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Caracterização fenotípica e molecular de Pseudomonas aeruginosa resistentes a carbapenêmicos e produtoras de Metalobeta- lactamase, isoladas em hemoculturas de crianças e adolescentes com câncer

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(1)

Caracterização fenotípica e molecular de

Pseudomonas

aeruginosa

resistentes a carbapenêmicos e produtoras de

Metalo-beta-lactamase, isoladas em hemoculturas de crianças e

adolescentes com câncer

São Paulo

2008

(2)

Caracterização fenotípica e molecular de

Pseudomonas

aeruginosa

resistentes a carbapenêmicos e produtoras de

metalo-beta-lactamase, isoladas em hemoculturas de crianças e

adolescentes com câncer

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Campos Pignatari Universidade Federal de São Paulo

Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Pires Pereira Universidade Federal de São Paulo

São Paulo

2008

(3)

FERNANDES, Thaís Ávila

Caracterização fenotípica e molecular de Pseudomonas aeruginosa resistentes a carbapenêmicos e produtoras de metalo-beta-lactamase, isoladas em hemoculturas de crianças e adolescentes com câncer Thais Ávila Fernandes - São Paulo, 2008.

xvi, 88f.

Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Infectologia

Título em inglês: Molecular epidemiology of blood stream isolates of Pseudomonas aeruginosa resistant to carbapenems and metalo-betalactamase producers from children and teenagers with cancer 1. Pseudomonas aeruginosa 2. Metalo-Beta-Lactamase

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

DISCIPLINA DE INFECTOLOGIA

Chefe do Departamento: Profa. Dra. Emilia Inoue Sato

Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Ricardo Sobie Diaz

(5)

THAIS AVILA FERNANDES

Caracterização fenotípica e molecular de cepas de

Pseudomonas aeruginosa

resistentes a carbapenêmicos e

produtoras de metalo-beta-lactamase, isoladas em hemoculturas de

crianças e adolescentes com câncer

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Luci Corrêa

Prof. Dr. Antônio Sérgio Petrilli

Profa. Dra. Lycia Mimica

Prof. Dr. Fernando Gongora Rubio

(6)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais,

Paulo Cesar e Iveta Maria e ao meu irmão

Tiago pelo amor e apoio incondicionais,

não apenas neste trabalho, mas em todos

os momentos da minha vida.

(7)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Iveta e Paulo, irmão Tiago e tios Geny e Rodolfo que me

apoiaram em todos os momentos da minha vida e especialmente a realizar

esse sonho meu de ser mestre.

A Alexandre Lichtenberger Catan pelo apoio, conselhos e paciência que

foram importantes para mim em todos os momentos desta fase.

Ao meu orientador que acreditou no meu potencial para a realização

deste trabalho. Professor é aquele que consegue passar seus

conhecimentos de maneira clara e objetiva e orientador é aquele que

verdadeiramente orienta seus orientandos com precisão e inteligência. O

senhor professor Pignatari, é um ótimo professor orientador! Tenho orgulho

de ser sua orientanda!

Aos Professores Doutores Carlos Alberto Pires Pereira e José Carlos

Longo (In memory) pelo apoio e confiança ao me indicar para fazer parte do

grupo LEMC em 2003. Principalmente ao Dr Carlinhos, meu co-orientador,

pelos sábios conselhos que me ajudaram muito na realização deste

trabalho.

Aos meus amigos Andrea Pereira, Rodrigo Cayô e Amilton Moro pela

imensa ajuda, disponibilidade e amizade que sem eles esse trabalho não

seria possível. Queridos, muito obrigada!

A Jussimara Monteiro muito obrigada pelos ensinamentos e momentos

de alegria e descontração que passamos quando eu estava na tipagem

molecular. Ju, você é uma ótima pessoa e amiga!

Aos meus queridos amigos dos laboratórios LEMC/ALERTA Kelly Aline,

(8)

Capecce, Andréia Penteado, Alinne, Danilo, Renata, Eloísa, Anderson, Ana

Paula, Liana, Pedro, Mariana, Rodrigo Mendes muito obrigada pela

compania e pelos ótimos momentos que passamos nos laboratórios durante

todos esses anos.

Aos professores e funcionários de Disciplina de Doenças Infecciosas da

Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, especialmente ao Charlys, pelo

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação esquemática das beta-lactamases bacterianas.

Tabela 2: Primers utilizados pela técnica de PCR.

Tabela 3: Perfil de sensibilidade para os 10 antimicrobianos avaliados no

estudo contra as 56 amostras de P.aeruginosa pela técnica de disco-difusão.

Tabela 4: Perfil de sensibilidade para os 10 antimicrobianos avaliados no estudo

das 18 amostras de P. aeruginosa produtoras de MBL pela técnica de

disco-difusão.

Tabela 5: Resumo das características clínicas e epidemiológicas dos 49

pacientes com isolamento de P. aeruginosa em hemoculturas.

Tabela 6: Sensibilidade de P. aeruginosa aos diferentes antimicrobianos

testados de acordo com a resistência a carbapenêmicos.

Tabela 7: Resumo dos resultados obtidos das amostras de P.aeruginosa

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição mundial dos diferentes tipos de MBLs.

Figura 2: Amostra de P. aeruginosa apresentando teste fenotípico positivo

para a produção de MBL. A seta indica o disco de papel filtro estéril contendo 3

µL de uma solução pura de ácido 2-mercaptopropiônico a 1,2 g/mL.

Figura 3: Amostra de P. aeruginosa apresentando teste fenotípico positivo

para a produção de MBL. A seta indica o disco de papel filtro estéril contendo

5µL de uma solução de EDTA a 100mM.

Figura 4: Reação de PCR utilizando-se o primer blaSPM-1.

Figura 5: Resultados obtidos pela técnica PFGE das oito amostras que

possuem o mesmo perfil de similaridade genética.

Figura 6: Dendograma de amostas de P. aeruginosa de acordo com a técnica

de PFGE.

Figura 7: Características clínicas e epidemiológicas dos 49 pacientes dos

quais foram isoladas P. aeruginosa em hemoculturas.

Figura 8: Características clínicas e epidemiológicas dos 17 pacientes dos

quais foram isoladas P. aeruginosa produtoras de MBL (blaSPM-1) em hemoculturas.

Figura 9: Características clínicase epidemiológicas dos 15 pacientes dos quais

foram isoladas P. aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos não produtoras

(11)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...1

2. OBJETIVOS...3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...4

3.1. Agente Etiológico...4

1.3. Epidemiologia das infecções causadas por P. aeruginosa...5

1.4. Mecanismos de resistência antimicrobiana em P. aeruginosa...10

1.4.1. Alteração de permeabilidade com alteração de proteínas de membrana externa (porinas)...12

1.4.2. Alteração do sítio de ligação do antimicrobiano...13

1.4.3. Mecanismo ativo de efluxo de antimicrobianos...14

1.4.4. Produção de enzimas inativadoras de antimicrobianos...15

1.4.4.2. Produção de beta-lactamase...15

1.4.4.3. Produção de Metalo-beta-lactamase (MBL)...20

1.5. Tipagem Molecular...27

4. MATERIAL E MÉTODO...29

4.1. Local do estudo...29

4.2. Delineamento do estudo...29

4.3. Critérios de inclusão...29

4.4. Critérios de exclusão...30

(12)

