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Distribuição e ecologia dos decapoda numa área estuarina de Ubatuba (SP).

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Academic year: 2017

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(1)

Bolm Inlt, oceanogr" S,

Paulo, 29 (2), 1 ·3, 1980

..

,

DISTRIBUIÇÃO

E

ECOLOGIA DOS DECAPODA NUMA ÁREA ESTUARlNA DE UBATUBA (SP) •

JORGE OE ABREU

Instituto Oceanográfico da Universidade de 510 Paulo. SP. Brasil

SYNOPSlS

Benthic macrofauna (Decapoda) wal lampled by beam trawl at

6

Itationa in Bay 01 Fortaleza and adlacents Escuro e Claro riven (SIb

Paulo, Ubtltuba, Brasil). Samples were taken monthly during

1973·1974.

Divenity was high in muddy sand sUes 01 Bay 01 Fortaleza and low

at ve", mallow atations located in the riverl, where the elfects 01 extreme !luctuationl 01 salinity were evident. The changel in 'pecies

compo-siNem appeared to co"espond most clearly to dilferences in salinity. The total number ollpecies 01 decapods collected in the areas wal

27 (14

species

o{

Natantia and

13 o{

Reptantia). Juveniles 01

Penaeus brasiliensis

and

,Penaeus paulensis

reach the riven.

Callinectes danae

live

in the Bay and in the

rivers.Xiphopeneus kroyeri

il a ,pecie who inhabit the Bay 01 Fortaleza in high populational density.

Introduçlo

o litoral norte do Estado de São Paulo tornou-se importante

sob o ponto de vista econômico, como um centro de pesca e de turismo. Os trabalhos publicados sobre a óceanografia biológica 、。アオ・Qセ@ loçal AュZャセセjャャL@ LN セ Lmセ@ ,outros, estudós na Enseada do Fla-mengo (Nonato & Pérez, 1961; Teixeira, 1973) e na Enseada do Mar Virado (Vannucci, 1963; Prado, 1962). Sobre a oceanogra-fia geológica fOI'llm realizados trabalhos em sedimentologia na En-,eada do Mar Virado (Kutner, 1963; Magliocca & Kutner, 1965).

No presente trabalho apresentamos os resultados obtidos na pesquisa que realizamos em 1973-1974 na área estuarina formada pelos rios Claro, Escuro e Enseada da Fortaleza, naquele litoral.

Descriçio da ÁIea

A Enseada da Fortaleza, localizada entre as latitudes de 23029'30"S-23032'30"S e as longitudes de 450'07'W-4S009W tem na sua entrada uma laIgura aproximada de 4 quilômetros e' depois afunila-se progressivamente em direção à deSêmbocadura dos rios Claro e Escuro. A maior profundidade registrada na En-seada da Fortaleza, foi 15 metros. Os sedimentos ali consistem de areia muito fma, silte e argila e nos rios encontram-se sedimentos constituídos de areia média e grossa de mistura com detritos ve-getais. A área de estudos foi dividida em duas zonas : uma, a ex-terna, compreendida desde a entrada da Enseada até a

confluên-Salinidade de superfície (°j,o) Estação 1 - 34,77 Estação 2 - 30,12 Estação 3 - 27,30

Estas variações são devidas, provavelmente, a pluviosidade e ao processo de misturas de águas. A Enseada da Fortaleza, aber-ta para o mar, sofre a influência das águas vindas da plaaber-taforma e do fluxo dos rios.

TempeI'lltura

As temperaturas do ar na área externa foram, em geral, in-feriores às registradas para a água de superfície. As variações entre as temperaturas do ar e as da água de superfície foram superiores aquelas observadas entre as da água de superfíCie e de fundo . A temperatura mínima de fundo foi 16,50C, em janeiro de 1974, na estação 1 e a máxima de fundo foi de 27,20C, na estação 3, no mes· mo mês e ano. As temperaturas da água de superfície, na área in-terna, mantiveram-se em ,.8eral. inferiores às Aーイ・ウ・ーNエセ。ウ@ pelo ar. Sverdtup et aL (1942) estabelecem que as diferenças TOC do ar - TOC da água de superfície estão em dependência, entre crutros fatores, da I'lldiação solar, da circulação atmosférica e das cor-rentes. Os rios Claro e Escuro, procedentes da Serra do Mar são protegidos nos seus percursos da radiação e dos ventos,

セ￧。ウ@

a vegetação marginal existente.

. "Este trabalho constitui parte da Dissertação de Mestrado de-fendida epl 1975 no lnstttuto Oceanogr,áfico da Universidade de Sio PaulQ e conlou com o auxI1io fmanceiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Publ. n? 485 do Inst. oceanogr. da USP

cia dos rios; outra, a interna, adentrando-se os rios até 500 me-tros (Fig. 1).

