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Atividade moluscicida da mistura de ácidos 6-n-alquil salicílicos (ácido anacárdico) e dos seus complexos com cobre (II) e chumbo (II).

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Academic year: 2017

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 3 ( 4 ) : 2 1 7 - 2 2 4 , o u t - d e z , 1 9 9 0

ATIV ID A D E M OLUSCICIDA D A M ISTURA D E ÁCIDO S

6-n-ALQUIL SALICÍLICOS (ÁCID O ANACÁR DIC O )

E D O S SEU S COM PLEXOS COM COBRE (II) E CHUMBO (II)

Nelymar Martineli Mendes, Alaíde Braga de Oliveira, João Edmundo Guimarães, José Pedro Pereira e Naftale Katz

F o i c o m p a r a d a , e m l a b o r a t ó r i o , a a t i v i d a d e m o l u s c i c i d a d o e x t r a t o h e x â n i c o d a c a s c a d a c a s t a n h a d o c a j u - A nacardium o ccid e n ta lel,. ( E H C C C ) , d o c o m p l e x o d e c o b r e ( I I ) , d o c o m p l e x o d e c h u m b o ( I I ) e d o á c i d o a n a c á r d i c o c o m o b j e t i v o d e e n c o n t r a r e n tr e e l e s u m p r o d u t o q u e a p r e s e n t a s s e m a i o r e s t a b i l i d a d e q u e o á c i d o a n a c á r d i c o . E s t e f o i p r e p a r a d o t r a t a n d o o E H C C C c o m h i d r ó x i d o d e c h u m b o ( I I ) o u c o m o s u l f a t o d e c o b r e m a i s h i d r ó x i d o d e s ó d i o o u c o m h i d r ó x i d o d e c o b r e ( I I ) . E m s e g u i d a , o c o m p l e x o d e c h u m b o ( I I ) o u o s c o m p l e x o s d e c o b r e ( I I ) p r e p a r a d o s f o r a m t r a t a d o s c o m u m a s o l u ç ã o d e á c i d o s u l f ú r i c o d i l u í d a . A s m i s t u r a s d o s d e z p r o d u t o s o b t i d o s f o r a m t e s t a d a s s o b r e c a r a m u j o s a d u l t o s d e Biom phalaria glabrata n a s c o n c e n t r a ç õ e s d e l a 1 0 p p m . O s m a i s a t i v o s f o r a m o c o m p l e x o d e c o b r e ( I I ) , o b t i d o c o m s u l f a t o d e c o b r e m a i s h i d r ó x i d o d e s ó d i o , e o á c i d o a n a c á r d i c o ( h i d r ó x i d o d e c h u m b o ) q u e a p r e s e n t a r a m a t i v i d a d e a p a r t i r d a c o n c e n t r a ç ã o d e 4 p p m . O t e o r d e c h u m b o d o á c i d o a n a c á r d i c o ( h i d r ó x i d o d e c h u m b o ) f o i a c i m a d a s n o r m a s r e c o m e n d a d a s p e l o s P a d r õ e s d e S a ú d e P ú b l i c a d o s E s t a d o s U n id o s .

P a la v r a s - c h a v e s : B io m p h a la r ia g la b r a ta . A c i d o a n a c á r d ic o . C o m p le x o . M o lu s c ic id a .

O A n a c a r d iu m o c c id e n ta le L., Anacardiaceae (caju) é uma planta nativa dos campos e dunas da costa do nordeste brasileiro, sendo hoje encontrada na América Tropical, nas Antilhas e em várias regiões da África, Ceilão e índia2.

O óleo extraído da casca da castanha de caju contém ácido gálico, sais minerais, substâncias nitro- genadas e sulfuradas, sacarídeos e fenóis. Estes são formados por quatro tipos de misturas n-alquil fenóli- cas constituídas por derivados de ácido salicílico (ácido anacárdico), derivados de resorcinol (cardol e 2-metil cardol) e monofenóis (cardanol). Os termos ácido anacárdico, cardol, 2-metil cardol e cardanol são usados para descrever respectivamente, as misturas de ácidos 6-n-alquil salicílicos, 5-n-alquil resorcinois, 2- metil 5-n-alquil resorcinois e 3-n-alquil fenóis1 8 (Figura 1).