4.6. Avaliação de Susceptibilidade in vitro aos antimicrobianos...31

4.6.1. Teste de disco difusão...31

4.7. Detecção das amostras de P. aeruginosa produtoras de MBL...32

4.7.1. Testes fenotípicos...32

4.7.1.1. Disco-aproximação...32

4.7.2. Testes genotípicos...33

4.7.2.1. Pesquisa de genes relacionados à produção de MBL pela técnica de reação da polimerase em cadeia....33

4.8. Avaliação da similaridade genética das amostras de P. aeruginosa resistentes a carbapenêmicos...36

4.8.1. Pulsed-Field Gel Electrophoresis – PFGE……...…………...37

4.9. Análise Clínica e Epidemiológica...39

5. RESULTADOS...40

5.1. Amostras Bacterianas ...40

5.2. Avaliação da sensibilidade in vitro a antimicrobianos das amostras de P. aeruginosa pelo método de disco-difusão...40

5.3. Detecção do mecanismo de resistência aos carbapenêmicos...42

5.3.1. Detecção fenotípica da produção de metalo-beta-lactamase pelo teste de disco-aproximação...42

(13)

5.4. Tipagem Molecular...46

5.5. Análise Clínica e Epidemiológica...47

6. DISCUSSÃO...53

7. CONCLUSÕES...61

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...62

(14)

RESUMO

Pseudomonas aeruginosa é um importante patógeno oportunista em

pacientes hospitalizados, particularmente em pacientes oncológicos e que apresentam neutropenia. Uma das principais características desta bactéria é o desenvolvimento de resistência a múltiplos antimicrobianos, incluindo os antibióticos carbapenêmicos. A primeira amostra produtora da metalo-beta-lactamase (MBL) blaSPM-1 reportada na literatura foi isolada de paciente hospitalizado no Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP/GRAACC/UNIFESP) no ano 2000. Objetivo: Avaliar a prevalência de P. aeruginosa resistente aos

carbapenêmicos e produtoras de metalo-beta-lactamase, isoladas de hemoculturas coletadas no período de 2000 à 2005 de pacientes admitidos no IOP; caracterizar essas MBLs e avaliar sua disseminação através de tipagem molecular e caracteristicas clínico/epidemiológicas dos pacientes. Métodos:

Foram testadas 56 amostras de P. aeruginosa isoladas de 49 pacientes contra

10 antimicrobianos diferentes por disco difusão. As amostras que foram resistentes aos carbapenêmicos foram submetidas a testes fenotípicos (disco-aproximação) e genotípicos (PCR) para a confirmação da presença de MBLs. As amostras produtoras de MBL foram submetidas a tipagem molecular através da técnica de PFGE. A análise clínica/epidemiológica foi realizada a partir de dados obtidos dos prontuários dos pacientes. Resultados: Durante o período entre 2000 e 2005, 32 das 56 amostras de P. aeruginosa, foram classificadas

como resistentes aos carbapenêmicos pela técnica de disco difusão. Dezoito das 32 (56,2%) amostras avaliadas carreavam o gene blaSPM-1. Sendo que oito (44,4%) das 18 amostras produtoras de blaSPM-1, apresentaram o mesmo perfil genético. Não foi observada a presença de outras metalo enzimas blaIMP-1,

(15)

blaSPM-1 que persistiu no período entre novembro/2000 a dezembro/2005 em hemoculturas de pacientes do IOP-GRAACC. Observamos uma maior letalidade dos pacientes com bacteremia por P. aeruginosa com essa

(16)

ABSTRACT

Pseudomonas aeruginosa is an important opportunist pathogen,

particularly for oncologic and neutropenic hospitalized patients. One of the main

characterisitic of this bacteria is the development of multiple antibiotic

resistance, including the carbapenems. The first metallo-beta-lactamase (MBL)

encoding the gene blaSPM-1 reported in the literature was isolated in the year 2000 from a patient admitted to the Instituto de Oncologia Pediatrica

(IOP/GRAAC - UNIFESP). Objective: To evalute the prevalence of P.

aeruginosa carbapenem resistant and MBL producers isolated from

blood-stream samples collected from patients admitted to the IOP in the period

2000-2005; to describe the dissemination of these enzymes by molecular typing and

clinical/epidemiological data. Methods: 56 P. aeruginosa isolates from 49

patients were tested against 10 different antibiotics by disc diffusion. The

isolates resistant to carbapenems were tested by disc-approximation method

and submitted to PCR reaction for detection of MBLs genes. The isolates

producers of blaSPM-1 were molecular typed by PFGE. The clinical and epidemiological data were obtained from the patiens charts. Results: From

2000 to 2005, 32 out of 56 P. aeruginosa isolates were classified as

carbepenem reistant by disc diffusion. Eighteen out of 32 (56,2%) isolates

carried blaSPM-1 and revealed the same molecular typing profile. We did not detected other MBL blaIMP-1, blaVIM-1 and blaVIM-2. The antibiotic therapy was considered adequate in only 17,7% of the patients with P. aeruginosa

(17)

letality of patients with P. aeruginosa bacteremia resistant to carbapenems but

not carring MBL. Conclusion: We detected the presence of a P. aeruginosa

clone resistant to carbapenems and carrying the gene blaSPM-1 that persisted in blood stream isolates of patients admitted to the IOP from 2000 to 2005. A high

letality rate and inadequacy of initial antibiotic treatment was observed justifying

a strict epidemiologic surveillance and re-evalutation of antibiotic treatment

(18)

1. INTRODUÇÃO

Infecções por bactérias Gram-negativas em ambiente hospitalar constituem

grave problema de saúde pública, devido a sua freqüência, morbidade,

mortalidade e custo do tratamento. Pseudomonas aeruginosa é considerada um

importante patógeno em ambiente hospitalar, pois são freqüentemente isoladas

em infecções de corrente sangüínea e com freqüência apresentam

multirresistência aos antimicrobianos, inclusive aos carbapenêmicos.

P. aeruginosa multirresistentes têm se tornado motivo de alerta quando

detectados em pacientes hospitalizados, pois possuem a capacidade de

sobreviver em soluções aquosas como desinfetantes, sabões, pomadas,

equipamentos de quimioterapia, etc, além de estarem presentes nas mãos de

profissionais de saúde. Além disso, infecções causadas por esses

microrganismos permanecem como principal causa de óbito em pacientes

oncológicos, devido a alterações no mecanismo de defesa do hospedeiro

decorrentes a própria doença de base e / ou tratamento quimioterápico.

No período ente novembro de 2000 e março de 2001, observou-se um

aumento de pacientes com infecção de corrente sanguínea causada por P.

aeruginosa no Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP – GRAACC) vinculado a

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina

(UNIFESP-EPM) especializado no tratamento de crianças e adolecentes com câncer. Nesse

período os pacientes apresentaram hemoculturas positivas para P. aeruginosa

(19)

metalo-beta-lactamase (MBL), e na maioria resistentes a todos os antimicrobianos com

exceção da polimixina B. Posteriormente foi confirmada a presença de MBL no

Laboratório Especial em Microbiologia Clínica (LEMC) da UNIFESP – EPM com

caracterização de uma nova enzima denominada SPM (Toleman et al, 2002).

O presente estudo tem como objetivo principal avaliar a prevalência e a

disseminação destes microrganismos, através de estudos epidemiológicos e

utilização de técnicas de tipagem molecular (PCR e PFGE) no período de

(20)

2. OBJETIVOS

• Avaliar a persistência de P. aeruginosa resistentes aos

carbapenêmicos produtoras de metalo-beta-lactamase, de hemoculturas

coletadas no período de 2000 à 2005 de pacientes admitidos no Instituto de

Oncologia Pediátrica (IOP), Universidade Federal de São Paulo/ Escola Paulista

de Medicina (UNIFESP/EPM).

• Caracterizar as metalo-beta-lactamases e avaliar sua disseminação

através de tipagem molecular e caracteristicas clínicas e epidemiológicas dos

(21)

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Agente Etiológico

Pseudomonas spp. são bacilos Gram-negativos não fermentadores de

glicose, com aproximadamente 1,5 a 5,0 µm de comprimento e 0,5 a 1,0 µm de

largura; são estritamente aeróbios, ou seja, têm o oxigênio como aceptor final de

elétron no metabolismo respiratório. Encontradas em diversos lugares da

natureza, são mais frenqüentes no solo, na água, nas plantas e nos animais

(incluindo os seres humanos) (Koneman et al, 2001).

