UNIVERSIDADE
DE
SÃO
PAULO
INSTITUTO
DE
GEOCIÊNCIAS
MUDANçAS PALEOAMBIENTAIS
NA
REGIAO
DOS
CERRADOS
DO
PLANALTO CENTRAL
DURANTE
o
QUATERNÁnlo
TARDIO:
O
ESTUDO
DA
LAGOA BONITA'
DF
Maira
Barberi
Orientador:
Prof.
Dr.
Kenitiro SuguioCo-Orientador: Profa.
Dra.
MariaLea
Salgado-LabouriauTESE
DE
DOUTORAMENTOPrograma
de
Pós-Graduaçåo em Geologia SedimentarSÃO
PAULOMUDANçAS PALEOAMBIENTAIS NA REGIAO
DOS
CERRADOS
DO
PLANALTO CENTRAL DURANTE
O
QUATERNÁRO TARDIO: O ESTUDO DA LAGOA
BONITA,
DF
MAIRA
BARBERI
Orientador: Prof.
Dr. Kenitiro Suguio
TESE
DE DOUTORAMENTO
coMtssÃo .tulcADoRA
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ç...r
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''ar'ai *t
grÊlt-tortca e
¡ ,__i
Jlr'l
t,
J
Presidente:
Prof.Examinadores:
Prof.
Prof.
Nome
Dr. Kenitiro Suguio
oÉ' fat¡a Regina FerrazVicentini
Dr. Luiz Carlos Ruiz Pessenda
DÉ Marie Pierre Ledru
Dr. Paulo Cesar Fonseca Giannini
SAO PAULO 2001
UNIVERSIDADE
DE
SÃO
PAULO
INSTITUTO DE
GEOCIÊNCNS
MUDANçAS PALEOAMBIENTAIS NA
REGñO
DOS
CERRADOS
DO
PLANALTO CENTRAL DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO:
O ESTUDO DA LAGOA BONITA
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Maira Barberi
Orientador:
Prof. Dr.
Kenitiro
Suguio
Co-Orientador: Prof. Dra, Maria Lea Salgado-Labouriau
TESE DE
DOUTORAMENTO
Programa de Pós-Graduaçäo em Geologia
Sedimentar
SÃO PAULO
2001
DEDALUS -Acervo - lGC
r illll |ilil ililr ilil ililr ililr ililr ilil| lllll lllll lllll lil llll
. ¡_,
Barberi, Maìra
Mudanças paleoambientais na região dos cerrados do Planalto
Central durante o Quaternário tard¡o: o estudo dâ Lagoa Bonita, DF/
Maira Barþeri. Säo Paulo, 200'l .
XV, 21 0p,:il.
Tese (Doutorado): lGc/USP
Orient.: Suguio, Kenitiro
Co-orient.: Salgado-Labouriau, Maria Léa
l.Paleoecologia 2.Análise palinológica 3.Cerrado 4.Planalto
Central 5.Paleoclimatologia l. Mudanças paleoambienta¡s na região
dos cerrados do Planalto Central durante o Quaternár¡o tardio: O
DEDICATÓR|A
Aos meus amigos que tornaram este trabalho possível'
Ao
professor Dr. Kenitiro Suguio pela oportunidade, pelos conhecimentos transmitidos e pela orientação.À
professora Dra. Maria Lea Salgado-Labouriau, pela orientaçåo técnica econvívio
que
perm¡tiua
consolidaçãoda
amizade,
pela
oportunidade decompartilhar sua estrada profissional
e
principalmente por tornar este trabalhouma fonte de prazer e de conhecimento, muito além do conhecimento técnico.
Ao
lnstitutode
Geociênciasda
Universidadede
São
Paulopelo
apoio institucional.Ao
Centro
de
Aperfeiçoamentode
Professoresdo
Ensino Superior-CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado.
À Vice-Reitoria de Pós-Graduaçäo e Pesquisa da Universidade Católica de
Goiás pela licença
e
em especial ao professor Dr. Nelson Jorge da Silva Jorge, vice-reitor de pesquisa e pós-graduação pelo apoio institucional.Ao
IRD (lnstitutde
Recherche pourle
Développement) pelas datações radiocarbônicas e pela sondagem do testemunho utilizado nesta pesquisa.Ao
lnstituto de Geociências da Universidade de Brasília na pessoa do Dr.Demerval
do
Carmo
por
disponibilizaras
instalaçõesdo
Laboratório de Micropaleontologia onde foram efetuadosos
procedimentosde
preparação do material para análise palinológica.Ao lnstituto de Geociências da Universidade de Brasília, pelas análises de difração de raios-X e em especial à professora Dra. Edi Guimarães, coordenadora do laboratório, pela orientaçäo na análise mineralógica e revisäo do texto além do apoio e amizade.
À
professora MSc. Marta Regina Magalhães coordenadora do Centro dev
À secretaria de Pós-graduação do lnst¡tuto de Geociência_s da Universidade
de São Paulo, nas pessoas de Ana Paula Cabanal e Magali Poli Fernandes Rizzo,
pela competência, eficiência e atenção, muito além de suas obrigaçöes, para com
esta aluna distante fisicamente.
À Dra. Katia Regina Ferraz-Vicentini pela orientação e auxílio na utilização
do
ProgramaTillia, pelas
discussões proveitosas,mas
principalmente pela amizade e apoio.Ao professor. Dr. Fabrizio D'Áyala Valva da Universidade Federal de Goiás por acreditar neste trabafho e se dispor a concretízar uma parceria na busca de
apoio financeiro
para
a
montagemdo
laboratório
de
Paleoecologia naUniversidade de Goiás. Meu desejo de que esta parceria tenha vida longa.
Ao
CNPq
pelo
apoio financeiro
na
montagemdo
Laboratório dePaleoecologia, espaço fundamental para
a
finalização deste trabalhoe
para aconcretização de trabalhos futuros.
Ao geólogo Jofre Valmório de Lacerda Filho, gerente de recursos minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
-
GO, pelo apoío institucional,mas principalmente pela amizade e incentivo.
A
Dra. Lindinalva Mamededo
IBGE pelas discussöes valiosas, auxílio, apoio e amizade.Ao geólogo Péricles Prado pela confecção dos mapas, pela paciência com
minhas solicitações, mas principalmente pela nova amizade.
Aos professores Júlio Cezar Rubin de Rubin e Rosiclér Theodoro da Silva pelas discussöes técnicas, por acreditarem que juntos poderemos construir uma
nova linha de pesquisa sob condiçöes tão adversas como as que vigoram longe
dos
grandescentros
de
pesquisa,por
se
disporema
tentar
comigo, masprincipalmente pela amizade, auxílio e apoio.
Ao
professore
amigo Dr. Altair Sales Barbosa por disponibilizar material inédito.A
professora Maria Cira Jorge Meirelles, pela revisão criteriosa do texto,pelo incentivo constante, mas principalmente por sua amizade preciosa.
Aos monitores
e
estagiários, Fernanda, Flávia, Lllian, Lucianoe
Mateus,Aos amigos Gislene Lisboa, Elizabete Santana, Eleno de_Paula Rodrigues
e Wilson Ribeiro Filho pelo apoio, auxílio, incentivo e amizade.
Ao
engenheiro agrônomoMSc
Orione Alvaresda
Silva
pelo apoio
eincentivo, pela elaboração dos programas de análises dos dados palinológicos,
pelas inúmeras discussões técnicas,
pela
parceriano
projetodo
CNPq, pelalonga, constante e agradável parceria nos trabalhos de c¿¡mpo, por disponibilizar a
i nfra-estrutu ra, mas princi pal mente pela amizade.