Tyman, em 1973, descreveu as estruturas quí­ micas dos quatro constituintes da mistura de ácidos 6- n-alquil salicílicos1®. A cadeia lateral com quinze átomos de carbono se encontra em posição meta em relação ao grupo hidroxila (OH) e nessa cadeia o valor de n pode variar de 0, 2, 4, 6 (Figura 1). N a cadeia saturada (C15 H31); n é igual a zero e nas cadeias

insaturadas (C15 H29), (C15 H27) e (C15 H25) n é igual a dois, quatro e seis, respectivamente (Figura 2).

A atividade moluscicida sobre B io m p h a la r ia g l a b r a t a da casca da castanha do caju foi demonstrada pela primeira vez, em laboratório e no campo, por Pereira e Souza12.

Posteriormente, Sullivan e cols evidenciaram que o componente trieno do ácido anacárdico apre­ sentou parai?, g l a b r a t a as concentrações letais (CL50 e CL90) em doses mais baixas que o dieno, o monoeno, o ácido anacárdico de cadeia saturada e o cardanal15.

O ácido anacárdico é prontamente descarboxi- lado em cardanol quando submetido a um tratamento térmico® ou pode sofrer polimerização quando arma­ zenado à temperatura ambiente por um ano ou mais1 °.

No presente trabalho, objetivando obter com­ plexo do ácido anacárdico que apresentasse maior estabilidade, foram realizados estudos com o ácido anacárdico e os complexos de cobre (II) e de chumbo (II), preparados com diferentes técnicas a partir do extrato hexânico da casca da castanha do caju. Esses produtos foram testados, preliminarmente, em labora­ tório sobre caramujos adultos de B . g la b r a ta .

C entro de P esq u isa s “ R ené R achou”/F u n d a çã o O sw aldo Cruz, B e lo H orizon te, M G , Brasil.

D epartam en to de Q u ím ica do Instituto de C iên cias E xatas, U n iversid ad e F ed eral d e M in a s G erais, B e lo H orizonte, M G , Brasil.

Suporte financeiro fornecido p ela F inanciadora de E stu d os e Projetos (F I N E P ), con vên io n.° 4 2 8 9 0 0 2 3 .0 0 .

E n d ereço para correspondência: D ra. N ely m a r M artineli M en d es, A v . A u g u sto de L im a 1 7 1 5 , Barro Preto, 3 0 1 9 0 B e lo H orizon te, M G , Brasil.

R eceb id o para pu blicação em 0 8 /0 5 /9 0 .

MATERIAL E MÉTODOS

P r e p a r a ç ã o d o e x tra to h e x â n ic o d a c a s c a d a c a s ta n h a d o c a ju (EHCCC). As castanhas do caju foram coletadas em 1972 no município de Fortaleza, Ceará. Para separar a casca da castanha foi usada uma guilhotina adaptada no próprio laboratório usando uma tábua de madeira e uma faca de cozinha. As cascas foram trituradas na máquina manual, extraídas com n- hexano no aparelho de Soxhlet e depois o solvente foi removido por destilação no rotavapor.

P r e p a r a ç ã o d e c o m p le x o s (Figura 3): a. Complexo de chumbo (II), usando hidróxido de

(2)

M e n d e s N M , O liv e ira A B , G u im a r ã e s J E , P e r e ira JP , K a t z N A tiv id a d e m o lu s c ic id a d a m is tu ra d e á c id o s 6 -n -a lq u il sa lic ílic o s

(3)

Me n d e s N M , O liv e ira A B , G u im a r ã e s JE , P e r e ira JP , K a t z N . A t iv id a d e m o lu s c ic id a d a m is tu ra d e á c id o s 6 -n -a lq u il s a lic ilic o s a n a c á r d ic o ) e d o s se u s c o m p le x o s c o m c o b re ( I I ) e c h u m b o (II ). R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 3 : 2 1 7 -2 2 4 , o u t-d e z, 1 9 9 0 .

(4)

Me n d e s N M , O liv e ira A B , G u im a r ã e s J E , P e r e ir a J P , K a t z N . A tiv id a d e m o lu s c ic id a d a m is tu r a d e á c id o s 6 -n -a lq u il sa lic ílic o s ( á c id o a n a c á r d ic o ) e d o s se u s c o m p le x o s c o m co b re ( I I ) e c h u m b o (II). R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 3 : 2 1 7 - 2 2 4 , o u t-d e z, 1 9 9 0 .