São bactérias que podem crescer em condições de anaerobiose utilizando

nitrato ou arginina como aceptor final de elétron. Não formam esporos e contém

um ou mais flagelos polares. Apresentam a prova da oxidase positiva, exceto P.

luteola e P. oryzihabitans, e são catalase positiva. A maioria degrada glicose

oxidativamente e converte nitrato em nitrito. Crescem em ágar MacConkey, onde

observa-se que não são fermentadoras de lactose, e crescem em temperaturas

que variam de 5°C a 42°C, sendo 37°C a temperatura considerada ideal. Estes

microrganismos são metabolicamente versáteis, pois são capazes de utilizar

carboidratos simples ou complexos, álcoois e aminoácidos como substratos

(Koneman et al, 2001).

Duas divisões foram propostas para classificar os microrganismos desta

família: i) O esquema, desenvolvido por Palleroni (1984), é baseado em estudos

de homologia genética do RNA ribossômico e do DNA, classificando estes

(22)

fenotípicas e dividiu os microrganismos em sete grandes grupos: fluorescens,

stutzeri, alcaligenes, pseudomallei, acidovorans, facili-delafieldii e diminuta.

Estudos filogenéticos, baseados na análise das seqüências de nucleotídeos da

porção 16S do RNA ribossômico, levaram a uma nova descrição do gênero

Pseudomonas e limitaram as espécies de acordo com a homologia do RNA

ribossômico em cinco grupos. Atualmente, o gênero Pseudomonas pertence ao

grupo I, que inclue as espécies P. aeruginosa, P. fluorescens, P. putida (Kersters

et al,1996; Anzai et al, 2000).

Colônias de Pseudomonas spp. apresentam-se de diferentes formas,

variando desde uma colônia plana, difusa (característica da maioria dos isolados

clínicos) até colônias extremamente pequenas. Colônias com aspecto mucóide

são comuns em amostras isoladas de infecções do trato respiratório,

principalmente, de pacientes com fibrose cística. A maioria das amostras de P.

aeruginosa pode ser identificada de acordo com a sua pigmentação

verde-azulada, devido à produção de piocianina e odor de frutas (Gillardi et al, 1980).

1.3. Epidemiologia das infecções causadas por P. aeruginosa

P. aeruginosa é uma causa rara de infecção no ser humano sadio apesar

do microrganismo ser encontrado na microbiota intestinal de 7 a 25% dos

adultos (Dogget, 1979). A hospitalização aumenta a quantidade de pacientes

infectados, particularmente na pele dos queimados, no trato respiratório dos

pacientes que se submeteram à ventilação mecânica, no trato gastro-intestinal

dos pacientes que recebem quimioterapia e em qualquer sítio dos que foram

(23)

O papel das mãos dos profissionais da saúde na disseminação de

microrganismos no ambiente hospitalar é um dos mais importantes e

valorizados aspectos da epidemiologia das infecções hospitalares. Isso

direciona boa parte das atividades educacionais das Comissões de Controle de

Infecções Hospitalares (CCIH). Em relação a P. aeruginosa, vários estudos

enfatizam que ela tem um papel importante na disseminação de isolados

clínicos provenientes das mãos dos profissionais da saúde (Kerr et al, 2002;

Waters et al, 2004).

Devido à sua freqüência, à gravidade e ao custo no tratamento, as infecções

por bacilos Gram-negativos adquiridos no hospital são consideradas hoje como

um dos maiores problemas de saúde pública (Pittet et al, 1993). P. aeruginosa é

principalmente um patógeno nosocomial e se destaca pela freqüência, pelo

custo, e pela morbi-mortalidade relacionada às suas infecções (Carmeli et al,

1999; Martins, 2002). Sua frequência varia segundo a região, o tipo de

hospital, de paciente e mesmo dentro da mesma instituição, segundo a

unidade (Jones & Masterton, 2001; Gales et al, 2001). Portanto, o

conhecimento da epidemiologia local é uma das ferramentas mais importantes

para a abordagem precisa destas infecções.

Existem sistemas de vigilância específicos para monitorização da

sensibilidade aos antimicrobianos dos principais patógenos relacionados a

diversas infecções. Esses estudos fornecem importantes informações sobre a

freqüência de tais patógenos (Jones & Masterton, 2001). Conforme os dados do

National Nosocomial Infection Surveillance System (NISS) e do Center for

Diseases Control and Prevetion (CDC), obtidos entre 1986 e 1998, P. aeruginosa

(24)

hospitalares e de infecções do trato urinário, respectivamente; além de ocupar o

sétimo lugar no “rank” dos patógenos mais freqüentemente isolados em corrente

sanguínea (NNISS, 2002).

O Programa de Vigilância de Resistência a Antimicrobianos SENTRY avaliou

70.067 amostras clínicas provenientes de paciente internados em hospitais da

Ásia, Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina, no período de 1997 a

1999, e demonstrou que 9% das amostras clínicas eram P. aeruginosa. A

ocorrência de infecções causadas por P. aeruginosa foi maior na América Latina

(11,4%) e Ásia (11,4%) quando comparada à Europa (9,3%), Estados Unidos

(8,7%) e Canadá (8,6%). O trato respiratório foi o sítio que apresentou a maior

prevalência de infecção por P. aeruginosa (Gales et al, 2001).

No Brasil segundo o SENTRY, P. aeruginosa foi a causa mais freqüente

de infecções do trato respiratório (32%), seguido por infecções do trato

urinário, ferida cirúrgica, e o sexto patógeno mais comumemnte isolado em

infecções da corrente sanguínea (7%) no período de 1997 a 2001 (Sader et al,

2002).

Além da alta freqüência, infecções por P. aeruginosa são motivo de

preocupação pelo custo e elevada mortalidade. Analisando apenas pacientes

com bacteremia, Gómez mostrou que em 211 episódios, nos anos de 1992 a

1998, ocorreu cerca de 28% de mortalidade que estava relacionada à

gravidade do quadro inicial e à presença de complicações (Gómez et al, 2004).

Comparando com bacteremias causadas por Staphylococcus aureus,

observaram que a mortalidade por P. aeruginosa foi maior do que aquela por

(25)

P. aeruginosa apresenta uma facilidade de desenvolver resistência aos

antimicrobianos, e a associação da resistência com o aumento de taxas de

mortalidade, morbidade e custos, tem sido controversa. Comparando entre

amostras resistentes e sensíveis aos carbapenêmicos, o grupo The Brooklyn

Antibiotic Resistance Task Force demonstrou que a resistência a esta classe

de antimicrobianos contribuiu com o aumento da permanência dos pacientes

no hospital, mais não com a mortalidade hospitalar (Anonymous, 2004).

Entre 1996 e 2000 foram estudadas prospectivamente 924 infecções

causadas por bactérias Gram-negativas consideradas multirresistentes, e

foram observados vários fatores relacionados à maior mortalidade (APACHE II,

presença de co-morbilidades, infecção pulmonar ou relacionada a cateter

vascular, co-infecção por bactéria Gram-negativa multirresistente ou fungo),

além da resistência. A resistência não se mostrou associada à mortalidade,

demonstrando que a espécie da bactéria é mais importante do que a sua

resistência (Raymond et al, 2003). Velasco et al (2004) avaliaram 112

bacteremias hospitalares consecutivas de pacientes cirúrgicos oncológicos,

entre 2000 e 2002, no Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Eles

observaram que a mortalidade não foi diferente segundo a resistência, mas sim

entre as doenças de base do paciente (tipo de tumor e de cirurgia) e a origem

da bacteremia.