Aos amigos de todas
as
horas, através dos quais pudeter
acesso aos equipamentos,análises,
informações,. bibliografias,e
as
mais
diferentes e necessárias formas de auxílio, além de apoioe
incentivo. Vocês tornaram este trabalho possível e a vocês ele é dedicado.À minha famÍlia, amiga de todas as horas e sempre tão presente e solidária
para
coma
minha buscade
conhecimentos,se
dispondoa
me
auxiliar porinfinitos meios.
Em
especial,um
agradecimentoàs
minhasfilhas
Mariana e Roberta, minha mãe Maria Hermíniae
meu irmão Carlos. Este trabalhoé
devocês também.
Ao
arquiteto Rogerio Batagliesipelo
apoio durantea
execução deste trabalho, pelo auxílio fìnanceiro e pelo seu interesse em um assunto tão distanteSUMÁR¡O
DEDICATÓRA AGRADECIMENTOS ír,¡o¡ce DE
FtcuRAs
it¡oIce
DE TABELASRESUMO
ABSTRACT
1.
rNrnoouçÃo
1.1
Objetivos2.
CARACTERIZAçÃODAÁREADEESTUDO2.1
Localização2.2
Hidrografia2.3
Geologia2.3.1
Geologia Regional2.3.2
Geologia Local2.4
Geomorfologia2.5
Solos2.6
Clima2.7
Vegetação2.7.1
O bioma Cerrado2.7.2
Hislória evolutiva do Cerrado2.7.3
Ocupação do bioma Cerrado no Planalto Central2.7.4
Yegelaç€o da área de estudo3,
METODOLOG¡A3.1
Atividades de campo3.2
Atividades de laboratório¡¡i
iv
ix
xi
xii
xiv
1
6
7 7
I
11
'11
l3
16 19
21
25 25 30 38 53
3.2.2.1
Fundamentos3.2.2.2
Preparação do sedimento3.2.2.3
Análise do material ao microscópio3.2.2.4
Organízação dos dados3.2.2.5
Apresentação dos diagramas de palinomorfos4.
RESULTADOS4.1
Descrição do testemunho4.2
Análise mineralógica por difração de raios X4.3
Análisepalinológica4.4
Síntese5.
DTSCUSSÕES5.1
DadosPaleoecológícos5.2
DadosArqueológicos6.
CONCLUSÕESREFERÊNCLAS BIBLIOGRÁFrcAS
ANEXOS ANEXO 01 ANEXO 02
ANEXO 03
ANEXO 04
APÊNDrcE APÊNDICE A
trtt
69 72 74 76
82 82 87 93 122
Registro fotográfico dos tipos polínicos
TABELA 3.1 : Relação de tipos polínícos do sedimento
157
172
172
da Lagoa Bonita,
DF
1BOTABETA 3.2: Variáveis físicas e biológicas utilizadas
no cálculo da
concentração
187TABELA 3.3: Qualificação e quantificação dos tipos
polínicos da Lagoa Bonita,
DF
iBB 125 125147
153
FIGURA 2.1
FIGURA 2.2 FIGURA 2.3
FIGURA 2.4 FIGURA 2.5
FIGURA 2.6
FIGURA 2.7
FIGURA 2.8 FIGURA 2.9
FIGURA 2.IO
FIGURA 2.11
FIGUM2.12
FIGURA 2.13
FIGURA 2.14
FIGURA 2.15
FIGURA 2,16
FIGURA 2.17
FIGURA 2.18
FIGURA 2.19
LISTA DE FIGURAS
Vista geral da Lagoa Bonita, Planaltina,
DF
7Localização daárea de
estudo
I
Rede de drenagem e indicação da área que corresponde
ao divisor das bacias hidrográficas dos rios Amazonas
e Paraná
Mapa geológico simplificado do Distrito Federal
Mapa geomorfológico
Mapa pedológico
Sistemas de circulação atmosférica e diferenciações
climáticas considerando em conjunto os regimes
térmico e
pluviométrico
23Distribuição do bioma
Cerrado
26Localização dos sítios arqueológicos na América do Sul
10 15 18
20
ao final do Pleistoceno
Distribuição da Tradição ltaparica
Artefatos lfticos plano-convexos trabalhados como raspadores, característ¡cos da Tradição ltaparica Distribuição da vegetaçäo regional
Distribuição da vegetaçäo regional em 1997
Distribuição da vegetação no entorno da Lagoa Bonita Aspecto característico do Cerrado Típico do entorno da Lagoa Bonita, DF
Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um
Cerrado Típico representando uma faixa de 40m de
comprimento por10m de largura
Aspecto característico de um Campo Limpo Úmido do entorno de lagoas na regiäo de Planaltina, DF
Aspecto característico da Vereda localizada junto à
Lagoa Bonita, DF
Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma vereda representando uma faixa de 40m de comprimento por 10m de largura
FIGURA 3.1
FIGURA 3,2
FIGURA 3.3
FIGURA 4.1
FIGURA 4.2
FIGURA 4.3
FIGURA 4.4
FIGURA 4.5
FIGURA 4.6
FIGURA 4.7
FIGURA 4.8
FIGURA 4.9
FIGURA 4.10
FIGURA 4.11
FIGURA 4.12
FIGURA 4.13
FIGURA 4.14
FIGURA 4.15
FIGURA 4.16
Estrat¡graf¡a e indicação das amostras para datação radiocarbônica, análise palinológica e m¡neralógica do
testemunho da Lagoa
Bonita
68Exemplos de curvas de saturação dos níveis 9 e
20
80lndicação dos 40 elementos utilizados para a determinação
das ecozonas do sedimento da Lagoa
Bonita
81 Estratigrafia, datação radiocarbônica, datas extrapoladase conteúdo mineralógico em proporçöes relativas de quartzo
e argilominerais do testemunho da Lagoa
Bonita
90Diagrama de porcentagem dos tipos polínicos da
Lagoa
Bonita
103Diagrama de porcentagem dos diferentes tipos de
hábitos
104Diagrama de porcentagem das diferentes
fitofisionomias
105Diagrama de porcentagem dos diferentes tipos de
Vegetação
106Diagrama de porcentagem dos palinomorfos em curvas
Expandidas
107Diagrama de concentração dos diferentes tipos de
Palinomorfos
108Diagrama de concentração dos elementos arbóreos de
VeredaeMata-l
109Diagrama de concentração de elementos arbóreos de
Mata -
ll
110Diagrama de concentração de elementos arbóreos de
Cerrado e outros elementos
arbóreos
111Diagrama de concentração de elementos herbáceos e
outros elementos -
|
112Diagrama de concentração de elementos herbáceos e
e outros elementos -
ll
113Diagrama de concentração de elementos palustres,
Pteridófitas e
algas
114Diagrama de concentração dos tipos de
vegetação
115 Histograma de concentraçâo das partículas de carvão dosedimento e das amostras de superfície da Lagoa
Bonita
116Histograma de porcentagem dos elementos arbóreos e herbáceos das amostras de superfície da Lagoa Bonita e
FIGURA
4.I7
FIGURA 4..I8
FIGURA 4.19
FIGURA 4.20
FIGURA 4.21
FIGURA 5.1
TABELA 4.1
TABELA 5.1
Histograma de porcentagem dos elementos palustres,
Pteridófitas, algas e fungos das amostras de superfície da Lagoa Bonita e da Vereda de Aguas Emendadas
Histograma de concentraçäo dos elementos arbóreos
das.amostras de superflcie da Lagoa Bonita e da Vereda
de Aguas Emendadas
Histograma de concentração dos elementos herbáceos e
outros elementos das amostras de superfície da Lagoa
Bonita e da Vereda de Águas Emendadas
Histograma de concentração dos elementos palustres,
Pteridófitas, algas e fungos das amostras de superfície da Lagoa Bonita e da Vereda de Aguas Emendadas
Perfis esquemáticos representando a evolução da
Paisagem na Lagoa Bonita durante o Quaternário tardio
Mapa de localização das áreas de estudos com
análises palinológicas
118
119
120
121
LISTA DE TABELAS
Datações radiocarbônicas e taxas de sedimentação
-Lagoa Bonita
Síntese das características físicas das áreas analisadas
124
127
126
A
presente pesquisa
versa sobre
a
evolução
paleoambiental, principalmente paleoclimática, no decorrer do Pleistoceno tardio-
Holoceno, deuma área
atualmente recobertapor
cerrados, localizadano
Planalto Central Brasileiro, a nordeste do Distrito Federal.As
interpretaçöes paleoecológicas
foram
baseadas
nas
análisespalinológica
e
mineralógicado
sedimentocontido
em
um
testemunho desondagem obtido na seqüência estratigráfica depositada na Lagoa Bonita, DF.