Precipitados I e II - complexo de chumbo (II) ou complexo de cobre (II)

(5)

Me n d e s N M , O li v e i r a A B , G u i m a r ã e s J E , P e r e ir a J P , K a t z N . A t i v i d a d e m o l u s c i c i d a d a m i s t u r a d e á c i d o s 6 - n - a l q u i l s a l i c i l i c o s ( á c i d o a n a c á r d i c o ) e d o s s e u s c o m p le x o s c o m c o b r e ( I I ) e c h u m b o ( I I ). R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 3 : 2 1 7 - 2 2 4 , o u t-d e z , 1 9 9 0 .

chumbo(II) (Técnica de Eichbaum e cols)3. Foram lavados 10 g de EHCCC com água, dissolveu-se o decantado em 100 ml de álcool etílico e filtrou-se a mistura etanólica, desprezando-se o material inso­ lúvel. Essa mistura foi tratada, em banho de vapor, com hidróxido de chumbo (II), recentemente pre­ parado, até que uma amostra da mistura não deu mais a reação violeta com cloreto férrico a 1%. Filtrou-se a mistura no funil de Buchner e obteve-se o precipitado I de complexo (II). Este foi lavado com etanol e água e filtrou-se a mistura no funil de Buchner.

b. Complexo de cobre (II), usando sulfato de cobre (II) pentahidratado (Técnicas de Graddon e Munday, 1961; Mansur, 1981, adaptadas)4 Lavaram-se 2 g do EHCCC com água, dissolveu-se o decantado em 2 0 ml de etanol e filtrou-se a solução, desprezando- se o insolúvel. Sob agitação constante, usando agitador magnético, adicionou-se à mistura etanó­ lica, gota a gota, uma solução aquosa de quantidade equivalente de sulfato de cobre (1 mol de ácido anacárdico para 1 mol de sulfato de cobre). Para manter o pH da mistura entre 12 e 13 adicionou-se gota a gota uma solução aquosa de hidróxido de sódio a 20%. A agitação foi mantida por uma hora. Após um repouso de meia hora, filtrou-se a mistura, obtendo-se o complexo de cobre (II). Lavou-se o precipitado I com etanol e água e filtrou-se a mistura.

c. C o m p le x o d e c o b r e ( I I ) , u s a n d o h id r ó x id o d e c o b re (II) (Técnica de Misra e Kripal, 1981, adaptada)10. Após lavagem com água, dissolução em etanol e filtração de 2 g do EHCCC, adicionou-se à mistura etanólica, em banho de vapor, uma quantidade equivalente de hidróxido de cobre (II), recente­ mente preparado. Depois de aquecida durante uma hora, resfriada e filtrada, obteve-se o complexo de cobre (II). Lavou-se o precipitado I com álcool etílico e com água e filtrou-se a mistura.

u Cada um dos precipitados II dos complexos obtidos foi colocado no dessecador até peso constante.

O b te n ç ã o d e á c id o a n a c á r d ic o a p a r t i r d o c o m p le x o d e ch u m b o ( I I ) ou c o m p le x o d e co b re ( I I ) ( F ig u r a 3 ) - F o i a d ic io n a d o a o p r e c ip ita d o II de complexo de chumbo (II) ou de complexo de cobre (II) uma solução aquosa de quantidade equivalente de ácido sulfúrico, em banho de vapor, aquecendo-se durante quinze minutos. Após a decantação, lavou-se com água por decantação e juntou-se acetona O precipitado Hl foi removido vácuo no funil de Buchner e destilou-se a propanona da mistura V no rotavapor. Dissolveu-se o resíduo obtido em clorofórmio. Secou- se com sulfato de sódio anidro, filtrou-se e destilou-se o clorofórmio no rotavapor.

P r e p a r a ç ã o d a f r a ç ã o e t a n ó l i c a (F ig u r a 3 ). Juntaram-se as misturas I e II obtidas na preparação do complexo e desülou-se o etanol. Adicionou-se ao material éter etílico e a mistura etéria foi separada através do funil de decantação. Tratou-se a mistura de éter com sulfato de sódio anidro, filtrou-se e destilou-se o solvente.

T e ste s c o m o m o lu sc ic id a s. Foram testadas pre­ liminarmente em laboratório, as misturas do EHCCC, das frações anacárdicas, do complexo de chumbo (II), dos complexos de cobre (II), das frações etanólicas, do sulfato de cobre, do ácido salicílico e da niclosamida em grupos de 20 caramujos adultos de 5. g la b r a ta . As conchas dos planorbídeos mediam de 1 1 -12 mm de diâmetro.