O custo direto das infecções hospitalares causadas por P. aeruginosa e A.

baumannii sensíveis, apenas a Polimixina foi avaliada no Brasil, na UTI do

Hospital São Paulo, nos anos de 1997 e 1998. Em estudos do tipo

caso-controle, concluíram que a média de permanência na unidade foi maior e com

(26)

infecção hospitalar (valor estimado: US$ 20.795,16 versus US$ 2.774,46,

respectivamente). A permanência extra atribuída ao evento infeccioso foi de

24,26 dias em média, com um custo extra de US$ 11.209,17, em média, por

paciente (Martins, 2002).

As crianças prematuras têm um risco aumentado de desenvolver infecção

após colonização por P. aeruginosa (Grundmann et al, 1993). Foca et al (2000)

descreveram um surto de colonização e infecção por P. aeruginosa em uma

UTI neonatal de 50 leitos, em 1998, onde 5% dos médicos e 10% dos

profissionais de enfermagem apresentaram este agente em suas mãos. Foi

observado sepse tardia em prematuros de muito baixo peso causada por

Pseudomonas spp., e que a mortalidade dentro de três dias foi 12,3 vezes

maior do que a causada por outros agentes (Makhoul et al, 2005).

Além dos casos já citados, infecções por P. aeruginosa possuem lugar de

destaque em duas situações: surtos e acometimentos de pacientes graves. O

modo de transmissão dessa bactéria seria através de líquidos contaminados,

por meio de contato direto, aerossóis, ou através das mãos que tocaram

superfícies úmidas (Sehulster & Chinn, 2003). Identificar a fonte de infecção de

um surto não é fácil. Na literatura encontramos várias fontes de surto

relacionadas com P. aeruginosa como: brinquedos (Buttery et al, 1998),

equipamentos de limpeza de ambiente, pias (Engelhart et al, 2002), lavadora

automática de endoscópios (Schelenz & French, 2000), pasteurizadora de leite

(Gras-Le-Guen et al, 2003), vegetais (Kominos et al, 1972), gaze para curativo

(Vilar-Compte et al, 2003), endoscópios (Fraser et al, 2004), broncoscópios

(27)

potável (Kolmos et al, 1993; Ferroni et al, 1998), soluções antissépticas e

vasos de flores, entre outras (Sehulster & Chinn, 2003).

Os profissionais da saúde já foram classificados como fonte dos surtos

relacionados, por exemplo, ao uso de unha postiça e natural (Widmer et al,

1993; Moolenaar et al, 2000). Quando as técnicas assépticas recomendadas e

padronizadas são seguidas pelos profissionais de saúde, a transmissão ocorre

com menor freqüência. Geralmente as amostras de P. aeruginosa isoladas de

pacientes hospitalizados, onde foram realizadas as assepcias adequadamente,

eram originadas da própria microbiota do trato gastro-intestinal do paciente

(Arnow & Flaherty, 1996).

A prevenção e o controle da colonização e infecção por P. aeruginosa

requer o uso adequado de antimicrobianos, adesão dos profissionais de saúde

às práticas da higienização das mãos, precauções de contato para amostras

multirresistentes, bem como adesão as técnicas de limpeza do ambiente e dos

equipamentos médicos e hospitalares (Goldmann & Huskins, 1997).

1.4. Mecanismos de resistência antimicrobiana em P. aeruginosa

Um aumento da prevalência da resistência bacteriana aos antimicrobianos

vem sendo relatado mundialmente. Este acúmulo reflete o surgimento de novos

mecanismos de resistência, a transferência epidêmica dos genes de resistência

entre as bactérias, e a propagação epidêmica das linhagens resistentes entre os

(28)

espécie e do antimicrobiano, mas cada processo é determinado pela pressão

seletiva do uso de antimicrobianos (Livermore & Dudley, 2000a).

Quatro processos contribuíram para o acúmulo da resistência: i) espécies

com resistência intrínseca são favorecidas; ii) mutantes resistentes de linhagens

previamente sensíveis são selecionados; iii) genes de resistência transferíveis

disseminam entre os isolados clínicos, carreados por plasmídeos, transposons e

integrons; iv) algumas linhagens resistentes propagam-se de modo epidêmico

entre pacientes, hospitais e países. A importância relativa destes processos varia

de acordo com o patógeno e com o local (Livermore & Dudley, 2000a).

Resistência é uma causa significante de excesso de morbidade, mortalidade

e custo. Numerosos relatos têm enfatizado a necessidade do uso de

antimicrobianos em menor quantidade e de forma adequada, a melhora no

controle de infecções e o desenvolvimento de novos agentes. Entretanto, a

redução no uso de antimicrobianos nem sempre leva a redução da resistência,

talvez porque as bactérias estejam bem adaptadas ao carreamento de

resistência. É simples antecipar o alcance do controle da resistência, e os

esforços devem ser de manutenção ao invés de eliminação, com o objetivo de

diminuir o desenvolvimento de novas resistências, enquanto continua-se a

desenvolver novos agentes em uma velocidade suficiente para manter-se à frente

da bactéria (Livermore, 2003).

A emergência e disseminação de organismos multirresistentes revelam uma

variedade de fatores responsáveis pelo aumento de resistência bacteriana a

antimicrobianos. Alguns desses fatores podem ser por mutação em genes de

(29)

genéticas entre os microrganismos permite que os genes de resistência sejam

disseminados pelo ambiente sendo transmitidos para novos hospedeiros. Além

disso, as condições no meio hospitalar e da comunidade levam a uma pressão

seletiva, que facilita o desenvolvimento e disseminação de clones bacterianos

multirresistentes (Tenover, 2001).

Existem muitos problemas de resistência bacteriana nos hospitais brasileiros

(Arruda et al, 1999, Sader et al, 1999). Vários estudos multicêntricos têm

mostrado altas taxas de resistência aos carbapenêmicos em isolados clínicos;

cerca de 10 a 20% das amostras são resistentes a praticamente todos os

antimicrobianos disponíveis comercialmente e os estudos têm demonstrado a

disseminação de P. aeruginosa multirresistente cresce a cada dia (Gales et al,

1997, Sader et al, 1998, Sader et al, 1999, Gales et al, 2000).

Os principais mecanismos de resistência aos antimicrobianos desenvolvidos

por P. aeruginosa podem ser: alteração da permeabilidade de membrana externa

(porinas); alteração do sítio de ligação do antimicrobiano; mecanismo ativo de

efluxo; e produção de enzimas inativadoras de antimicrobianos.

1.4.1. Alteração de permeabilidade com alteração de proteínas de

membrana externa (porinas)

As proteínas de membrana externa, porinas, são estruturas protéicas

tridimensionais presentes na membrana externa formando canais preenchidos por

água, e que permitem a entrada por difusão de moléculas hidrofílicas e de baixo

(30)

2001a), e a extrusão de produtos não utilizados pela célula bacteriana (Nikaido et

al, 1994).

Dentre as diferentes porinas, OprC, OprD, OprE e OprF que se encontram na

membrana externa da P. aeruginosa, a maior e mais abundante é a porina OprF,

um polipeptídeo de 36-kDa. Provavelmente, esta é a mais utilizada pela maioria

dos beta-lactâmicos para penetrar no interior da bactéria (Vila & Marco et al, 2002).

As porinas OprC e OprE são canais inespecíficos, no entanto, são utilizadas para

entrada na célula bacteriana pelos antimicrobianos, beta-lactâmicos, cloranfenicol,

fluorquinolonas e gentamicina (Yoneyama et al, 1995; Vila & Marco et al, 2002).