Métodos

Nas estações da área externa, utilizando uma garrafa de Nansen, tomamos amostras da água de superfície e de fundo, pa-ra determinação da salinidade e do teor de oxigênio dissolvido; simultaneamente, registramos as temperaturas do ar e da água nos dois níveis. Na área interna, tomamos amostras apenas da água da superfície e registramos as temperaturas do ar e da água de superfície. Para a coleta de sedimentos nas ・ウエセ￵・ウL@ empregamos u_m pegador de fundo tipo Van Veen .de 0.1 m2 . O material bioló-gico foi coletado com um pequeno "bean trawl" com malha de 1 em no corpo e' 0.5 em no copo. PaÍa os trabalhos no mar utili-zamos o barco "Libra" do Instituto Oceanográfico da USP, com motor de centro de 12 HP e 10 metros de comprimento e para o trabalho nos rios, contamos com um pequeno barco de alumínio, com motor de popa de 10 HP.

Hidrograf'1ll e Sedirnentologia

Salinidade

Anali,sando os dados de salinidade registrados em cada es-tação, verificamos que ocorre algumas variações da mesma na área externa, tanto na salinidade de superfície como na de fundo. A ta-bela abaixo demonstra este fato .

Salinidade de fundo (%0) 29,73

34,17 35,00

Oxigênio Dissolvido

Data juTho/74 março/74 dezem/74

As concentrações de oxigênio da água na área interna variou de 4,5 mQ/Q a 6,0 mQ/Q. Na área externa o máximo valor encontra-do foi 5,7 rnQ/Q. A atividade fotossintética e as misturas de águas na parte interna, podem ter sido responsáveis pelos altos valores que foram encontrados, para o oxigênio.

Sedimentos

A principal fonte de sedimentos para a área que estudamos é a fluvial. N a área externa, estações 1 e 2, os sedimen tos são consti· tuidos de areia fina, areia muito fma e alguma porcentagem de sil-te e argila. Na estação 3, próxima a desembocadura dos rios, os se-dimentos são de areia média e fina . Em direção interna ocorre um aumento gradativo dos grãos mais grosseiros. As correntes forma-das pelos rios são relativamente fracas e sua contribuição para a área interna consiste primariamente de detritos grosseiros.

LISTA DAS ESprCIES DE DECAPODA ENCONTRADAS NA ÁREA EXPLORADA

CRUSTACEA:DECAPODA:NATANTIA

1. Xiphope'1eus kroyeri Heller

(2)

2

Bolm

Inat. oceanogr., S. Paulo, 29 (2) ,

QYセ@

i

I'

3/.' 00 MAR ViRAm

quiNloセe@ TROS IHA H H H

0.5

o

Fig. 1 セ@ Enseada da Fortaleza e Rios Claro e Escuro com o local das estações.

I"

A , E"

20

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·1

A , 1.

lU

o

• 10

1 ·

100 200 300 40ó 500 eoo 100 .00 'CIO

Ht OE tNOIVíouos

(3)

ABREU: Distribuição e Ecologia dos Decapoda de Ubatuba.

.5. Trachypenew constrictus (Stimpson) 6. Sicyonia dorsa/is Kingsley

7. Artemesialonginaris Bate

8. Acetcs americanus Ortmann

9. Lucifer faxoni Borradaille

10. Macrobrachium acanthurus 0Yiegtnann) 11. PaJaemon (Palaemon) pandaliformis (Stimpson) 12. Alpheu.s heterochaelis Say

13. Ogyrides sp.

14. Hippolymiata (Exhippo/ysmata) oplophoroides Holthuis

CRUSTACEA: DECAPODA : REPTANTIA

1. Albunea gibbesii Simpson

2. Persephona puntacta aquilonaris Rathbun

3. Penephona puntacta puntacta Rathbun

4. Heoatus pudibundus CHerbst)

5.

Callinectes danae 5mith 6. Callinectes ornatus Ordway

7. Arenaeus cribrarius (Lamarck)

8. Panopeu! herbstii H. Milne Edwards

9. Pinnixa sayana Stimpson 10. Pachygrapsus transversus (Gibbes) 11. Goniopsis cruentata (Latreille) 12. Libinia spinosa H. Milne Edwards 13. Microphrys bicomutus (Latreille)

Segundo Green (1968) dois fatores são limitantes na dis-tribuição das espécies animais em águas estuarinas: a salinidade e o sedimento. A salinidade parece ser o fator mais importante na distribuição dos Decapoda nas águas dos rios Claro, Escuro e En-seada da Fortaleza. Para termos uma melhor aproximação da re-lação de e.spéc_ies e condiiões ambientais., utilizamos o método de rarefação proposto por Sanders 0968). As curvas são mostra-das 'na Figura 2. A mais alta diversidade para ambos os grupos, foi encoqtrada na estação I com salinidade variável de 29,73

°.bo

a 35,80

°.ko.