A mistura de cada produto na concentração de 10 ppm foi preparada dissolvendo-se 10 mg da subs­ tância em 0,3 ml de metanol e completando-se o volume para 1000 ml com água desclorada. As mirtu- ras nas concentrações de 1, 2, 3, 4, 5 e 8 ppm foram obtidas através da diluição em água desclorada da mistura a 10 ppm. Utilizaram-se dois controles, um somente com água desclorada e o outro com uma solução aquosa com 0,3 ml de álcool metílico.

O tempo de exposição dos moluscos em cada mistura foi de 24 horas. A temperatura e o pH das misturas foram medidos no início e no final de cada ensaio. A temperatura variou de 20 a 23°C e o pH foi de 6 e manteve-se constante durante o período do experimento14.

T estes q u ím ic o s e f ís ic o s . Do EHCCC, do complexo de cobre (II) e da fração anacárdica 2 (obtidos do tratamento do EHCCC com sulfato de cobre mais hidróxido de sódio) foram feitos espectros no infravermelho com o objetivo de comparar suas bandas de absorção e comprovar a formação do complexo metálico.

Analisaram-se os teores de chumbo e cobre das frações anacárdicas 1, 2 e 3 preparadas, respectiva­ mente, dos tratamentos com hidróxido de chumbo, sulfato de cobre e hidróxido de cobre através de espectrofotometria de absorção atômica.

Determinou-se o ponto de fusão do complexo de cobre (II) através do aparelho de Kolfler (Reichert Austria-Retec) com capacidade de até 310°C.

Para detectar a presença de ácido anacárdico, as frações anacárdicas e etanólicas foram dissolvidas em clorofórmio. Em cada mistura clorofórmica foi adicionada solução aquosa de cloreto férrico a 1%3.

RESULTADOS

Os resultados dos 13 produtos ensaiados sobre caramujos adultos de B . g l a b r a t a nas concentrações de 1 a 10 ppm estão representados na Tabela 1. As p e r c e n ta g e n s d e mortalidade foram de: 1 0 0% para o EHCCC a partir da concentração de 5 ppm, para a fração anacárdica 2 a partir de 8 ppm e para as frações etanólicas 2 e 3 na concentração de 10 ppm; 95% para a fração anacárdica 1 e 90% para o complexo de cobre ( I I ) 2 (4 p p m ). A fr a ç ã o anacárdica 3, o complexo de chumbo (II) 1, o complexo de cobre (II) 3, a fração etanólica 1 e o ácido salicílico não apresentaram atividades moluscicidas nas concentrações de 1 a 10 ppm. A niclosamida (BaylluscicieR) foi ativa a partir da concentração de 1 ppm e o sulfato de cobre a partir de 2 ppm. Nos dois grupos controles não houve mortalidade.

(6)

Me n d e s N M , O l i v e ir a A B , G u i m a r ã e s J E , P e r e ir a J P , K a t z N . A t i v i d a d e m o l u s c i c i d a d a m i s t u r a d e á c i d o s 6 - n - a l q u i l s a l i c í l i c o s ( á c i d o a n a c á r d i c o ) e d o s s e u s c o m p le x o s c o m c o b r e ( I I ) e c h u m b o ( I I ) . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 3 : 2 1 7 - 2 2 4 , o u t- d e z , 1 9 9 0 .

T a b ela 1 - A t i v i d a d e d e p r o d u t o s o b t i d o s d o A nacardium o ccidentale s o b r e c a r a m u j o s a d u l t o s d e B iom phalaria glabrata.

Produto (O b ten ção)