As
dataçöes
radiocarbônicas permitiram estabeleceras
idades
dasdiferentes
fases
da
sedimentaçãoe
o
início
de
formaçâoda
lagoa,
háaproximadamente 26.000 anos AP - Antes do Presente (idade extrapolada).
A
análise
palinológica, baseadaem
diagramasde
porcentageme
de concentração dos palinomorfos preservados no sedimento, permitiu estabelecer,através
de
procedimentos estatísticos,
sete
ecozonas
que
evidencíammodificações na composição e distribuição da vegetação durante o Quaternário tardio - Holoceno, provocadas provavelmente por mudanças paleoclimáticas.
A
análise
mineralógicapor
difratometriade
raios-X, possibilitou
aidentificação dos argilominerais, complementando as informações palinológicas, pr¡ncipalmente
em
intervalosonde
não
há
registro
de
palinomorfos. Estaabordagem interdisciplinar
mostrou-se bastante
eficiente
em
estudospaleoecológícos.
A evolução paleoambiental da região da Lagoa Bonita é marcada por dois intervalos
com
características distintas quantoao
conteúdoe
distribuição davegetação, separados por uma fase quando vigoravam condiçóes mais secas que no presente.
Embora ocorram oscilações
nos
dois
intervalos identificados,as
quais possibilitarama
definição das ecozonas,a
seqüência inferior, posicionada noPleniglacial superior,
é
representadapor
um
conjunto com predominância dextu
A
seqüência superior, depositadaa
partir
do
Glacial tardio-é
marcada pelo predomíniode
elementosde
cerrado indicando um clima com duas estações (bissazonal), eþm a ¡mplantação da vereda, identificada a partir da ocorrência de Mauritia, na parte superior, por volta de 6.300 + 40 AP.This
research deals withthe
palaeoenvironmental, mainly palaeoclimatic evolution, during the Late Pleistocene-
Holocene, of an area, presenfly coveredby savannas, and located in the Central Brazilian High Plains, in the northeastern
region of the Federal District, Brazil.
The
palaeoecological interpretationsof this
research were based on the palynological and mineralogical analyses of lake sediment samples from a 3.S m long core of Lagoa Bonita, Central Brazil. The ages of the different sed¡mentationphases,
as
well
as
that
of the
onsetof the
lake
about 26,000yrs
Bp,
were obtained by radiocarbon analyses.The
palynologicalanalysis,
based
on
concentrationand
percentagediagrams of the palynomorphs preserved in the sediment, @upled with statistical procedures, permitted
the
establishmentof
seven ecological zones. They show variations in the composition and distribution of different vegetation types, duringthe
Late
Pleistoceneand
Holocene, whichwere
probably c€¡usedby
climaticchanges.
The X-ray diffraction analysis of sediment samples allowed the identification
of the clay
minerals, complementingthe
palynological information, mainly inintervals without pollen record. This interdisciplinary approach has been efficienfly
used in various palaeoecological studies.
The
palaeoenv¡ronmentalevolution
of
Lagoa Bonita
is
marked
by sedimentary episodes, characterizedby two
different phasesof
vegetationalcomposition
and
distribution,separed
by
a
phase during which
semi-aridconditions were present.
Although there were fluctuations ¡n
the two
identified periods,the
lowersequence, located
in
the
Upper
Pleniglacial,is
representedby
a
set
of predominantly arboreal and swamp elements, indicative of a more humid and coldclimate than
at
present.The
upper sequence, deposited afterthe
Late GlacialMaximum, is marked by savanna elements, and by the establishment of Mauritia
xv
The changes occurred during the Late pleistocene, can -be correlated with
Os estudos paleoambientais representam importante fonte de dados palE a
compreensão dos diferentes ecossistemas
e
de suas alterações no decorrer do tempo geologico, as qua¡s podem oconer por ação antrópica ou por mudançasnaturais do clima.
o
díma
constih¡ium fator
decÍsivona
dinämica superficiarda
Tena,controlando não só a distribuição dos organismos, como o tipo e a intensidade de
atuação
dos
processos intempéricose
erosivos. Embora
as
modrrcações paleoclimáticas possam ser estabelecidas a partir de estudos paleoecológícos, oreconhec¡mento das causas é bastante complexo.
Segundo Suguio (1999), no controle das modificações ¡nterage uma série de fatores que inc{uem variações nos parâmetros orbiûais da tena, aos quais se
somam ou suþtraem f¡tores de dinâmica inferna, gue controlam a formação
e
oposic¡onamento
de
cadeiasde
montanhas. Atuando também neste conjunto de variáveis destacam-se os fatores da d¡nâm¡ca externa, que inclui o típo de cl¡ma,resultante
da
interaçãode paråmefos
como lalih¡dee
altitudee
sistemas de circulação atmosférica.Desta forma,
a
resposta finaldo
ambienteàs
modificações crimáticas, éconseqtiência
da
interaçãode
fatores
de
caráter
mundiat,com
elementos regionaise
locais,onde
novos parâmetros,como
altitude, condicionamentos geológico, geomorfológicoe
pedológ¡co, contribuem paraa
configuraçãodele
quadro bastante complexo.uma das principais fenamentas para se efetivar estt¡dos paleoecológicos é representada pela paleopalinologia que permite, a partir da anålise de espectros de palinomorfos preservados em sedimentos, o estudo qualitativo, quant¡tativo e estatístíco
das
alteraçõesocor¡das nas
comunidades vegetais,em
função de modificações elimáticas. Estetipo de
estudo, quando envolve outnas análises, procurando contemplaro
carátêr interdisciplinarda
paleoecologia, permite obter melhores ¡nterpretações, além de preencher lacunas quando não há registro de2
Modificações na paisagem do tenitório brasileiro,
já
haviam sido sugerídas por Ab'Saber (1977)e
Ab'Saber&
Bþarella (apud Bigarellaet
al.,
1994), queapontiavam para uma série de discrepâncias entre as condições ambientais atuais
e as feições geomorfológícas, embora com pouco suporte de dados s¡stemát¡cos
e quantìtativos, pr¡ncipalmente de datações.