A mais baixa diversidade para os Natantia foi encontra-da na estação 3, uma variação de saliniencontra-dade de 31,00 %0 a 35,00%0. Na área interna, a mais baixa diversidade para os Reptantia foi en-contrada na estação 5 com salinidade variável de 1%0 a 32%0. Os gradientes de salinidade que observamos na área externa e interna durante o período de amostragens, permitem-nos suo-erir que

セ@

espécies de Decapoda de Ubatuba. enquadram-se de';!tro da

<;e-guinte classificação ・」ッャセ」。@ que foi apontaaa por Carriker (1967).

I

MIGRANTES ( Espécies marinhas que invadem habitats estuarinos)

X kroyeri

P. schmitti P. paulensis P. brasiJiensis

C. ornatus

C. danae

EURlHALINOS' MARINOS ( Organismos que toleram reduções de

saIinidade de até 5°/oo)

S. dorsalis

A . /pnginoris A. americanus L. faxani T. constrictus

H. oplophoroides A. heterochaelis M. bicomutus L. spÍ1lOItl H. pudibundus

A . cribrarius P. herbstii

G. cruentata P. transversus

P.

sayana P.p. aquilonaris , P.p. puntacta A. gibbesii OgyriiJes sp .

OL/GOHALINOS (Animais que vivem nOS rios .e não toleram

águas salinas. Alguns podem persistir em salinidades de até 5 %0, outros, porém, resistem até 19°J,0) /

M. acanthurus P. pandaliformis

. A distn"buição dos Decapoda nas áreas que estudamos, parece estar maia condicionada. à salinidade, como demonstramos, qu!" aos

3

sedimentos. No entanto Holme (1949) é "Sà:ndêrS(f958) mostra-ram que a composição do sedimento é importante na distribui-ção dos organismos bênticos. A contnbuidistribui-ção terrígena para

os

rios deve ser importante para as áreas que estudamos aliada a decom-posição vegetal, por exemplo, de Spartina, muito abundante na área interna e que é importante fornecedora de 、・エイゥエッセ@ OIgânicos.

A maioria dos Decapoda são bênticos e, virtualmente onívoros., ou em outra acepção, predadores e "deposit-feeders". Os compo-nentes desta última categoria vivem da matéria orgânica presente nos sedimentos, por exemplo, microtlora, micro e meio fauna, セュ・ョエ。ョ、ッMウ・@ indiscriminadamente destas fOlltç$., 、セ@

3limlm1l2J..

e ingerindo o sedimento como um todo (Wolff), 1973).

Ai

es-pécies oligohalinas M. acanthurus e P. pantaliformis encontradas na área interna parece preferirem os sedimentos arenosos que ali

se encontram .

Pelas nossas observações, preferem sedimentos de areia fma e silte as seguintes espécies: T. constrictus, S. dorsalis. H. oplophoroides. A. Ionginaris e as duas espécies de Persephona. E ュエ・セウウ。ョエ・@ notar que" dentre os Reptantia, C. danae foi a

única

a ocorrer em toda a faixa arenosa e セョッウ。Mャッ、ッウ。L@ dos locais estudados.

Conclusões

1. No presente estudo foram identificadas 27 espécieS de De-capoda, habitantes da área estuarina formada pelos rios Oaro, Escuro e Enseada da Fortaleza em Ubatuba (SP). 2. O número de espécies de Decal?oda, decresce

significativa-ュ・ョエセ@ da área externa (salinidades mais altas) para a área interna (salinidades mais baixas). '

3. A Enseada da Fortaleza desde a sua entrada, na profundidade de 15 metros e até a isobata de 5 .meqos, ・セ ⦅ ウ・イ@

favolá-vel

à

pesca 」セュ・イ」ゥ。jN@ ao

camaia"o

"7 bartlas" , Xiphopeneus kroyeri (Heller).

4 . Na Enseada da Fortaleza e nos rios Oaro e Escuro, penetram jovens do camarão-rosa Penaeus brasüiensis e do cama-rão-branco Penaeus schmitti, ambos de interesse comerciá!. 5. Dos Decapoda, Callinectes danae, foi a única espécie a se distribuir em toda a faixa mixohalina das áreas de estudo e das faixas arenosa e arenosa-Iodosa.

B ib1iograflll

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Imagem

Fig. 1  セ@ Enseada da Fortaleza e Rios Claro e Escuro com o local  das  estações.

Referências

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