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Aneurismas experimentais: proposição de nova tecnica.

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Academic year: 2017

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ANEURISMAS EXPERIMENTAIS

P R O P O S I Ç Ã O D E N O V A T E C N I C A

MARIO G. SIQUEIRA *

RAUL A. GALENO ROJAS** DOMINGOS J. STURION***

Com a finalidade de avaliar a eficácia de um procedimento terapêutico para

aneurismas saculares, procedemos a uma análise crítica das principais técnicas

p a r a produção de aneurismas artificiais existentes na literatura, o que resultou

na elaboração de um método, a partir de técnicas pré-existentes, que se revelou

adequado para a pesquisa ulterior a que nos propomos.

M A T E R I A L Ε MÉTODOS

Cães mestiços adultos, pesando de 10 a 20kg., com entubação oro-traqueal e anes*-tesiados com Halothane (Laboratório Ayerst L t d a . ) , após indução com Suritai (Laboratórios Parke-Davis L t d a . ) endovenoso foram colocados em posição supina. Uma incisão cutânea paramediana com cerca de 8cm. em comprimento foi realizada no pescoço, iniciando cerca de 2cm. acima do nível Co ângulo da mandíbula e dirigindo-se em sentido caudal. A veia jugular externa foi identificada no tecido gorduroso sob o platisma e um fragmento da mesma foi ressecado, entre ligaduras, para utilização ulterior. A seguir, a bifurcação da artéria carótida comum, que geralmente localiza-se cerca de 2 a 3cm. abaixo do nível do ângulo da mandíbula 4 foi exposta e um orifício

elíptico de 3 χ 2mm foi feito em sua parede ( F i g . I A ) . Após a retirada da adventícia do fragmento venoso, um enxerto com dimensões cerca de duas vezes maiores que as do orifício arterial foi suturado sobre a referido orifício ( F i g . I B ) com pontos separados (em média 15) de nylon monofilamentar 7.0. sob pequena magnificação (4x) ( F i g . 1C).

O local da operação foi reaberto no sétimo, décimo-quinto e trigésimo dias de pós-operatório para determinação da forma e tamanho do aneurisma, bem como para verificar a existência de rotura ou trombose e para a obtenção de exemplares para análise histológica. Quando das reoperações alguns aneurismas foram estudados angio-graficamente.

Cães mestiços adultos, pesando de 10 a 20kg., com entubação oro-traqueal e anes*-tesiados com Halothane (Laboratório Ayerst L t d a . ) , após indução com Surita; (Laboratórios Parke-Davis L t d a . ) endovenoso foram colocados em posição supina. TJma. incisão cutânea paramediana com cerca de 8cm. em comprimento foi realizada no pescoço, iniciando cerca de 2cm. acima do nível Co ângulo da mandíbula e dirigindo-se em sentido caudal. A veia jugular externa foi identificada no tecido gorduroso sob o platisma e um fragmento da mesma foi ressecado, entre ligaduras, para utilização ulterior. A seguir, a bifurcação da artéria carótida comum, que geralmente localiza-se cerca de 2 a 3cm. abaixo do nível do ângulo da mandíbula 4 foi exposta e um orifício

elíptico d e 3 χ 2mm foi feito em sua parede ( F i g . I A ) . Após a retirada da adventícia do fragmento venoso, um enxerto com dimensões cerca de duas vezes maiores que as do orifício arterial foi suturado sobre a referido orifício ( F i g . I B ) com pontos separados (em média 15) de nylon monofilamentar 7.0. sob pequena magnificação (4x)

( F i g . 1C).

O local da operação foi reaberto no sétimo, décimo-quinto e trigésimo dias de pós-operatório para determinação da forma e tamanho do aneurisma, bem como para verificar a existência de rotura ou trombose e para a obtenção de exemplares para análise histológica. Quando das reoperações alguns aneurismas foram estudados angio-graficamente.