Poster¡ormente,
estudos
de
caráter
mais
sistemático,baseados
emanál¡ses pal¡nológ¡cas de sedimentos lacustres e de turfeiras, foram realizados na
região andina
e
em
teras
ba¡xas tropicaisda
América
do
Sul,
revelando marcantes variaçöes no conteúdo e distribuíção dos palinomorfos, evidenciando importantes modificaç@s ambientais relacionáveis às glaciações pleistocênicas.Alterações
na
pa¡sagem também foram reg¡stradasno
Hofoceno, sendo relacionadas, por alguns autores, à anomalías climáticas do tipo "El Niño", onde as modif¡cações na c¡rculação das massas de ar constituem respostas à atuaçãode forças astronômicas (Martin ef a/., 1993; 1995; 1997; Turcq ef al,, '1993; Suguio
efal.,1996).
Em
razão
do
nívcl
de
detalhamentomaior
fornecido
pela
anál¡sepalinológica, associado à possibilidade de datação radiocarbônica de sedimentos lacustres
e
de turfeiras do Pleistoceno tardio-
Holoceno, trabalhos utilizando o registro de palinomorfos, têm sido desenvolvidos, nas terras baixas tropicais, emáreas
atualmente recobertaspela
florestatropical
úmídae
pelos
cenados, procurando estabelecera
d¡nâm¡cada
vegetaçãoe
as
modif¡cações climáticas durante o Quatemário tard¡o.Nos Llanos Orientais da Colômbia, em áreas recobertas pelos cenados, o regisfro dos sedimentos lacustres ind¡ca que o cerrado esteve estável nos últimos
18.000
anos,
com
pequenas mudanças
na
proporção
floresta/cenado,relacionadas
à
fase
mais
seca
durante
o
Úftimo Máximo Glacial
(UMG).Condições mais úmidas, com a expansäo da floresta de galeria, são reg¡stradas
por
vonade
10.700 anosAP
(Antesdo
Presente), pemanecendo durante o Holoceno, 6om pequenas variaçöes (Behling & Hooghiemstra, 1999).Dados palinológicos, proven¡entes
de
Rondônia,da
Serra dos Carajás e das Guianas, sugerem uma fragmentação da floresta trop¡cal, com expansäo dospartir do Glacial tard¡o
e
iníc¡odo
Holoceno (13-000a
10.000AP)
(Absyef
a/.,1991; van der Hammen & Absy, 1994).
Registro de condições mais secas que as atuais na Amazônia, durante o
final
do
Ple¡stoceno, foram obtídos também,a
pañ¡rda
análisedos
típos de depósftos sed¡mentarese
de
processosde
dinâmica superf¡c¡al (Clapperton,1993; lriondo & Latrubesse, 1994).
Trabalhos interdisciplinares desenvolvidos
na
Sena dos
Caraiás (PA),abordando partículas
de
carvão
e
análises química
e
m¡croscópica dossedimentos lacustres, alêm
de
estudos pal¡nológicos, evidenciaram mudanças climáticas nos últimos 30.000 anos AP, com ênlase parao
Holoceno, a parlir de7.000
anosAP,
quandoforam
regístradasfases
com freqüência variável de eventos de incêndios, associadosa
episódios curtos de seca (Sifeddineet
al.,1994; Cordeiro, 1995; Turcq
etal.,
1998).Na porção oeste da Amazônia, na região do Alto R¡o Negro, embora não
ocorra registro de fragmentação da floresta, a presença de espécies atualmente restritas às altas elevações condicionadas pela temperatura, indica uma queda na
temperatura da ordem de
5
a 6" Ç, por volta de 40.000 anos AP (Colinvaux ef a/.,1996; De Oliveira, 1996)
No estado
da
Bahia,em
áreas atualmente recobertas pela caatinga, osestudos palinológ¡cos da Turfa do Saquinho, situada no sístema de dunas fixadas
do
Médio Rio São Francisco, indicam queo
atual sistemade
drenagem só se ínstalou após o término da fase glacíal.O
aumento expressivoda
umidade, aofinal
do
Pleistoceno, com temperaturasmais
baixasque
a
atual,
resultou naexpansão da floresta tropical úmida, com elementos da Amazônia
e
da FlorestaAtlântica,
que
alcançarama
área
atravésde
uma ampla redede
floresta degaler¡a, provocando uma alta biodiversidade (De Oliveira ef a/., 1999).
Durante o Holoceno, as variações nas condições climáticas são associadas
às fases com ocorrência freqüente de ¡ncêndios, e as discrepâncias da região do
médio rio Säo Francisco com relação ao Gentro Oeste e Centro Sul do Brasil, nos
úftimos 5000 anos, são atríbuídas por Baneto et al. (1996)
a
efeitos de eventos paleoclimáticos tipo "El Niño", produzindo períodos prolongados de paleoclimas4
Os resultados de análises palinológícas para áreas de cerrados de Minas
Gerais,
nas
lagoasdos
Olhose
de
Sena
Negra, índicam temperaturas mais baixase
maior taxade
umidade duranteo
Pleniglacial Médio (65.000a
28.000AP),
seguidode
umafase
maisseca
duranteo
Úft¡mo MáximoGlacial
(De Oliveira, 1992).O registro das alterações climáticas, durante
o
Holoceno nos eenados de Minas Geraìs, na região da Lagoa Santa, é apresentado com base em análise de pólen e na evolução geomorfológica da área da bacia, evidenciando a instalaçãode
condições mais úmidas porvolta
de
5.400 anosAP, que
possibilitaram a formaçäode
um pântanoe
posterior evolução para uma lagoa(Panzi,
1993;Panzzi et al., 1998).
Na
Sena
do
Salitre,em
Minas
Gerais, estudos interdiscíplinares emsedimentos lacustres
e
no solo, envolvendo análises palinológ¡ca, m¡neralógica,do
conteúdode
matéria
orgânicae
de
carväo,
perm¡tiram estabelecer as mudanças climáticas a partir do Pleistoceno tardao até o Holoceno (Vernet ef a/.,1994; Bertaux
et
al.,
195ß', Ledru,1991; 1993; Ledruef
a/., 1996; Alexandre & Meunier, 1999).Uma
fase fria
e
úmida coma
preseng
deAnucária na
passagem do Pleniglacial Médio a Superior, é seguida por uma fase seca e fria, que se estende até cerca de 16.000 AP. No ínício do Glac¡al tardio, voltam a vigorar condiçöes demaior
um¡dade, porémcom
temperaturasainda
frias.
O
Holocenoinicial
écaracterizado
por um
padrão sazonal
mais
marcado,
com
elevaçäo
detemperatura
até
cercade
5.000 anos,e
posterionnente,a
voltada
umidade, atestada pelo espalhamento da floresta semidescídua.Nas
áreas
de
cerradosdo
Brasil
Central,os
estudos
realizados emCromínia,
GO
(Fenaz-Mcentini,1993;
Fenaz-Vicentini&
Salgado-Labouriau, 1996; Salgado-Labouríauet
al.,
1997;1998),
na Chapada dos Veadeirose
naLagoa Feia em Goiás (Fenaz-Mcentíni, 1999) e na Vereda de Aguas Emendadas,' no Distrito Federal (Barberi, 1994; 1998; Barberi et a1.,1995;2000), apontam para uma tendência geral paleoclimática, durante
o
Ple¡stoceno tardioe
o
Holoceno, sintetizada por Salgado-Labouriau (199Ð e Salgado-Labounau et al. (1998).segue-se um prolongado período segue-seco, bastante acentuado em Águas Emendadas, que perdura nas demais áreas até o início do Glacial tardio por volta
de
13.000 anos AP. O início do Holoceno ê marcado pelo retorno das condições úm¡das e por umaumento gradativo da temperatura.