1

P ercentagem de m ortalidade -C on centração em ppm

2 3 4

%

5 8 10

E H C C C

(S o x h let) 10 50 75 80 100 100 100

F ra çã o anacárdica 1

(hidróxido de chum bo) 10 2 0 6 0 95 100 100 100

F ra çã o anacárdica 2

(su lfato de cobre) 0 0 0 4 0 5 0 10 0 10 0

F ra çã o anacárdica 3

(hidróxido de cobre) 0 0 0 0 0 25 25

C o m p lex o de chum bo 1

(h idróxido de chum bo) 0 0 0 0 0 0 0

C o m p lex o de cobre 2

(su lfato de cobre) 10 10 5 0 90 100 100 100

C om p lexo de cobre 3

(hidróxido d e cobre) 0 0 0 0 0 0 0

F ra çã o etanólica 1

(h idróxido de chum bo) 0 0 0 0 10 10 2 0

F ra çã o etanólica 2

(su lfato de cobre) 0 0 0 2 0 50 50 100

F ra çã o etanólica 3

(hidróxido de cobre) 0 0 0 2 0 50 5 0 10 0

Sulfato de cobre

(U s in a C olom bina) 10 100 10 0 100 100 10 0 100

Á c id o sa licilico

(B acker) 0 0 0 0 0 0 0

N iclo sa m in a

(B ayer) 100 100 100 100 100 100 10 0

EH CCC = Extrato hexânico da casca da castanha de caju.

Os espectros no infravermelho do complexo de cobre (II) 2 em relação ao EHCCC e à fração anacár- dica 2 ocorreram alterações das bandas de absorção características dos grupos hidróxila fenólico e carboni- la carboxílica evidenciando a formação do complexo.

O teor de chumbo da fração anacárdica 1 foi de 429 ppm e os teores de cobre das frações anacárdicas 2 e 3, respectivamente, foram de 2,5 e 2,8 ppm.

O ponto de fusão do complexo de cobre (II) 2 foi acima de 310°C.

Nas frações anacárdicas 1,2 e 3, nas etanólicas 2 e 3 foram constatadas a presença de ácido anacár­ dico quando testadas com cloreto férrico. N a fração etanólica 1 não foi detectado o ácido anacárdico3.

DISCUSSÃO

As CL90 do EHCCC testados sobre B . g l a ­ b r a t a foram de 2 ,8 ppm para os caramujos adultos,

0,75 ppm para os recém-eclodidos e 33,00 ppm para as desovas. Esse extrato apresentou 100% de morta­ lidade para cercárias de S c h i s t o s o m a m a n s o n i e L e -b i s t e s r e t i c u l a t u s(piaba) nas concentrações de 10 ppm,

mas não demonstrou toxidez para roedores (M u s m u s c u l u s ) na concentração de 100 ppm. A atividade

do extrato aquoso da casca da castanha de caju em criadouro de B . g l a b r a t a foi na concentração de 20

ppm12

Os componentes do caju foram separados por cromatografia líquida de alta eficiência7 15. As CL50 e CL90 para B . g l a b r a t a dos constituintes do ácido

anacárdico de cadeias insaturadas foram, respectiva­ mente, 1,4 e 1,9 ppm para o monoeno, 0,9 e 1,4 ppm para o dieno e 0,4 e 0,7 ppm para o trieno. O ácido salicilico, o ácido anacárdico de cadeia saturada e o cardanol apresentaram as concentrações letais maio­ res que 5 ppm!5. As CL50 para B . g l a b r a t a foram 1,0

(7)

Me n d e s N M , O li v e i r a A B , G u im a r ã e s J E , P e r e ir a J P , K a t z N . A t i v i d a d e m o l u s c i c i d a d a m i s t u r a d e á c i d o s 6 - n - a I q u i l s a l i c í l i c o s ( á c i d o a n a c á r d i c o ) e d o s s e u s c o m p le x o s c o m c o b r e ( I I ) e c h u m b o ( I I ). R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o v i c a l 2 3 : 2 1 7 - 2 2 4 , o u t- d e z , 1 9 9 0 .

ppm para o monoeno, 0 ,6 ppm para o dieno e 0,3 ppm para o trieno. Para os constituintes do cardol, do 2- metilcardol e do cardanol foram acima de 6 ppm7.

As experiências de laboratório com a mistura aquosa de resíduo industrial do caju demonstrou 100% de mortalidade para B u lin u s g lo b o s u s em concentrações iguais ou superiores a 500 ppm. Esse resíduo quando colocado uma só vez em água de baixa ou nula correnteza em valas de irrigação do Rio Incomati (Maputo - Moçambique) produziu uma diminuição da densidade do molusco da ordem de 86,5 a 97,8% na concentração de 1000 ppm, ao fim de cinco mesesH.

