos infantis, de cuja aparição — ou m elhor, talvez — de cuja prim eira aparição — o m édico não se sente, de m odo algum , responsável, já que nunca orientou o enferm o com nenhum a tentativa de reconstrução em direção à

tais con teú dos. Estas recordações, an tes in con scien tes, n ão têm sequ er qu e ser verdadeiras; podem sê-las, porém m uitas vezes foram deform adas contra a verdade e entrem eados com elem entos fantasiados, com o acontece com as cham adas lem -branças encobridoras, às quais se conservam espontaneam ente. Quero dizer apenas

que estas cenas, com o a de nosso paciente, pertencentes a tão rem ota época infan-til, com tal conteúdo e de tão extraordinária significação na história do caso, não são geralm ente reproduzidas com o recordação, senão que têm de ser adivinhadas — construídas — passo a passo e m uito laboriosam ente de um a som a de alusões e

indícios.” ( FREUD, 1918/ 1981, p. 1.967)

Será este trabalho de reconstrução, e não de recordação factual o que carac-terizará o trabalho de análise e o diferenciará de outros m étodos. A reativação regressiva, tal com o sugerida por Jung, lança o trabalho analítico para fora do cam po onde este trabalho se faz possível, e sobretudo m antém intacta a busca “regressiva” pelo recordado. Esta busca, é bem verdade, não cum prirá o prom e-tido, um a vez que este passado arcaico só será reencontrado analogam ente, m antendo-se a hipótese de que um dia, em algum lugar, ele foi realm ente vivido por outro ser hum ano de form a socialm ente reconhecida. O próprio Jung reconhecerá esta im possibilidade, ao m esm o tem po elim inando-a com o obstáculo, num a analogia entre a invenção do fogo e a fecundação da m ãe ( m atéria) : “ Naturalm ente nunca encontrarem os provas reais para isto, m as é presum ível que em algum lugar se conservaram vestígios destes prim itivos exercícios prelim inares à produção do fogo” ( JUNG, 1952/ 1986, p. 147) .

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sonhos, dos delírios, das alucinações do paciente com as representações coleti-vas, com o m odo de com preensão dos conflitos em jogo, só pode ser levada adiante recorrendo a aproxim ações por sem elhança: as analogias.

Ou com o o próprio Jung dirá: “Algum a vez as experiências m íticas foram originais, experiências num inosas prim árias e quem não perder o ânim o da pesqu isa poderá obser var, ain da h oje, estas experiên cias su bjetivas prim á-rias”( JUNG, 1952/ 1986, p.144) .

Ao que parece, tudo se passa com o se a psique, através de um m ecanism o analógico, regredindo retroativam ente, perscrutasse o inconsciente e se anco-rasse em “estruturas idênticas, universais da psique” ( JUNG, 1952/ 1986, p. 145) . Necessariam ente, então, a energia libidinal, não sexual, se desloca por sem elhança que é o que lhe possibilita pousar tanto na m ãe com o objeto de desejo quanto nos cultos à m ãe terra com o fornecedora de alim ento ( Cf. JUNG, 1952/ 1986, p. 146) . É este ritm o analógico que confere à libido o caráter de energia geral.8

O recurso às analogias, especialm ente quando aplicado ao fenôm eno social, representa com freqüência, no pensam ento freudiano, um calcanhar-de-aquiles, um a m ácula do m étodo e um sinal de fraqueza e falta de rigor, ao qual os próprios psicanalistas têm de retornar muitas vezes para criticar, corrigir, m e-lhorar. Em Jung, com o já vim os, o pensam ento analógico assum irá um caráter nuclear ao próprio m étodo. Conceitos centrais na psicologia analítica, com o a noção de arquétipos e inconsciente coletivo, por exem plo, são totalm ente tri-butários do conceito de libido com o energia geral, portanto dessexualizada, que se deslocaria por “estruturas idênticas” e se alojaria em objetos análogos. Daí, algum as questões im portantes se colocam : o pensam ento freudiano, ao buscar solucionar a passagem do social ao coletivo por sim ilitude, não estaria

8É im portante notar que o m esm o m odelo analógico de interpretação atingirá em cheio o caráter sexual da libido, ao m esm o tem po que perm itirá o surgim ento de conceitos centrais na psicologia analítica, com o os de arquétipos e inconsciente coletivo. No prim eiro caso Jung com enta a respeito da regressão:

“ A conseqüência disto é que os fenôm enos daí decorrentes têm em si o caráter de ato sexual, m as não são atos sexuais reais. Assim tam bém a produção de fogo é apenas a analogia de um ato sexual, assim com o este é freqüentem ente usado na linguagem corrente com o analogia de atividades com pletam ente diversas. A fase pré-sexual da prim eira infância, à qual a regressão retorna, caracteriza-se por num erosas possibilidades de aplicação, porque a libido ali readquire sua polivalência indiferenciada original ( JUNG, 1952/ 1973, p. 145) .