As variações nas idades dos eventos reg¡strados em diÞrentes áreas do planalto central estão provavelmente relac¡onadas às diferenças de latitude e às diferenças nas características
dos
relevos locais.O
retomo efet¡voda
umidade para as áreas atualmente recobertas pelos cenados, se dá a partir de 0.000Ap
com a instalaçåo de condições semelhantes às atuais, por volta de 4.000Ap.
O registroda
atuação do fogo encontra-se bem marcado, oconendoa
partir doPleniglacial
Médio,
com
fases
de
intensificação
durante
o
Holoceno, eventualmente associadasà
presença do homem no Planalto Central Brasileiro (Salgado-Labouriau & Fenaz-Mcentini,1994; Barbosa et al., 1994)A
partirdas
pesquisas desenvolvidasnas
regiões centrale
sudeste doBrasil, Ledru
ef
aL
(1998)e
Behl¡ng (1998) apresentiam uma síntesepara
o Quaternário tardio. Estes dados apontarn, durantÊo
Holoceno, paraa
presençade condições áridas até cerca de 7.000 AP,
e
paraa
influência da conente de advecção polar, que nesta época atingiria latitudes tropicais, induzindo cond¡ções maÍs frias e úmidas, nas áreas situadas ao longo da sua trajetória. Após 7.OOOAp
ocorre um aumento contínuo da umidade até atingir os vafores afuais, por volta de
2.500 anos AP.
De
modo geral,
a
part¡r
dos
trabalhos
de
cunho
paleoecológico,desenvolvidos nas terras baixas tropicais da América do
sul,
é possível levantar hipóteses sobrea
dinåmicada
vegetação duranteo
euatemádo, envolvendo áreas atualmente recobertas por f¡tof¡sionomias diversas como a floresta tropicalúmida,
os
cenadose
a
caatingae
anatisaras
teorias paraa
formaçåo dos cenados, sintetizadas por Alvim (1 996).A
origem dos cenados como bioma tem se constítuídoem
uma questÉiopolêmíca,
que
resultou em três grandes enfoques.A
teoria climåtica, proposta inicialmente por warming (1908), que relacionou os cenadosa
uma deficiência sazonal de água durante períodos relativamente longos, teor¡a esta questionada de forma enfática por Feni (1979). A teoria pedológ¡ca que cons¡dera a ¡nfluência6
formaçåo dos díÞrentes típos de vegetação, cujos primeiros trabalhos de caráter
exper¡mental foram apresentados por Alvim e Araúio (1952), e a teoria biótica que
considera
os
cenadoscomo
resultanteda
ação
do
homem atravésdo
uso fregüente de queimadas, que segundo Warming (1908) e Rawistscher (1948) teve êm Peter Lund seu prime¡ro defensor.De
modo geral,
as
áreas inbnbres
são
marcadaspela
escassez dedepósitos extensos
e
contínuosdo
Plo¡stocenodevido
à
maior estabilidade tectônica, onde os registros de neotectônica são principalmente do caráter local enåo regional. Aliado
a
Este fato,o
tipode
procsssos morfuclimåticos atuanfesdesde
o
Paleógenoque
não
favor€cerama
acumulaçãode
sedimentoeassociados à matéria orgån¡ca, faz com que cada registro encontrado torne-se de
fundamental importåncia para a oompreensåo da evolução da paísagem de áreas
atualmente recobertas pelos cenados e sua gênese.
1,1
OÞjetivosO objetivo desta pesguisa
é
propor a evolu@o da paisagem e os fatores climáticos que atuaram no controle das modif¡cações regístradas na composição e distribuiçåoda
vegetação,na
regiäo nordestedo
D¡strito Federal, durante o Pleistoceno tardioe
Holoceno, verificar a ampl¡tude dos processos responsáveispelas
mudanças paleoclimáticas,bem æmo
fornecer subsidiospara
novas2.1 Localização
O estudo compreende a região da Lagoa Bonita ou Mestre DArmas (Figura 2.1), no norte-nordeste do Distrito Federal, cerca de
7
kma
noroeste da cidade Planaltina, DF. A Lagoa Bonita, denominação adotada ao longo do texto, embora apresente atualmente uma área maior que a original resultante do represamento, tem sua porção central situada a 15"35'de latitude Se
47"4'l'de longitude WGr. Apartir
de
1981,a
lagoae a
região do entorno que se encontravaem
processoacelerado
de
degradaçåo,foi
incluída
na
Reserva
Biológica
de
Aguas Emendadas, a qualcom o decreto número 11.137 de 16/06/88 passou a constituira
Estação Ecológica de Aguas Emendadas, compreendendo uma área total de cerca de 50.000 hectares (SEMATEC, 1996) (Figura 2.2).I
I
.9\
c: /t/
|
.,/ o/É,/
J
Lagoa Bonita
ou
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Mestreì
d'ArmasCórr.
''1
o
€scÂl^9^ 2oo o 2oo ¿(þm
î1,1 -Ë=-l
e
o
presente estudo abrange iguarmentea
área
de
captaçãoda
Lagoa Bonita, cujos límites sâo delTn¡dos pelas cotas elevadasdos
interflúviosque
acírcundam.
A
área defimitada corespondea
uma faixa com aproximadamente4
km de cþmprimentoe
rargura média de cerca de3
km, pos¡cionada segundo a direção SWNE na região do planalto do Distrìto Federal.2.2
HidrografiaA
Lagoa Bonita constitui uma das nascentesdo
ribeirão Mestre D Armasque
flui
para
o
sur,
unindo-seao
ribeiräopipiripau para formar
o
rio
são
Bartolomeu, integranteda
baciado
r¡o
paranaíba. sÍtua-seem
umaárea
cle topografia aplanada em cota próximo a 960 m, constituindo o divisor das bacias hidrogÉficas do paraná e do Amazonas (Fþura 2.3).As nascentes dos canais fluviais de primeira ordem, rerativas aos córregos
sambaíba
e
Monjolo, responsáveis pera formação do rio parmeiras, afluente da margem esquerdado
rio
Maranhão, ìntegranteda
bacia
hidrográficado
rioAmazonas, situam-se respectivamente
à
cercade
2
km
a
noroestee 5
km
anordeÊte da Lagoa Bonita junto à cota de 1.000 m.
Regionarmente
a
rede de drenagem apresenta um padrão retirineo, com baixa sinuosidade, o que incrica um condícíonamento ao refevo e aos parâmetrosgeológicos
como
ritorog¡ase
estruturasdo
substrato.os
canais fluviais sãoestreitos
e
pouco
profundos,com
desníveis médios baixos,em
função
das características do relevo, o que resulta em uma carga sedimentar insignificante no leito.Segundo Mamede (1999),
a
¡nstalaçãoda
drênagemdas
chapadas doDistrito Federar,
estå
assoêíadaa
processos hidrorógicos subsuperficiais.o
desenvolvimento de processos hipodérmicos propicioua
liberação do aqüífero, e a fuga de materiais pero sistema de fârhase
fraturas, causando subsidêncía<ta
47"6'
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CONVENçOES
lagoas e lagos
rodovia
-
adutora
-
limite de bacias hidrográficasffi
área urbanaI
EscAr-A
Nlor2kml
+
r
A
drenagem instalou-se em uma superfície aplanada guja idade relativaestå
relacionada, segundo Vasconcelos (1996)e
Mamede(1995,
1999) aoPaleógeno, a partír de quando começaram a se esboçar os primeiros drenos com
um traçado vinculado às estruturas tectônicas. Durante o Pleistooeno, fenômenos climáticos e movimentos relacionados å neotectônica diagnosticados por Mamede & Pereirâ (1995) e Mamede (1999) nas chapadas do Distrito Federal, provocaram
uma reestruturaçåo da drenagem.