A proteína OprD, inicialmente chamada de D2, presente em P. aeruginosa, é

também permeável aos carbapenêmicos, mas não a outros beta-lactâmicos

(Huang & Hancock et al, 1996; Livermore et al, 2001). A alteração na porina OprD,

seja diminuindo seu número ou sua expressão, acarreta à resistência ao imipenem

e à diminuição da sensibilidade ao meropenem (Livermore et al, 2001; Vila &

Marco et al, 2002).

1.4.2. Alteração do sítio de ligação do antimicrobiano

As proteínas ligadoras de penicilina (PBP) situadas na face externa da

membrana citoplasmática apresentam atividade enzimática de transglicosidase,

transpeptidase, carboxipeptidases e endopepetidases, participando na terceira

etapa da biossíntese do peptideoglicano (Spratt & Cromie et al, 1988). Os

antimicrobianos beta-lactâmicos são análogos estereoquímicos das subunidades

(31)

infrequentes em isolados clínicos de P. aeruginosa, a resistência a estas drogas

pode ocorrer devido a alterações nas PBPs (Godfrey, Bryan & Rabin et al, 1981).

A alteração no sítio de ação constitui o principal mecanismo de resistência às

fluorquinolonas. As topoisomerases são enzimas capazes de alterar o estado

topológico do DNA. A DNA girase, topoisomerase II, é um tetrâmero que possui

duas subunidades GyrA e GyrB codificadas respectivamente pelos genes gyrA e

gyrB. A topoisomerase IV possui as subunidades ParC e ParE codificadas pelos

genes parC e parE, os quais são homólogos aos genes gyrA e gyrB. A resistência

às quinolonas ocorre de maneira gradual e cumulativa. Altos graus de resistência

às fluoroquinolonas estão associadas à mutação nos genes gyrA e parC às quais

levam a alteração nas subunidades GyrA e ParC (Hooper et al, 2001). Em P.

aeruginosa mutações nas topoisomerases do tipo II associadas à expressão de

bombas de efluxo, pode levar ao alto grau de resistência a esses antimicrobianos

(Nakajima et al, 2002).

1.4.3. Mecanismo ativo de efluxo de antimicrobianos

O sistema de efluxo confere resistência a vários antimicrobianos, tornando

assim um significante determinante de bactérias multirresistentes intrínseca e

adquirida. Existem cinco grandes famílias de sistemas de efluxo descritos: a)

família de grandes facilitadores (major facilitator family - MFS), b) família da

resistência nodulada (resistance-nodulation-division family - RND), c) família de

pequena multirresistência (small multidrug resistance family ou multirresistente), d)

(32)

família extrusão de compostos tóxicos e multidrogas (multidrug and toxic

compound extrusion family - MATE) (Poole et al, 2004).

O sistema de efluxo é organizado por três componentes: i) transportador

presente na membrana citoplasmática; ii) por uma proteína de fusão com

membrana periplasmática (MFP), presente no espaço periplasmático iii) e um

canal extrusor (OMF) presente na membrana externa (Poole et al, 2001).

Em P. aeruginosa são descritos os sistemas de efluxo da família RND como:

MexAB-OprM, MexCD–OprJ, MexEF-OprN e, MexXY–OprM (Livermore et al,

2002). O sistema MexXY-OprM desempenha um papel muito importante na

resistência intrínseca da P. aeruginosa aos aminoglicosídeos, tetracilina e

eritromicina (Aires et al, 1999; Masuda et al, 2000).

1.4.4. Produção de enzimas inativadoras de antimicrobianos

1.4.4.2. Produção de beta-lactamase

As beta-lactamases são um grupo de enzimas capazes de inativar

antimicrobianos lactâmicos, por hidrolisarem a ligação amida do anel

beta-lactâmico, causando, assim, a destruição irreversível do antimicrobiano

(Livermore et al,1995). A atividade enzimática é variável de acordo com o tipo, a

quantidade de lactamase produzida, e os diversos substratos

(33)

A codificação para a produção das beta-lactamases pode estar situada no

DNA cromossômico, ou no DNA extracromossômico (plasmídeos e “transposons”)

bacteriano (Livermore et al, 1991; Livermore et al, 1993).

Um grande número de beta-lactamases codificadas por genes plamidiais já

foram descritas em bactérias Gram-negativas (Medeiros,1984; Bush et al, 1989).

Essas beta-lactamases podem ser transferidas horizontalmente entre as

diferentes espécies bacterianas, ao contrário do que ocorre com as

cromossômicas que são transmitidas verticalmente.

A primeira classificação fenotípica destas enzimas foi proposta em 1973 por

Richmond & Sykes, que dividiram as beta-lactamases em cinco grandes grupos (I,

II, III, IV e V), baseando-se no perfil enzimático.

Em 1980 Ambler propôs a classificação molecular dessas enzimas, de acordo

com a seqüência de aminoácidos, descrevendo quatro principais classes

moleculares. A classificação de Bush (1989) foi a primeira a correlacionar o

substrato preferencial e propriedades inibitórias com a estrutura molecular da

enzima.

Atualmente a classificação mais utilizada combina características estruturais

e funcionais das beta-lactamases, sendo uma versão mais atualizada da

classificação anterior proposta por Bush em 1989 como mostra a. Tabela 1 (Bush,

(34)

Tabela 1: Classificação esquemática das beta-lactamases bacterianas.

Bush, Jacoby, Medeiros(104)

Bush(110) Rychmond &

Sykes(107) Mitsuashi & Inoue(112) Classe

Molecular(109)

Substratos enzimáticos preferenciais

Inibição pelos inibidores de

beta-lactamases

Enzimas representativas

Ác. Clav. MPA EDTA

1 1 Ia, Ib, Id CSase C Cefalosporinas - - Enzimas AmpC (Bactérias gram-negativas)

2a 2a N.I. PCase V A Penicilinas + - PCases gram-positivas

2b 2b III PCase I A Penicilinas,

Cefalosporinas

+ - TEM-1, TEM-2, SHV-1

2be 2b’ N.I. CXase A Penicilinas,

cefalosporinas de amplo espectro e monobactans

+ - TEM-3 a TEM-26, SHV-2 a SHV-6,

Klebsiella oxytoca K1

2br N.I. N.I. N.I. A Penicilinas +/- - TEM-30 a TEM-36, TRC-1

2c 2c II, V PCase IV A Penicilinas (carbenicilina) + - PSE-1, PSE-3, PSE-4

2d 2d V PCase I, III D Penicilinas (cloxacilina) +/- - OXA-1 a OXA-11, PSE-2

2e 2e Ic CXase A Cefalosporinas + - CSase induzíveis do Proteus vulgaris

2f N.I. N.I. N.I. A Penicilinas,

cefalosporinas e carbapenêmicos

+ - Enterobacter cloacae

(NMC-A),Serratia marcescens (Sme-1)

3 3 N.I. N.I. B maioria dos

beta-lactâmicos + carbapenêmicos

- + Stenotrophomonas Maltophilia (L1), Bacteriodes fragilis (Ccra)

(35)

As beta-lactamases do grupo 1 de Bush, Jacoby e Medeiros (1995), ou da

classe molecular C de Ambler (1980), são conhecidas como beta-lactamase

AmpC. Este grupo de enzimas é produzido por várias bactérias como P.

aeruginosa, Proteus vulgaris, Morganella morganii, Serratia marcescens,

Providencia spp. e Enterobacter cloacae (Livermore et al, 1991).

Estas são enzimas codificadas, geralmente, por genes cromossomais

induzíveis, e hidrolizam todos os beta-lactâmicos exceto os carbapenêmicos e

cefalosporinas de 4ª geração. Normalmente são produzidas em pequenas

quantidades, porém, na presença de beta-lactâmicos, principalmente cefoxitina e

imipenem, a produção desta enzima pode aumentar de 100 a 1000 vezes (Lodge

et al, 1991). Estas enzimas são inibidas competitivamente pela cloxacilina,

entretanto, não são inibidas pelo ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam

(Babini & Livermore, 2000).