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incorrendo no mesmo erro, sinal de uma certa “fragilidade epistemológica”?9 Ou ainda, não estaria a analogia estruturando o próprio m étodo e a teoria psicana-lítica antes m esm o das pretensões “aplicativas” de Freud e seus seguidores?

Um a prim eira resposta genérica à prim eira questão é certam ente sim , não há dúvida de que a analogia é um recurso recorrente na obra freudiana quando o assunto é o fenôm eno social, isto desde Totem e tabu.10 Quanto à segunda ques-tão, creio que ainda é preciso discuti-la m uito; pois um a coisa é adm itir o recurso analógico no esteio de certas figuras, m etáforas, histórias que Freud cria para superar m om entaneam ente certos problem as de entendim ento da teo-ria psicanalítica ou do entendim ento da aplicação da teoteo-ria; outra coisa é assu-m ir que a assu-m etapsicologia eassu-m si assu-m esassu-m a se escora nos analogisassu-m os no engen-dram ento do seu cam po conceitual, o que seria refletido no m étodo de trabalho da psicanálise. Com o nosso propósito é não perder de vista a controvérsia Freud e Jung, tentando extrair algo m ais dela, optarem os por experim entar um a das respostas possíveis a este conjunto de problem as. Discutirem os o debate clínico

apresentado por Freud no Caso do Hom em dos Lobos, que tam bém é parte

daquele conjunto de textos fundam entais da obra freudiana que tem entre suas preocupações responder às críticas de Jung. Neste caso, procurarem os no m éto-do ( re) construtivo, proposto por Freud, um a alternativa ao m étoéto-do analógico; nosso objetivo é fazer frente às críticas — quase invencíveis ( e salutares) — à psicanálise, que atribuem a Freud o uso de sim plórias soluções analógicas ante problem as m etodológicos e m etapsicológicos com plexos.

O ANALÓGICO, O RECONSTRUÍDO E O FENÔMENO SOCIAL

A analogia nos instrui a perceber no jogo analógico um recurso do psiquism o, m ais precisam ente das defesas inconscientes e de seus mecanismos. Freud assina-lou, em várias ocasiões,11 sua relevância central que a lupa psicanalítica revela. Donde poderm os, com algum a im precisão, dizer que o sintom a é um a in-venção psíquica análoga ao conflito. O psiquism o força e inventa analogias e a associação livre, a interpretação do sonho e da fantasia, a análise dos atos falhos

9Ver Michel Plon ( 1999) , em que o papel da analogia na teorização freudiana é discutido. Ali ele sugere que o dualism o, presente na obra freudiana, é o que im pele às soluções analógicas frente a determ inados problem as m etapsicológicos. A analogia, portanto, com o um recurso anterior ao advento da psicanálise aplicada.

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e a leitura do cam po transferencial são recursos do m étodo que possibilitam reencontrar, num em aranhado de analogias que o psiquism o inventa e reinventa, o conflito psíquico em estado de repetição.

Diferen tem en te dos an alogism os da psiqu e, o m étodo psican alítico n ão opera por an alogias, caso con trário o m étodo n ão faria m ais do qu e repetir ao in fin ito o m odus operandi das defesas. O m étodo an alítico trabalh a pela via de u m procedim en to den om in ado, desde cedo, por Freu d, de con str u ção. Este m étodo supõe que será o recém -construído o evento próprio ao trabalho de um a análise; portanto aquilo que acabou de nascer e não tem , na experiência do sujeito, nenhum análogo. As razões pelas qu ais u m lobo, u m a borboleta ou u m cavalo se tor n am an álogos do pai só poderão ser descritas e com preen -didas através da an álise da desrazão ( in con scien te) qu e u m a an álise deve aju dar a con str u ir.

A analogia na psicanálise, creio, faz parte da lógica do sintom a e não da lógica do m étodo; sendo, entretanto, o m étodo que evidenciará esta lógica, invisível a olho nu.