As d€pressões râsas que oconem na Reserva Ecolfuica do IBGE (DF) a sudoeste da área de estudo, foram ínterpretradas por Mamede (1999) como áreas de subsidência das camadas superficiais devirlo à dissolução de oxidróxidos de
fero
e
afumínioe
a
fuga
de
materialfino em
profundidade.Quando
as depressõeso@rem
em alinhamentos estn¡tu¡ais, favorecem a coalescência das áreas rebaixadas ea
presença do lençol freático em superfície, dando origem alagoas
e
veredas.
A
Læoa
Bonita,
que
ocupa
uma
depressão
rasa
eoriginalmente estava associada a uma vereda, deve ter a rnssma origem.
A lagoa apresenta atualmente a forma elíptica com eixo ma¡or da ordem de 2.100 m, or¡entado segundo a direção l,l/NE e eixo menor de cerca
de
1.300 m,orientado na direção NW. Estas d¡mensões provavelmente não representram a.
forma origínal da lagoa, tendo em vista que
a
mesma foi bar¡ada na porção sul junto à saida para o cónego MestreDArmas-2.3
Geologia2.3.1
Geologia RegionalA
área
do
Distrito
Federals¡tua-se
na
reg¡äocentral
da
Faixa
deDobramentos Brasília,
uma
uniriade geotectônica inserídana
Plataforma Sul-Americana,a
gual em conjunto coma
Plataformada
Patagôniae
a
Cordilheirados Andes constituem as três grandes regiöes tectônicas definidas por Almeida
(1964 para o Continente Sul Americano.
12
desenvolvidas durante
o
Ciclo Orogênico Brasiliano(900450 Ma)
(Almeida &Hasui, 1984), cuja estabilização final se
deu no
Neoproterozóico-Eopaleozóico(500450 Ma).
Na Plataforma Sul-Americana, na porção central
do
Brasil, destaca-se o Crátondo
São Francisco (Almeida,197/)
margeado por faixas dobradas, queforam
estruturadascom
a
inversão tectÖn¡cadas
bacias
marginaismeso-neoprotêrozó¡cas durante o Giclo Orogênico Brasiliano,
A
Faixa de Dobramenfos Brasilia posiciona-sea
oeste do Crátondo
São Franciscoe a
lestedo
Maciço Mediano Goiano.As relações estruturais da Faixa Brasília com o Maciço Mediano Goiano e a
Faíxa
de
Dobramentos Paraguai-Araguaia, levaram Almeidaet
al.
(1g77)
aenglobá-las
em
uma
única
província estrutural
denominadade
provínciaEstrutural do Tocantins.
A
Faixa Brasília representa uma unidade geotectônica posicionada sobre um embasamentode
tenenos granito-greensfonegnáissico, entrea
borda oeste do Cráton do São Franc¡scoe
a
borda lestedo
Maciço de Goiás (Freitas-Silva & Gampos, 1998).Segundo
Fuc*
ef
a/.
(1993)a
estruturaçãoda
faixa
Brasíliapode
ser refacionadaà
evoluçãode
um
único evento termotectônico denominado CicloBrasiliano, marcado
por
uma
tectônica
compressiva
responsåvel
pelodesenvolvimento de dobras apertadas nas porçöes internas da faixa e de dobras gradualmente mais abertas nas reg¡ões mais enemas, associadas a falhamentos inversos e empurrÕes, constituindo um conjunto de estruturas com vergência para leste rumo ao CÉton do São Francisco.
A
história evolutiva da Faixa Brasllia teve início por voltade
'1.900 Ma noMesoproterozóico,
a
partir
de
um
rifteamento
crustal,
com
magmatismocont¡nental e intrusões que hoje constituem os complexos máfico-ultramáficos do típo Canabrava e Niquelåndia e o iníc¡o da deposíção dos Grupos Araí, Natívídade
O Neoproterozóico, por volta de 900 Ma, é marcado pelo inicio da inversão tectônica e a ¡nstalação de arcos magmåticos. Segue-se o término da deposição do Grupo Araxá (a,700 Ma),
a
sedimentação do Grupo Bambuí entre 750e
500Ma aproximadamente, um plutonismo pós-tecúôn¡co de caråter granítico (^650 a
450
Ma), culminandocom
a
cratonizaçâohâ
aproximadamente450
Ma,
que marca o fim do Ciclo Brasiliano.Nos trabalhos ma¡s recentes, o termo c¡clo Bras¡l¡ano tem sido utilizado de
forma mais ampla, englobando a completa evolução dos cinturões e envolvendo
sua história prêorogênese. lnclui sedimentaçäo com deposição
de
seqlÌências terrígenase
carbonatadas em amb-tentes plataformais, formação de terrenos dotipo arco
de
ilha com
magmatismo pré-colisional associado, metamorfismo,deformação
e
amalgamaçãode
diferenteslenenos
às
margens contínentaís,culminando com
a
colisâo de blocos continentais (Fuck, '1994.; Lacerda Filho efa|.,1999).
A
importância da Faixa de Dobramentos Bras¡l¡a, no contexto da geologiaregional, prende-se ao fato do Distrito Federal estar localizado na região central
da
referida faixae
na sua transição entre as porções intemase
extemas, com quatro conjuntos litológicos reconhecidos: os grupos Canastra, Paranoá, Araxá eBambuí (Faria, 1995; Freitas-Silva & Campos, 1998).
2.3.1
Geolog¡a LocalEmbora
a
áreado
Distrito Federal contecom um
mapa geológico emescala 1 :100.000 (Faria, 1996 apud Freítas-Silva & Campos, 1998), cerca de 50o/o
do
mesmoé
representado por coberturasde
solos residua¡s ou transportados, dificultandoa
caraster¡zação da geologia local. Freitas-Silva&
Campos (i998), procurando integraros
dados existentese
sanar
os
problemas advindos do mapeamentode
seqüências superficiais, apresentamum
mapa geológico do Distrito Federal sem as coberturas de solos, em esc€¡la 1:100.00, utilizado comobase neste traþalho (Figura2.4).
Neste contexto, segundo Freitas€ilva & Campos (1998), na área da Lagoa
Bonita
e
enfornoocore
uma seqüência metassedimentar relacionadaao
Grupo14
desde
o
sul
do
Dístrito Federal, até próximoà
confluênciados rios
paranã e Tocantins no Estado de Goiás.O Grupo Paranoá foi datado por Dardenne (apud Frettas-Silva
&
Campos,1998) em função de suas relaçôes estratigráficas com o Grupo Araí (sotoposto) e
o Grupo Bambui (sobreposto)
e a
partir de estnfuras estromatolíticas presentesnas
unidades carbonatadas,que
¡ndicam idade entre 9S0e
1.350Ma
para asedimentação.
Os sistemas deposicionais atr¡buídos ao Grupo paranoá conespondem à
condiçÕes
marinhas
de
plataforma
epicontinenfal,na
qual
variaçöes
naprofundídade
da
lâmÍna
de
água
em
função
de
c¡clos
transgressivos eregressivos, provoc€¡ram variaçöes
na
proporçãode
materiais arenosos
eargilosos nas diversas unidades.