A expressão da beta-lactamase AmpC em P. aeruginosa é similar aos

mecanismos regulatórios encontrados em enterobactérias (Langaee et al., 2000;

Bagge et al, 2002). Em amostras de P. aeruginosa a produção de

beta-lactamases AmpC é codificada por um gene estrutural ampC. Estas são de

origem cromossômica, podendo ser induzíveis ou constitutivas. A indução desta

enzima ocorre na presença de beta-lactâmicos, tendo assim sua produção

aumentada, e quando o antimicrobiano é retirado estas enzimas voltam a ser

sintetizadas em níveis basais (Livermore et al, 1995; Medeiros et al, 1997).

Os lactâmicos, cefoxitina e imipenem, são potentes indutores das

beta-lactamases AmpC; entretanto, o imipenem, apesar de ser potente indutor, é um

(36)

ceftazidima é um fraco indutor, e apesar de ser hidrolisado por estas enzimas

podem permanecer ativos quando a produção das beta-lactamases é pequena,

ou seja, a bactéria é sensível a este agente porque a quantidade de enzima

produzida não é suficiente para hidrolisar a quantidade total de antimicrobiano

que penetra na célula bacteriana (Livermore et al, 1995; Medeiros et al, 1997).

Em uma população de P. aeruginosa a freqüência de mutações que leva à

hiperprodução de beta-lactamases AmpC, ou seja à desrepressão do gene

AmpC, é de 10-7 a 10-9 / UFC (Livermore et al, 1995).

No grupo 2 da classificação de Bush, Jacoby e Medeiros (1995) estão as

beta-lactamases mediadas por plasmídios e que, geralmente, são inibidas pelos

inibidores de beta-lactamase como o ácido clavulânico, o tazobactam e o

sulbactam. Elas estão divididas segundo a classificação molecular de Ambler

(1980) em duas classes A e D.

As beta-lactamases da classe molecular A de Ambler (1980), e pertencentes

ao grupo 2 de Bush, Jacoby e Medeiros (1995) são conhecidas como

beta-lactamases de espectro ampliado (“Extended Spectrum Beta-Lactamases” -

ESBL). Elas conferem resistência à ampicilina, à carbenicilina, à ticarcilina e às

cefalosporinas e monobâctamicos; no entanto, geralmente mantêm a

sensibilidade às cefamicinas e aos carbapenêmicos dentre outros. São,

geralmente, produzidas por Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, mas podem

ser produzidas por qualquer bactéria Gram-negativa. As ESBLs encontram-se

disseminadas por todo o mundo e a maioria delas são estruturalmente

relacionadas às beta-lactamases do tipo TEM-1, TEM-2, SHV-1 e PSE-1

(37)

ampliado derivadas do gene blaCTX-M também são freqüentemente encontradas (Winokur et al, 2001).

Ainda dentro da classe molecular A, a enzima pertencente ao grupo 2f,

GES-1 foi inicialmente descrita em GES-1998 em amostras de K. pneumoniae (Poirel et al,

2000a). A produção desta enzima foi reportada em amostras K. pneumoniae

isolada de hospitais na Guiana Francesa (Poirel et al, 2000a) e em Portugal

(Duarte et al, 2003). Esta enzima também foi relatada em amostras de P.

aeruginosa e, mais recentemente, isolada de uma amostra de P. aeruginosa no

Brasil (Castanheira et al, 2004a). A enzima GES-2 foi isolada, em 2000, na África

do Sul em amostras de P. aeruginosa, e apresenta fraca atividade hidrolítica

contra os carbapenêmicos. A análise cinética de enzima mostrou que esta

apresenta atividade catalítica contra imipenem 100 vezes maior que a GES-1. No

entanto, a atividade da GES-2 permanece 1000 vezes menor do que outras

enzimas pertencentes a classe A, capazes de hidrolisar os carbapenêmicos

como, da SME-1 e NMC-A, enzimas identificadas em amostras de S. marcescens

e E. cloacae, respectivamente (Poirel et al, 2000a).

1.4.4.3. Produção de Metalo-beta-lactamase (MBL)

Na classe molecular B ou Grupo 3, estão presentes as

metalo-beta-lactamases que são um grupo de enzimas que possuem a capacidade de

hidrolisar todos os beta-lactâmicos, exceto monobactans, e não são inibidas pelo

ácido clavulânico (Bush, 1998). Inicialmente codificadas por genes cromossomais

em várias bactérias, incluindo Bacillus cereus (Sabath et al, 1966),

(38)

al, 1986), Chryseobacterium spp. (Bellais et al, 2000). Este grupo apresenta-se

dividido em três subgrupos funcionais: 3a, 3b e 3c (Bush et al, 1998).

O subgrupo 3a apresenta enzimas que hidrolisam penicilinas tão ou mais

rápido que o imipenem. As cefalosporinas também são hidrolisadas por estas

enzimas, porém mais lentamente que o imipenem. As principais representantes

deste subgrupo são as enzimas produzidas por Bacillus cereus. No segundo

subgrupo 3b estão incluídas as enzimas de Aeromonas spp., as verdadeiras

carbapenemases. Essas enzimas apresentam alta especificidade pelos

carbapenêmicos e não são detectadas com o uso de nitrocefin. Já o subgrupo 3c

foi proposto apenas para incluir a metalo-beta-lactamase produzida por Legionella

gormanii. Esta enzima apresenta grande capacidade de hidrolisar cefalosporinas

e apresenta propriedades bioquímicas distintas das outras enzimas do grupo 3

(Bush et al,1998).

Uma característica importante que distingue o subgrupo 3b do subgrupo 3a

é o efeito da adição do zinco (Zn++) no sítio ativo da enzima. Todas as metalo-beta-lactamases são enzimas que apresentam como cofator o íon Zn++, sendoa atividade catalítica da enzima aumentada na presença deste cátion. Ao contrário

do observado para as enzimas do subgrupo 3a, três enzimas do subgrupo 3b

(ASA-1, AsbM1 e ACP) são inibidas por baixas concentrações de Zn++ (Bush et al, 1998).

As enzimas da classe B somente são inibidas pelo EDTA e pelos

compostos derivados do ácido tiolático, como por exemplo, o ácido

(39)

disponíveis clinicamente como o ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam

(Bush et al, 2001).

A primeira MBL, IMP-1 (Imipenemase), cuja produção é mediada por um

gene situado em um plasmídio, foi reportado em uma amostra de S.marcescens,

isolada em um hospital de Osaka, em 1991 (Osano et al, 1994). No mesmo ano,

Watanabe et al relataram uma cepa de P.aeruginosa isolada em 1988, no Japão,

que produzia uma MBL transferível e mediada por plasmídio. Segundo Livermore

& Woodford (2000b), provavelmente, tratava-se da enzima IMP-1, a qual foi

formalmente isolada e seqüenciada também no Japão, em 1991.

Como outras metalo-beta-lactamases (MBLs), a IMP-1 apresenta um perfil

de substratos preferenciais bastante amplos, incluindo cefalosporinas de amplo

espectro e carbapenêmicos. O aztreonam apresenta estabilidade à hidrólise pelas

enzimas IMP-1; entretanto, os microrganismos que produzem essa enzima são

freqüentemente resistentes ao aztreonam por apresentarem outros mecanismos

de resistência (Watanabe et al, 1991; Osano et al, 1994; Ito et al, 1995). Esta

enzima é zinco-dependente, sensível ao EDTA, e não é inibida pelos inibidores de

beta-lactamases (Haruta et al, 2000). O gene blaIMP-1 freqüentemente ocorre em um cassete inserido em um integron da classe 1 (Laraki et al, 1999). Além de

incluir a resistência a todos os beta-lactâmicos, os integrons que carreiam o gene

blaIMP-1 também carreiam outros genes que codificam a resistência cruzada aos aminoglicosídeos (Arakawa et al, 1995). Apesar da IMP-1 ser bastante freqüente

em amostras isoladas no Japão, tem sido recentemente identificada em isolados

de outros países, especialmente da Europa (Nordmann & Poirel, 2002). Em 2003

(40)

de MBL tipo IMP-1 no Brasil, isolada de uma secreção traqueal de um paciente

internado na UTI do Hospital São Paulo (Gales et al, 2003a).