Mas não seriam a associação livre, a transferência, a interpretação dos so-nhos, recursos do m étodo psicanalítico que supõe o analógico? Sem dúvida, m as para evidenciar o m odo de funcionam ento psíquico inconsciente, revelan-do ao paciente as artim anhas singulares de engendram ento destas sim ilitudes — onde o próprio sintom a funciona com o um análogo do conflito. Reconhecer relações de sem elhança entre conteúdos aparentem ente díspares naquilo que o paciente nos diz não constitui senão o ponto de partida e o sinal de um m eca-nism o de defesa inconsciente, ainda a ser elucidado. A questão obviam ente nun-ca é respondida enquanto se perm anece no “isto representa aquilo”, ou “isto é sem elhante àquilo outro”; m as sim quando torna-se possível responder com o e por quais cam inhos tal sem elhança foi estabelecida, cam inhos estes que deter-m inadeter-m , ao deter-m esdeter-m o tedeter-m po, udeter-m novo fato psíquico: o sintodeter-m a. Deste deter-m odo é possível dizer que, no lim ite ( e rigorosam ente falando) , o conteúdo analógico é sem elhante a tudo e a nada, e portanto não se esgota em nenhum paream ento preciso, m as freqüentem ente insiste para m uito além de sua relação de conteú-do, ativado pelo conflito em jogo.

Assim se o jogo analógico parece sim ples em sua versão conteúdo ( lobo = pai = analista = etc.) , é de outro lado infinitam ente com plexo em sua constru-ção singular e inédita.

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O m étodo construtivo, exem plarm ente dem onstrado por Freud no caso do Hom em dos Lobos, nos rem ete ao trabalho que, de certo m odo, se opõe ao m ecanism o de construção por sim ilitude. Com o disse um a vez Serge Viderm an ( 1990, p. 213) “há troça nesta troca”; onde a troca, a substituição, o desloca-m ento, relançadesloca-m , via analogia, o conflito para alédesloca-m do alcance da consciência. Enquanto o analista observa os desdobram entos, as artim anhas e os subter-fúgios extraordinários do trabalho psíquico inconsciente, reconhece tam bém que há algo neste cam po de forças, gerador de repetições em inúm eras form as variáveis, que pode ser transform ado através do trabalho analítico em benefício do bem -estar do paciente. As sucessivas analogias, com ponentes do sintom a e portanto representantes do conflito, tanto podem perm itir o m apeam ento cada vez m ais claro do conflito em jogo quanto escam oteá-lo com pletam ente. À luz do m étodo psicanalítico, tal com o podem os acom panhar no Hom em dos Lo-bos, é possível reconhecer que novas e inéditas passagens ( tanto da história do paciente quanto da história da teoria) são sugeridas por Freud a fim de rom per sucessivam ente com a evidência superficial fornecida pelas analogias extraídas das associações do próprio paciente. Cria-se desta m aneira um novo circuito onde a teoria pode operar, facilitando novas construções interpretativas. Isto fica bem evidenciado quando Freud pede ao leitor, do caso do Hom em dos Lobos, apesar de todas as objeções possíveis, que aceite “ provisoriam ente a realidade da cena” ( FREUD, 1918/ 1981, p.1.960) . Trata-se da cena prim ária ( term o introduzido pela prim eira vez num texto de Freud, segundo Strachey) . Com a sua proposição Freu d bu sca u m a n ova in flexão, u m n ovo vértice ca-paz de alterar as possibilidades de in terpretação do caso. Trata-se da in tro-du ção de u m n ovo elem ento teórico que, m esm o atraindo um a série de outros problem as m etodológicos,12 perm itirá realizar ou tras e n ovas in terpretações du ran te o trabalh o de an álise. Freu d sabe das críticas qu e sobrevirão a este p ed id o d e aceitação p ro visó ria e o s assu m e p o r co m p leto ; ap ro veitan d o para argu m en tar aí, em su a defesa, con tra as possíveis acusações do papel sugestionador do analista durante a análise. Seu argum ento evocará aquelas experiências m ais específicas do processo e do m étodo analítico, onde se ins-crevem as construções:

“É claro que o analista que ouve esta reprovação, evocará, para sua tranqüilidade, quão pouco a pouco vai tom ando corpo a construção daquela fantasia suposta-m en te in spirada por ele ao en fersuposta-m o, qu ão in depen den te do estísuposta-m u lo suposta-m édico

dem onstrou-se em m uitos pontos sua conform ação, com o, a partir de um a certa

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fase do tratam ento, pareceu convergir tudo até ela, com o, na síntese, em anaram delas os m ais diversos e singulares efeitos e com o, naquela única hipótese, encon-traram sua solução os grandes e pequenos problem as e singularidades da história da enferm idade, e poderá constatar que não se reconhece penetração suficiente para

descobrir um acontecim ento que, por si só, possa preencher todas estas condições. Porém , tam pouco esta alegação fará algum efeito aos contraditores, que não vive-ram por si m esm os a análise.” ( FREUD, 1918/ 1981, p. 1.968)

Elem entos que Freud conclui, um tanto tristem ente, só poderem ser consta-tados durante a experiên cia de an álise; razão pela qu al o texto do caso do Hom em dos Lobos ser dirigido, n ão aos adversários, n ão aos in ician tes, m as aos pares. Este aspecto do m étodo an alítico , que depende das sucessivas con-firm ações a posteriori, con tin u am en te refeitas, se opõem en tão, de m odo claro, à id éia p resen te n as co n sid eraçõ es ju n gu ian as q u e in d icam e m an tém a “ atu alid ad e e a regressão ” ( Cf. FREUD, 1 9 1 8 / 1 9 8 1 , p. 1 .9 6 8 ) co m o d o is pólos invariantes e tensionadores dos processos psíquicos e portanto do traba-lho. Um a de suas conseqüências será a defesa da analogia com o fundam ento do próprio m étodo. Da realidade atual, via regressão, ao passado ( arquetípico) ; de analogia em analogia até qu e o sign ificado estan qu e n u m sign ifican te prim evo e o r igin ár io. Freu d d eixará claro q u e ju n to a este veto r “ ten h o d eixad o lu gar su ficien te para u m a segu n da in flu ên cia progressiva qu e atu a partin do das im pressões in fan tis, m ostra o cam inho à libido que se retira da vida e torna com preensível a in fân cia, in explicável de ou tro m odo”( FREUD, 1918/ 1981, p. 1.969) .

Esta influência progressiva, de caráter singular, que carrega im ensas dificul-dades de generalização e transm issão, constituem , grosseiram ente falando, o cam po próprio do trabalho analítico, onde ele se executa. Neste cam po, a ana-logia m enos esclarece do que encobre, sendo por isto m esm o m ais aparência sinuosa do conflito em jogo, do que o cam inho de um esclarecim ento cabal e sem equívocos.

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psi-canálise, convenham os, não se diferenciam m uito, por exem plo, da com paração entre as guerras e a divisão celular; entre a ascensão do nazism o e o nascim ento e a m orte das estrelas; entre o feudalism o e o com plexo de castração. Tais expla-nações têm ( quando m uito) um caráter didático e explicativo, faltando-lhe a legitim ação m etodológica que perm ite com preender com o se chega ao estabe-lecim ento destas relações e sim ilitudes, por vezes tão bizarras. Seriam os inú-m eros trabalhos realizados dentro de uinú-m a verdadeira práxis psicanalítica, per-m anenteper-m ente reconstruída, ainda que per-m uitas vezes longe dos consultórios, incapazes de fornecer no âm bito da própria clínica, problem as conceituais re-levantes que transform em ao m esm o tem po nossos instrum entos teóricos e nossa com preensão dos fenôm enos sociais sobre os quais m uitos psicanalistas trabalham há tanto tem po?

Neste sentido, penso que um a das grandes vantagens de retom ar as contro-vérsias entre Freud e Jung ( e aí reler o Hom em dos Lobos) , é acom panhar este retorno de Freud à clínica, no m om ento em que os fenôm enos sociais cresciam em interesse entre os psicanalistas, para rediscutir o m étodo, além de ( por que não?) , voltar a responder, discutir e divergir das tentativas junguianas em arti-cular o coletivo e o individual.

A essência e a herança deste conflito e destas dificuldades prevalecem até hoje nas inúm eras tentativas de pensar o social a partir do sexual; passagem onde, a m eu ver, reside a coerência e a substância do pensam ento freudiano e, certam ente, um a das grandes questões para a psicanálise nesta virada de século.

Recebido em 30/ 7/ 2000. Aceito em 12/ 2/ 2001.

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Paulo Endo

Ru a Ricard o Severo 7 6 Perd izes 0 5 0 1 0 - 0 1 0 São Pau lo SP

Referências

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