Casadei e cols, em 1984, extraíram ácido anacárdico, cardol e cardanol do extrato hexânico do resíduo industrial através de cromatografia1. O ácido anacárdico apresentou 100% de mortalidade para B g lo b o s u s na concetração de 100 ppm e o cardol e o

cardanol não demonstraram nenhuma atividade. No presente trabalho, observou-se que a ativi­ dade do EHCCC sobre caramujos adultos de B. g l a b r a t a foi inferior aos relatados por Pereira e

Sou zal2.

As cascas das castanhas de caju para a obten­ ção do EHCCC deste trabalho e de Pereira e Souza12, em 1974, procederam do mesmo local (Fortaleza, CE) e foram coletados na mesma época do ano (1972). Portanto, a variação da ação moluscicida quando comparados os dois extratos, ocorreu prova­ velmente em conseqüência da polimerização da cadeia lateral do ácido anacárdico® ou de sua descarboxi- lação11.

A fração anacárdica 1 e o complexo de cobre (II) 2 foram mais ativos que o EHCCC e que as frações anacárdicas 2 e 3 (Tabela 1). Por outro lado, a fração anacárdica 1 obtida do tratamento do EHCCC com hidróxido de chumbo (II) mostrou um teor de chumbo acima das normas recomendadas pelos Pa­ drões de Saúde Pública dos Estados Unidos (não devem exceder de 0,1 ppm) não se justificando, portanto, a sua utilização. As frações anacárdicas 2 (sulfato de cobre) e 3 (hidróxido de cobre) apresen­ taram os teores de cobre de acordo com as normas

(3ppm )5.

Sumarizando, o processo de estabilização do ácido anacárdico pode ser obtido pela complexação com o cobre (II) (sulfato de cobre mais hidróxido de sódio), o qual demonstrou possuir também acentuada atividade moluscicida.

S U M M A R Y

T h e m o l l u s c i c i d e a c t i v i t y o f h e x a n i c e x t r a c t f r o m

A nacardium o c c id e n ta l L. ( c a s h e w ) n u t s h e l l , o f c o p p e r ( I I ) c o m p l e x , o f l e a d ( I I ) c o m p l e x a n d a n a c a r d i c a c i d h a s b e e n c o m p a r e d in t h e l a b o r a t o r y in a n a t t e m p t to o b t a i n b e t t e r s t a b i l i t y t h a n a n a c a r d i c a c id . T h i s w a s o b t a i n e d f r o m th e h e x a n i c e x t r a c t o f t h e c a s h e w n u t s h e l l b y p r e c i p i t a t i o n w ith l e a d ( I I ) h y d r o x i d e o r c u p r ic s u l f a t e p l u s s o d i u m h y d r o x i d e o r ( I I ) c u p r i c h y d r o x i d e f o l l o w e d b y t r e a t m e n t o f l e a d ( I I ) c o m p l e x w ith a d i l u t e d s o l u t i o n o f s u l f u r i c a c id . T e n p r o d u c t s o f th e m i x t u r e o b t a i n e d w e r e t e s t e d o n a d u l t s s n a i l s o f

Biom phalaria glabrata a t I to 1 0 p p m . T h e m o s t a c t i v e p r o d u c t s w e r e c o p p e r ( I I ) c o m p l e x , o b t a i n e d b y c u p r i c s u l ­ f a t e p l u s s o d i u m h y d r o x i d e , a n d a n a c a r d i c a c i d ( s o d i u m h y d r o x i d e ) w h ic h p r e s e n t e d a c t i v i t y a t 4 p p m . T h e a n a c a r ­ d i c a c i d ’s l e a d c o n t e n t w a s a b o v e th e l i m i t s a c c e p t e d b y th e U n i t e d S t a t e s s t a n d a r d s .

K ey-w ords: B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a . A nacardic

acid. C om p lexes. M olluscicid e.

AGRADECIM ENTOS

Ao Prof. Emílio Osório Neto, do Centro Tecno­ lógico de Minas Gerais (CETEC) e do Departamento de Química da UFM G, pelas análises dos teores de cobre e de chumbo; à Dra. Cecília Pereira de Souza, do Laboratório de Malacologia de Centro de Pesqui­ sas “ René Rachou” (CPqRR), pelo fornecimento dos caramujos; ao Sr. Moacyr Rodrigues da Silva, do Laboratório de Química de Produtos Naturais do CPqRR, pela separação e trituração das cascas das castanhas de caju e a Bemadete Patrícia Santos, secretária do Laboratório de Esquistossomose do CPqRR, pelo serviço datilográfico.

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Referências

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