Uma estratìgrafia integrada para
o
Grupo paranoáfoi
estabelectìda porFaria (1995)
na qual
as
unidades, passíveisde
uma correlagão regional, são denominadas informalmente por letras-código.No Distrito Federal o Grupo Paranoá é representado por seis unidades, que incluem seqüências de metassíltitos argilosos, ardósias, metanitmitos arenosos,
quartzitos médios, metarrítmítos argílosos, além de uma unídade psamo-pelítica-carbonatada (Freitas-Silva & Campos, .1998).
Localmente,
a
reg¡ão da Lagoa Bonita e entorno está inserida na unidade Psamo-Pelítica-carbonatada - PPC, representada príncipalmente por metassiltitos laminados. ocorrem também lentes de calcário e de quarÞitos mal selecionadose
feldspáticosque são
facilmente desagregáveis,de
ocorrência restrita em superfície, porém fundamentais como elementosguia para a caracter¡zação destaunidade.
Sobre os metass¡ltitos em áreas aplanadas, desenvolveu-se uma cobertura
detrito-laterífica
formada
por
processos
de
laterização,
aradtenzada
porlatossolos argilosos
a
muito
argilosos, enriquecidosem ferro,
e
de
origemautoctone. Vasconcelos (1996), trabalhando
na
Amazônia oriental (carajás),apresenta datações para episódios climát¡cos quentes
e
úmidos, responsáveis pela afuação ¡ntensa do intemperismo químico com enriquecimento de materia¡sil
I
w
Grupo Bambul
(Neoprærózico)
Grupo
Araxá
(Neoprotereóico)
Grupo
Ganash
(lúesoproûerozólco)
FIGURA 2.4:Mapa geológico simplificado do Distrito Federal (Fonte: Freitas-Silva & Gampos, 1998)
Unidade P¡amofelfüca
Iffi,f,38,"n
f
irffiiå¡rþ.¡ry'oeo¡
Unldade Q3
I
I ù¡arËdtoI
I
[€ûefrlünltos Unldade RÍl attnoaoûI$iffi.'
UnldadeA
16
Estes períodos datados
e
evidenciados pela recristalização de óxidos demanganês, estariam s¡tuados, segundo Vasconcelos (1996), ao final do Cretáceo
e
no decorrerdo
Terciário, que inclui dois períodos duranteo
Eoceno, um no inferior e outro no superior e outra fase úmida que se iniciou ao frnal do Oligocenosuperior e se prolongou até o Mioceno inferior a médio.
Os
depós¡tos
mais
recentes,
relacionados
ao
Quatemário,
sãorepresentados
por
elúvios, colúv¡ose
sed¡mentos fluvio-lacustres, arenosos âareneargilosos,
gue
preenchem
as
zonas
rebaixadas
por
neotectônica,evidenciadas
por
Mamede
(1999)
nas
chapadas
do
Dístrito
Federal,
oudepressões associadas aos procêssos hipodérmicos, atuantes durante os ciclos
de aplanamento geomorfológico.
A altemância de fases úmidas e secas durante o Pleisloceno, relacionadas aos períodos glaciais
e
¡nterglacia¡s, propiciou o desenvolv¡mento de processosde
intemperismo químico, intercalados com processosde
pedimentaçâo, compredominância
de
erosÉio mecånica,que
denudaramas
rochasem
amb¡entemorfoclimático quente e seco.
Os depósitos relativos a estes eventos, que propicianam
o
remanejamentodo material resultante
da
alteração dos metassiltitosdo
Grupo paranoá, foramespraiados nas partes rebaixadas. O volume de material remanejado sofreu ainda
a interferência da densidade da cobertura vegetal, que respondia às modificações
climáticas (Barberi, 1994). Entretanto,
a
baixa declividadedas
encostas nasbacias de captação, como no caso da Lagoa Bonita, não favoreceu a acumulação
de següências espessas, ou com grande expre$são regional.
2.4
GeomorfologiaA
áreade
estudo localiza-seno
Planalto Central Goiano, uma extensareg¡ão com compartimentos escalonados, que compreende
o
Distrito Federal e oEstado de Goiás. Abrange
a
laixa de metamorfrtosdo
sistema de dobramentos Brasília constituída de l¡tolog¡as variadas, estruturalmente complexas, dobradas efalhadas que condicionaram a erosåo diferencial. Posteriormente, as modificações
paleoclimáticas, oconidas durante o Paleógeno, Neógeno e Quaternário, atuaram
Esta
evoluçáo
geomorfológicaculminou
com
o
dteenvolvimento
de diferentes morfologíasgue
permitirama
carac{erizaÉo
de
quatro
grandes unidades geomoffológicas no Planalto central Goiano definidas como: planalto doDistrito Federal, Planalto
do
Afto.Tocantins-Pa¡anaíba,planalto
Rebaixado deGoiânia e Depressões lntermontanas.
A área de estudo insere-se na grande unidade geomorfológica do planalto
do D¡strito Federal, que compreende um grande planalto subcompartimentado em
níveis topográficos distintos,
com
caracterÍsticas próprias, porém ligados portraços genéticos oomuns (Figura 2.5).
O
planaltoatua
como
um
centro
dispersorda
drenagemdas
bacias hidrográficasdo
Paranáe
Tocantins,onde
a
conlTguraçÉioda
drenagem éfortemente condic¡onada por falhas (Marnede, 1 99S; 1 999).
O Planalto do D¡sfr¡to Federal constitui um relevo result¡ante da exumação
de estruturas dobradas no deconer do
ciclo
Brasiliano, onde se destacam doisníveis de erosão bem marcados: um mais elevado com cotas em tomo de 1.200 a
1.400m do Terciánb inferior, denominado Pediplano da Chapada de Gontragem e
outro com cotas entre 950
a
1.200m denominado ped¡planode
Brasília,relacionado ao Eoceno€ligoceno onde se insere a Lagoa Bon¡ta (Mamede, 1999;
Mamede ef a/., 1983).
os
dois níveis de erosão articulam-se entre si através deesc€¡rpas, coalescendo em alguns pontos, como na área ao norte da lagoa.
O Pediplano de Brasília conesponde, segundo Mauro ef at. (19g21,
a
uma superficiede
aplanamento retocadae
inumada, elaborada durante sucessivas fases de retomada de erosão, sem perder suas características de aplanamento.Os
modeladosde
dissecação resultantesda
incisão
fluvial,
estãorepresentados
por
interflúvios tabulares, lombadase
colinas
com
vertentes retilínease
convexo-côncavas, inclinadas parao
eixo
principalda
drenagem. Geralmente estão recobertaspor
uma cobertura detrítica com maisde
1m deespessura, indicando remanejamentos sucessivos,
ou
com
couraça exposta,devido à ablaçâo do material fino que as recobriam.