* Chefe do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Evangélico de Londrina; ** Auxiliar de Ensino de Clínica Cirúrgica da Escola de Medicina Veterinária da Fundação Univer-sitária Estadual de Londrina; *** Auxiliar de Ensino de Radiologia da Escola de Medicina Veterinária da Fundação Universidade Estadual de Londrina.

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Os procedimentos cirúrgicos foram realizados somente por um dos autores ( M G S ) para minimizar desvios técnicos.

R E S U L T A D O S

Inicialmente realizamos esta técnica na artéria carótida comum (cerca de 2cm abaixo da bifurcação) em 10 cães; contudo, em decorrência do alto índice de trombose espontânea e da impossibilidade em produzir-se aneurismas de maiores dimensões, abandonamos esta localização e passamos a executar a técnica na bifurcação da referida artéria.

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degenerativas e conseqüente enfraquecimento. Nossos aneurismas experimentais aumen-tam de aumen-tamanho devido principalmnte ao enfraquecimento artificial da parede vascular; contudo, é possível que a vibração também seja de importância.

Todos os aneurismas apresentaram uma tendência a tornarem-se esféricos ( F i g . 2A e 2B).

Dos 15 aneurismas provocados na bifurcação nenhum apresentou rotura espontânea e somente 2 (13,3%) apresentaram trombose, parcial em um e total em outro, que atribuímos a falhas técnicas, pois ambos os casos ocorreram entre os primeiros da série.

Os aneurismas analisados histologicamente mostraram espessamento progressivo da parede às custas de tecido fibrose Isto pode ter sido acarretado pelo manuseio cirúrgico repetido (reaberturas do local da cirurgia), sendo que a última análise cirúrgica (30 dias) foi sempre bastante trabalhosa devido à intensa aderência entre a parede aneurismática e os tecidos adjacentes. Eventuais células gigantes tipo corpo estranho foram encontradas próximas aos fios de sutura.

Fig. 2 — Angiografia de controle no oitavo dia de pós-operatório: em A, incidência em antero-posterior; em B, incidência em

lateral.

C O M E N T Á R I O S

A produção de aneurismas artificiais tem como propósito o desenvolvimento

de modelos experimentais adequados p a r a a investigação da hemodinâmica

aneurismática, p a r a estudos patológicos experimentais e para a avaliação da

eficácia de procedimentos terapêuticos.

Os métodos registrados na literatura foram elaborados a partir de lesões

provocadas na parede arterial e a partir d a utilização de enxertos venosos

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Em 1953, M c C u n e e c o l .1 4

conseguiram produzir dilatações aneurismáticas

na aorta torácica de cães através d a injeção de mostarda nitrogenada no interior

da parede arterial. Ulteriormente, W h i t e e c o l .2 0

tentaram adaptar este método

às artérias intracranianas de cães e, injetando diversas substâncias no interior

d a parede d a artéria carótida interna, conseguiram provocar, em alguns casos,

com solução salina hipertônica e com mostarda nitrogenada, alterações

histo-lógicas do tipo encontrado em aneurismas saculares. Recentemente, Hashimoto

e c o l .1 1

»1 2

'1 3

, provocando um aumento do "stress" hemodinâmico sobre as artérias

cerebrais de ratos alimentados com o latirogênio β-aminopropionitrila ,

conse-guiram induzir a formação de aneurismas intracranianos com características

histológicas semelhantes às dos aneurismas de desenvolvimento espontâneo em

seres humanos

A p e s a r dos resultados relativamente satisfatórios, os métodos à partir de

lesões inflingidas à parede arterial produzem aneurismas de dimensões reduzidas,

o que dificulta sua utilização p a r a análise de procedimentos terapêuticos. P a r a

tal propósito os aneurismas experimentais produzidos com enxertos venosos são

mais adequados.