A enzima IMP-2 foi isolada de uma amostra de Acinetobacter baumannii na

Itália, em 1997 (Riccio et al, 2000). Esta enzima apresenta 85% de homologia

entre os aminoácidos com IMP-1. Os parâmetros cinéticos de IMP-2 são similares

aos da IMP-1 para a maioria dos substratos beta-lactâmicos, porém, diferem

particularmente para ampicilina, carbenicilina, cefaloridina e meropenem

(Nordmann & Poirel, 2002).

A IMP-3, previamente denominada MET-1, foi identificada em um isolado de

Shigella flexneri no Japão (O’Hara et al, 1998) e difere da enzima IMP-1 por duas

substituições de aminoácidos, o que parece restringir o perfil de substratos

preferenciais. Sendo assim, a IMP-3 hidrolisa fracamente benzilpenicilina,

ampicilina, ceftazidima e imipenem.

A MBL IMP-4 foi identificada em amostras de Acinetobacter spp. e em

Citrobacter youngae ambos isoladas em Hong Kong (Chu et al, 2001; Hawkey et

al, 2001). Outras enzimas derivadas da família IMP foram identificadas em várias

amostras clínicas de Gram-negativos em várias regiões geográficas. A enzima

IMP-5 foi isolada em A. baumannii em Portugal (Da Silva et al,2002); a enzima

IMP-6 foi relatada em S. marcescens no Japão (Yano et al, 2001). A IMP-7 foi

isolada em uma cepa de P. aeruginosa que estava envolvida em um surto

hospitalar no Canadá (Gibb et al, 2002); a IMP-8 foi isolada em K. pneumoniae de

Taiwan (Yan, et al, 2001a); a IMP-9foi reportada em uma cepa de P. aeruginosa

isolada na China (Nordmann et al, 2002); a IMP-10 foi isolada em duas amostras

(41)

al, 2002); a IMP-11 ainda não publicada, mas segundo dados do site

www.lahey.org e acesso no “genebank” AB074437, foi encontrada em uma

amostra de P. aeruginosa no Japão; a IMP-12 foi isolada em uma amostra de P.

putida na Itália (Docquier et al, 2003); a IMP-13 isolada, em 2001, em uma

amostra de P. aeruginosa isolada também na Itália (Toleman et al, 2003).

Recentemente uma nova MBL, IMP-16, foi isolada, no Brasil, em uma amostra de

P. aeruginosa proveniente do Hospital de Base de Brasília (Mendes et al, 2004).

O primeiro relato da IMP-17 foi observado em 2007 na Rússia, a IMP-18 foi em

2006 nos Estados Unidos da América, e da IMP-19 ocorreu na França em 2007

(Hanson et al, 2006; Mikha litsyn & Fedianina, 2007; Neuwirth et al, 2007). Ainda

não foram descritas as MBL IMP-14 e 15. Mais recentemente uma nova MBL,

IMP-20, foi isolada no Japão em uma amostra de P. aeruginosa (Shibata et al,

2005, “in press”).

Tanto os genes da família IMP como da família VIM foram encontrados em

genes cassetes móveis inseridos em integrons da classe 1. Os integrons da

classe 1 são as vias mais comuns, pela quais os genes cassetes de resistência

mobilizam-se de uma bactéria para a outra (Livermore et al,2000b).

Uma outra família de beta-lactamase da classe B foi identificada

inicialmente em uma amostra de P. aeruginosa na Itália em 1997, com menos

de 30% de homologia com as enzimas da família IMP, esta enzima foi

designada como VIM-1 e deu origem à família VIM (Lauretti et al, 1999). A MBL

VIM-2, codificada pelo gene blaVIM-2, foi identificada por Poirel et al (2000b), em uma amostra de P. aeruginosa sensível à polimixina e aztreonam, isolada em

(42)

em Marselha, França. O gene blaVIM-2 apresenta 90% de homologia com o gene blaVIM-1.

A enzima VIM-3, presente em gene cromossomal, foi reportada em amostras

de P. aeruginosa isoladas em Taiwan. A seqüência de aminoácidos da enzima

VIM-3 difere da seqüência de VIM-2 pela mudança de somente dois aminoácidos

(Yan et al, 2001b). Recentemente, a enzima VIM-4 foi isolada em uma amostra de

P. aeruginosa na Grécia, apresentando uma mutação que resultou na substituição

da serina pela arginina na posição 175 em comparação à seqüência de

aminoácidos da enzima VIM-1 (Pournaras et al, 2002).

Ainda não publicadas, mas já descritas no site www.lahey.org foram

reportadas novas enzimas da família VIM: VIM-5 com acesso no “gene bank

AY144612, isolada de K. pneumoniae, na Turquia e VIM-6 acesso no “gene bank

AY165025, isolada de P. putida, em Singapura. A enzima VIM-7 foi isolada de

uma amostra de P. aeruginosa nos Estados Unidos da América como parte do

programa de vigilância de resistência CANCER (Toleman et al, 2004). O gene

blaVIM-7 encontrava-se em um plasmídio podendo ser facilmente transferível para outras espécies de enterobactérias e Pseudomonas (Toleman et al,

2004).

Mais recentemente foi identificado o gene blaVIM-8 em amostras de P.

aeruginosa isoladas na Colômbia, apresentando homologia de 90,2% com o

gene blaVIM-1 (Crespo et al, 2004). As MBLs VIM-9 e VIM-10 foram isoladas em amostras de P. aeruginosa no Reino Unido, e quando comparada a VIM-1

apresentavam 90,2% e 90,6% de homologia, respectivamente (Woodford et al,

(43)

Itália, o gene blaVIM-11 apresenta 90,2% de homologia com o gene blaVIM-1 (Mazzariol et al, 2004, “in press”; Pasteran et al, 2004).

Em 2001, uma metalo-beta-lactamase foi identificada no Instituto de

Oncologia Pediátrica (IOP) do Complexo Hospitalar do Hospital São Paulo,

São Paulo, que mostrava uma homologia de 35,5% com a IMP-1 (Toleman et

al, 2002). A nova MBL denominada, SPM-1, São Paulo metalo-beta-lactamase,

identificada em uma cepa de P. aeruginosa isolada inicialmente na urina e depois

na hemocultura de uma criança de quatro anos, portadora de leucemia. A SPM-1

hidrolisa todos os beta-lactâmicos com exceção do aztreonam, e é inibida pelo

EDTA.

Mais recentemente foi identificada uma nova MBL, GIM-1, em amostras

de P. aeruginosa isoladas na Alemanha. O gene blaGIM-1 apresenta 43,1% de homologia com o gene blaIMP-1, 28,8% com gene blaVIM-1 e apenas 28,0% com o gene blaSPM-1. Mostrou uma atividade hidrolítica 10 vezes maior para o imipenem, em comparação ao meropenem. (Castanheira et al, 2004b).

Finalmente, em 2005 Lee et al (2005) descreveram uma nova MBL adquirida

em sete isolados clínicos de A. baumannii em Seul na Coréia. A enzima SIM-1 é a

MBL que apresenta maior identidade com as enzimas do tipo IMP, 69% com

IMP-12 e 64% com IMP-9.