Nas superfo-es planas
de
declives suaves de2"
a
So,a
intensidade da1B
I
(
I
(ç, I
-:2t I
\
'ç,;
\CONVENçÓES
rr ¡
¡r*r
áreaurbana
drenagem
N s.o f* å
r''onrlooo
curvasdenrver
lagoa
t
,.,,..,'',ff
LEGENDA
,
///
zoNA DE TRANsIçÃo enrRe os Dols Nlvels DE ERosÂo[ îr
Pediplano de Brasllia[_l
Pediplano da Chapada de ContagemCHAPADAS DO
DISTRITO FEDERAL
FIGURA 2.5: Mapa Geomorfológico
(Fontes; Mauro et al., 1982; Mamede, 1999)
2.5
SolosNa região do Planalto do Distrito Federal, onde se locarliza a Lagoa Bonita,
desenvolveram-se latossolos (Krejci
ef
at., 1982; SEMATEC,i996)
(Figura 2.6).condicionados pelo clima tropical suÞúmido com duas estações e associados ao relevo aplanado que possibilita a infiltração
e
percolação da água superficial e amovimentação
do
lengol freático durante
a
êstação
secír,
os
latossolosrepresentam
os
solos
em
estado
mais
avançadode
intemperismo, sendocaracler¡zados
pefa grande
profundidadee
condições
de
boa
drenagem(Haridasan, 1994).
Na
região predominam quartzitose
metassiltitose
condiçöesde
boadrenagem est€io presentes, mesmo quando nos solos predomina a fração argíla
que não interfere na capacidade de retenção e infiltração de água. lsto se deve ao
tipo de argilomineral presente (caolinita), ao alto grau de floculação e ao fato da
fração argila
ser
composta predominantemente por óxidosde
ferroe
alumín¡o (Har¡dasan, 1994).As
condiçõesfisico4uimicas
para
o
desenvolvimentodos
latossolospropiciam grande acumulação
de
óxidos de ferroe
alumínio, sendo fortemente ácidos e com baixos teores de bases(ca,
Mge
K) e fósforo disponível para asplanüas. Além dísso, apresentam níveis
de
alumínio disponívele
saturação dealuminio trocável da ordem de até 600/o e recebem a denominação de distróficos.
Estas
característicastomam estes solos
altamente
suscetíve¡så
erosäo,especialmente quando os sulcos de ravinamento atingem áreas onde
o
subsolo encontra-se pouco coerente.Na área
da
Lagoa Bon¡ta predominamos
Latossolos Vern¡erhæEscuros dískóficos, que se desenvolveram sobre chapadas com dectividade menor que8o/o
em
rochas
metassedimentaresdo
prêcambriano,
eventualmenteapresentando uma crosta laterítica cenozóíca.
Localmente, margeando
a
lagoa compreendendo uma faixa com larguraentre
100e
500m, ocorrem Latossolos vermelho-Amarelos distróficos (Figura2.6). scilos h¡dromórf¡cos também ooorem de forma restrita, margeando
a
lagoana sua porção norte, em uma faixa com aproximadamente 300 a 500 m de largura
20
LEGENDA
ffiffi
Soloo hidromórficoe[' ¡-w-l tatoesolosvemelho-emarelo
*---'
dietróf¡cogffil
CamUissolos dlstÉlicosm
otåfåffS vermelho-esa¡roFIGURA 2.6: Mapa Pedológico
(Fonte: SEMATEC, 1996)
CONVENçôES
-
rcdovia
, :,,... drenagem
r-s76..\ curva de nfvel
ESCAI.A
260 0 260 600m
E-lq¡=l
1:30.fiX)
N
Condicionados pelo relevo
e
pela drenagem, os solos_hidromórficos são caracterizados pela presença do lençol freático raso na superf¡c¡e ou próximo àsuperfície durante
a
maior partedo
ano, desenvolvendo-sesob
condições de excesso de umidade.São classificados como Gleis ou Solos Orgânicos de acordo com o teor de
matér¡a orgânica e situam-se normalmente nas depressões rasas, nas cabeceiras
de
drenageme
nas
áreasde
exsudaçãodo
lençol freático (Mamede, 1999).Apresentam textura argilosa a muito argilosa,
e
uma camada de gle¡zação aba¡xoda
camada superficial, geralmente acinzentada devidoà
reduçãodo feno,
à acumulação da matéria orgâníca e à decomposição aeróbia.2.6
ClimaO
clìma na região Centro-Oeste está diretamente relacionadoà
dinâmicada
circulação atmosférica,que atua
no
sentidode
criar uma
uniformidadeclimática reg¡onal.
As
latitudesentre 15"
e
16oS
asseguram temperaturas elevadas durante praticamente todo o ano. As diferenças de cotas entre as vastas superficies rebaixadasde
cercade
200me
as
extensas chapadasde
600m aLl00m,
promovem a díversificação térmice (Nimer, 1989).A
circulaçåodas
massasde ar
determ¡nantesdo
clima,é
marcada naregião pela presença dos ventos alísios
de
NEe
E,
provenientesdo
anticlonetropical
do
AtlânticoSul
(IA),
que são
guentese
secos;a
Massa Equatorial Continental (EC) que flui de oeste e é quentee
úmida e a Frente polar Aflântica(FPA) fria e úmida, proveniente do sul (Figura 2.7).
O período de março até outubro que corresponde reg¡onalmente ao outono,
inverno
e
parteda
primavera,é
marcado pelo domÍnio daTA
gue assegura àregião
estabilidade
climática, condíçôes
de
baixíssima pluviosÍdade
e temperaturas médias altas da ordem de20.
C, além deéu
claro eensolarado-Du¡anle
esta fase,
algumas
incueões
da
FPA
¡nterferemna
estabilidade climática, Ocasionando chuvas frontaisde
baixa intensidadee
breve dur:ação,segu¡das por queda de temperatura e aumento de um¡dade.
No final do invemo
e
inicio da primavera, coma
redução dos avanços da22
temperatura e a secura entre os meses de agosto e setembro, quando a umidade
atrnosférica atinge os valores minimos, da ordem de 20o/o de umidade relativa do
ar, com condþões semelhantes às de regiöes desérticas.
Ao final da primavera e inicio do verão, com o aquecimento progressivo do
continente e o deslocamento do sistema do ant¡clone tropical do Aflântico
sul
para leste, ocone a expansão do ar guentee
úmido da massa Equatorial cont¡nental(EC) proveniente da região Amazônica.
Este
sistemade
circulaçãogue
é
mais
atuante duranteo
período deoutubro
a
março, conesponde
regionalmenteao
verão
e
é
responsável, principalmentea
partir
de
novembro,pela
¡nstab¡l¡dade climática provocandochuvas
fortes,
queda
de
temperaturae
na
insolaçãoem
função
da
altanebulosidade
(Pereira
&
Freitas,
1982).
Os
curtos
periodos
de
estiagem registrados durante o verão resultam de incursöes esporádicas dos fluxos secosda TA.
Em relação å precipitação,
a
inffuência orográfica é marcante. A presençadas escarpas do Espinhaço e D¡amant¡na a leste impede a penetraçäo dos ventos
úmidos provenientes
do
litoral,
acentuandoos
efeitos
da
cont¡nentatidade e deixando a região na dependência exclusiva das chuvas de verão relacionadas ao fluxo convectivo da EC (Nimer,1989).O
climada
regieodo
Distrito Federal pode ser definido como quente e semi-úmido com4 a 5
meses secos.O
período seco estende.sede
maio asetembro, quando a pluvios¡dade média
é
inferior a 60 mm mensa¡s.A
estaçäo chuvosa prolonga-sede
novembroa
março com totais mensais acimade
1g0mm, perfazendo totais anuais de precipitação entre 1.200 e 1.700 mm.
Esta distribuição desigual caracteriza
um
regimede
chuva tropical comduas estações, com precipitações máximas no verão, concentradas no trimestre dezembrojaneiro.fevereiro
e
as
mínímasno
invemono
mesesde
agosto e setembro (Dambrós et a1.,1981; Pereira & Freitas, 1982) (Figura2.7).As temperaturas, determinadas pela influência dos sistemas atmosféricos,