Inspirados pelo trabalho de Shumacker e L o w e n b e r g1 8

que, estudando

vários métodos de sutura arterial, observaram pequenos aneurismas ao nível

nível da sutura em alguns casos, German e Black 8

foram os primeiros a tentar

produzir aneurismas experimentais com enxertos venosos. Em sua técnica

primitiva estes autores suturavam um fragmento d a veia jugular externa sobre

um orifício aberto na parede d a artéria carótida comum de cães; contudo, em

decorrência de resultados insatisfatórios, p a s s a r a m a utilizar como enxerto um

segmento venoso fechado em uma das extremidades. Essa técnica modificada

obteve sucesso e foi ulteriormente aprimorada por B l a c k1

que, antes de desligar

a "bolsa venosa" do restante da veia doadora, permitia que uma fistula

artério-venosa funcionasse durante certo tempo, o que produzia uma vedação da linha

de sutura.

Diversos estudos h e m o d i n â m i c o s2

'9

'1 5

foram realizados com os aneurismas

obtidos dessa forma; no entanto, à despeito de modificações introduzidas por

alguns autores efi5,i9f 0s aneurismas artificiais produzidos pela técnica da "bolsa

venosa" apresentam alta incidência de trombose espontânea, o que dificulta a

realização de qualquer trabalho experimental crônico.

Em 1970, Guerrisi e Y a s a r g i l1 0

reviveram com êxito, a nível de

micro-cirurgia, a técnica primitiva de German e Black, isto é, a sutura de um fragmento

venoso homólogo em um orifício aberto na parede arterial. E s s a técnica foi

ulteriormente aprimorada por N i s h i k a w a e c o l .1 7

, j á tendo sido realizada com

êxito em artérias intracranianas de c ã e s1 6

.

O método que propomos é uma modificação da técnica de Guerrisi c

Y a s a r g i l , no qual produzimos aneurismas artificiais com b a i x a incidência de

trombose espontânea e com dimensões e forma que revelaram-se adequadas

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RESUMO

C o m a f i n a l i d a d e d e a v a l i a r a eficácia de um p r o c e d i m e n t o terapêutico, o s a u t o r e s r e a l i z a r a m uma análise crítica d o s v á r i o s m é t o d o s p a r a p r o d u ç ã o experimental d e aneurismas e e l a b o r a r a m um m é t o d o p r ó p r i o , b a s e a d o e m uma técnica pré-existente, n o qual aneurismas saculares f o r a m p r o d u z i d o s na bifur¬ c a ç ã o d a a r t é r i a c a r ó t i d a comum d e cães, c o m e n x e r t o s de f r a g m e n t o s d e v e i a s . O s aneurismas assim p r o d u z i d o s a p r e s e n t a r a m uma b a i x a incidência d e t r o m b o s e e uma tendência e m aumentar de t a m a n h o e e m t o r n a r e m - s e esféricos.

A s características desses aneurismas em muito se assemelham àquelas d o s aneurismas d e o c o r r ê n c i a natural nas a r t é r i a s c e r e b r a i s d o h o m e m , o que o s t o r n a m m o d e l o s úteis p a r a fins e x p e r i m e n t a i s .

SUMMARY

Experimental aneurysms: proposal of a new technic.

T h e authors present a critical analysis o f the v a r i o u s m e t h o d s o f e x p e r i -mental p r o d u c t i o n o f aneurysms and r e p o r t their o w n m e t h o d in w h i c h saccular aneurysms w e r e p r o d u c e d at the bifurcation o f the c o m m o n c a r o t i d a r t e r y in d o g s w i t h v e i n patch g r a f t s . T h e o b j e c t i v e p o i n t o f this study w a s the creation of an e x p e r i m e n t a l m o d e l t o evaluate the e f f i c a c y o f a therapeutic p r o c e d u r e . T h e s e aneurysms h a v e a l o w incidence o f t h r o m b o s i s and a tendency t o e n l a r g e and to b e c o m e spherical. T h e y c l o s e l y simulate the saccular aneurysms d e v e l o p i n g s p o n t a n e o u s l y in the c e r e b r a l arteries of man, and as such are useful m o d e l s f o r e x p e r i m e n t a l purposes.

R E F E R E N C I A S

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Referências

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