(44)

Figura 1: Distribuição mundial dos diferentes tipos de MBLs.

1.5. Tipagem Molecular

A tipagem molecular utiliza técnicas de biologia molecular para evidenciar

uma possível relação genética entre os isolados clínicos de uma mesma espécie.

O acompanhamento e a avaliação do comportamento de determinadas

cepas dentro de uma população ao longo do tempo podem determinar a evolução

de cepas bacterianas de importância clínica e auxiliar na implementação de

estratégias para controlar o aparecimento de novas infecções (Gales et al, 2001;

Pfaller et al, 2001a). A caracterização de cepas bacterianas usando técnicas de

tipagem molecular pode auxiliar na avaliação de surtos hospitalares causados por

(45)

global de bactérias multirresistentes aos antimicrobianos (Struelens et al, 1993;

Sader et al, 1995; Pfaller et al, 2001b).

A técnica de eletroforese em campo elétrico variado (“Pulsed-Field Gel

Eletroforesis” - PFGE) se caracteriza por ser um sistema de eletroforese que

utiliza múltiplos eletrodos dispostos de forma hexagonal, por exemplo, gerando

um campo elétrico homogêneo e uma alternância na direção da corrente elétrica

que gera um perfil migratório em linha reta (Chu et al, 1986) e permite, assim, a

separação de moléculas de DNA de até duas megabases, que foram previamente

digeridas por enzimas de restrições. Embora existam no mínimo sete sistemas

distintos empregando a técnica da eletroforese pulsada para a separação do

DNA, o sistema CHEF é o mais popular, sendo utilizado com sucesso em estudos

epidemiológicos e para traçar surtos hospitalares (Sader et al, 1993; Livesley et

al, 1998; D'Agata et al, 2000).

Vários estudos utilizando técnicas de tipagem molecular são realizados,

sendo que muitos destes estudos ajudam a esclarecer a dinâmica das infecções,

principalmente em bacilos Gram-negativos não fermentadores de glicose, que

representam um grande problema nas infecções hospitalares (Pfaller et al,

2001b). Surtos ocasionados por P. aeruginosa mutirresistentes aos

antimicrobianos são freqüentemente relatados em unidades de queimados,

unidade de neurocirurgia, unidades de terapia intensiva, entre pacientes com

fibrose cística nas unidades oncológicas (Sader et al, 1993; Barth & Pitt et al,

(46)

4. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi submetido à avaliação e aprovação pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de

Medicina (UNIFESP-EPM).

4.1. Local do estudo

O estudo foi realizado com amostras de hemoculturas provenientes de

pacientes admitidos ao Instituto de Oncologia Pediátrica – IOP – GRAACC,

com um total de 30 leitos, localizado no município de São Paulo, vinculado ao

Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo

(UNIFESP-EPM). A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Instituto está

estruturada de acordo com as normas da portaria 2616. O núcleo executivo é

formado por um médico infectologista e uma enfermeira epidemiologista que

tornam avigilância da infecção ativa.

4.2. Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo retrospectivo tendo início no mês de novembro de

2000 e término no mês de dezembro de 2005, onde foram incluídas crianças e

adolecentes com câncer que desenvolveram bacteremia causada por P.

aeruginosa.

4.3. Critérios de inclusão

a) Presença de bacteremia e neutropenia.

(47)

c) Foram considerados óbitos, os falecimentos ocorridos no período de 30

dias após a bacteremia.

d) Os critérios abordados para definir a adequação do tratamento foram:

adequado, inadequado e corrigido.

e) Os pacientes encontravam-se nos seguintes locais: unidade de terapia

intensiva, ambulatório, enfermaria e setor de transplante de medula óssea.

Neutropenia: contagens de neutrófilos menor que 500 células/mm3, ou

uma contagem menor que 1000 células/mm3, porém com tendência a cair para menos que 500 células/mm3 num período igual ou inferior a 48 horas.

Hemocultura: pesquisa de bactérias no sangue através do uso de meios

de cultura específicos.

Bacteremia: é a presença de bactérias no sangue podendo ser

classificadas como primária ou secundária.

4.4. Critérios de exclusão

a) Bacteremia do mesmo paciente em um intervalo inferior a um mês.

4.5. Amostras bacterianas

Foram encaminhadas ao Laboratório Especial de Microbiologia Clínica

(LEMC) 120 P. aeruginosa provenientes de hemocultura do IOP segundo

protocolo de vigilância de hemoculturas pré-estabelecido. Estas amostras

foram identificadas pelo Laboratório Central do Hospital São Paulo

(UNIFESP/EPM), e posteriormente encaminhadas ao LEMC e armazenadas

em água destilada estéril a temperatura ambiente ou em TSB acrescido com

(48)

4.6. Avaliação de Susceptibilidade in vitro aos antimicrobianos

Os testes de sensibilidade aos antimicrobianos foram realizados no LEMC

através da técnica de disco difusão. Para o controle de qualidade foram

utilizadas as cepas da “American Type Culture Collection”, Pseudomonas

aeruginosa ATCC 27853 e E. coli ATCC 25922.

4.6.1. Teste de disco difusão

Com o auxílio de uma alça bacteriológica, em torno de cinco colônias de

P. aeruginosa foram suspensas em 5 mL de caldo Müeller-Hinton (Oxoid®,

Basingstoke, Inglaterra), para obter uma turvação correspondente a 0,5 da

escala de McFarland. Após a homogeneização da amostra foi introduzido um

“swab” estéril dentro do tubo, e em seguida este foi comprimido contra a

parede do tubo para a remoção do excesso de líquido. Com auxílio do “swab”,

a inoculação da amostra foi realizada em forma de estrias na superfície da

placa de Müeller-Hinton ágar (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) em três direções, girando a placa em ângulo de 60° antes da mudança de sentido na

inoculação. Antes da aplicação dos discos as placas semeadas foram deixadas

em temperatura ambiente por aproximadamente 5 minutos, para absorver o

excesso de umidade na superfície do ágar.

Os discos foram retirados do freezer uma hora antes de sua aplicação, e

deixados à temperatura ambiente. A aplicação foi realizada com auxílio de uma

pinça estéril, pressionando-se os discos suavemente contra a superfície do

ágar. As distâncias de 30 mm (centro a centro) entre os discos e de 15 mm da

(49)

de inibição. Os discos de antimicrobianos (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra)

utilizados foram: aztreonam (30µg), ceftazidima (30µg), cefepima (30µg),

imipenem (10µg), meropenem (10µg), piperacilina (30µg),

piperacilina/tazobactam (30µg/10µg), amicacina (5µg), gentamicina (10µg),

ciprofloxacina (5µg) e polimixina B (300U).

As placas foram incubadas a 37°C por 18 a 24 horas em estufa. Após este

período foi realizada a leitura dos halos de inibição com auxílio de um

paquímetro, os quais foram interpretados de acordo com os critérios de

sensibilidade estabelecidos pelo Clinical Laboratory Standard Institute para

bacilos Gram-negativos não-fermentadores de glicose ((CLSI, 2005). A

interpretação do halo da polimixina B foi baseada no estudo de Gales et al

(2001).

4.7. Detecção das amostras de P. aeruginosa produtoras de MBL

4.7.1. Testes fenotípicos

4.7.1.1. Disco-aproximação

As amostras de P. aeruginosa confirmadas como resistentes aos

carbapenêmicos foram submetidas ao teste de triagem para avaliação

fenotípica da produção de MBL de acordo com o teste de Arakawa modificado

(2000). Foram testadas diferentes distâncias (1 - 3 cm) entre os discos

comerciais contendo antimicrobianos, ceftazidima (30µg) e imipenem (30µg)

(Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra), e os discos estéreis de papel de contendo inibidores de MBL, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e o ácido

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